Às dez da manhã, milhares já se concentravam a partir do Palácio de Miraflores (fotos: WAA) |
De Caracas, Venezuela
Impressionante a mobilização dos venezuelanos - ou da grande maioria deles - em defesa da Revolução Bolivariana.
É uma gente engajada, que defende suas ideias com vigor, e ao mesmo tempo consegue fazer de um ato político uma festa espontânea, alegre, pacífica.
Reivindica com vigor, mas com criatividade também.
Não tinha como a Assembleia Nacional e o Tribunal Supremo de Justiça vacilarem e aproveitarem a ausência momentânea de Chávez para encontrar subterfúgios que infrigissem a Constituição e impedissem a continuidade do mandato do presidente.
Cada um tem uma forma de expressar apoio |
A multidão que neste 10 de janeiro tomou as ruas, praças e avenidas do Centro da capital, a partir do Palácio Miraflores, iria ela própria fazer valer a vontade, soberana, popular, caso uma tentativa de golpe da direita fosse notada.
Foi assim em 2002, quando a Revolução Bolivariana estava no começo. Hoje, com a vida da população bem melhor, com os pobres e os indígenas sendo tratados como cidadãos tal qual os demais, enfim, com os resultados do "socialismo do século XXI" implantado por Chávez, a resistência a uma usurpação do poder seria imensurável.
Por isso parece que a elite venezuelana se contém. Encontra eco nos jornais e emissoras de televisão privadas, nos grandes meios de comunicação internacionais (entre eles os do Brasil), mas não passa disso, chororô.
Interessante também como a Venezuela se tornou referência para as esquerdas na América Latina. Como disse uma argentina com quem conversei, Sílvia Binstock - kirchnista -, este momento era crucial não só para a política venezuelana, como para os destinos dos governos progressistas da região. A continuidade de Chávez dá força para a esquerda da região seguir avançando. Na festança popular deste 10 de janeiro, bandeiras da própria Argentina, do Chile, da Bolívia, de Cuba se faziam notar em alguns pontos.
Os antichavistas reclamam dessa forma convicta, que consideram intransigente, com que os bolivarianos defendem sua revolução. Dizem se sentir sufocados, sem espaço para discussão. Não é bem assim.
Manifestante explica o que diz a Constituição |
O que ocorre é o que os seguidores do chavismo são muito bem informados. Conhecem o texto constitucional, compreendem que o processo de mudança que melhorou suas vidas é resultado de uma nova forma, solidária, desvinculada do capital, de governar. Os chavistas têm argumentos. Os opositores, pré-julgamentos. Pré-conceitos. Elitismo. Aí, no debate, claro, estão em desvantagem
Bom, esta passagem pela Venezuela terminou. Nesta sexta, dia 11, tomo o caminho de volta. De ônibus de Caracas a Manaus, de avião da capital do Amazonas a São Paulo.
Chegando em casa, aos poucos vou postar fotos no flickr. Impressões derradeiras que tenham ficado de fora, as publico aqui, se valer a pena.
Vivimos y venceremos!
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