Translate

terça-feira, 12 de março de 2013

Quando Chávez esteve em Curitiba - Parte I

Visita do comandante foi em 20 de abril de 2006 (foto: Secs/PR)

Como antecipado ontem, a partir desta terça, e até quinta-feira, reproduzo aqui os textos que publiquei na versão antiga do Macuco Blog, em 22 de abril de 2006, dois dias depois da visita de Hugo Chávez a Curitiba. Nessa primeira parte, um resumo das oitos horas em que o bolivariano esteve na capital do Paraná. 

-------------

"AS OITO HORAS

A visita de Hugo Chávez a Curitiba, na última quinta-feira, dia 20 de abril [de 2006], resultou em 15 convênios intergovernamentais, sem contar os quase US$ 440 milhões em negócios fechados entre empresários paranaenses e venezuelanos.

Entretanto, a passagem do presidente da Venezuela pelo Paraná traz como saldo muito mais que acordos de cooperação técnica na área econômica, ambiental, educacional, tecnológica, entre outras, ou dividendos medidos em cifras. As oito horas em que Chávez circulou pela capital mais fria do país deixaram marcas na história, e foram carregadas de simbolismos.

Chávez é o ícone da esquerda latino-americana do século XXI, dividindo o posto antes exclusivo de Fidel Castro. Depois da queda do Muro de Berlim, Chávez é o primeiro e por enquanto único líder mundial de expressão a levantar e fincar a bandeira de um novo socialismo, "um socialismo fresco, renovado", como ele mesmo define.

Chávez é a referência política, que extrapola as fronteiras da América Latina, daqueles que se opõem à postura imperialista, ditatorial, intervencionista e bélica dos Estados Unidos de George Bush. E Chávez bota medo, muito medo, pavor no "senhor da guerra". Que esperneia, ameaça, patrocina golpes da elite venezuelana, planeja acabar com a vida do presidente - nada mais que ameaça, no entanto, afinal Bush não é bobo, teme brincar com fogo, cutucar a onça com vara, curta ou longa.

Chávez, embora duramente demonizado pela grande mídia, dia-a-dia conquista novos simpatizantes, agrega novos companheiros revolucionários. Não só pelo discurso afiado e afinado, pela oratória fascinante, pelo dom de prender a atenção. Chávez e sua revolução bolivariana atraem novos adeptos porque o planeta sucumbe às mazelas do capitalismo, e o presidente venezuelano propõe - e aplica - alternativas concretas.

A revolução bolivariana deu ao povo venezuelano a riqueza da nação - o petróleo, até então nas mãos das multinacionais norte-americanas (entende a ira dos EUA e da grande mídia?) foi estatizado -; acabou com o analfabetismo; implementou a reforma agrária; faz gerar riqueza e renda, bem distribuídas, com investimentos na agricultura familiar, na pesca, nas micros e pequenas empresas. Trouxe de Cuba os sistemas de saúde e educação reconhecidos internacionalmente pela eficiência e eficácia.

Há três anos consecutivos, a Venezuela é o país da América Latina com maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), superior a 10% anuais, quase quatro vezes mais que a média brasileira.

É este Hugo Chávez, pois, que esteve em Curitiba para consolidar os ideais de soberania, independência, integração latino-americanas, que encontram eco na gestão de Roberto Requião. A visita dele demonstra o prestígio do governador na execução desses ideais, demonstração essa evidenciada no forte abraço trocado por ambos logo que Chávez desceu as escadas do avião oficial que transportou o presidente do Paraguai ao Paraná. Eram exatas 9h55 do dia 20, quando o venezuelano saiu do Airbus 319, pisou a pista do Afonso Pena e, ao ver esticado o braço direito de Requião, apertaram-se as mãos e consolidaram o dito abraço.

- La aproximación de Paraná con Venezuela es el camino de la integración que se construye, no solamente una integración económica, pero sí una integración de cuestiones sociales, fundamentada en solidariedad, fraternidad, enfim, un nuevo modelo de integración latinoamericana - disse Chávez a jornalistas, ainda no aeroporto, minutos depois de pousar em Curitiba, sempre ao lado de Requião.

Chávez, repete-se, firmou acordos, convênios, parcerias. Foi-se às 18h30, quando subiu ao avião oficial, com destino a Brasília, onde se encontraria com Lula. Nesse ínterim, adubou no Paraná os ideais e as ações que se contrapõem à teoria dominante de dependência do capital especulativo internacional, e erguem uma nação, não um mercado de joelhos perante os interesses estrangeiros, e de costas para o povo.

- El mundo está en peligro. Yo y Roberto [Requião] pensamos igual, tenemos una visión nacional, pero somos subyugados de sectários. Es la estratégia de império, que infiltra en las fuerzas armadas, compra periódicos, televisoras, tiene un plan mudial de dominación. Debemos tener nuestra estratégia, recuperar nuestra conciencia, nuestro conocimiento de nación. Eso está en marcha en Sudamérica, Centroamérica. Invito a tenermos el coraje, y hacer la construcción de la Alba, la Alternativa Bolivariana para las Américas.

Chávez, aceptamos la invitación. Vuelva siempre!"

------------

Amanhã, o post que relembra a participação de Chávez no Manifesto das Américas em Defesa da Natureza, que reuniu mais de 2 mil sem-terra e campesinos, no Teatro Guaíra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário