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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Os 15 anos do mensalão da Vale do Rio Doce

Serra bate o martelo no leilão de "venda" de um dos nossos maiores patrimônios
De Curitiba

A Companhia Vale do Rio Doce completa 70 anos de fundação em 2012.

Em 2012 faz também - fez, em maio - 15 anos que a desde-sempre superavitária estatal, estratégica, foi privatizada pelo governo neoliberal do PSDB-DEM (então PFL) - do presidente Fernando Henrique Cardoso e do ministro do Planejamento José Serra.

Aquele episódio sim, um dos maiores escândalos da vida brasileira.

A Vale do Rio Doce foi "vendida" por FHC, Serra e companhia (quadrilha?) ilimitada por R$ 3,3 bilhões, em valores da época. Também em valores da época, a Vale valia, no mínimo, 30 vezes mais: R$ 100 bilhões, pelo menos.

Isso mesmo, vendida a preço de banana. Pelo menos noventa e tantos bilhões de reais foram subtraídos do meu, do seu, do nosso patrimônio.

Onde foi parar essa grana?

Os movimentos sociais, os partidos de esquerda, os trabalhistas e progressistas denunciaram esse absurdo na ocasião. Como, todavia, não havia twitter, facebook e blog, a resistência pouco encontrou eco na isenta, plural e democrática mídia tradicional.

Ações na Justiça tentaram impedir o roubo, depois tentaram anular o negócio; num plebiscito popular, extra-oficial, realizado em 2007 - quando se completaram dez anos da privatização da companhia - a re-estatização da Vale do Rio Doce, e o rechaço à vergonhosa "venda", foram aprovados.

Não consta que o Ministério Público, os articulistas da grande imprensa e os supremos do judiciário tenham, passado estes 15 anos da dilapidação desse nosso patrimônio, agido com tanta velocidade e sede de Justiça como fazem agora, sob fogos de artifício e estouros de champagne, no chamado caso "mensalão".

Tiraram o "Rio Doce" e a companhia hojé é denominada só como Vale. Vale espantosamente mais que os R$ 100 bilhões que valia 15 anos atrás. Só o lucro anual da empresa beira os R$ 40 bilhões.

(Presta atenção: apenas o lucro anual é mais de dez vezes maior que o valor pelo qual a Vale do Rio Doce foi vendida!)

Dinheiro que poderia estar financiando a habitação popular, a implantação de saneamento básico, a expansão de redes de metrô nas cidades, a instalação de banda larga nas escolas públicas, a construção de bibliotecas, o investimento em pesquisa e tecnologia.

Está, no entanto, a encher o bolso de meia-dúzia de magnatas.

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