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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Mora na filosofia

 

De Curitiba

Junto com a roda, a música tem que ser incluída entre as grandes invenções da humanidade.

Porque, seja qual o estilo, o ritmo, o idioma, é de uma precisão inigualável para servir de porta-voz, de tradução.

Quando bem feita, então...! Vide Paulinho da Viola - um recorte de sua obra está no vídeo acima com sua "Timoneiro". Um filósofo da vida que filosofa por meio do samba.

A letra, para você acompanhar o clipe:

"Não sou eu quem me navega/ Quem me navega é o mar/ Não sou eu quem me navega/ Quem me navega é o mar/ É ele quem me navega/ Como nem fosse levar/ É ele quem me navega/ Como nem fosse levar
 
E quanto mais remo mais rezo/ Pra nunca mais se acabar/ Essa viagem que faz/ O mar em torno do mar/ Meu velho um dia falou/ Com seu jeito de avisar:/ - Olha, o mar não tem cabelos/ Que a gente possa agarrar

Não sou eu quem me navega/ Quem me navega é o mar/ Não sou eu quem me navega/ Quem me navega é o mar/ É ele quem me navega/ Como nem fosse levar/ É ele quem me navega/ Como nem fosse levar

Timoneiro nunca fui/ Que eu não sou de velejar/ O leme da minha vida/ Deus é quem faz governar/ E quando alguém me pergunta/ Como se faz pra nadar/ Explico que eu não navego/ Quem me navega é o mar

Não sou eu quem me navega/ Quem me navega é o mar/ Não sou eu quem me navega/ Quem me navega é o mar/ É ele quem me navega/ Como nem fosse levar/ É ele quem me navega/ Como nem fosse levar

A rede do meu destino/ Parece a de um pescador/ Quando retorna vazia/ Vem carregada de dor/ Vivo num redemoinho/ Deus bem sabe o que ele faz/ A onda que me carrega/ Ela mesma é quem me traz"

sábado, 24 de abril de 2010

Intere-se e diga: é ou não democracia?

De Curitiba

Em Cuba você não vai encontrar shoppings centers, edifícios luxuosos, tênis de marca, eletroeletrônicos de última geração, fartos rodízios de churrasco, pizza ou bifês espetaculares.

Mas vai encontrar todas as crianças na escola, todos os jovens na universidade, todas as famílias alimentadas, crianças, adultos e idosos assistidos por equipes de enfermeiros e médicos, pesquisas e tecnologias voltadas para o bem-estar coletivo, e não para a criação de mais uma necessidade de consumo.

E em Cuba você vai encontrar eleições.

Sim, na ilha de Fidel se vota, qualquer cidadão com mais de 16 anos pode escolher seus representantes políticos.

Neste domingo, 25, realiza-se o pleito que elegerá 15,9 mil delegados para 169 Assembleias Municipais Populares. O mandato é de dois anos e não é remurado. Isso, político lá não recebe salário.

Ah, além das eleições municipais bienais, há votação a cada cinco anos para deputados provinciais e nacionais.

Vamos lá: toda criança na escola, acesso ao ensino superior garantido, ninguém passando fome e  todo mundo com atendimento de saúde. Eleições há cada dois anos. É ou não é uma democracia?

As fontes deste texto, pelas quais você pode se interar mais, tirar suas conclusões e responder a pergunta, são:


quarta-feira, 21 de abril de 2010

Uma bela cinquentona

 
De Curitiba

Brasília é de dar orgulho a nós, brasileiros.

Porque, patrimônio mundial, Brasília é bela por sua obra de arte, é gostosa pelo seu entardecer com céu quase sempre azul, é de dar esperança aos mais desenganados pela sua pintura de alvorada.

Se a nação brasileira é caracterizada pela ímpar mistura de povos, o povo brasiliense é mais prefeita representação dessa mescla: é a miscigenação da nossa miscigenação.

Mas Brasília dá orgulho também porque é o registro de uma época em que o país pensava grande. Ousava. Tinha coragem para fazer vingar suas potencialidades. Uma época de um desenvolvimentismo patriótico, nacionalista.

Entre tantas homenagens rendidas à capital federal, o samba-enredo da Beija-Flor deste ano está entre as mais emocionantes e a que traduz com precisão a história do chão que viu desabrochar, pelas mãos de JK e pela criatividade de Oscar Niemeyer, a flor do cerrado.

A um trecho do desfile você assiste no vídeo acima. E a letra, verdadeiro hino à Brasília, você pode conferir clicando aqui.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Gigante, e infinito

De Curitiba

A satisfação por compartilhar é das mais recompensadoras faculdades humanas.

E está em propiciar tal satisfação o grande mérito da internet e seus twitters e blogs.

Aqui se procura aproveitar o que este instrumento nos oferece: estão aí ao lado atalhos para sítios que falam da praiana, histórica e bela cidade de Santos; para agências públicas de notícias; para fontes alternativas e progressistas de informação... O caminho para portais que falam de esportes e música também colocado está.

Ampliando o cardápio, passa a constar a partir de agora no Macuco "links" para treileres ou críticas de filmes. Provavelmente, filmes não hollyoodianos, que é a preferência neste espaço. Recentes, ou antigos (um assento para os de Mazzaropi está reservado), todos do momento.

Abrindo a nova janela, destaque para "Gigante".

Ganhandor do Urso de Prata no Festival de Berlim do ano passado, o filme, uma produção do Uruguai, é um misto de drama, romantismo, comédia e ação. 

Jara, personagem principal, é o segurança da madrugada controlador da central de monitoramento por câmeras de um supermercado. Ele se apaixona por Julia, que faz a faxina no mesmo período, quando o estabelecimento está fechado. A partir de então, Jara utiliza a prática que tem como observador para monitorar a vida da moça e sobre ela conhecer e dela se aproximar.

Além de tudo, com muitas cenas externas o filme mata a saudades de quem já esteve em Montevidéu, ou faz os que nunca visitaram a cidade conhecer um pouco das ruas da capital uruguaia.

Enfim, aproveitando que é final de semana, fica como dica.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Capaz de sentir uma saudade...

De Curitiba

Há pessoas que, quanto mais a gente insiste, tenta convencer, mais irredutíveis ficam. Às vezes começam até a repensar e a concordar, mas se, lá vamos nós de novo tocar no assunto, teimam em não ceder.

Por isso os torcedores do vôlei devem tomar todo o cuidado na tarefa de fazer a levantadora Fofão a reconsiderar sua aposentadoria da seleção brasileira.

Aos 40 anos de idade, mais da metade deles dedicados à modalidade, Fofão acaba de encerrar uma campanha brilhante na Superliga, o campeonato brasileiro - e o mais competitivo em todo o planeta - de clubes.

Com a habilidade nata, a sabedoria de uma veterana e a disposição e motivação de uma novata, Fofão levou o São Caetano às semifinais e, por poucos pontos, seu time deixou escapar a ida à decisão (que será, pela sexta temporada consecutiva, disputada entre Osasco e Rio de Janeiro).

Aos jornalistas que têm lhe perguntado ao final das transmissões das partidas, sempre marcadas por uma exibição de gala da atleta, Fofão procura ser firme em sustentar sua decisão. No fundo dos seus olhos, no embargar de sua voz, porém, é possível notar uma pontinha de dúvida.

Então, galera, a gente até poderia dizer a Fofão, "olha, a seleção precisa muito do seu talento e da sua experiência para o bi-olímpico; não tem levantadora no mundo jogando como você; não pendure a verde-amarela".

Todavia, para não encher, digamos, "Fofão, você vai fazer falta, a seleção não será a mesma sem ti, mas, tudo bem, a gente entende, mais de 20 anos nessa rotina de treinos, viagens ao outro lado do mundo, concentrações e constante clima de competição, e todos os títulos pensáveis alcançados, 'tá certo, vá descansar".

"Mas", emendemos, "olha lá, hein, capaz de você sentir uma saudade..."

sexta-feira, 9 de abril de 2010

De Cubatão a ficha limpa e greve

De Curitiba

Minha gente, mais uma semana se foi, voando. Os assuntos a instigar a atualização deste blog pipocaram; faltou tempo, ora disposição, para trazê-los aqui gradativamente. E - e mas - como alguns deles ainda pululam, estarão tratados logo a seguir de uma só vez, de modo que não se espante com o tamanho do texto - tenha paciência que logo a leitura acaba.

A salada começa com uma referência ao aniversário de Cubatão (foto), maior polo da indústria petroquímica do país, que neste 9 de abril comemora 61 anos de emancipação política (era, até 1949, distrito de Santos). A referência aqui não se deve apenas ao peso da cidade no PIB de São Paulo ou do Brasil, mas porque Cubatão é o retrato das mudanças no desenvolvimento do país que estão em curso.

O polo industrial cubatense surge e se acelera nos governos de Getúlio Vargas e JK. O período da ditadura militar também é marcado por incremento na atividade. Todavia, a estagnação dos anos 80 e, para piorar, as práticas neoliberais dos anos 90, causaram retração da produção e desemprego. Duas das três principais indústrias - a Ultrafértil e a Cosipa - foram privatizadas; a terceira, a refinaria da Petrobrás, sucateada.

No Governo Lula, o PAC reativou os investimentos da refinaria estatal; a retomada do crescimento da economia, consequência não só da expansão do comércio exterior como da demanda do mercado interno, reacelerou a produção nas indústrias privadas. Cubatão é hoje o município da região metropolitana da Baixada Santista onde a popularidade do presidente Lula é a mais elevada.

Vira a página.

O tema agora é o "ficha limpa" que tramita no Congresso.

Olha, há praticamente uma unanimidade, bem intencionada em boa parte dos casos, a favor dessa proposta. Posição não corroborada neste blog, ao menos antes de se tomar conhecimento de mais detalhes do que exatamente está posto.

O que é ser "ficha limpa"? Condenação por qual tipo de delito "suja" a ficha? Condenação por qual tipo de delito mantém "limpa" a ficha? Como restringir a participação no processo eleitoral de cidadãos condenados por um Judiciário viciado, que age com uma velocidade e rigor implacáveis para mandar ladrões de galinhas à cadeia e garante liberdade e impunidade a dilaceradores do patrimônio público?

O líder do movimento popular que ocupa latifúndio grilado é condenado e impedido de tentar um cargo eletivo; o parlamentar ruralista grileiro, ou representante e defensor do latifundiário, ileso, segue livre para se reeleger... Enfim, o projeto tende a, na prática, consolidar o domínio da minoria detentora do capital, do poder político, do poder econômico.

Para terminar, outro tema que não desce redondo: greve de servidores públicos.

São Paulo assistiu há pouco a semanas de paralisação dos professores da rede pública estadual. Como trabalhadores, o direito à manifestação, à luta por salários e condições de laboro melhores é intocável. As cenas de repressão policial são, evidentemente, condenáveis.

Agora, como trabalhadores do serviço público, ou seja, que servem à coletividade - e, principalmente, a quem mais precisa dos governos, os mais desfavorecidos - o direito à greve, aí este precisa de ser revisto, regulamentado.

Quando um metalúrgico ou um bancário pára, essencialmente quem perde (merecidamente) é o detentor do capital, o responsável pela exploração que culminou com a greve. Isto é, quem perdem são os acionistas da montadora de veículo ou o banqueiro, que vêm a receita se estagnar, o lucro quiçá diminuir, ou se reverter em prejuízo.

Por outro lado, quando uma escola pública fecha não é nem o prefeito nem o governador os sacrificados, muito menos o poder econômico. São as crianças, as mães, as famílias; e a educação pública. Perde, inclusive, a ideologia que defende um Estado forte, afinal, serviços públicos paralisados por conta de funcionários grevistas só servem de munição aos privatistas e seu discurso de que o estatal é ineficiente, não presta, e deve ser assumido pelo capital.

Pronto, por hoje, acabou. Bom final de semana!

sábado, 3 de abril de 2010

Falta luz

De Santos

Está aberto ao tráfego o trecho sul do Rodoanel. A viagem do interior de São Paulo para Santos (na foto, entardecer na orla) e região ficará bem mais rápida, e as marginais Tietê e Pinheiros, ao menos por um bom tempo, um pouco menos congestionadas.

Excelente obra que, embora o Governo de São Paulo omita ao propagandear o empreendimento, teve a participação, com recursos da União, do Governo Federal.

A agilidade no acesso à Baixada Santista certamente vai estimular a realização de mais viagens ao litoral. Ótimo: incremento à atividade turística.

No entanto, mais uma vez, a exemplo do que ocorreu quando da construção da segunda pista da Imigrantes, faltou luz aos responsáveis pela gestão do desenvolvimento urbando da região metropolitana de Santos, que ignoraram a necessidade de a nova rodovia vir acompanhada de investimentos pesados no transporte e circulação nas e entre as cidades.

Não é de agora que as vias de acesso ou as que cortam os municípios da Baixada estão saturadas. Não é de agora que o transporte coletivo carece de intervenções de massa - o metrô leve há mais de dez anos (desde os tempos do saudoso Mário Covas) é só promessa de campanha dos tucanos-pefelistas à frente do governo paulista.