Encontro (não com Fátima, com Dilma), em Paranaguá, janeiro de 2007 |
De Curitiba
Tenho divergido muito de ti de um ano para cá, pelo deslocamento à direita do teu governo, por ter deixado na gaveta algumas pautas progressistas.
Há pelo menos uns quatro ministros do núcleo central que a senhora poderia tirar de campo; me incomoda a aproximação com gente como a Kátia Abreu e o distanciamento de grupos como o sem-terra e os indígenas, entre outros movimentos sociais que mereceriam ser recebidos pela senhora com mais frequência.
Esse descontentamento venho expressando pelo twitter e neste blog mesmo.
Expus minha discordância com a privatização do sistema portuário e com os leilões dos blocos de petróleo (relembre aqui). Sobre a omissão na guerra contra os índios imposta pelo "agrobusiness", também reclamei aqui.
No Dia das Mães, publiquei uma carta aberta a Vossa Excelência: está neste link.
As críticas, no entanto, não me impedem de continuar reconhecendo os avanços do teu governo e do teu antecessor, Lula.
O governo Lula-Dilma tirou milhões de brasileiros da miséria, implementou políticas sociais que possibilitam que o jovem filho de família pobre possa fazer faculdade, levou luz pro sertão e está levando água, promoveu a aproximação com os povos latino-americanos e africanos, reativou os cursos técnicos profissionalizantes, implantou campi de universidades públicas nos centros mais desenvolvidos e nos mais atrasados, criou o Samu e as UPAs etc etc.
Por esse legado (que ainda está longe de ser o ideal, poderia ser mais acelerado, mas é muito mais do que foi feito em 500 anos), é que nesta hora difícil, em que a elite se aproveita dos neoindignados "pacíficos" "apartidários" para, com a grande mídia, dar o golpe - já que pelo voto popular não conseguiu lhe tirar da Presidência da República -, é que estou contigo, Dilma Vana Rousseff.
Por esse legado, porém não só; pelo respeito à democracia.
Estar contra Dilma agora não é estar só contra a presidenta; é estar a favor de um golpe o qual - basta conferir a cobertura da Globo e a capa da Veja desta semana - está sendo muito bem orquestrado.
Todo mundo tem o direito de estar a favor ou contra o governo Dilma. Os que estão contra, todavia, têm que tomar cuidado pra não serem massa de manobra de interesses que nada têm a ver com as boas intenções dos que clamam por um Brasil melhor.
Quem estiver contra o governo Dilma pode perder o medo e reforçar a militância dos partidos de oposição para, dentro das regras do jogo (legais e legítimas), lutar para eleger um candidato, ou candidata, que se contraponha a Dilma. Ano que vem tem eleição e eleição se ganha no voto, via partido político, não em enquete ou "petição online" no facebook.
Só advirto, aos que realmente almejam um Brasil melhor, a não se precipitar na escolha do partido. Afinal, há uns partidos fortes na oposição por aí que a vida toda foram governo e dilapidaram o patrimônio público, deixaram o país às escuras no apagão, provocaram arrocho salarial, elevaram a carga tributária pra custear a bolsa banqueiro e aumentaram a distância entre a maioria mais pobre e a minoria mais rica.
é isso aí wagner! e claro que também estou junto, com todas as ressalvas e críticas que, como vc, também venho fazendo. talvez agora ela desperte, e chute a bunda das múmias e dos picaretas que tão próximo a cercam. abraço! rgava
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