Transposição do São Francisco: promessa de água no sertão (foto: Codevasf) |
De Curitiba
Embora o Brasil seja o país do mundo com maior fartura de água, a gente sabe que a distribuição dos recursos hídricos é desigual - a escassez é, por exemplo, marca do sertão nordestino.
Mas, mesmo com um Brasil que ainda passa sede, o país se dá ao luxo de exportar água.
A exportação é indireta ou virtual, conforme explica esta (migre.me/g0lrg) excelente reportagem da Unesp Ciência, baseada numa pesquisa coordenada pelo geógrafo José Gilberto de Souza, do campus da universidade estadual paulista em Rio Claro.
A água que a gente manda - anualmente, o equivalente ao que cada brasileiro consome durante 50 dias, segundo a pesquisa - vai junto com as commodities do agonegócio, em especial suco de laranja, açúcar e etanol.
É o "agro-hidronegócio", nas palavras de outro geógrafo citado na matéria, Antônio Thomaz Júnior (da Unesp em Presidente Prudente), que estuda conflitos agrários que têm o acesso a água como pano de fundo.
"A maior parte das pessoas só está monitorando a disputa pela terra, e esquecendo da água", alerta Thomaz Júnior.
Enfim, mais detalhes estão na matéria, linkada acima.
O que o material nos mostra é que a defesa do meio ambiente é muito mais do que a separação adequada do lixo, o fechar corretamente a torneira, ou o apagar das luzes do planeta uma vez por ano.
A defesa do meio ambiente passa pela luta contra o modelo econômico aí posto.
O agronegócio é nocivo à sustentabilidade dos recursos naturais e não gera comida nem empregos. Produz commodities e enche o bolso de poucos.
O que põe almoço e janta na nossa mesa, sem detonar terra e rios, é a agricultura familiar, que dá oportunidade de trabalho e renda à gente do campo.
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