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sábado, 4 de dezembro de 2010

Vai chegar aonde?

De Curitiba

A gente que anda de ônibus às vezes reclama do motorista que pára longe da calçada, dá arrancadas e freadas bruscas, trata passageiros com impaciência.

Mas a gente precisa observar também as condições de trabalho dos nossos condutores.

Primeiro, o desrespeito dos motoristas de carros particulares: ignoram a preferência ao transporte coletivo, estacionam em fila dupla ou nos pontos de ônibus.

E o desrespeito, principalmente, dos donos das viações, quase sempre respaldados pela omissão - quando não conivência - de certos governantes à frente do poder público.

Olha o que, não de agora, ocorre na região metropolitana da Baixada Santista e em várias outras do estado de São Paulo:

Nesta semana, um motorista da linha 23, em Santos, passou mal ao volante, perdeu o controle do veículo e bateu em automóveis estacionados na avenida da orla, na Ponta da Praia.

Por sorte, além do motorista, ninguém mais se machucou.

A categoria denuncia que o estresse acomete quase todos os trabalhadores da Viação Piracicabana, empresa do Grupo Constantino (da Breda, da Penha, da Gol Linhas Aéreas) que monopoliza o transporte no município (e em outros municípios paulistas também).

Essa e boa parte da empresas no estado de São Paulo eliminaram a figura do cobrador, desde que as catracas eletrônicas começaram a ser implantadas, há dez anos.

O motorista, se não bastasse cumprir sua árdua missão de dirigir no cada vez mais caótico, selvagem trânsito das nossas cidades, passou a ter que cobrar a tarifa, se preocupar com troco, liberar a roleta, e realizar outras tarefas nas quais era auxiliado pelo cobrador - prestar informações ao passageiro sobre onde descer ou operar as portas de acesso a cadeirantes.

Um projeto de autoria da deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT), obrigando as empresas a manterem o cobradores nos coletivos, chegou a ser aprovado pela Assembleia Legislativa, tornando-se lei (12.252) em 2006.

No ano seguinte, todavia, recém-empossado o então governador José Serra (PSDB), como se fora um procurador do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Paulo (Setpesp), ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.

(Exato, é esse o Serra que meses desses aparecia na campanha à Presidência da República posando de defensor dos direitos do trabalhadores)

Enfim, a lei está suspensa.

O que não impede que as administrações municipais, ao licitarem e firmarem com os operadores o contrato de prestação de serviço, estabeleçam a exigência de ônibus com motoristas e cobradores.

Se a Prefeitura de Santos, por exemplo, fixou que a permissionária deveria implantar em pontos de maior movimento na cidade painéis como o da foto acima, indicando o tempo de chegada das linhas, por que não se preocupa com a qualidade do trabalho dos funcionários que, por tabela, é a qualidade do serviço de transporte propriamente dito?

Por que está ao lado dos patrões como Constantinos, e não dos trabalhadores, e dos usuários?

Mais do que saber em quantos minutos chega o ônibus, a gente quer ter a segurança de que chega, e de que chegaremos.

2 comentários:

  1. Foto: Prefeitura de Santos/Anderson Bianchi

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  2. Detalhe Waguinho,dinheiro aliás jogado fora,porque quem usa o transporte público como eu não pode se basear pelos painéis pq simplesmente não procede as previsões contidas neles!
    É vergonhoso...

    Ale

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