Não basta bom enredo. É preciso belo samba e "chão". A Beija-Flor teve (Foto: Liesa)
De Curitiba
Acabou não.
O carnaval tem o último suspiro neste final de semana: desfile das campeãs em São Paulo e no Rio, blocos saideiros no Nordeste...
Então é tempo ainda de falar um pouquinho das escolas de samba.
Porque é importante registrar que foram vencedores os desfiles de enredos com consistência histórica, social, cultural, narrados por sambas inspirados e inspiradores, e não os desfiles com muita plástica todavia pouco conteúdo.
Em Santos, ganhou a X-9. Título de número 23 de uma das escolas mais antigas do país, fundada em 1º de maio de 1944.
"A Pioneira" falou da arte na cultura brasileira a partir da vida e obra do teatrólogo Tanah Correa, que desfilou no último carro alegórico junto dos netos e dez filhos - entre eles o ator Alexandre Borges e sua mulher, a atriz Júlia Lemmertz.
Mas não foram só os globais que agitaram a Passarela Dráusio da Cruz. Levantou o público santista também o samba, as referências ao nosso Barroco, à nossa origem indígena, à herança africana.
Na Nêgo Quirido, em Florianópolis, deu União da Ilha da Magia. A caçula escola ousou ao abordar Cuba, ao falar da revolução e suas conquistas, ao denunciar o bloqueio capitaneado pelos Estados Unidos imposto ao país latino-americano.
Em São Paulo, a Vai-Vai fez bela homenagem ao admirável maestro João Carlos Martins. Levou a música clássica para o sambódromo. Fez muita gente conhecer a história de, ele sim, um fenômeno. Com uma contribuição dessas aos paulistas, merecida vitória da escola do Bixiga.
No Rio o homenageado dispensava apresentações. Mas a Beija-Flor, com toda sua sabedoria e criatividade, soube falar de Roberto Carlos com simplicidade, sem ser, porém, óbvia.
Veio com um samba dos mais belos dos últimos dez anos, que misturou poesia a passagens da história da música brasileira. Comprovou que tem chão; que é, mesmo com a presença de um pop star rodeado por outros famosos, uma escola que ganha porque tem componentes da comunidade, que vivem Nilópolis o ano todo e que se doam à escola na Sapucaí. Com mais samba, menos encenação.
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