De Curitiba
Um pedido de desculpas, se sincero, é sempre um gesto nobre.
Ainda que venha 20 anos depois do erro, da injustiça cometida, como fez o hoje senador Fernando Collor (PTB-AL), em entrevista nesta semana à Agência Senado.
O ex-presidente se diz arrependido pelo confisco do dinheiro da poupança de milhares brasileiros, uma das medidas do "Plano Brasil Novo", lançado no longínquo 16 de março de 1990.
Em síntese, para quem não se lembra ou não é daquela época: quem possuía mais de 50 mil cruzados novos (o equivalente a seis mil reais hoje) da noite para o dia teve suas economias sequestradas pelo governo. Só 18 meses depois - ou seja, um ano e meio - é que o excedente daquele teto passaria a ser devolvido em prestações.
Um golpe e uma traição - afinal, na campanha eleitoral Collor acusava que era Lula quem "tomaria" o dinheiro do povo.
Bom, desnecessário contar ou relembrar que o confisco arruinou famílias, desgraçou a vida de trabalhadores autônomos, destruiu pequenos empreendimentos.
- Peço desculpas, as mais sentidas e as mais humildes, aos brasileiros que passaram por constrangimentos, traumas, medos, incertezas e dramas pessoais com o bloqueio do dinheiro. Lamento que tenha acontecido. Hoje, não faria de novo -, afirma o ex-presidente à Agência Senado.
Está bem, senador, mas agora é preciso pedir escusas de outras mazelas de seu plano. Ao contrário do que Vossa Excelência diz na entrevista, as privatizações, o desmantelamento do Estado, a abertura do mercado sem oferecer as mínimas condições de sobrevivência à produção nacional estão longe de ser um legado do seu mirabolante "Brasil Novo". São, isso sim, herança maldita da qual a gente tem custado para se livrar.
>>Vale clicar aqui e conferir a entrevista; é uma viagem no tempo, é reler as páginas da nossa história, é conhecer um pouquinho mais do passado recente deste país.
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