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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Os nossos aeroportos estão entregues

Belo horizonte para os privatistas (foto: Jéssica Rodrigues)
De Curitiba

A União vai conceder à iniciativa privada a administração de mais dois aeroportos importantes – o leilão está marcado para esta sexta-feira, dia 22, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

São eles o Tom Jobim/Galeão (Rio de Janeiro) e Tancredo Neves/Confins (Minas Gerais). Já foram entregues Franco Montoro/Guarulhos (São Paulo), Viracopos/Campinas (São Paulo) e Juscelino Kubitschek/Brasília.

Um presentaço para as empreiteiras que forem assumir o negócio.

Afinal, nesses novos dois aeroportos a serem privatizados o governo federal, por meio da Infraero, já realiza há alguns anos obras de infraestrutura que serão entregues em abril de 2014.

Só neste ano, entre janeiro e outubro, foram aplicados R$ 239 milhões em recursos públicos nesses dois aeroportos, três vezes mais que os R$ 68 milhões destinados no mesmo período de 2012, levantou o jornal Hora do Povo.

É como se você gastasse uma baita grana para reformar e ampliar sua casa e depois entregasse a terceiros o direito de administrar as benfeitorias.

Os novos concessionários, conforme estabelece o edital de leilão, até serão obrigados a investir, mas poderão fazer isso ao longo de 20, 25 anos (tempo mínimo de concessão). Ah, e para realizar esses investimentos poderão tomar até 70% do necessário emprestados do BNDES, o banco público que fomenta o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Ora, se a Infraero, uma das mais eficientes administradoras de aeroportos do planeta, já vai ter realizado o grosso dos investimentos, por que não deixar com ela, uma estatal - e destinar esse financiamento a ela - a tarefa de continuar à frente da porta de entrada e saída de pessoas e cargas no país?

Repetindo: é como se você gastasse uma baita grana para reformar e ampliar sua casa e depois entregasse a terceiros o direito de administrar as benfeitorias. E pior: emprestasse dinheiro a esses mesmos terceiros para que administrem as benfeitorias que você bancou.

É, minha gente, é triste mas é mais uma rendição do governo da Tia Dilma à privatização imposta pelo poder econômico. Mais branda que a de FHC, menos predatória, mais vantajosa – todavia é privatização, sim.

Aliás, com todo o apoio da mídia comercial e seus “analistas” “isentos” “imparciais” neoliberais. Os argumentos são os mesmos que respaldavam o entreguismo dos tempos de tucanos no governo.

Estes "analistas" só não se incomodam com o oligopólio que manda e desmanda no transporte aeroviário, até porque a mídia que lhes dá espaço é oligopolizada também.

O Brasil tem quase 200 milhões de habitantes e um território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Só quatro companhias comem desse gigante, farto e delicioso bolo: Tam, Gol, Azul e Avianca.

Pior ainda: só duas delas, Tam e Gol, abocanham 75% do mercado.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil, triplicou, nos últimos dez anos, o número de passageiros de avião no Brasil. Para cada 100 habitantes, 55 passagens são emitidas. Uma proporção extraordinária. Aritmeticamente, é como se mais da metade dos brasileiros viajasse de avião no país.

Inacreditável que não haja espaço para mais empresas. Inaceitável que o governo, para regular o mercado, não mantenha uma companhia aérea pública.

As quatro privadas fazem o que querem com os preços das passagens – os quais em oito anos subiram 130% acima da inflação, de acordo com o IBGE -, com horários e rotas, com passageiros e suas bagagens.

E todas seguem, entretanto, livres para voar.

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