A campanha citada no texto de estreia de G.O.Aragão |
Geraldo Oliveira Aragão é tio deste blogueiro e, embora ele já tenha um perfil no facebook há certo tempo, não faz muito tem utilizado a “rede social” para relatar episódios do cotidiano os quais, no mínimo, fazem a gente pensar, pensar, pensar…
Mais que relato, na verdade; são autênticas crônicas – textos envolventes pela narrativa e pelo que está sendo narrado.
Dias destes perguntei a Geraldo se não poderia replicar suas palavras aqui no Macuco Blog.
Como tios – e direi por experiência própria, afinal sou um desses, tio das preciosidades Tainá, 10 anos, e Ian, 6 anos – como tios, retomando, não são de negar pedidos de sobrinhos, Geraldo autorizou este, com maior prazer.
O primeiro texto de G.O.Aragão aqui no Macuco será o mais recente escrito dele. (Mais pra frente, vamos trazer crônicas anteriores de G.O.Aragão). Morador do Rio, Aragão esteve em Santos esta semana, visitando a gente lá da terra, e se intrigou com episódio noticiado pela imprensa local.
O questionamento tem relação direta com a data de hoje, 20 de novembro. Bom, vamos logo ao texto, pois:
BRANCURA SANTISTA
Por G.O.Aragão*
Não, não estou falando dos famosos lençóis da fábrica homônima. Explico. Em visita familiar este fim de semana à cidade de Santos-SP, vi, numa TV local, um belo ensaio fotográfico, numa edificação do orquidário da Cidade, com um conjunto de belas mamães amamentando seus também belos filhos, lideradas por uma fotógrafa com as mesmas características étnicas, todos vestidos de branco, só não dava para ignorar os tons azuis dos seus olhos.
Creio que em breve todos os Brasileiros poderão curtir esta imagem descrita, que ora parece ser “privilégio” meu. Tudo indica que será vendida para o Governo Federal, via Ministério da Saúde, (ou uma agência “laranja” de MV)para incentivar o aleitamento materno.Uma coisa me deixou curioso e faço agora esta indagação a todos que puderem responder-me, embora seja matéria de cunho antropológico. Não há negras, ou se preferirem, afrodescendentes em Santos?
Se há, nenhuma está amamentando, ou teria recusado convite para participar da campanha? Será que na visão do idealizador da peça publicitária este segmento étnico goza de maior credibilidade para convencimento das “massas” sobre a importância da prolongada amamentação? Ou ainda, será que o fato histórico (de triste memória) das negras haverem amamentado os brancos trazem uma consciência cristalizada de maneira a serem dispensadas de uma peça de tamanha importância e alcance social? Ou,ou,ou?
Ainda hoje escuto, com freqüência, lamentavelmente, não sem minha veemente contestação, que estimular CONSCIÊNCIA NEGRA é uma forma de racismo. Um povo escravizado por 200 anos construindo a riqueza desta Nação econômica e culturalmente tem que ser estimulado a se reconhecer em todas as peças publicitária de cunho local e nacional.
A classe abastarda não tolera a discriminação positiva das cotas e muito menos que a cultura africana conste da matriz curricular no sistema de ensino Brasileiro, daí insistir no impedimento do governo que tardiamente implementa minimamente políticas publicas de cunho plural.
VIVA A CONSCIÊNCIA NEGRA, VIVA A CONSCIÊNCIA NACIONAL
*Cidadão Brasileiro nov.2015.
Postado por @waasantista, de Curitiba
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