Mais uma vez, sambas da Portela e da Vila Isabel são os destaques |
De Curitiba
Estamos a alguns dias de desejar um Natal feliz; antes, no entanto, vamos falar do carnaval.
É só daqui a um mês e meio mas, nas escolas de samba, certamente a contagem é regressiva e os trabalhos, acelerados.
Como tem se tornado tradição, este Macuco Blog faz breves considerações sobre os sambas de enredo - o motor de um desfile - das escolas do Rio de Janeiro. Por mais caprichada e luxuosa que for uma apresentação, se o samba falhar, difícil o desempenho da escola ser espetacular.
Deixemos a enrolação de lado, vamos ao que interessa.
Antes de mais nada, 2013 não reserva sambas fora-de-série como foram, em 2012, o da Vila Isabel e o da Portela. Mesmo assim, são delas também os dois grandes sambas deste carnaval que se avizinha. Confira:
- Portela: samba gingado, sobre um ótimo enredo, a história do bairro de Madureira e, por tabela, da própria escola. Muito bem interpretado por Gilsinho, que a cada ano se aproxima do grupo dos grandes nomes da avenida.
- Vila Isabel: a toada e o sotaque caipira são os destaques (o enredo é sobre a vida na zona rural). Talvez tenha se excedido em estereótipos, mas nada que comprometa. Na voz do grande Tinga, a quem assistimos no carnaval de inverno curitibano do Aos Democratas, tem tudo pra levantar a galera.
- Beija-Flor: a turma de compositores e o inigualável Neguinho da Beija-Flor conseguiram transformar um enredo, em primeira análise, insignificante (a raça de cavalos mangalarga), numa aula de história muito bem cantada e, ao que tudo indica, muito bem sambada.
- Unidos da Tijuca: o refrão é o destaque desse bom samba, que fala sobre a Alemanha. Mais uma vez, a escola da Zona Norte desponta como favorita.
- União da Ilha do Governador: o samba não é ruim mas, diante do baita enredo que tinha em mãos (o centenário de Vinícius de Morais), era de se esperar mais. De qualquer forma, se mantiver o desempenho de 2012, não será surpresa se a União da Ilha ficar entre as seis em 2013.
- Imperatriz Leopoldinense: bom samba sobre o Pará.
- Inocentes de Belford Roxo: engradece o samba a voz do Wantuir - depois do Neguinho da Beija-Flor o melhor intérprete do sambódromo (todavia estranhamente dispensado da Grande Rio).
- Salgueiro: em relação ao que a gente está acosumtado a ouvir do Salgueiro, o samba deste ano, sobre a fama, ficou devendo.
- Mangueira: vacilou em não homenagear Jamelão no ano de seu centenário. Vem com enredo patrocinado, sobre Cuibá, com um samba comum - não ruim, porém pouco contagiante.
- Grande Rio: o samba tornou o enredo, uma defesa das atuais regras dos royalties do petróleo, quase que um enredo separatista, ao estilo "o Rio é o meu país". Olha só: "vem cá, me dá, o que é meu, é meu", diz verso do refrão.
- Mocidade Independente de Padre Miguel, sobre o Rock in Rio, e São Clemente, sobre as novelas do horário nobre da televisão, são sambas recheados de intertextualidades.
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