David Capistrano e a Santos da qual cuidou |
Em 10 de novembro de 2000, portanto há exatos 15 anos, morria David Capistrano da Costa Filho. Partiu cedo, muito cedo: aos 52 anos de vida. Mas deixou um legado e exemplo de luta raros.
Quem acompanha este blog há mais tempo certamente sabe um pouquinho da biografia de David Capistrano. Afinal, estamos sempre a preservar a memória dele aqui.
Aos que chegaram recentemente, vale um breve resumo pra se compreender a importância dessa figura para a história deste país.
David Capistrano foi um dos maiores idealizadores e gestores de políticas públicas de saúde. Implantou ações de universalização do atendimento básico, de humanização do tratamento de doentes mentais, de prevenção e combate à aids, de saúde da família, que se tornaram referência mundial.
David Capistrano foi prefeito de Santos, entre 1993 e 1996, após ter sido secretário de saúde do município, entre 1989 e 1992. Antes, tinha sido secretário de saúde em Bauru. Depois que deixou a Prefeitura de Santos, trabalhou no Ministério da Saúde e na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
Pelo menos dois eventos ocorrem hoje em homenagem a David Capistrano: a segunda edição da Semana de Saúde que leva o seu nome, em Santos. E um tributo na Universidade de São Paulo.
Tempos destes conversávamos, eu e minha mãe, sobre uma semelhança entre David Capistrano e a presidenta Dilma Rousseff.
Notamos que David Capistrano lá em Santos fora vítima do mesmo preconceito, desinformação e ignorância que geram as ofensas direcionadas à presidenta Dilma hoje.
As políticas de inclusão e ruptura de paradigmas implementadas por David Capistrano criaram uma reação das elites lá em Santos muito parecida com o inconformismo das elites nacionais diante das mudanças vivenciadas pelo país recentemente.
Capistrano e Dilma, os dois do PT, sucederam gestões petistas de forte apoio popular.
Telma de Souza, antecessora de Capistrano, passou o cargo com 90% de aprovação nas pesquisas. Lula transferiu a faixa para Dilma com índice semelhante de aprovação.
Telma e Lula enfrentaram oposição ferrenha dos veículos de mídia tradicionais; no entanto, mais hábeis em retórica, conseguiam se comunicar melhor com o povo.
Com Capistrano e Dilma, mudou-se o perfil nessa relação. A oposição da mídia, porém, não diminuiu. Ao contrário, o bombardeio se intensificou. Com o desgaste natural de um partido no poder, o ambiente para, no mínimo, menor tolerância, estava completo.
Tudo em Santos era culpa do David Capistrano. Assim como tudo no Brasil agora é culpa Dilma.
O tempo, diz o ditado, é o senhor da razão.
Meses atrás estávamos num dos quiosques das praias de Santos, mais precisamente, no CPE.
Pedimos o cardápio. Vimos que, no verso, o quiosqueiro contava a trajetória do empreendimento.
Na história ali relatada, uma homenagem a David Capistrano. Pela primeira vez, assinalava o texto, um prefeito valorizara os trabalhadores da praia.
Está sendo assim. Quase 20 anos depois, o legado de Capistrano vai sendo reconhecido.
Não tenho dúvidas de que será assim com Dilma, daqui outros 20 anos.
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