Protesto dos sem-terra nesta quinta, em Aracaju (foto: MST) |
De Curitiba
A presidenta Dilma Rousseff lançou nesta quinta-feira, dia 17, um plano de fomento à agroecologia e, segundo a Rede Brasil Atual, parece ter feito um mea-culpa sobre a pífia dedicação de seu governo ao tema da reforma agrária.
Prometeu, até o final do ano, publicar 100 decretos de desapropriação de terras improdutivas para destinar a quem quer e precisa de área para plantar e, da roça, tirar o sustento.
Dilma precisa correr contra o tempo para sair da zona do rebaixamento entre os governos que menos destinaram terras para a reforma agrária.
Até o Estadão, assumidamente pouco afeito às causas dos sem-terra, não deixa de destacar – nesta matéria de Roldão Arruda, reproduzida pelo site do MST – o desempenho série D do governo Dilma na questão agrária.
Embora prevista na Constituição de 1988, cujos 25 anos foram recém-completados, a reforma agrária é um passivo secular que os governos, quase sempre vinculados ao interesse do capital, insistem em ignorar.
(João Goulart ousou enfrentar o problema e, por essas outras, foi deposto pelo poder econômico)
É evidente que a reforma agrária é a solução, na raiz, para boa parte dos problemas da sociedade brasileira.
A reforma agrária combate o êxodo rural que ocasiona o inchaço das grandes cidades que por sua vez acentua a exclusão, a qual gera violência. A reforma agrária garante a expansão da produção de alimentos em modelo independente das regras de mercado do agronegócio. Maior oferta de alimentos é comida a preço mais baixo – é mais gente alimentada, é menor pressão inflacionária.
Enfim, os argumentos em defesa da reforma agrária estão por aí em livros e teses, incontestes.
Voltemos à matéria do Estadão.
“Do ponto de vista da redistribuição de terras”, começa o texto, “2013 caminha para ser o pior ano da reforma agrária desde o início do período da redemocratização, em 1985. Faltando menos de três meses para o fechamento das atividades do ano, a presidente Dilma Rousseff ainda não assinou nenhum decreto de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, destinando-o para a criação de assentamentos rurais”.
Em seguida a matéria aponta o inacreditável – e inadmissível: Dilma segue rumo à triste marca de “superar” o governo de Fernando Collor de Melo em inércia no assunto.
Da coordenação nacional do MST, Alexandre Conceição foi taxativo ao repórter: “O governo Dilma é refém do agronegócio”.
Deplorável, todavia irrefutável, diagnóstico.
Basta ver a senadora godiva do latifúndio toda serelepe na defesa do governo.
Basta ver a Caixa, em propaganda há algumas semanas no ar, estrelada pela espetacular Paula Fernandes e por Almir Sater, se orgulhando de ser também “o banco do agronegócio”.
O pior é que tão cedo não seremos libertados.
Desses ditos no páreo na disputa da Presidência da República, não tem um – nem Marina Silva, nem Eduardo Campos, muito menos Serra ou Aécio Neves – com coragem para tentar o resgate. Pelo contrário, estão comprometidos com os sequestradores até o pescoço.
Tá tudo nas cartas.
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