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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Requião: "Queremos o Paraná na vanguarda da reindustrialização do nosso país"

Senador fala ainda em aproximação com Mercosul e Brics
Entrevista com o candidato ao Governo do Paraná, Roberto Requião, na edição deste final de semana do jornal Hora do Povo.
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Postado de Curitiba
Requião, candidato do PMDB ao governo do Paraná:

“Queremos o Paraná na vanguarda 
da reindustrialização do nosso país”

Com a entrevista do candidato ao governo do Paraná, Roberto Requião, continuamos nossa série sobre a atual campanha eleitoral. Com mais de 30 anos de vida pública, Requião é um dos mais atuantes e combativos políticos brasileiros. Foi deputado estadual, prefeito de Curitiba, e governador do Paraná por três vezes, sempre no PMDB. Atualmente estava no segundo mandato no Senado.

"O Paraná está sem governo. É preciso reconstruir a administração estadual, destruída nos últimos quatro anos. E então resgatar o conjunto de 300 ações e programas que implantamos nos nossos oito anos de governo, entre 2003 e 2010. Vamos estabelecer uma política de incentivos para a instalação de empreendimentos de alta tecnologia, transformando o Paraná em um polo nacional de inovação, com respeito ao meio ambiente", afirmou.


HORA DO POVO - Como avalia a administração do atual governador do Paraná?

Roberto Requião -
O Paraná tem hoje o pior governador da história. O Estado está quebrado, sem capacidade de planejamento, de investimento, sem gestão. Deixamos uma rede de 44 hospitais regionais em implantação, alguns estão subutilizados, outros parados. A mesma coisa está acontecendo com a extraordinária rede de 300 clínicas da mulher e da criança que deixamos em implantação, com as mais de 300 bibliotecas cidadãs que instalamos nos municípios do interior, especialmente nos mais pobres. A educação pública do Paraná sofre um apagão absoluto. Os programas que criamos no nosso governo, que se tornaram referência nacional e elevaram os índices de qualidade da educação paranaense, foram largados. Falta combustível para as viaturas da polícia. A Copel, a companhia pública de energia, e a Sanepar, a nossa companhia de água e saneamento, passaram a atender aos interesses do capital privado, e não mais ao interesse público, aos interesses do povo. A lista de exemplos é gigantesca. Enfim, o Paraná está sem governo.

HP - Quais são as suas prioridades numa possível volta ao governo do Estado?

R. R. -
Antes de tudo, é restabelecer o governo no Estado; como disse, o Paraná está sem governo. É preciso reconstruir a administração estadual, destruída nos últimos quatro anos. E então resgatar o conjunto de 300 ações e programas que implantamos no Paraná nos nossos oito anos de governo, entre 2003 e 2010: as políticas de fomento à agricultura familiar - o Trator Solidário e o Fundo de Aval, por exemplo - e às micro e pequenas empresas (isentamos as micro e reduzimos drasticamente o imposto das pequenas e médias); os investimentos em água e saneamento, a rede de hospitais regionais, de clínicas da mulher e da criança, a formação continuada dos professores. Na educação estamos assumindo o compromisso de implantar escolas em tempo integral, com prioridade para os municípios mais pobres. Nosso programa de governo está fundamentado em oito pressupostos básicos, que caminham na direção de resgatar o princípio do governo da maioria, voltado a satisfazer as demandas das amplíssimas camadas da população. É do povo que vem o comando, pelo voto. É para o povo que se governa.

HP - Como anda a economia do Paraná? De que forma a crise da indústria tem atingido o estado?

R. R. -
Vamos fazer do Paraná um exemplo nacional de retomada do desenvolvimento industrial inovador, descentralizado - ou seja, estimulando os investimentos nas regiões menos desenvolvidos -, social e ambientalmente responsável. Vamos colocar o Paraná na vanguarda de um processo de reindustrialização de nosso país.

Vamos estabelecer uma política de incentivos para a instalação de empreendimentos de alta tecnologia, transformando o Paraná em um polo nacional de inovação, com respeito ao meio ambiente. No nosso governo vamos reativar a política de integração com os países do Mercosul e da América Latina. A retomada das iniciativas de integração é fundamental para o fortalecimento da economia paranaense. E vamos também nos aproximar dos países dos Brics. Multipolaridade, diversificação e fuga das relações de dependência, esse é o caminho para a indústria, para a economia do Paraná e do Brasil.

HP - O setor elétrico brasileiro vem passando por grandes dificuldades. As tarifas estão aumentando sem uma correspondente melhora nos serviços. Qual é a situação da Copel?

R. R. -
Eleito farei uma devassa nos contratos da Copel com empresas privadas. Vamos colocar a Copel de novo a serviço do desenvolvimento do nosso estado, a serviço do interesse público, a serviço dos paranaenses. Nos nossos oito anos de governo implantamos a seguinte política: todos os reajustes autorizados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) eram transformados em desconto na conta de luz para a família que pagasse em dia. Com isso, transferimos, em oito anos, praticamente 4 bilhões de reais, que é o quanto representariam esses aumentos somados nas contas de 3,5 milhões de consumidores, para a economia do estado. Ou seja, esse montante, em vez de ir para o caixa de uma minoria - os sócios privados - foi dinheiro revertido na atividade econômica, na geração da renda, enfim, beneficiando o conjunto da sociedade. Na minha gestão a ação da Copel na Bolsa de Nova Iorque valia 25 dólares; hoje, vale 10 dólares.

HP - As taxas de juros do Brasil têm se mantido como as maiores do mundo e têm prejudicado o crescimento econômico do país. Qual a sua opinião a esse respeito?

R. R. -
Rigorosamente contrário à política macroeconômica baseada nessas taxas de juros absurdas que prejudica o setor produtivo em favorecimento do capital vadio, do mercado financeiro especulativo que não produz um botão, um sabonete. O capital especulativo não tem pátria nem compromisso com os homens e seus sonhos. É tão nocivo para a humanidade quanto são as pestes e as doenças. Ou o Brasil enfrenta esse capital vadio ou sucumbiremos a ele.

Entrevista: Sérgio Cruz

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