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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Be-ba-do-sam-ba

De Curitiba

Tinha que ser Paulinho da Viola para, em alguns versos, traduzir o que o samba - esse gênero que merece uma data no calendário, 2 de dezembro - representa.

"Eu canto o samba
porque só assim
eu me sinto contente
eu vou ao samba
porque longe dele
eu não posso viver
Com ele eu tenho uma velha intimidade,
se fico sozinho, ele vem me socorrer"

Na terra onde se escreve este blog a programação de eventos em referência - e reverência - ao samba vai, ainda bem, além do dia 2.


Na terra do blogueiro, aliás terra de samba, Santos, também tem muita reverência, até o final da semana.

A mais simbólica, e bonita, das atividades, é a "Alvorada do Samba".

Às 6 da manhã, ao amanhecer, sambistas da região, acompanhados pelas baterias das escolas da cidade, darão 21 batidas de surdo no pé do Morro do Monte Serrat, onde existiu o Quilombo do Pai Felipe.

Você confere as informações aqui: http://migre.me/2AsHs

Beba da chama você também.

Ê, Paulinho da Viola...
 

sábado, 27 de novembro de 2010

O presente será o passado

De Curitiba

Esta semana lideranças de várias partes do país participaram, em Santos, do Fórum Nacional das Cidades Históricas (na foto, um dos passeios turísticos da cidade, de bonde).

Ao menos pelo que foi divulgado, não se tratou, nesse encontro, de um ponto importante para ser levado em conta na preservação da nossa memória.

É a necessidade de se colocar freios na especulação, na sanha imobiliária.

O Brasil vem registrando crescimento econômico como há décadas não se via, e a construção civil é o maior termômetro dessa fase.

O que é bom, afinal a construção civil é o setor que mais gera empregos.

Mas a gente não pode se tornar refém do apetite das construtoras.

Do dia para noite, chalés, casas e casarões vêm ao chão para dar lugar a arranha-céus.

Está sendo aqui em Curitiba.

Está sendo assim na própria Santos, sede do tal fórum.

Foi amedrontador passar dia desses na Euclides da Cunha, na Pompéia, e ver que o prédio da Faculdade de Comunicação Social, a Facos, da Universidade Católica de Santos, não existe mais.

O terreno, já sendo mexido, está rodeado de tapumes e enfeitado com bandeirolas e outdoors de propaganda de megaluxuoso condomínio, privado, a ser erguido ali.

Ora, mais do que discutir formas de se recuperar o passado, é hora de se preservar o presente.

Cuidar do presente para, no futuro, garantir o passado preservado.

Não é ser contra o "progréissio", de que "sempre escuito falá".

Mas em nome do progresso a gente não pode sepultar nossa cultura imaterial.

Até porque o verdadeiro progresso, você sabe, não se mede pela quantidade e qualidade de "edifícios artos".

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Assim não...

De Curitiba

Aos leitores mais antigos desnecessário dizer, mas aos recém-chegados é bom destacar que aqui repugnamos as ideologias e práticas privatistas.

Porque - sabemos - o privado pensa e busca, essencialmente, o lucro.

E o foco e a busca pelo lucro, quase sempre, levam a caminhos opostos ao interesse da coletividade.

Quando é para se mirar e se correr atrás do lucro, não importam a exclusão social, a degradação do meio ambiente, a solidariedade.

O que se tem é a competição insana.

A exploração de riquezas naturais de uma nação, projetos estratégicos e áreas vertebrais para a soberania de um povo não podem, pois, serem entregues ao comando particular.

Por isso somos contra a privataria.

E é bom deixar clara a amplitude do conceito "privataria".

Privatizar não é só a venda direta, explícita, de um bem público a um grupo privado.

A privataria se dá de forma camuflada também.

O governo do PSDB e do DEM com Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, privatizou o ensino superior.

Não que eles tenham vendido alguma faculdade ou universidade federal.

Eles privatizaram sucateando essas instituições. Deixaram de investir em laboratórios, em infraestrutura, em contratação, salários e capacitação de professores e outros profissionais.

Um caos que, mesmo hoje, oito anos depois do Governo Lula e de seus dois extraordinários ministros da Educação - Cristóvão Buarque e Fernando Haddad - não foi sanado.

Sem abrir vagas, implantar mais campi nem construir novas universidades públicas, o governo de FHC/PSDB/DEM deixou que a rede particular tomasse o espaço.

Estão aí em tudo quanto é canto faculdades de fundo de quintal.

É a privataria.

Outro exemplo, bastante recorrente: utilizar estatais (das poucas que escaparam da sanha entreguista de FHC/PSDB/DEM) fortes para serem coadjuvantes em empreendimentos.

(Coadjuvantes em termos. Que elas são protagonistas nos investimentos, mas café-com-leite na tomada de decisões e na obtenção dos dividendos. Entram com a grana suficiente para financiar a empreitada, todavia limitada para não ter a parte majoritária do negócio.)

Mais: delegar a administração de serviços (creches, escolas, hospitais) para negócios corporativos disfarçados de instituições como ongs, oscips e assemelhadas.

E por aí vai...

... não é privataria?

sábado, 20 de novembro de 2010

Rumo à igualdade

De Curitiba

Desde a chegada dos portugueses até os dias de hoje são 510 anos de história.

Desses 510 anos de história, durante 388 anos - quase quatro séculos! - nós escravizamos nossos irmãos negros.

Temos, portanto, uma dívida social e humana impagável com nossos irmãos afrodescendentes.

Temos, portanto, a obrigação moral de promover, apoiar, intensificar toda e qualquer ação que resgate a igualdade entre nós, seres humanos, igualdade essa que ignoramos, destruímos nos 388 anos de escravidão e que pouco construímos nos últimos 122 anos de escravatura abolida.

Felizmente, com o Governo Lula, demos uma acelerada nesse rumo.

Sim, não se antecipe dizendo que estamos a fazer propaganda partidária aqui, é só ter um mínimo de conhecimento do que foi feito e dos indicadores para constatar: graças às políticas de inclusão do Governo Lula, a desigualdade entre a elite branca e a maioria negra vem diminuindo.

Acompanhe esses - entre outros - números, do IBGE e do Ipea, retirados de reportagens publicadas hoje no Jornal do Brasil (www.jb.com.br) e na Agência Brasil (www.agenciabrasil.gov.br):

  • De 2007 a 2010, a renda da população negra cresceu o dobro da renda da população branca: 38% a 19%.
  • E a população negra se concentra nas classes mais pobres: 50% dela está na classe D, 34% na classe C e 13% na classe E. Só 1% dos negros no Brasil está na classe A. Essa classe e a B são constituídas, em sua esmagadora maioria, por brancos.
É por esse abismo de classe social entre negros e brancos, retratados também nos dados a seguir, que cotas raciais em universidades e concursos públicos são, sim, políticas de igualdade e de inclusão, e não de ratificação da discriminação, como querem fazer crer a elite conservadora e os neocons:

  • Entre os brancos, 15% da população com mais de 25 anos possui ensino superior completo.
  • Entre os negros, só um terço disso: 4,7% conseguiram acessar e concluir uma faculdade.
  • Entre a população brasileira branca, a média de estudo é de 8,3 anos. Entre a população negra, só 6,7 anos.
A personagem na foto acima (da série de reportagens da Agência Brasil) é Amanda Ribeiro, um dos exemplos desse Brasil que procura se redimir do passado cruel da escravidão e da exclusão.

Além das reportagens citadas, nos seguintes endereços na internet você encontra informações e histórias que fazem com que o país, hoje, tenha, com o Dia da Consciência Negra (que deveria ser feriado nacional), uma data para se refletir:

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Na ferida


De Curitiba

Nem tributária, nem política.

A reforma de que o Brasil precisa, com urgência, é a das telecomunicações.

Dois passos históricos já foram dados: na última semana, com o Seminário Internacional das Comunicações Eletrônicas e Convergências de Mídia; há cerca de um ano, com a Conferência Nacional de Comunicação, depois das etapas estaduais.

Todas eles com a participação de representantes do poder público, da sociedade civil organizada e do empresariado.

Tudo, portanto, com ampla e democrática discussão.

Agora, vacine-se.

'Que se a Dilma encarar mesmo esse desafio vai levar bomba da grande mídia.

Virá, a meia-dúzia de famílias que controlam as redes de comunicação do Brasil, com a ladainha de que qualquer regulamentação representa atentado à liberdade de expressão.

Só por desconhecimento ou má-fé para embarcar nesse trololó.

Como, a exemplo de tantos outros, bem frisou o ministro Franklin Martins, "regulação do conteúdo da mídia é necessária, ocorre em outros países e não significa censura".

Pelo contrário. É garantir, de fato, vez e voz a mais gente. É assegurar, portanto, a plena liberdade de manifestação.

Mais sobre os por quês dessa imprescindível reforma e ainda experiências da Espanha, Portugal, Canadá e Argentina, você pode conferir no portal do seminário da semana passada.


sábado, 13 de novembro de 2010

À festa de encerramento

De Santos

Está contagiante o clima olímpico em Santos neste feriadão por conta das finais dos Jogos Abertos do Interior.

Os Jogos reúnem 14 mil atletas de 220 municípios do estado de São Paulo. Desde iniciantes e amadores até campeões mundiais em suas modalidades.

O evento é realizado pelo Governo de São Paulo e Prefeitura de Santos, com o fundamental patrocínio da Caixa Econômica Federal, banco públlico fortalecido pelo Governo Lula.

A Caixa cumpre um papel que mostra como é importante a existência de estatais para o crescimento econômico e o desenvolvimento social do país.

Como empresa, ela busca sim o lucro - mas os dividendos não enchem os cofres de magnatas, são revertidos em projetos em prol das comunidades.

É por razões assim que a gente condena a venda que os governos demo-tucanos fizeram da Vale do Rio Doce, CSN, Usiminas, Cosipa, Banespa, Light, Eletropaulo e dezenas outras. É por exemplos assim que aqui defendemos veementemente a eleição de Dilma Rousseff, contra o retrocesso à privataria.

Voltando aos Jogos Abertos, o encerramento será neste domingo, dia 14, às 13h30, na Arena Santos, que deverá estar repleta de famílias e será palco daquelas confraternizações que só o esporte nos consegue propiciar.

Mais sobre os Jogos em www.santos.sp.gov.br/jogosabertos

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dez anos sem o guerreiro


De Curitiba

Se você não conhece a história deste homem, por favor, uns minutos de atenção.

É imprescindível saber o mínimo da história dele.

Afinal, este homem, David Capistrano da Costa Filho, está para a saúde pública do Brasil assim como Paulo Freire está para a educação.

Uma pena, perdemos Capistrano cedo.

Ele morreu há exatamente dez anos, em 10 de novembro de 2000, com 52 anos de idade.

Tinha complicações no fígado, decorrência do tratamento contra a leucemia, a qual havia superado 20 anos antes.

Capistrano foi um guerreiro de sua saúde e da saúde dos brasileiros.

Tratamento da aids, saúde da família, saúde mental, policlínicas públicas são programas do Sistema Único de Saúde (SUS), referências nacional e internacional, que começaram a ser implantados por David Capistrano.

Primeiro, como secretário de Saúde de Santos, na gestão da prefeita Telma de Souza, entre 1989 e 1992. Depois, como prefeito do município, entre 1993 e 1996.

Foram levados para o restante do país quando Capistrano, em 1997, integrou a equipe de Adib Jatene no ministério da Saúde.

Também foi Capistrano que colocou em prática, em Santos, o embrião do Bolsa Família, o Bolsa-Escola.

Lamentavelmente, o legado de David Capistrano ainda é pouco reconhecido.

Mesmo em Santos, Capistrano sempre foi muito injustiçado.

Uma elite conservadora e preconceituosa não engolia aquele comunista e nordestino de Recife revolucionando o município.

Apanhava diariamente da mídia local, principalmente do maior jornal, A Tribuna, e da maior rede de rádio, controlada pelo principal opositor, Beto Mansur, que depois viria a ser eleito prefeito.

O mais emblemático episódio desse ódio ocorreu com o hospital que Capistrano construiu na Zona Noroeste, em região carente da cidade, e batizou com o nome de Che Guevara. A filha de Che, médica como o pai, Aleida Guevara, até participou da inauguração.

Capistrano foi bombardeado, massacrado pela iniciativa - o tal Mansur, assim que assumiu a prefeitura, mudou o nome do hospital.

Felizmente, o tempo, sempre ele, dá conta de colocar tudo no devido lugar.

No último domingo, A Tribuna publicou bela reportagem enaltecendo a obra de Capistrano.

Nesta quarta, às 18h, uma sessão solene na Assembleia Legislativa de São Paulo vai homenagear o ex-prefeito, médico sanitarista.

Na internet, há muito tempo, porém, o Memorial David Capistrano nos conta um pouco de sua história.

Acessando lá você lê depoimentos emocionantes de Adib Jatene, de Luis Nassif, Breno Altman, José Serra, entre outros.


Hoje, Capistrano inspira várias ações, como o Humaniza Brasil: www.humanizabrasil.org.br

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Olimpíada caipiro-caiçara no ar

De Curitiba

Os Jogos Abertos do Interior de São Paulo são o maior - e mais tradicional - evento esportivo do Brasil.

Na edição deste ano, a 74ª, em Santos, são competições em 35 modalidades, com a participação de 14 mil atletas representando 220 municípios.

Campeões nacionais, recordistas sul e panamericanos e medalhistas olímpicos passarão por piscinas, pistas, ginásios, campos e outros palcos mais nos dez dias de evento.

Talentos, ainda em formação, de lá poderão sair também - Hortência e Paula, para ficar em dois exemplos emblemáticos, despontaram nos JAIs, nos anos 70.

Fora o clima de festa, de confraternização.

Por essas e outras os Jogos Abertos do Interior são chamados de "Olimpíadas-Caipira" - ainda que, sendo mais uma vez em Santos, esta edição será bem caiçara.

A cerimônia de abertura, intensamente ensaiada nas últimas semanas, ocorre nesta sexta, dia 5, às 18h30, no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro.

Os primeiros vencedores, todavia, foram conhecidos já nesta quinta, 4, quando começaram provas de modalidades como ciclismo e ginástica rítmica.

Bom, enquanto não possamos conferir in loco, vamos acompanhando o desenrolar do megaevento pela internet, no www.santos.sp.gov.br/jogosabertos.

E na torcida para mais um título santista, o qual seria o 26º de toda a história dos Jogos. Ficaríamos com o dobro do maior rival, São Caetano do Sul, que acumula 13 e ocupa o segundo lugar em conquistas.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Luta pelo Brasil

De Curitiba

A gente tem o direito de comemorar um pouquinho antes de expressar aqui reflexões mais profundas, né?

Afinal, foi uma campanha contra a nossa presidenta eleita baseada em argumentos tão baixos, reacionários, caluniosos, que depois dessa vitória acachapante merecemos uma relaxada.

Sim, a vitória foi acachapante - 12 pontos percentuais de diferença, quase 56 milhões de brasileiros optaram pela continuidade das mudanças e não pelo retrocesso aos tempos da privataria e estagnação.

Acachapante também porque, como dito, Dilma não enfrentou argumentos político-ideológicos. Enfrentou injúrias - chulas, preconceituosas.

Acachapante ainda porque tinha como adversário não apenas uma coligação partidária formalmente constituída.

Teve como adversária, nossa Dilma, uma rede de comunicações conservadora. Principalmente Veja, Folha, Globo, Estadão e seus tentáculos trabalharam na desconstrução da imagem da futura presidenta desde 2007 e, nos últimos meses, acentuaram o bombardeio se lixando para a verdade dos fatos.

O povo, vacinado, porque viveu as mudanças, e não é bobo, deu a resposta nas urnas.

Parabéns Dilma, parabéns aos que lutam pelo Brasil. E continuemos na luta!