De Curitiba
Preocupante constatar que o cenário vem sendo montado, há bons anos, para que se estabeleça na política brasileira uma dicotomia entre PT e PSDB.
Quaisquer outras vozes e pensamentos que venham a preencher a lacuna entre esses dois polos ou ocupar um espaço em outra ponta são omitidos, descartados, quando não desqualificados sumariamente.
Ora, por que, por exemplo, nessas atuais pesquisas de intenção de voto para presidente os nomes de dois pré-candidatos assumidos, figuras históricas e de partidos de peso (Plínio de Arruda Sampaio, Psol, e Roberto Requião, PMDB), não são incluídos entre as opções?
Mais ainda: além de construir a dicotomia, não se quer o debate aprofundado de ideias, ideologias e práticas; só a rivalidade rasa.
Ora, se não, por que, por exemplo, se dá tanta repercussão aos bate-bocas entre petistas e tucanos mas não lhes perguntam o que pensam da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, como se posicionam sobre o marco regulatório para o pré-sal, sobre democratização das comunicações, sobre os efeitos nefastos das privatizações dos anos 90, sobre que destino dar à Amazônia, entre tantas outras questões nacionais relevantes?
Quem tem a falar sobre isso com um pouco mais de contundência é riscado.
Ciro Gomes revelou à Carta Capital desta semana (www.cartacapital.com.br) que viu dois compromissos - uma entrevista à Marília Gabriela, no GNT, canal fechado da Globo, e a participação no Superpop, da Luciana Gimenez na Rede TV (no qual Serra e Dilma já estiveram) - serem cancelados sem maiores explicações.
Ainda bem que o mundo virtual e suas ferramentas se expande e abre coretos a todos.
Basta a gente procurar, variar as fontes. Não precisa concordar, nem reproduzir o que dizem; só não se abstenha do direito de se informar, de ouvir os contraditórios para, de próprio arbítrio, seguir seu caminho, não cair nessa armadilha de transformar as discussões políticas em Fla-Flu, baseadas por índices de intenção de votos e rejeição apurados sabe-se lá como, com e para quais interesses.
Foto: WAA
ResponderExcluirNo Brasil ainda é muito forte a concentração do poder midiático na mão de poucos grupos com interesses próprios. Felizmente, a internet está abrindo caminhos e garantindo um maior pluralismo das informações.
ResponderExcluirNão acredito que isso deva enfraquecer os veículos de comunicação tradicionais, porém, fará certamente, com que se repense o “fazer jornalismo”. Como você bem apontou no texto, Wagner, é preciso abrir espaço para mais vozes no cenário político brasileiro e não haver concentração de discussões. Somente dessa forma iremos fortalecer a democracia.
Com relação às eleições de 2010, a expectativa é grande certamente, com relação a possibilidade de utilização da internet. Segundo pesquisa realizada no início do ano passado, o Brasil estava em 10º lugar em número de computadores, eram 33,3 milhões de máquinas.
A inclusão digital é cada vez maior e isso irá se refletir numa nova forma de pensar a política. O importante também é que a campanha ocorra da forma mais limpa possível. E aí cabe o TSE fortalecer um pouco mais as punições para ataques pessoais. Quanto mais severas as punições melhor, deve-se buscar irá inibir as tentativas de enfraquecer essa nova abertura da esfera pública na discussão política em nosso país.
Eli Antonelli
eliantonellijornalismo@gmail.com