Na pista de descida da Imigrantes transporte coletivo é proibido (foto: WAA) |
De Curitiba
De uns meses para cá, a descida da Serra do Mar entre a capital e litoral paulista tem sido um martírio, sobretudo para quem depende do transporte coletivo.
Ocorre que os ônibus só podem utilizar a Via Anchieta e, nesta, tanto os de linha regular como os fretados têm que dividir a pista com caminhões.
Com o excesso de carretas com destino ao Porto de Santos e com a
neblina recorrente e densa, transitar pela Anchieta está impossível. Uma
viagem entre o Terminal do Jabaquara, em São Paulo, e o do Valongo, em
Santos, que normalmente levaria uma hora, tem demorado o dobro - às vezes
o triplo - do tempo.
Existe uma outra estrada para descer a Serra do Mar rumo a Baixada Santista: a pista mais nova da Imigrantes. Nela, no entanto, o Governo de São Paulo e a Ecovias proíbem o tráfego de ônibus e caminhões. A proibição existe há mais de dez anos, desde quando a nova Imigrantes foi inaugurada.
Passageiros do transporte regular e dos ônibus fretados não se conformam com essa determinação, muito menos com a justificativa dada pelo governo estadual e Ecovias.
O argumento é o de que a pista mais nova da Imigrantes tem um declive muito acentuado, não apropriado - dizem - para ônibus.
Inacreditável!
Reparem: a nova Imigrantes, inaugurada em 17 de dezembro de 2002, custou, em valores da época, R$ 830 milhões - cifra que, corrigida, certamente ultrapassaria hoje o R$ 1 bilhão.
Não foi dinheiro do Tesouro do Estado - a obra foi bancada pela concessionária. Mas é evidente que nós é quem pagamos o investimento - a fatura vem no pedágio.
Ora, como é que o Governo de São Paulo deixou que se construísse uma rodovia ligando a maior metrópole do hemisfério sul ao maior porto do hemisfério sul que só pode receber o trânsito de automóveis?
Uma rodovia bilionária, de engenharia ousada, com túneis e viadutos quilométricos, mas que não comporta ônibus!
Como é que o governo estadual quer acabar com congestionamentos se, em vez de estimular o transporte coletivo, restringe a sua circulação?
Não foi dinheiro do Tesouro do Estado - a obra foi bancada pela concessionária. Mas é evidente que nós é quem pagamos o investimento - a fatura vem no pedágio.
Ora, como é que o Governo de São Paulo deixou que se construísse uma rodovia ligando a maior metrópole do hemisfério sul ao maior porto do hemisfério sul que só pode receber o trânsito de automóveis?
Uma rodovia bilionária, de engenharia ousada, com túneis e viadutos quilométricos, mas que não comporta ônibus!
Como é que o governo estadual quer acabar com congestionamentos se, em vez de estimular o transporte coletivo, restringe a sua circulação?
O governador Geraldo Alckmin, do PSDB, era vice à época da concepção do projeto da nova Imigrantes e era titular quando da inauguração.
(Na solenidade, Alckmin, torcedor do Peixe, considerou a entrega da segunda pista como um "gol de Robinho", relembre aqui).
Há quase 18 anos a turma de Alckmin governa o Estado de São Paulo.
(Na solenidade, Alckmin, torcedor do Peixe, considerou a entrega da segunda pista como um "gol de Robinho", relembre aqui).
Há quase 18 anos a turma de Alckmin governa o Estado de São Paulo.
Entregou uma estrada por onde ônibus não passa e que descarrega milhares de automóveis para uma região metropolitana, a Baixada Santista, que nesse tempo todo não recebeu uma obra sequer de transporte coletivo regional integrado.
Deve, portanto, Sua Excelência o governador ser o primeiro o cobrado e o responsabilizado pela imobilidade para se chegar e se estar na Baixada.
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