Diretor teve documentário indicado ao Oscar em 2013 |
Depois da grande repercussão de “Cinco Câmeras Quebradas”, o diretor do documentário, o palestino Emad Burnat, quer continuar a abordar, por meio do cinema, a luta de seu povo.
Foi o que ele próprio ressaltou em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, dia 10, em Curitiba. Emad Burnat participou até esta sexta-feira, na capital paranaense, de uma série de eventos que incluem a exibição do filme e palestras sobre a produção audiovisual e, também, a causa palestina.
Desde que foi lançado, em 2012, “Cinco Câmeras Quebradas” obteve diversas premiações internacionais, e em 2013 foi indicado ao Oscar de melhor documentário estrangeiro.
Foi o que ele próprio ressaltou em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, dia 10, em Curitiba. Emad Burnat participou até esta sexta-feira, na capital paranaense, de uma série de eventos que incluem a exibição do filme e palestras sobre a produção audiovisual e, também, a causa palestina.
Desde que foi lançado, em 2012, “Cinco Câmeras Quebradas” obteve diversas premiações internacionais, e em 2013 foi indicado ao Oscar de melhor documentário estrangeiro.
Para Emad Burnat, mais importante do que o reconhecimento da crítica, foi fazer a causa palestina chegar “ao mundo inteiro”, sob uma perspectiva que foge dos estereótipos criados pela cobertura jornalística das grandes corporações de mídia.
“Eu quis mostrar como vive, como sofre o povo, mas sem focar na violência, nas imagens de violência que são exploradas pela mídia. Há mais de 50 anos na Palestina existe uma luta não armada, mas a mídia só foca quando tem violência; não mostra a luta do povo”, declarou Emad Burnat, em português perfeitamente inteligível (o documentarista é casado com uma brasileira).
Ele critica a postura dos veículos de comunicação com a experiência de quem já trabalhou como jornalista da Agência Reuters. “Pediam para que eu fizesse imagens fortes. A violência é um lado pequeno do que acontece na Palestina. Tem violência, não falo que não tem. Mas tem também a violência do Exército [de Israel] contra o povo – e isso não aparece.”
OPÇÃO PELO CINEMA
Insatisfeito com essa forma da mídia de narrar ao mundo os acontecimentos daquela região do planeta, Emad Burnat decidiu-se optar pelo cinema.
“Resolvi fazer cinema pela causa. Não para ser famoso, nem para ‘trabalhar’ com cinema. Sim pela minha relação com a minha terra, com a causa palestina. Na cobertura da mídia, não aparecem casos humanos. Queria contar essas histórias, contar como os palestinos vivem. Queria compartilhar tudo isso”, explicou.
A imersão no universo cinematográfico trouxe algumas decepções. Emad Burnat disse ter se desapontado com o que experimentou participando de festivais e outros eventos relacionados à chamada sétima arte.
“Vi muita coisa falsa, descobri muita coisa feia. Muita gente que faz cinema só por motivos econômicos, ou para ficar famoso. Não quero entrar para esse mundo. Quero fazer cinema pela minha causa. Porque cinema é uma arma importante.”
SEGUNDO FILME
Justamente por considerar o cinema como um instrumento fundamental para se levar informação, conscientizar e mobilizar, é que Emad Burnat adiantou que planeja um segundo documentário sobre a causa palestina. O roteiro ainda não está plenamente definido, tampouco há previsão para finalizar o trabalho.
O documentarista informou que está se baseando nos bate-papos que tem realizado mundo afora com a exibição de “Cinco Câmeras Quebradas”.
“Eu quis mostrar como vive, como sofre o povo, mas sem focar na violência, nas imagens de violência que são exploradas pela mídia. Há mais de 50 anos na Palestina existe uma luta não armada, mas a mídia só foca quando tem violência; não mostra a luta do povo”, declarou Emad Burnat, em português perfeitamente inteligível (o documentarista é casado com uma brasileira).
Ele critica a postura dos veículos de comunicação com a experiência de quem já trabalhou como jornalista da Agência Reuters. “Pediam para que eu fizesse imagens fortes. A violência é um lado pequeno do que acontece na Palestina. Tem violência, não falo que não tem. Mas tem também a violência do Exército [de Israel] contra o povo – e isso não aparece.”
OPÇÃO PELO CINEMA
Insatisfeito com essa forma da mídia de narrar ao mundo os acontecimentos daquela região do planeta, Emad Burnat decidiu-se optar pelo cinema.
“Resolvi fazer cinema pela causa. Não para ser famoso, nem para ‘trabalhar’ com cinema. Sim pela minha relação com a minha terra, com a causa palestina. Na cobertura da mídia, não aparecem casos humanos. Queria contar essas histórias, contar como os palestinos vivem. Queria compartilhar tudo isso”, explicou.
A imersão no universo cinematográfico trouxe algumas decepções. Emad Burnat disse ter se desapontado com o que experimentou participando de festivais e outros eventos relacionados à chamada sétima arte.
“Vi muita coisa falsa, descobri muita coisa feia. Muita gente que faz cinema só por motivos econômicos, ou para ficar famoso. Não quero entrar para esse mundo. Quero fazer cinema pela minha causa. Porque cinema é uma arma importante.”
SEGUNDO FILME
Justamente por considerar o cinema como um instrumento fundamental para se levar informação, conscientizar e mobilizar, é que Emad Burnat adiantou que planeja um segundo documentário sobre a causa palestina. O roteiro ainda não está plenamente definido, tampouco há previsão para finalizar o trabalho.
O documentarista informou que está se baseando nos bate-papos que tem realizado mundo afora com a exibição de “Cinco Câmeras Quebradas”.
Um detalhe é certo: um novo filme, como o primeiro, vai se preocupar em transmitir os acontecimentos sob o ponto de vista do povo palestino.
“Já fizeram muitos filmes sobre a questão Palestina. Mas esse [Cinco Câmeras Quebradas] teve essa repercussão porque foi feito lá de dentro. Nestes [quase] quatro anos [desde o lançamento] já venho pensando num segundo filme. Mas como ele vai ser vai depender muito dos acontecimentos. Não é para acabar agora, vai levar anos. A hora que acontecer alguma coisa [de importância para ser transformada em filme] eu finalizo esse outro filme”, argumentou.
A VIDA HOJE
Emad Burnat foi questionado se sua vida, e de sua comunidade, mudou depois do sucesso de “Cinco Câmeras Quebradas”. Segundo ele, não. “Moramos [ele e família] na Cisjordânia. A situação não mudou nada.” Observou, no entanto, sentir uma maior mobilização internacional em torno da causa palestina, depois do documentário. “Desde a primeira exibição em 2012, muita gente disse que foi à Palestina por causa do filme. Comparando com dez anos atrás, a situação está melhor. Muito mais gente no mundo sabe mais sobre nossa realidade.”
Para o documentarista, a força popular mundial, todavia, ainda é insuficiente para acabar com a opressão vivida pelos palestinos. “A força do povo é importante, mas muito se depende das decisões dos políticos, dos governos. Enquanto não houver pressão dos governos [dos demais países sobre Israel], não adianta. Tem que ter pressão dos povos sobre esses governos.”
EXIBIÇÃO EM CURITIBA
“Cinco Câmeras Quebradas” teve exibição nesta quinta, 14h, na Cinemateca de Curitiba, seguida de bate-papo. Nesta sexta, serão duas exibições: na mesma Cinemateca (Rua Carlos Cavalcanti, 1174, São Francisco), às 14h; e no Cine Guarani (Terminal do Portão), às 19h, seguida de bate-papo com o diretor. Todos têm entradas gratuitas. A promoção do evento é da Federação Árabe Palestina do Brasil, Sociedade Beneficente Muçulmana e do Comitê Árabe Brasileiro de Solidariedade Paraná.
O documentário foi produzido por sete anos – período em que Emad Burnat, depois de comprar uma câmera quando do nascimento do seu filho, Gibril, passou a registrar o cotidiano de sua vila, Bil’in, na Cisjordânia, ocupada militarmente por Israel.
“Já fizeram muitos filmes sobre a questão Palestina. Mas esse [Cinco Câmeras Quebradas] teve essa repercussão porque foi feito lá de dentro. Nestes [quase] quatro anos [desde o lançamento] já venho pensando num segundo filme. Mas como ele vai ser vai depender muito dos acontecimentos. Não é para acabar agora, vai levar anos. A hora que acontecer alguma coisa [de importância para ser transformada em filme] eu finalizo esse outro filme”, argumentou.
A VIDA HOJE
Emad Burnat foi questionado se sua vida, e de sua comunidade, mudou depois do sucesso de “Cinco Câmeras Quebradas”. Segundo ele, não. “Moramos [ele e família] na Cisjordânia. A situação não mudou nada.” Observou, no entanto, sentir uma maior mobilização internacional em torno da causa palestina, depois do documentário. “Desde a primeira exibição em 2012, muita gente disse que foi à Palestina por causa do filme. Comparando com dez anos atrás, a situação está melhor. Muito mais gente no mundo sabe mais sobre nossa realidade.”
Para o documentarista, a força popular mundial, todavia, ainda é insuficiente para acabar com a opressão vivida pelos palestinos. “A força do povo é importante, mas muito se depende das decisões dos políticos, dos governos. Enquanto não houver pressão dos governos [dos demais países sobre Israel], não adianta. Tem que ter pressão dos povos sobre esses governos.”
EXIBIÇÃO EM CURITIBA
“Cinco Câmeras Quebradas” teve exibição nesta quinta, 14h, na Cinemateca de Curitiba, seguida de bate-papo. Nesta sexta, serão duas exibições: na mesma Cinemateca (Rua Carlos Cavalcanti, 1174, São Francisco), às 14h; e no Cine Guarani (Terminal do Portão), às 19h, seguida de bate-papo com o diretor. Todos têm entradas gratuitas. A promoção do evento é da Federação Árabe Palestina do Brasil, Sociedade Beneficente Muçulmana e do Comitê Árabe Brasileiro de Solidariedade Paraná.
O documentário foi produzido por sete anos – período em que Emad Burnat, depois de comprar uma câmera quando do nascimento do seu filho, Gibril, passou a registrar o cotidiano de sua vila, Bil’in, na Cisjordânia, ocupada militarmente por Israel.
Por @waasantista
De Curitiba
Foto: Leandro Taques
Publicado também em Jornalistas Livres e Brasil Observer
Nenhum comentário:
Postar um comentário