Ela enfrentou preconceito de cor e da classe social |
Já tinha lido, ouvido e visto a respeito da escritora Carolina Maria de Jesus, mas foi só nestes tempos de retrocesso pelos quais o Brasil atravessa que, coincidentemente, viajei em uma de suas obras, “Diário de Bitita”.
O livro traz reflexões da autora acerca de seu mundo e do mundo e narra episódios por ela vividos que faz a gente perceber o quanto melhoramos. Faz, por outro lado, a gente identificar como alguns ranços resistem.
“Diário de Bitita” traz memórias de Carolina Maria de Jesus desde sua infância (ela nasceu em 1914) até sua juventude.
Nesse período, a menina enfrentou desaforos, preconceitos e violências em tudo quanto é canto que passou, de tudo quanto é gente com quem conviveu.
Não havia nem 50 anos da abolição da escravidão, e os resquícios do Brasil escravocata são evidentes nas situações vivenciadas pela menina. De xingamentos a castigos físicos (por ser negra e pobre), Carolina Maria de Jesus foi vítima de tudo.
No entanto, mesmo alfabetizada a muito custo, rejeitada, alijada, a menina encontra serenidade para entender o seu redor e ordenar, em palavras escritas, suas percepções. Demonstra um conhecimento incrível da situação política e econômica da época – faz, por exemplo, referências lúcidas à transição do país oligárquico da República Velha para o desenvolvimentismo da Era Vargas.
Carolina Maria de Jesus chega a São Paulo carregando sonhos de melhorar de vida num país que se urbanizava e se industrializava, sem perder a consciência de que a condição de negra e pobre lhe faria ficar, no máximo, com as sobras.
Este Brasil de Carolina Maria de Jesus começamos a deixar para trás não faz muito tempo. De década, década e meia para cá, o negro e o pobre conseguem vislumbrar um horizonte mais favorável do que as perspectivas que se apresentavam a seus pais, avós…
Por outro lado, e ao mesmo tempo, a conquista de um mínimo de espaço pelos negros e pobres incomodou os privilegiados desde sempre, cujo inconsciente coletivo ainda é carregado de autoritarismo, discriminação, insensibilidade com os semelhantes de cor e condição social diferentes.
É esse ódio de classe o pano de fundo do golpismo e fascismo que estamos a temer.
“Diário de Bitita” traz memórias de Carolina Maria de Jesus desde sua infância (ela nasceu em 1914) até sua juventude.
Nesse período, a menina enfrentou desaforos, preconceitos e violências em tudo quanto é canto que passou, de tudo quanto é gente com quem conviveu.
Não havia nem 50 anos da abolição da escravidão, e os resquícios do Brasil escravocata são evidentes nas situações vivenciadas pela menina. De xingamentos a castigos físicos (por ser negra e pobre), Carolina Maria de Jesus foi vítima de tudo.
No entanto, mesmo alfabetizada a muito custo, rejeitada, alijada, a menina encontra serenidade para entender o seu redor e ordenar, em palavras escritas, suas percepções. Demonstra um conhecimento incrível da situação política e econômica da época – faz, por exemplo, referências lúcidas à transição do país oligárquico da República Velha para o desenvolvimentismo da Era Vargas.
Carolina Maria de Jesus chega a São Paulo carregando sonhos de melhorar de vida num país que se urbanizava e se industrializava, sem perder a consciência de que a condição de negra e pobre lhe faria ficar, no máximo, com as sobras.
Este Brasil de Carolina Maria de Jesus começamos a deixar para trás não faz muito tempo. De década, década e meia para cá, o negro e o pobre conseguem vislumbrar um horizonte mais favorável do que as perspectivas que se apresentavam a seus pais, avós…
Por outro lado, e ao mesmo tempo, a conquista de um mínimo de espaço pelos negros e pobres incomodou os privilegiados desde sempre, cujo inconsciente coletivo ainda é carregado de autoritarismo, discriminação, insensibilidade com os semelhantes de cor e condição social diferentes.
É esse ódio de classe o pano de fundo do golpismo e fascismo que estamos a temer.
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Por @waasantista, postado de Curitiba | Foto: Agência Brasil
| Publicado também no Brasil Observer
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