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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dez anos sem o guerreiro


De Curitiba

Se você não conhece a história deste homem, por favor, uns minutos de atenção.

É imprescindível saber o mínimo da história dele.

Afinal, este homem, David Capistrano da Costa Filho, está para a saúde pública do Brasil assim como Paulo Freire está para a educação.

Uma pena, perdemos Capistrano cedo.

Ele morreu há exatamente dez anos, em 10 de novembro de 2000, com 52 anos de idade.

Tinha complicações no fígado, decorrência do tratamento contra a leucemia, a qual havia superado 20 anos antes.

Capistrano foi um guerreiro de sua saúde e da saúde dos brasileiros.

Tratamento da aids, saúde da família, saúde mental, policlínicas públicas são programas do Sistema Único de Saúde (SUS), referências nacional e internacional, que começaram a ser implantados por David Capistrano.

Primeiro, como secretário de Saúde de Santos, na gestão da prefeita Telma de Souza, entre 1989 e 1992. Depois, como prefeito do município, entre 1993 e 1996.

Foram levados para o restante do país quando Capistrano, em 1997, integrou a equipe de Adib Jatene no ministério da Saúde.

Também foi Capistrano que colocou em prática, em Santos, o embrião do Bolsa Família, o Bolsa-Escola.

Lamentavelmente, o legado de David Capistrano ainda é pouco reconhecido.

Mesmo em Santos, Capistrano sempre foi muito injustiçado.

Uma elite conservadora e preconceituosa não engolia aquele comunista e nordestino de Recife revolucionando o município.

Apanhava diariamente da mídia local, principalmente do maior jornal, A Tribuna, e da maior rede de rádio, controlada pelo principal opositor, Beto Mansur, que depois viria a ser eleito prefeito.

O mais emblemático episódio desse ódio ocorreu com o hospital que Capistrano construiu na Zona Noroeste, em região carente da cidade, e batizou com o nome de Che Guevara. A filha de Che, médica como o pai, Aleida Guevara, até participou da inauguração.

Capistrano foi bombardeado, massacrado pela iniciativa - o tal Mansur, assim que assumiu a prefeitura, mudou o nome do hospital.

Felizmente, o tempo, sempre ele, dá conta de colocar tudo no devido lugar.

No último domingo, A Tribuna publicou bela reportagem enaltecendo a obra de Capistrano.

Nesta quarta, às 18h, uma sessão solene na Assembleia Legislativa de São Paulo vai homenagear o ex-prefeito, médico sanitarista.

Na internet, há muito tempo, porém, o Memorial David Capistrano nos conta um pouco de sua história.

Acessando lá você lê depoimentos emocionantes de Adib Jatene, de Luis Nassif, Breno Altman, José Serra, entre outros.


Hoje, Capistrano inspira várias ações, como o Humaniza Brasil: www.humanizabrasil.org.br

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