A elite e a mídia batem no bolsa família, mas deixam quieto o banqueiro (foto: MDS) |
De Curitiba
Os bem-intencionados “apartidários” poderiam encampar esta luta: contra o bolsa banqueiro.
Não é com o bolsa família que o governo gasta muito. Gasta-se pouco até, e mesmo assim, o programa é responsável por avanços importantes nos últimos dez anos. Confira:
Não é com o bolsa família que o governo gasta muito. Gasta-se pouco até, e mesmo assim, o programa é responsável por avanços importantes nos últimos dez anos. Confira:
- Entrevista com socióloga autora do livro “Vozes do Bolsa Família”
- ONU: bolsa família é exemplo de combate à pobreza
- Também da ONU, o reconhecimento: bolsa família contribui para a redução da mortalidade infantil
O bolsa família movimenta a economia local; graças ao bolsa família, pela primeira vez na história do Nordeste brasileiro o sertanejo, diante da seca atual que é a mais drástica dos últimos 50 anos, não passa fome.
O bolsa banqueiro, mata a fome, mas a de lucro, dos especuladores.
Suga dinheiro do orçamento público que poderia ser investido em escolas e hospitais “padrão Fifa”; em corredores de ônibus, metrô e VLT; em casas populares, saneamento em básico; em viaturas e equipamentos para a polícia.
Mas contra o bolsa banqueiro, ainda não vi nenhum cartaz nas manifestações “pacíficas” “apartidárias”.
Ou, se alguém levou um, evidentemente não saiu no videoclipe do Fantástico. Nem sairá.
O bolsa banqueiro, claro, não tem oficialmente este nome. Chama-se “superávit primário”.
Uma expressão que remete a algo positivo - “superávit”.
Mas é drástico.
Nesta terça, dia 25, a Agência Brasil noticiou (ler aqui a matéria na íntegra): o superávit primário no acumulado deste ano (janeiro a maio) somou R$ 33 bilhões. Embora seja menor do que o do ano passado e o mais baixo desde 2012, é uma tragédia.
Reparem: são R$ 33 bilhões em cinco meses. É mais que o orçamento anual (ou seja, do ANO TODO) do atacado bolsa família (que é de R$ 23 bilhões).
É mais do que tudo o que está sendo investido (R$ 28 bilhões) em obras de infraestrutura e estádios para a Copa do Mundo de 2014.
A prática do superávit primário é herança dos dois mandatos do PSDB-DEM, da qual os governos do PT não conseguiram (não quiseram? Não puderam?) se livrar. Lula e Dilma, ao menos, promoveram atenuantes – como o bolsa família já citado, o microcrédito, o ProUni, o Luz para Todos etc etc.
Em tempo: superávit primário é a “economia” que o governo faz para pagar os juros da “dívida pública”. Também palavras bem escolhidas para esconder o que significa, na prática: dinheiro que o governo corta do orçamento público para destinar ao mercado financeiro, como remuneração pelos títulos públicos por esse mercado adquirido.
É, enfim, o bolsa banqueiro, como definiu o Plínio de Arruda Sampaio.
Acabar com o superávit (ou ao menos diminuir) é mexer num vespeiro. É fazer com que muita gente (especuladores, bancos) que esteja há 15 anos ganhando muito dinheiro - fácil, sem produzir um sabonete sequer - pare de encher os cofres nessa moleza. É enfrentar interesses econômicos poderosos, gigantes – e esse gigante nunca dormiu, está acordado, à espreita de qualquer governo que tente incomodá-lo.
Portanto, moçada, gritar por “educação de qualidade”, “saúde de qualidade” não surte efeitos se essa reivindicação ficar apenas nisso. Passou da hora de ir à raiz, exigir que se estanque essa sangria de recursos públicos que fazem a alegria dos filiados à "apartidária" Febraban.
Acabar com o superávit (ou ao menos diminuir) é mexer num vespeiro. É fazer com que muita gente (especuladores, bancos) que esteja há 15 anos ganhando muito dinheiro - fácil, sem produzir um sabonete sequer - pare de encher os cofres nessa moleza. É enfrentar interesses econômicos poderosos, gigantes – e esse gigante nunca dormiu, está acordado, à espreita de qualquer governo que tente incomodá-lo.
Portanto, moçada, gritar por “educação de qualidade”, “saúde de qualidade” não surte efeitos se essa reivindicação ficar apenas nisso. Passou da hora de ir à raiz, exigir que se estanque essa sangria de recursos públicos que fazem a alegria dos filiados à "apartidária" Febraban.
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