Um dos "n" rascunhos divulgados recentemente pelo Governo de SP |
De Santos
Desde que os tucanos governam o Estado de São Paulo, há 18 anos, incontáveis projetos de uma ligação seca entre Santos e Guarujá vêm sendo anunciados pelo governador de plantão. Foi assim com Mário Covas, com Geraldo Alckmin, com José Serra, com Alckmin de novo...
Como a promessa não dá mais ser requentada, o governo estadual agora se alopra em fazer a ligação sair das maquetes, das lâminas em power point e dos vídeos de campanha para virar realidade.
Só que, depois de quase duas décadas, os tucanos não conseguiram acertar: o projeto apresentado e defendido por Geraldo Alckmin atualmente, em vez de solucionar um problema regional de mobilidade, tende a criar outros, e de outras naturezas também.
Dos mais entendidos em engenharia de tráfego aos mais leigos, passando pelo pessoal que lida com assuntos portuários e por moradores das áreas a serem atingidas pelas obras, há praticamente um consenso em rechaçar o traçado do túnel que vai sair do Macuco, passar por sob o canal do estuário e desembocar em Vicente de Carvalho.
Primeira e mais elementar razão, a de que o túnel não vai servir como deveria ao principal polo gerador de tráfego, o Porto de Santos. A região precisa de vias que unam as duas margens, e para isso é evidente que o túnel deveria ser construído em outro ponto - na Alemoa, Saboó ou, no máximo, no Valongo.
Depois porque o traçado proposto desta vez vai trazer todo o fluxo entre Santos e Guarujá, inclusive o de caminhões, para uma zona já densamente urbanizada.
Terceiro motivo, e tão fundamental quanto os outros dois: o projeto atual vai implicar na desapropriação de imóveis e na remoção de centenas de famílias.
A falta de clareza, por parte do governo estadual, sobre onde exatamente o túnel vai acabar e começar, onde precisamente serão implantadas as alças de acesso, está a aterrorizar os moradores do Macuco.
Está todo mundo com medo, sem saber se a sua casa vai ser ou não derrubada para a obra, se o túnel vai passar do lado ou embaixo da sua moradia. Tradicional bairro, por onde a cidade começou a se expandir para o leste da ilha, reduto de trabalhadores portuários e operários, no passado abrigo de comunistas, o Macuco está iminência de desaparecer, sem o mínimo respeito, menor dó e piedade das autoridades estaduais e municipais.
O histórico do governo Alckmin quando o assunto é remover gente, principalmente pobres, para atender aos interesses políticos e econômicos, é, de fato, para deixar todo mundo apavorado. No Macuco, assim a gente está.
Como você disse, Wagner, o histórico de lidar com GENTE desse governo estadual...
ResponderExcluirerrata: os tucanos governam São Paulo há 19 anos.
ResponderExcluirO trânsito portuário é incompatível com os usos urbanos e de ser segregado o máximo possível. O que vemos é uma briga da Codesp (não, não é o Alckmin nem o PSDB...) com a cidade. Santos estorva o porto e a Codesp vem dando mensagens seguidas de que os santistas devem se submeter quietos e passivos a quem lhes dá o pão, o trabalho, a renda. É o mesmo discurso que justificava Cubatão nos anos 60/70.
ResponderExcluirSantos deve ir limitando ao máximo o porto na costa do estuário, inclusive desestimulando os pátios de contêineres e caminhões na área urbana. Com o fim destes, nenhuma carreta poderá trafegar em nossas avenidas, mas apenas na Perimetral (que é da Codesp, e não do município).
O túnel no Macuco inviabiliza essa segregação e, se implantado, vai condenar os santistas a conviver com a atividade portuária para sempre.
Temos de dar esse recado à Codesp.
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