Translate

terça-feira, 30 de julho de 2013

A bilionária estrada que não agüenta ônibus

Na pista de descida da Imigrantes transporte coletivo é proibido (foto: WAA)
De Curitiba

De uns meses para cá, a descida da Serra do Mar entre a capital e litoral paulista tem sido um martírio, sobretudo para quem depende do transporte coletivo.

Ocorre que os ônibus só podem utilizar a Via Anchieta e, nesta, tanto os de linha regular como os fretados têm que dividir a pista com caminhões.

Com o excesso de carretas com destino ao Porto de Santos e com a neblina recorrente e densa, transitar pela Anchieta está impossível. Uma viagem entre o Terminal do Jabaquara, em São Paulo, e o do Valongo, em Santos, que normalmente levaria uma hora, tem demorado o dobro - às vezes o triplo - do tempo. 


Existe uma outra estrada para descer a Serra do Mar rumo a Baixada Santista: a pista mais nova da Imigrantes. Nela, no entanto, o Governo de São Paulo e a Ecovias proíbem o tráfego de ônibus e caminhões. A proibição existe há mais de dez anos, desde quando a nova Imigrantes foi inaugurada.

Passageiros do transporte regular e dos ônibus fretados não se conformam com essa determinação, muito menos com a justificativa dada pelo governo estadual e Ecovias.

O argumento é o de que a pista mais nova da Imigrantes tem um declive muito acentuado, não apropriado - dizem - para ônibus. 

Inacreditável!

Reparem: a nova Imigrantes, inaugurada em 17 de dezembro de 2002, custou, em valores da época, R$ 830 milhões - cifra que, corrigida, certamente ultrapassaria hoje o R$ 1 bilhão.

Não foi dinheiro do Tesouro do Estado - a obra foi bancada pela concessionária. Mas é evidente que nós é quem pagamos o investimento - a fatura vem no pedágio.

Ora, como é que o Governo de São Paulo deixou que se construísse uma rodovia ligando a maior metrópole do hemisfério sul ao maior porto do hemisfério sul que só pode receber o trânsito de automóveis?

Uma rodovia bilionária, de engenharia ousada, com túneis e viadutos quilométricos, mas que não comporta ônibus!

Como é que o governo estadual quer acabar com congestionamentos se, em vez de estimular o transporte coletivo, restringe a sua circulação?

O governador Geraldo Alckmin, do PSDB, era vice à época da concepção do projeto da nova Imigrantes e era titular quando da inauguração.

(Na solenidade, Alckmin, torcedor do Peixe, considerou a entrega da segunda pista como um "gol de Robinho", relembre aqui).

Há quase 18 anos a turma de Alckmin governa o Estado de São Paulo. 

Entregou uma estrada por onde ônibus não passa e que descarrega milhares de automóveis para uma região metropolitana, a Baixada Santista, que nesse tempo todo não recebeu uma obra sequer de transporte coletivo regional integrado. 

Deve, portanto, Sua Excelência o governador ser o primeiro o cobrado e o responsabilizado pela imobilidade para se chegar e se estar na Baixada.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Considerações sobre a entrevista do Papa

Simpatia e crítica à submissão ao capital (foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
De Curitiba

Bastante proveitosa a entrevista do Papa Francisco concedida ao Fantástico.

Ele foi enfático na condenação à cultura do culto ao capital.

Foi claro ao criticar a política econômica que a Europa vem praticando e idolatrada pela nossa elite, inclusive pela midiona representada pela Rede Globo.

Política rechaçada pela esquerda, porque provoca desemprego entre os mais jovens e os mais velhos; causa arrocho, achatamento salarial, contudo blinda, privilegia o sistema financeiro.

O exemplo do papa foi sensacional: "Todo dia morre uma criança de fome e isso nunca é notícia. Mas quando a bolsa cai três, quatro pontos, aí é uma catástrofe".

Papa Francisco pediu aos jovens que tomem cuidado, para não serem manipulados. O conselho não poderia ter vindo em melhor hora e em melhor canal. Afinal, as manifestações "pacíficas" e "apartidárias", encampadas e estimuladas pela Globo, têm justamente este intuito: desviar a juventude do que importa, do que muda.

O santo padre foi lúcido e didático ao analisar a perda de fiéis por parte da Igreja Católica. E reconheceu a necessidade de moralização política do Vaticano.

Começa a surpreender positivamente este pontífice. Leonardo Boff tinha razão em, desde o anúncio do novo Papa, declarar otimismo com a escolha de Bergoglio.

sábado, 27 de julho de 2013

Guaratiba e "O Banheiro do Papa"

Obra é uma co-produção entre Uruguai, Brasil e França
De Curitiba

Bem lembrado, Diângela Menegazzi: essa frustração dos moradores de Guaratiba, no Rio de Janeiro, pelo cancelamento da visita do Papa Francisco, lembra muito a cômica-dramática história narrada em "O Banheiro do Papa" ("El baño del Papa", nome original).

É um excelente filme - fica a dica para quem não assistiu. Em Curitiba sei que tem pra locar na Vídeo 1; navegando pela internet é capaz de se achar o filme na íntegra também.

"O Banheiro do Papa" é de 2007 e fala da expectativa que o anúncio da visita do Papa João Paulo II gerou aos moradores de Melo, pequeno município uruguaio, na fronteira com o Brasil.

O ano era 1988, época de carestia, desemprego, crise econômica nesta parte de cá do planeta.

Todo mundo da cidade resolve investir em algo pra faturar com a chegada de Sua Santidade e dos milhares de turistas que eram esperados. Beto, personagem principal, construiu um banheiro em frente à sua casa. Afinal, raciocinou, iria faltar lugar em Melo pra tanta gente dar vazão às suas necessidades fisiológicas. O uso, claro, seria cobrado.

Daí em diante, vocês conferem no filme. Aqui, o trailer.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Saudade da ressaca na Ponta da Praia

O rebento do mar nas muretas da Ponta da Praia (fotos: WAA)
De Curitiba

Leio no site d' A Tribuna (www.atribuna.com.br) que a avenida da orla em Santos precisou ser interditada hoje na região da Ponta da Praia por conta da ressaca e da maré alta - combinação típica nesta época do ano.

Sofrem também os moradores da Zona Noroeste, área abaixo do nível do mar, protegida por diques. Lá não precisa chover para alagamento das ruas; basta a elevação da maré como a de agora.

Para a Zona Noroeste, existe a perspectiva de que o problema seja definitivamente solucionado, quando as intervenções do programa "Santos Novos Tempos", lançado em 2010 - e que conta com financiamento internacional e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal - sejam concluídas. Que a Câmara de Vereadores, Ministério Público e sociedade santista fiquem em cima e garantam o andamento das obras.

Se bobear, toma-se um inesperado banho de mar
Bom, há uma semana, quando estava em Santos, a maré já se encontrava acima do normal. Principalmente no José Menino, perto do Emissário Submarino, os ondas faziam a alegria dos surfistas - ocorria, inclusive, um torneio, no qual competiam crianças aprendizes da modalidade.

Moleque se prepara para surfe no Emissário
Mas a grande atração era - e é nesses dias - conferir o rebento do mar nas muretas da Ponta da Praia.

As águas do Oceano Atlântico se chocam com as pedras, sobrepõem-se as muretas e banham quem passeia pelo calçadão. Quando mais intenso, o fenômeno alaga o leito carroçável da avenida da orla.

(Em breve, publicarei mais fotos no flickr)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Brasil que emerge das piscinas

Ana Marcela (prata) e Poliana (ouro): dobradinha na maratona (foto: CBDA)
De Curitiba

Animador este início do Brasil no Mundial de Esportes Aquáticos, que ocorre até o dia 2 de agosto em Barcelona, Espanha.

Além da dobradinha na maratona aquática - Poliana Okimoto, ouro, e Ana Marcela Cunha, prata -, o desempenho é satisfatório no polo aquático e surpreendente no nado sincronizado (acompanhe aqui).

As provas de natação começam no domingo, dia 28.

Estamos a três anos das Olímpiadas do Rio de Janeiro e, para um país que almeja ser olímpico, está na hora de prestarmos mais atenção também em modalidades outras que não o futebol.

Com maior visibilidade, atletas e equipes atraem mais patrocinadores e obtêm condições para treinamento e preparação.

Hoje, as estatais são as empresas que mais apoiam o esporte brasileiro.

Os desportos aquáticos, por exemplo, há anos têm patrocínio dos Correios. A Caixa, que agora chega ao futebol, destaca-se pelo suporte ao atletismo. O Banco do Brasil é sinônimo de vôlei. A Eletrobrás banca o basquete. A Petrobrás, o judô.

terça-feira, 23 de julho de 2013

De volta à volta da gelada Curitiba

Diz o improvisado cartaz: "Porta fechada por causa do vento" (foto: WAA)
De Curitiba

Depois de nove dias longe, volto a Curitiba, que volta a ser gelada como n'outros tempos.

Nunca antes, desde o ano em que desembarquei aqui para morar (2000), tinha vivenciado tanto frio nesta cidade. 

(E olha que 13 anos atrás o inverno fora rigoroso pra caramba.)

Não cheguei a contemplar a neve nem a chuva gelada, porque no remoto horário da manhã em que caíram hoje, estava eu a dormir pra descansar da viagem da madrugada e aproveitar o último dia de folga antes do retorno à labuta.

Só tive coragem de sair à rua depois do meio-dia, quando o sol se esforçava para comparecer. Mas os raios solares - que até foram se intensificando no decorrer da tarde - eram insuficientes para vencer a massa polar que deixou a temperatura em no máximo 5 graus.

Em caminhada pela Rua XV me deparei com o aviso no bondinho (que, como este blogueiro, também é santista; confira aqui), registrado na fotografia acima, precariamente obtida:
  • "Aberto! Porta encostada por causa do evento. Obrigada"
Realmente, é pra se trancar; pra se hibernar.

Minha capacidade de raciocínio não alcança: como alguém pode gostar de frio? Como alguém pode se deliciar com essa gelaca?

"Veio morar em Curitiba, agora agüenta", pode determinar alguém. "Se não suporta, o que está fazendo aqui?" é outro questionamento possível, passível de ser complementado: "Em vez de ficar reclamando, vá procurar um lugar mais quente".

Desculpa, pátria adotada e amada, mas nestes dias de geladeira, a possibilidade é forte e seriamente cogitada.

sábado, 13 de julho de 2013

Na faixa da esquerda

Sintonia na reunião do Mercosul desta semana (foto: Roberto Stuckert Filho)
De Curitiba

Da lamentável guinada à direita que a presidenta Dilma Rousseff deu ao seu governo nos últimos 12 meses, parece escapar, felizmente, a área de relações exteriores.

Nesta, a atuação se mantém no campo da esquerda.

A posição do Brasil na XVL Reunião da Cúpula do Mercosul, nesta sexta-feira, dia 12, em Montevidéu, reafirma a sintonia com os governos progressistas da região.

Dilma não só corroborou como foi porta-voz (ver pronunciamento aqui) do rechaço à espionagem dos Estados Unidos e da condenação ao sequestro do presidente boliviano Evo Morales praticado semana passada por França, Itália e Portugal.

Nesse episódio, Dilma até demorou a se manifestar - o pronunciamento, em nota, veio quase 24 horas do acontecido. Mas quando o fez, o fez de forma firme, soberana e solidária (confira aqui).

Também foi enfática, em abril, ao reconhecer de pronto - em despreocupada oposição ao que pregavam os Estados Unidos - o resultado da eleição que levou Nicolás Maduro à presidência da Venezuela. Antes, já tinha transmitido ao povo venezuelano sua solidariedade pela perda do grande líder Hugo Chávez.

Há pouco mais de um ano, em junho de 2012, Dilma igualmente não se hesitou em considerar golpista a deposição do então presidente do Paraguai, Fernando Lugo (relembre aqui). Exemplarmente, o Brasil defendeu que o país vizinho fosse suspenso do Mercosul, até que um novo presidente, eleito pelo voto popular, assumisse. O Paraguai deve ser reincorporado ao bloco em agosto.

Ainda está em tempo, presidenta, de fazer um balanceamento e um realinhamento do seu governo, livrando-se dumas tralhas que pesam e puxam a condução pra direita, e colocar a nave no prumo, no rumo.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Na mesma viagem há 25 anos

Ônibus da Cometa, do Grupo JCA, um dos maiores do país (foto: WAA)
De Curitiba

A notícia saiu nesta sexta-feira, 12 de julho, quando muita gente se prepara para curtir as férias escolares viajando.

A Justiça Federal determinou que a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) publique em dez dias os editais de licitação de 2 mil linhas de ônibus, interestaduais e internacionais, com extensão superior a 75 quilômetros.

A decisão da justiça decorre de uma ação civil movida pelo Ministério Público Federal em 2011. É uma decisão de primeiro grau, ou seja, cabe recurso.

E a julgar pelo poder econômico das empresas do setor, aposto que o recurso, favorável a elas, sai.
Embora seja uma concessão pública, nunca na história do transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros a exploração dos serviços foi licitada, como determina a Constituição de 1988.

Em 1993, um decreto federal prorrogou os contratos de permissões vigentes por 15 anos.

Tal prazo se expirou, portanto, em 2008 – há cinco anos.

Desde 2007, a ANTT trabalha num projeto de remodelação do sistema, programa denominado Propass Brasil, o qual inclui as licitações.
No entanto, diante da resistência do empresariado e como está no gene dessas agências reguladoras cederem às pressões do poder econômico, o projeto roda numa velocidade inferior a 30 por hora (isso quando não é interrompido).

A reformulação no transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros é imprescindível não só para assegurar que o serviço seja explorado por empresas que tenham participado de uma concorrência pública.

Mas, principalmente, para por fim ao oligopólio, que encarece as passagens e joga pra baixo a qualidade dos serviços prestados.

Das 2 mil linhas, contam-se nos dedos das mãos aquelas exploradas por mais de uma empresa. E, quando há mais de uma viação, a concorrência é bastante amigável: não existe opção de tarifas mais baratas, tampouco de horários alternativos.
Pouco mais de um mês atrás, foi realizada uma audiência pública na Câmara dos Deputados. Na ocasião, a superintendente de Serviços de Transporte de Passageiros da ANTT, Sonia Rodrigues Haddad, informou que a licitação sairá em meados de 2014.

Se a decisão em primeira instância da Justiça Federal for mesmo derrubada, e a se basear na disposição da ANTT, ficaremos mais algum tempo refém do oligopólio das viações

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Sobre chinela, borboleta, chofer de praça e outros termos mais

Catraca, roleta e, para uns, "borboleta" (foto: Wolpac)
De Curitiba

Dia destes o Omar Godoy tuitou: "curto quem fala 'chinéla'".

Acho interessante também.

E aí me lembrei de outras formas, bem pitorescas, de se chamar outras coisas.

Quem chama roleta ou catraca de ônibus, por exemplo, de "borboleta".

O taxista, de "chofer" ou "motorista de praça".

O "corre hoje" para dizer que é o dia do sorteio do jogo de loteria.

Quem fala "reclame" para se referir a comercial de televisão.

E quem identifica as emissoras de televisão pelo número do canal, não pelo nome. "Vi que vai passar no 7". "Um programa que vi no 4". Ou chama as emissoras de rádio de "estação".

Mas o que eu gosto mesmo, e em Santos era muito comum (hoje menos), é de se referir ao Centro, à região central do município, de "Cidade".

"Vou à cidade pagar uma conta". "Você foi à [Lojas] Americanas da Cidade ou à do Gonzaga?"

(Tempos destes fiz um post sobre isso no Juicy Santos; leia aqui)

O interessante é que não se tratam de gírias ou modismos; tampouco são termos eruditos. Tratam-se simplesmente de sinônimos, que carregam determinada precisão em seu significado a qual, nos tempos de hoje, torna a expressão pra lá de curiosa.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Teorias da conspiração em prática

Filme traz entrevistas que mostram apoio dos EUA ao golpe no Brasil
De Curitiba

Os fatos, aos poucos e ora aos muitos, vão provando que estávamos certos.

Que não se tratavam, nem se tratam, de "teorias da conspiração".

Aquilo que criticávamos, denunciávamos, do que reclamávamos - da ingerência dos Estados Unidos contra a mínima ameaça ao seu modelo de economia, política, cultura e vida - não era, nem é, obsessão infundada.

É real.

Estão aí as revelações recentes do baita esquema de monitoramento de troca de informações entre pessoas, empresas e governos do mundo todo - inclusive de nós, brasileiros.

Estão aí as revelações que o documentário "O dia que durou 21 anos" traz, sobre o apoio e o patrocínio estadunidense ao golpe civil-militar que depôs o presidente trabalhista João Goulart, em 1964.


Quando antes Hugo Chávez, agora Nicolás Maduro; quando Evo Morales, Cristina Kirchner, Rafael Correa e tantos outros vêm a público expor suspeitas de manobras do império norte-americano para desestabilizar quem se contrapõe a seus interesses, por aqui alguns "analistas" midiáticos desdenham, debocham.

Quando, 15 anos atrás, o governo demotucano udenista neoliberal de Fernando Henrique Cardoso privatizou o Sistema Telebrás, e os movimentos sociais se posicionaram contra a entrega de um setor estratégico ao capital (pior ainda ao capital multinacional), a resistência fora classificada de jurássica, neurótica.

Graças à privataria hoje somos reféns de operadoras de telecomunicações controladas por estrangeiros - e que atendem, antes de tudo, aos interesses daqueles, não aos nossos.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Para ficar por cima

Montillo (com a 10), Arouca e Léo: experiência a serviço da molecada
De Curitiba

E o Brasileirão voltou.

Para fazer a semana começar mais alegre.

Nem sempre, claro,  mas esta - com a vitória do Peixe sobre o São Paulo, por 2 a 0 em pleno Morumbi - sim, mais alegre.

Pela vitória, pelo "olé" que se ouvia da transmissão do rádio; pela certeza de que na base do próprio Santos estão os reforços necessários para o segundo semestre da temporada 2013. 

Aranha: competência para defender a meta santista

Evidente que um time competitivo não se faz só com moleques no plantel. Já temos, no entanto, experiência em posições-chave: no gol, na lateral esquerda, no meio de campo.

Grandes contratações são bem-vindas, todavia só se forem grandes contratações mesmo. Trazer medalhões para compor elenco ou prováveis revelações de fora é dispensável para um clube que tem como tradição lançar e lapidar talentos.

Claudinei Oliveira é o nome ideal para liderar a renovação (fotos: SFC)

Para o comando do time que valorize os pratas da casa nada mais adequado e justo do que efetivar Claudinei Oliveira. Conhece a Vila Belmiro como ninguém; é o professor dos aspirantes e, entrosado com Léo, Montillo, Edu Dracena, Durval e Arouca, tem tudo para fazer um trabalho excepcional.

Vai ser preciso paciência, alertemos.

Difícil conseguir um título neste ano; entretanto, a esta altura do campeonato, a não ser que se montasse um time de galáticos, as dificuldades de erguer um troféu seriam as mesmas. Logo, dificuldade por dificuldade, melhor apostar num caminho mais longo, porém mais sólido e frutífero, do que em atalhos perigosos.

terça-feira, 2 de julho de 2013

É hora de voltar a Cuba

Registros da viagem à ilha em 1998 (fotos: WAA)
De Curitiba

A partir de 10 de julho a Cubana de Aviación volta a operar a rota Havana-São Paulo-Havana.

A reativação já vinha sendo planejada (leia aqui) e, nesta semana, foi confirmada.

Os voos serão semanais: saídas de Havana às quartas e voltam, de São Paulo, às quintas. Uma aeronave IL 96-300 vai servir a rota, transportando 262 passageiros - incluindo 18 assentos de primeira classe, segundo informou o Ministério de Turismo de Cuba.

Aeronave IL 96-300

Pesquisei o preço no site da companhia (www.cubana.cu): US$ 667,46 o trecho.

Deu uma vontade danada de visitar o país de novo.

Lendo a notícia da reativação da rota (indicação da Carolina Cattani via twitter), me lembrei que foi pela Cubana, e para Cuba, minha primeira viagem de avião, minha primeira viagem internacional.

Foi em dezembro de 1998. 

Uma viagem meio que de última hora, quando consegui férias (trabalhava na central de controle operacional da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos, a CET-Santos). Rapidamente providenciei passaporte; passagens e hospedagem numa agência de turismo (a Boqueirão - ganhei uma ótima mochila da agência, até hoje em uso); e dólares numa casa de câmbio ali da esquina da Rua XV com a Rua Augusto Severo, no centro santista.

O dólar ainda estava a 1 real

(Paridade que o governo FHC forçou para ser reeleito e que, em janeiro de 1999, foi drasticamente desfeita).

Recém terminara o terceiro ano da faculdade Jornalismo.

Não deu tempo de estudar castellano.

Mas enfim, parti.

O voo da Cubana era como uma linha de ônibus circular. Partia de Havana, deixava passageiros em Guarulhos, e já embarcava os que estavam indo a Cuba. Em seguida ia para o Rio de Janeiro, onde desciam os que vinham de Havana e logo subiam os que rumavam à ilha caribenha.

Depois desse sobe-e-desce de gente, antes de o avião decolar no Galeão, a tripulação redistribuiu os passageiros nos assentos, alegando que precisava equilibrar o peso da aeronave. Por essa razão partiu com menos combustível e fez uma escala, não prevista na rota, em Caracas.

Brigadeiro de primeira viagem achei que esses ajustes faziam parte da rotina da aviação.

Ícones da paisagem de Havana no final dos anos 90

Em Cuba foram cinco dias, todos na capital - e mesmo assim voltei com a sensação de que faltou conhecer lugares e gente da cidade, tal a imensidão daquele mundo que tinha para conhecer.

Aqueles não eram tempos de celular, de máquina digital para tirar foto até do vento. Era tudo no filme, de modo que as imagens que tenho hoje no papel foram muito bem selecionadas antes de serem registradas.

Agora em 2013 completam-se 15 anos dessa experiência. Aquela Cuba que, em 1998, começava a se recuperar do baque que sofreu com o fim da União Soviética, está bem diferente. Nós estamos bem diferentes.

É ou não é hora de embarcar de novo na Cubana?