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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Desfile das campeãs: a festa e a aula do carnaval

Detalhe de alegoria da Beija-Flor: a escravidão em São Luiz do Maranhão (foto: Riotur)

De Curitiba

Acabou o carnaval, o ano começa, diz o lugar o comum.

Se isso é fato, sem problema algum.

Porque a alegria dos dias de folia é o combustível pra se encarar as lutas do dia-a-dia. As batalhas pessoais e as coletivas.

E tem mais: se o ano se inicia com o fim do carnaval, só vai acabar quando o próximo chegar. Portanto, teremos os mesmos 365 - ou 366 - dias. O que muda é o mês que abre e o que termina a folhinha.

Né?

Então, deixa o povo curtir. Com moderação e responsabilidade, claro, mas deixa a galera se divertir. 

Se bem que este papo está atrasado. Quem tinha que curtir, curtiu – afinal, voltando ao começo da conversa, o carnaval se foi.

Pra despedida, aqui no Macuco já é tradição acompanhar in loco o desfile das seis primeiras colocadas escolas de samba do Rio de Janeiro.

O “Sábado das Campeãs”. Este de 2012 foi o sétimo, consecutivo.

É, aliás, sobre a apoteose, o lide - que só agora surge neste texto - desta conversa.

Ei-lo, pois.

O Sábado das Campeãs confirmou: desde 2006, este foi o carnaval que reuniu as melhores apresentações das escolas de samba, no Rio. Nem tanto pelo luxo, sim pela qualidade da quase totalidade dos enredos e dos sambas, verdadeiras aulas de história, geografia e artes em forma de festa, transmitidas com criatividade - e competência.

Vila Isabel e Portela deram lição de música com letra e melodia de um samba envolvente. Contagiante pelo ritmo – o da Isabel, temperado com kuduro; o da Portela, com batuques do candomblé – e pela riqueza da letra. Contadores, os sambas, de enredos consistentes – a escola de Noel, sobre a nossa descendência de Angola; a de Paulinho da Viola, com Clara Nunes e os rituais baianos.

O Salgueiro nos falou de literatura, a de cordel, manifestação dessa gente porreta do Nordeste. De lá veio também o Rei do Sertão Luiz Gonzaga da Unidos da Tijuca. Ainda lá de cima, a história de São Luiz do Maranhão - e uma homenagem a um dos seus filhos, Joãosinho Trinta - cantada pelo inigualável Neguinho da Beija-Flor. E mesmo a Grande Rio, que transformou um tema banalizado pela autoajuda, a superação, numa demostração de como somos capazes de superar os obstáculos ou, no caso dos intransponíveis, de saber lidar com eles...

Darcy Ribeiro tinha razão: ô, povo brasileiro!

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