Controle do capital está a escapar de nossas mãos (foto: WAA) |
De Curitiba
“Pesquisa de Fusões e Aquisições” é o nome de um estudo elaborado pela KPMG, empresa que presta consultoria a corporações envolvidas nessas transações, e que comprova em números aquilo que vínhamos percebendo na prática, e que aqui no Macuco Blog alertamos: intensifica-se o processo de desnacionalização das nossas empresas.
No primeiro trimestre deste ano, das 204 fusões e aquisições ocorridas no mercado, 76 se trataram da compra, por estrangeiros, de empresas brasileiras: 74 instaladas no País e duas, no exterior.
Mais que o dobro do registrado em igual período de 2011. No primeiro trimestre do ano passado, das 167 fusões e aquisições, 37 se referiram a aquisições de empresas brasileiras por estrangeiros (34 instaladas no Brasil mesmo e três no exterior).
A preocupação não é só pelo crescimento da quantidade. É, principalmente, porque as fusões e aquisições das empresas estrangeiras sobre as brasileiras se sucedem entre grandes corporações, aquelas que têm o oligopólio dos setores em que se situam. Pior: geralmente, são setores estratégicos.
É o que vem ocorrendo com o setor sucroalcooleiro, por exemplo. Semanas destas, um líder empresarial, Luiz Aubert Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), criticando essa desnacionalização crescente, lembrou que 20, 30 anos atrás, 100% das usinas de álcool e açúcar eram de capital brasileiro. Hoje, frisou ele, mais de 60% delas estão em mãos internacionais – sobretudo norte-americanas.
O fenômeno – essa desnacionalização – não é recente. Tornou-se rotina após o Plano Real, em 1994, intensificado com a privataria do governo neoliberal do PSDB-DEM de Fernando Henrique Cardoso. Havia desacelerado na década passada e, nesta - os números estão aí a comprovar –, parece recuperar velocidade.
Não se trata, como já foi dito, de xenofobia.
Ocorre que, quando a gente transfere nossas empresas para o controle de estrangeiros, a gente está abrindo mão de desenvolver tecnologia, perdendo a soberania na tomada de decisões. E remetendo para fora os dividendos conquistados aqui dentro, com muito suor e custo.
Passou, se realmente queremos ser uma nação soberana, da hora de regular isso.
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