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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Os jardins que encantam

 Paisagem que fascina: o Atlântico com o jardim santista. (foto: Tadeu Nascimento/PMS)

De Santos

Hoje recebi a visita dos companheiros Ari Silveira e Rosa Bittencourt. De Curitiba rumo ao Rio, fizeram uma parada em Santos. Para dar aquela força, um fraternal abraço e conhecer a cidade a qual enalteço tanto.

Chegaram e se encantaram, e sairam encantados, com a nossa orla.

A gente, que vive ou está sempre por aqui, acostuma-se à paisagem e às vezes se esquece do quão fascinante é esse encontro do Oceano Atlântico com os jardins das praias santistas.

Jardins esses que estão no Guiness Book, o Livro dos Recordes, registrados como os maiores à beira-mar do planeta.

São quase seis quilômetros de extensão e 50 metros de largura, com ciclovia, alamedas para caminhadas, fontes, bonde, cinema, biblioteca, gibiteca, concha acústica, quiosques de lanches, muito verde, sombra, chuveirinhos para banhos d'água fresca.

Ari e Rosa partiram em direção à Rio-Santos para seguir caminho via litoral norte paulista.

Certamente vão flagrar mais belas vistas e terminarão a viagem prontos para a nova vida no ano novo em terras - e mares - cariocas.

Feliz 2012!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Espertalhões em Serra Pelada

Antes o tempo d' Os Trapalhões
De Santos

Raros - porém mui estimados leitores deste blog -, primeiro as escusas pelo abandono. Mas é que os dias foram atribulados - estão, ainda -, de modo que faltou tempo e disposição para se dedicar a essas ferramentas aqui.

Com a poeira baixando, um pouco mais de tempo para a internet, e com os fatos de causar  indignação pipocando, cá estamos de volta.

Depois das desculpas pelo abandono, mais escusas, agora por tratar de tema tão azedo nesta véspera de Natal, que nos coloca na curva inicial das festividades da reta final de ano.

É, no entanto, que não podemos baixar a guarda. Justamente nestes momentos mais sucetíveis à distração é que os golpes vêm fulminantes.

Andemos ao que nos traz aqui.

Leio, em manchete na Agência Brasil, e repercutindo em outros sites jornalísticos (alguns, nem tanto) a notícia de que a exploração do ouro em Serra Pelada, no Pará, será retomada em 2012, duas décadas depois do fim do garimpo naquela mina.

Serra Pelada foi, nos anos 80, um formigueiro humano de gente arrancando dali o metal precioso. Rendeu ensaio fotográfico de Sebastião Salgado, dissertações de mestrado e teses de doutorados, históricas reportagens em jornais - rendeu até filme d' Os Trapalhões.

Pois é, agora são os espertalhões que desembarcam em Serra Pelada. Os espertalhões de um grupo canadense que se associaram à cooperativa de garipeiros da região pra levar nosso ouro - nosso ouro! - pra encher os bolsos no Hemisfério Norte.

Se Portugal, 300 anos atrás, sugou nosso ouro das nossas Minas Gerais, neste começo de século XXI será o Canadá a chupar nossa riqueza da Serra Pelada.

Uma colonização, claro, devidamente adequada aos tempos atuais, com todas as formalidades e rituais necessários à camuflagem.

O direito à exploração é assegurado por uma concessão da União, dada anos atrás sem nenhum debate com a sociedade, sob o silêncio da combativa e indormida mídia, à luz da ignorância córnea ou má-fé cínica do Legislativo, do Ministério Público, do Judiciário... 

Cadê os globais que combatem Belo Monte, o que acham de Serra Pelada?

De acordo com a matéria da Agência Brasil, a Colossus Minerals Inc - esse é nome da nova Companhia das Índias - vai destinar 25% dos lucros (bilionários, observa o texto) aos garimpeiros cooperados, aqueles que vão arriscar a vida, trabalhar feito uns condenados. A multinacional, que só come o filé mignon, abocanhará os 75%. Chupa aqui e despeja lá.

Inadmissível.

Riqueza do nosso solo e riqueza da nação.

Falta um Evo Morales por aqui.

A exploração tem que ser nacional - estatal, pra ser mais direto. Os dividendos do nosso ouro devem ser aplicados em nosso prol. No SUS, em escolas, na agricultura familiar, no transporte coletivo das nossas cidades, na eliminação das favelas e cortiços.

Ou é delírio?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Oscar Niemeyer 104 anos

Monumento do Museu Pelé, uma das recentes criações de Oscar Niemeyer (foto: divulgação)


De Curitiba

Oscar Niemeyer costuma dizer, para ilustrar nossa insignificância diante da imensidão deste universo, que a nossa vida, a vida de nós humanos aqui neste plano, é "um sopro".

Pois a dele é um sopro mais longo, mais forte.

Ainda bem pra gente.

Niemeyer completa nesta quinta, 15 de dezembro, 104 anos de vida.

Produzindo, criando, militando.

Apresenta, na comemoração do aniversário de 2011, seu projeto para a Universidade Federal da Integração (Unila), um dos mais emblemáticos investimentos do Governo Lula/Dilma no ensino superior - porque, mais do que um espaço acadêmico, é o rompimento, pela educação, das fronteiras entre as nações vizinhas.

Outra obra-de-arte recente do arquiteto é o monumento a ser erguido em frente ao Museu Pelé, que está sendo implantado no Valongo, em Santos.

Mais sobre o arquiteto da vida em www.niemeyer.org.br

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Esquenta para Londres

 Fernanda Venturini volta às quadras na Superliga. Faz falta na seleção (foto: CBV)
De Curitiba

Pra quem gosta de competições esportivas, a lacuna deixada pelo fim do Brasileirão começa a ser preenchida neste final de semana com o início da temporada 2011/2012 da Superliga, o mais disputado campeonato entre clubes de vôlei do planeta.

Serão 12 times no feminino e 12 times no masculino, reunindo os melhores atletas da modalidade em todo o mundo.

Não é ufanismo nem exagero não; o Brasil é o país do futebol e do vôlei também, os resultados dos últimos 20 anos mostram isso.

Além do equilíbrio - metade das equipes no masculino e pelo menos quatro no feminino são favoritas ao título -, a Superliga 2011/2012 tem outras atrações.

A mais interessante é a volta de Fernanda Venturini às quadras. Quarentona, tem tudo pra ser a maestra do time do Rio de Janeiro e, quem sabe, retornar à seleção, carente na posição.

Outra peculiaridade é a adoção do novo sistema de pontuação, utilizado na Copa do Mundo: vitória por 3 a 0 ou 3 a 1 rende três pontos; por 3 a 2, rende dois, e o time que venceu os dois sets, conquista um. É um sistema muito mais justo.

A Superliga termina em abril. É o esquenta pro grande momento do esporte, a Olimpíadas, em Londres, ano que vem.

domingo, 4 de dezembro de 2011

A partida de Sócrates

Antes de encerrar a carreira, o craque jogou no seu time de infância

De Curitiba

Sócrates partiu. Partiu um craque, partiu um pensador, partiu um idealista, partiu um lutador.

Sócrates orgulhou brasileiros, apreciadores ou não de futebol. Orgulhou os patriotas.

Sócrates orgulhou os santistas, ao vestir e honrar a camisa do Peixe, seu time de infância, pouco antes de encerrar a carreira.
 
(Jogou no Santos entre 1988 e 1989. Um pouco dessa história, alguns dos gols você pode conferir aqui: http://verd.in/x8yd e aqui: http://verd.in/i5tb)
 
Sócrates filósofo Brasileiro, craque de bola, doutor em batalhas.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Os muros e as grades

 Estados Unidos tem livre acesso no México, mas ergue muro diante do vizinho (foto: BBC)

De Curitiba

Estarrecedora esta notícia da BBC de Londres: muro dos Estados Unidos na fronteira com o México avançará mar adentro (http://verd.in/t2na).

Já são 1 mil quilômetros de barreira, por terra.

Ué, não é o império que defende a globalização? Ou só vale o livre trânsito de mercadorias - e desde que seja numa mão só de direção, de lá pra cá, claro?

Cadê aquela gente que via o horror do Muro de Berlim? Por que o Muro dos Estados Unidos não está nas manchetes, no brado dos combatentes articulistas, na análise dos isentos analistas? Muro no mundo capitalista pode?

sábado, 26 de novembro de 2011

Vitória de filme. Falta a dos sonhos

Senna ultrapassa a supermáquina Williams de Damon Hill no épico GP Brasil de 93

De Curitiba

Acompanhando os treinos que antecedem o Grande Prêmio Brasil deste ano, bateu uma saudade danada dos tempos em que a Fórmula 1 valia a pena ser seguida.

E valia não "só" porque havia Ayrton Senna, o maior piloto de todos os tempos. Valia porque, além de Senna, havia Prost, Mansell, Piquet, Patrese, Berger, Alboreto... Havia os supercarros da Williams.

Em 1993 me aventurei num concurso da rádio Tribuna FM, lá de Santos, e ganhei um ingresso para ver a corrida de Interlagos. O concurso consistia em, no ar, ao vivo, simular a narração do final da corrida, com a vitória de Senna - ao típico estilo Galvão Bueno.

Enfim, faturei - dias antes do GP a Tribuna anunciava a cobertura da corrida utilizando a tal narração.

No domingo, àquela época as provas da Fórmula 1 em Interlagos eram em março, presenciei a um dos momentos épicos da história da modalidade, da carreira de Senna.

Como dito, as Williams - para qual sempre torci (torço ainda) - tinham carros "de outro mundo". Um deles pilotados pelo professor Alain Prost, outro pelo novato, mas competente, Damon Hill. Favoritismo absoluto.

Senna, com sua McLaren capenga, "só" podia contar com seu talento.

Eis que as águas de março paulistas caíram e bagunçaram a corrida. Carros rodando, escapulindo da pista, batidas. Prost, sempre um desastre na chuva, bateu no brasileiro Christian Fittipaldi, ficou fora da prova.

Aí entrou em cena Senna. Se segurou no asfalto, fez ultrapassagens incríveis, deixou a supermáquina de Hill para trás e conquistou uma vitória heróica.

Interlagos em delírio, a torcida invadindo a pista, Senna nos braços do povo.

Coisa de filme.

Ano seguinte, Senna realizava um dos seus sonhos - pilotar um Williams. O final dos sonhos desse filme, uma vitória de Senna em Interlagos com um Williams, com esse a gente sempre sonha.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

De quando o Centro era "Cidade"

Até nos ônibus a identificação era "Cidade". Hoje, não mais (foto: WAA)


De Curitiba

Entre tantas expressões e formas de falar típicas dos santistas está (ou esteve?) o hábito de chamar “Cidade” o Centro de Santos, mais especificamente a zona comercial daquele bairro. Essa maneira peculiar, no entanto, é cada vez menos usada. Só os mais antigos ou os que preservam as tradições parecem ainda preferir aquela denominação.

Até mais ou menos dez, 15 anos atrás, era bastante comum se ouvir, “ah, vou ali na ‘Cidade’ pagar uma conta”, “vai comprar o presente onde, no Gonzaga ou na ‘Cidade’?”, ou ainda “pega a Conselheiro Nébias no sentido ‘Cidade’”, e também, “esse ônibus vai pra ‘Cidade’?”. Por falar em ônibus, até nos letreiros dos itinerários o “Cidade” aparecia.

Aos poucos, sabe-se lá por que motivos, a denominação foi caindo em desuso. A empresa privada que assumiu o transporte coletivo no município, no final dos anos 90, talvez por ser forasteira e ignorar o que signficava essa tal ‘Cidade’, adotou o convencional “Centro” nos painéis eletrônicos. Nos textos nos jornais, nos falatórios das autoridades, na televisão o “Cidade” foi desaparecendo, desaparecendo…

Vamos resgatar o “Cidade”?

(Este post está publicado também no Juyci Santos: http://migre.me/6cFJ0)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A preta era a boa

Revista traz reportagem sobre a história da cerveja em Santos

De Santos

Não sei se a preferência era nacional mas, ao menos em Santos, assim que a cerveja chegou e começou a cair no gosto popular, parece que a preta era a favorita.

A excelente "Almanaque de Santos", revista trimestral lançada neste ano pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santos, traz uma ótima matéria sobre os mais de 100 anos de consumo da bebida na cidade - e no país.

A ampla reportagem é ilustrada com reproduções de anúncios publicitários de cervejarias locais, nacionais e importadas, os quais destacam a cerveja na versão escura. Há apelo também aos benefícios à saúde propiciados pelo produto.

"A cerveja preta da Penha dá extraordinário vigor e purifica o sangue. As pessoas que fizeram uso da nossa cerveja, diariamente, mesmo às refeições, nunca podem sofrer do estômago, tal a forma por que ajuda a digestão", diz trecho de um anúncio publicado no Diário de Santos de 11 de março de 1908.

A matéria da "Almanaque" lembra ainda que a cidade, além de ter abrigado linhas de produção da Antarctica e da Caracu, teve também suas cervejarias nativas. A Penha, do anúncio transcrito acima, é uma delas. 

A pioneira foi a São Bento, "que chegou a ser a mais importante da Província de São Paulo na década de 1880 e que imperou absoluta em Santos por alguns anos", conforme informa a revista.

Depois surgiram a Recreio Santista, a Braz Cubas (em homenagem ao fundador da Vila de Santos), a Mossoró e a Anchieta ("A cerveja milionária", porque promovia um bolão dos jogos do Campeonato Paulista).

O slogan da Mossoró, marca da Cervejaria Columbia, indica que, ao contrário de hoje, a gelada que reinava não era a loira: "Cerveja Mossoró - preta, bôa e gostosa".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Quando o ódio se disfarça de indignação

 De Curitiba

Precisa, irretocável a matéria "Doentes de ódio", da jornalista Cynara Menezes, na edição desta semana da Carta Capital.

O texto completo na revista, nas bancas.

Um trecho dela está aqui: http://migre.me/66hWe

sábado, 5 de novembro de 2011

Uma boa ideia do Sarney

Projeto do senador do Amapá tramita na Câmara dos Deputados (foto: WAA)

De Curitiba

Olha aí, é tão chavão bater no Sarney, mas é de autoria do senador um bom projeto de fomento à leitura.

A proposta do maranhense eleito pelo Amapá cria o Fundo Nacional Pró-Leitura, destinado a financiar projetos de produção, edição, publicação, distribuição e comercialização de livros.

Dando uma lida no projeto - de número 1321/2011 - e se sente falta de um artigo que priorize o acesso ao fundo pelos autores e editores independentes. Há o risco de o Fundo Nacional Pró-Leitura acabar viabilizando negócios de instituições já consolidadas, menos necessitadas de auxílio estatal - como ocorre com a Lei Rouanet e a Lei do Audiovisual.

Mas o projeto tramita na Câmara dos Deputados justamente para isso: ser aperfeiçoado.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lucro dos Itaú é que deve ir pro SUS

Que deselegante! (foto: www.midiaindependentente.org)

De Curitiba

Foi noticiado nesta semana: o lucro do Itaú, nos primeiros nove meses de 2011, chegou a quase 11 bilhões de reais.

Alô, alô, turma do impostômetro, tão preocupada com as causas coletivas, e nada com os interesses particulares-corporativistas, que tal incluir no placar que vocês espalham pelas cidades quanto da arrecadação vai para a bolsa-banqueiro*?

Alô, alô, galera tão preocupada com o SUS, a ponto de se incomodar com o fato de um ex-metalúrgico ser tratado num hospital de ricos, por que não iniciar uma campanha nas indignadas redes sociais pedindo que o lucro dos bancos tenha uma taxação de, digamos, 10%, com destino desses recursos à saúde pública?

Já pensou?, desses R$ 11 bilhões lucrados pelo Itaú, 1 bilhão e 100 milhões teriam ido para o SUS - sem arruinar os cofres do Setúbal, que ficariam ainda com 9 bilhões e 9 milhões de reais. Mais a taxação dos lucros do Bradesco, do HSBC, do Santander, do Citbank, e o orçamento da saúde receberia considerável reforço, não?

Cuba, por exemplo, não tem agências "first class", "prime", "golden" nem similares, todavia tem, segundo um estudo norte-americano, o quinto melhor atendimento médico do planeta - os EUA vêm dez posições abaixo, e o Brasil, em 35º.**

O que vale mais?


* "Bolsa-banqueiro" é precisa definição do Plínio de Arruda Sampaio para o pagamento de juros dos cofres públicos ao sistema financeiro-especulativo?

** Aos preocupados de última hora com a nossa saúde pública, vale acompanhar a série de matérias e artigos na Carta Maior, sobre a necessidade de mais recursos para a área: http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?home_id=125&alterarHomeAtual=1

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

É muita gente

É gente no ônibus, no carro, no metrô, na calçada - aqui, ali, do outro lado do mundo (foto: WAA)

De Curitiba

Somos 7 bilhões de habitantes nesta nossa casa chamada Terra.

Pouco mais da metade vivendo nas zonas urbanas.

Daqui a menos de 20 anos, seremos dois terços da população mundial vivendo nas cidades.

É gente demais, né?

Olhe ao redor e veja o quanto: as ruas, congestionadas de carros; nos congestionamentos, ônibus lotados; nas calçadas, gente topando e tropeçando em gente; no subterrâneo, metrôs apinhados. Sem contar os que estão em casa, dentro da escola, dos shoppings, nos hospitais, em trânsito nas estradas, no ar ou no mar, no norte, no sul, no país vizinho, na América, na Europa, na Oceania, do outro lado do mundo...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Argentina é ela

 Com histórico apoio popular, Cristina Kirchner é reeleita (foto: www.telesurtv.net)

De Curitiba

Mais da metade dos votos válidos dos argentinos foi para Cristina Fernandez de Kirchner, nas eleições deste domingo.

É a continuidade de um governo popular (popular, não populista, como nossos analistas neocons costumam tachar), democrático e desenvolvimentista.

No plano externo, um governo que prioriza a integração regional, como é o nosso com a presidenta Dilma Roussef.

Portanto, para quem, na Argentina, no Brasil, ou em qualquer canto desta Nuestra América, sonha com uma sociedade mais justa e soberana, a permanência de Cristina é mais um passo nesse rumo.

                     www.pagina12.com.ar

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A resposta é um direito

Há projeto de lei no Congresso. Enquanto isso, só por via judicial (foto: WAA)

De Curitiba

O caderno de esportes da Folha de S. Paulo trouxe hoje uma retratação que comprova como é imprescindível, e urgente, instituirmos o direito de resposta imediato.

Porque se a liberdade de expressão é base da democracia, como diz o lugar comum, esse direito tem que ser assegurado não só ao detentor do instrumento de expressão - dono do jornal, da revista, da rádio, do portal de notícias.

O direito a se expressar é de todos. É o óbvio, mas não é o que ocorre.

A retratação em questão foi obtida pelo ex-técnico de basquete Nélson Luiz Conegundes. Ele teve que esperar 13 anos - isso mesmo, quase uma década e meia - para conseguir com que o jornal se retratasse de informações que, agora a Justiça confirmou, foram danosas à honra do então treinador.

A reportagem que levou Conegundes a recorrer aos tribunais para poder se manifestar foi publicada em 19 de março de 1998. Acusava o técnico de ser o "mentor" de uma liga "pirata" de basquetebol, que tinha como objetivo "fisgar clubes".

Conta o ex-treinador que, um dia após a veiculação da matéria, foi demitido da Associação Atlética Banco do Brasil de São Paulo. "Certamente porque ninguém queria associar seu nome ao mentor de algo pirata."

Conegundes diz ainda na retratação que, depois desse episódio, levou tempo para conseguir se recolocar no mercado de trabalho. "Fui vítima de toda sorte de chacotas e ainda passei a ser persona non grata em lugares onde antes era respeitado. Não pude mais entrar, por exemplo, na AABB-SP, clube onde prestei serviços por 13 anos."

A liga que a Folha chamou de "pirata" atualmente reúne clubes da capital paulista, Baixada Santista, Vale do Paraíba e de outras cidades do interior, ressalta Conegundes. "Mudou seu registro de 'paulistana' para 'paulista' e está filiada à Federação Paulista de Basquete. Portanto, não tinha nada de 'pirata' e foi criada em benefício do esporte."

Tramita no Congresso Nacional um projeto de lei para assegurar o direito de resposta na imprensa. É de autoria do senador Roberto Requião. O projeto é este: http://verd.in/dyqx

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dá-lhe horário de verão

Ilha de Urubuqueça, Praia do José Menino, Santos (foto: WAA)

De Curitiba

Tomara passem bem lentamente os próximos meses pra que o horário de verão demore bastante a acabar.

Está bem, tudo bem, nestes primeiros dias acordar fica mais difícil, mas alguns dias e nosso organismo acostuma.

E a recompensa, neste ano, veio logo no primeiro dia: um final de tarde alaranjado; dia claro até sete e meia da noite.

O final de tarde é o momento mais nobre do dia. "Me encanta" aquele vai-vém do horário de pico, a cidade dourada pelo pôr-do-Sol. O horário de verão estende esse momento, quase que eternizando.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Salto em Guadalajara

Brasil tem tudo para dar espetáculo no Pan que começa nesta sexta (foto: R7)

De Curitiba

Os Jogos Panamericanos estão entre as maiores competições esportivas do planeta e, na edição deste ano - que começa nesta sexta-feira, e ocorre em Guadalajara, México - o Brasil estará representado por 500 atletas. As chances de o país superar o desempenho de quatro anos atrás, no Pan do Rio, são grandes.

Apesar disso tudo, para boa parte da dita grande mídia nacional os jogos parecem não existir ou, no máximo, não passam de um torneio multidesportivo qualquer, que não merece ser noticiado. Porque, às vésperas do Pan 2011, e o assunto quase não aparece nos jornais, revistas, portais, telejornais, sequer nos especializados em esporte.

Essa boa parte da dita grande mídia parece estar pautada pela Globo. Como os Jogos de Guadalajara têm transmissão exclusiva da Record, a emissora toda-poderosa omite descaradamente o fato do  espectador. Ela, que ocupa uma concessão pública com o dever de informar, entreter, estimular a cultura, o esporte e a nacionalidade brasileira, faz valer seus interesses particulares, não os coletivos.

Enfim,o mais importante é que o Pan de Guadalajara tem tudo para ser um espetáculo nas quadras, canchas, piscinas, campos.
Pra quem curte esporte, as duas próximas semanas serão fartas em atrações.

A Record, aliás, tem feito jus à exclusividade e fazendo uma cobertura irretocável: www.r7.com

domingo, 9 de outubro de 2011

Do Pará, a fé

A bela Belém fica mais bonita ainda nestes dias (foto: Agência Pará)

De Curitiba

Fico impressionado, todo ano, com o Círio de Nazaré.

Espero um dia, em breve, pode ver de perto essa gigantesca e apaixonada manifestação popular - e produzir um ensaio fotográfico, uma grande reportagem, um documentário...

Alguém aí topa uma parceria nessa empreitada?

Por enquanto vou acompanhando à distância, pela televisão, pela internet.

"O mês de outubro é sagrado no Pará. O segundo domingo é o dia da grande procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, uma das maiores manifestações religiosas no mundo, e que muitos consideram como o segundo Natal dos paraenses", diz o texto de abertura de www.cirio.pa.gov.br, que explica bem sobre a celebração.

Peixe 1 x 0 Porco
Pra terminar, um registro sobre o futebol: a oportuna vitória do Santos sobre o Palmeiras. Oportuna porque há dois anos não ganhávamos dos palestrinos. Oportuna porque há duas partidas não vencíamos. E que deve ser credita ao excelente Léo, aos 36 anos o melhor lateral esquerdo do Brasileirão, e ao goleador Borges, 20 tentos e artilheiro isolado da competição.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A perder de vista

De Curitiba

O Buena Vista Social Club se apresenta em Curitiba no próximo dia 22.

Imperdível. Se não fosse o preço dos ingressos, imperdível.

Já se abordou aqui a carestia que são os shows musicais na capital paranaense.

Esse do Buena Vista, por exemplo: passa de R$ 100 o valor da entrada mais barata, meia. Quem não tem direito a meia, tem que desembolsar mais de duzentão, no mínimo.

Por causa de preços semelhantes, perdi anos atrás um show da Mercedes Sosa, no mesmo Teatro Positivo onde vão se apresentar os cubanos.

Provavelmente perderei o Buena Vista também. Compensarei colocando o disco na vitrola e assistindo de novo ao emocionante documentário que conta a história do grupo.


domingo, 2 de outubro de 2011

Já temos assentos. Nos dois andares

Pra Londres, embarcamos. Para o Rio 2016, quem sabe na janelinha (foto: BBC)

De Curitiba

Pra quem gosta de basquete como este que vos fala, a semana começa com muita satisfação pela conquista da Copa América, pela nossa seleção feminina. O título garantiu o time nas Olimpíadas de Londres, em 2012.

Menos de um mês atrás, a seleção masculina já havia assegurado sua vaga também.

É a terceira vez na história dos Jogos Olímpicos que o Brasil será representado no basquete pelas duas seleções. As duas anteriores foram em 1992 (Barcelona) e 1996 (Atlanta).

De lá pra cá (Sidney, 2000; Atenas, 2004; Pequim, 2008), só as meninas chegavam.

Aos que não acompanham a modalidade mais de perto e forem torcer ano que vem, de agora um alerta: dificilmente o basquete nos trará medalhas.

O time masculino é bom, o melhor dos últimos 15 anos, desde o fim da geração de Oscar. Mas a concorrência internacional é muito acirrada.

A seleção feminina está bem ajustada, coesa na defesa, no entanto irregular no ataque. Falta uma atleta que desequilibre.

A ida a Londres, todavia, já é uma vitória. Mostra que a reestruturação do basquete brasileiro está no rumo certo. Se continuar nesse caminho, pra 2016, no Rio de Janeiro, poderemos ir na janelinha.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

De um povo heróico

O povo no comício do Vale do Anhangabaú, São Paulo

De Curitiba

Considero a maior manifestação popular espontânea da vida brasileira: o Diretas Já.

Por isso fiquei fascinado pelo Brado Retumbante, portal que resgata a história do movimento, começando lá pela Campanha da Legalidade de Leonel Brizola, passando pelo golpe e pela ditadura militar (atos institucionais, torturas, censura), pelas greves do ABC comandadas por Lula e chegando, finalmente, à mobilização que mexeu com o povo brasileiro de norte a sul.

Brado Retumbante, além da riqueza de conteúdo que carrega, é importante porque inova no formato: o portal não é o suporte, é resultado, o produto do entrelaçamento de mídias utilizadas para abordar um determinado assunto.

Enfim, compartilhando: www.bradoretumbante.org.br

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Futebol para poucos

Com jogos acabando de madrugada, fica difícil ir ao estádio (foto: www.santosfc.com.br)

De Curitiba

Olha, gente, não dá - ainda que seja pela enésima vez - para não se pronunciar diante dessa apropriação de um dos nossos patrimônios culturais.

É inadmissível que o monopólio da Rede Globo siga soberano definindo como, onde, quando a gente tem que acompanhar o futebol nosso de cada dia.

Domingo passado já foi um absurdo: dois clássicos regionais dos mais importantes, fundamentais para a tabela do Brasileirão, e a emissora transmitindo outras duas partidas que, com todo respeito às equipes envolvidas, representavam bem menos para aquele (este) momento do campeonato.

Nem o canal a cabo de esportes da Globo transmitiu Corinthians x Santos ou Flamengo x Botafogo; quem quis e pôde, teve que desembolsar se sabe lá quanto pra assistir no pague-e-veja.

Ora, na atual rodada, outro clássico, crucial pro torneio daqui pra frente, e a partida é programada para uma quarta-feira à noite, tarde da noite, na virada pra madrugada, em São Paulo.

Nem pela televisão o trabalhador consegue acompanhar uma partida a uma hora dessas, afinal dia seguinte é de levantar cedo pra enfrentar condução, congestionamento, um dia cheio... Que dirá ir ao estádio!

Quando a gente fala em Lei das Mídias é em por fim a dominações assim que a gente está falando. Não tem nada, nada que ver com censura.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Concessionária sob neblina

 Rodovia, privatizada, tem um dos pedágios mais caros do país.
De Curitiba

Impressionante o engavetamento desta semana na Rodovia dos Imigrantes.

Quase três centenas de veículos envolvidos, dezenas de feridos e uma pessoa morta.

A cerração intensa foi o fator determinante mas, para quem tem na rotina a viagem entre Santos e São Paulo, a insegurança no Sistema Anchieta-Imigrantes não decorre só dos fenômenos da natureza.

Há queixas quanto ao serviço executado pela detentora da concessão, a Ecovias.

Lamentável é que, mais de 36 horas depois da tragédia, ainda não se viu o Governo de São Paulo, por meio de sua famigerada agência reguladora, a tal Artesp, cobrar explicações da empresa.

Tampouco se viu na - como diria Francisco Camargo - brava e indormida imprensa* os indignados especialistas e articulistas questionarem a competência da empreiteira concessionária.

Imagina se a rodovia estivesse sob os cuidados do Dersa, do DER ou de qualquer órgão público... Estaríamos a ouvir a velha ladainha de que o Estado é ineficiente, que a iniciativa privada é que deve tomar conta, que a inoperância estatal fez novas vítimas etecetera, etecetera e etecetera.

Em tempo: o pedágio do Sistema Anchieta-Imigrantes é um dos mais caros do país. A tarifa para automóveis, por exemplo, é de R$ 20,10, para um percurso de 50, 60 quilômetros no máximo.

*(Ah, uma exceção: o www.portogente.com.br tem questionado a atuação da Ecovias no episódio sim)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"Duas Noites..." na UniBrasil


De Curitiba

Desculpa pela ausência mas é que, se viver não é brincadeira não, menos ainda o foi nos últimos dias, todavia aos poucos a gente re-encontra o sentido.

Permita, nesse retorno, um auto-merchand: nesta quinta-feira, dia 15, às 19h30, este blogueiro participa do III Encontro de Jornalismo e Literatura da UniBrasil, em Curitiba, falando sobre o livro de lavra própria, "Duas Noites - o re-encontro de Santos com o samba de carnaval".

Trata-se de um livro reportagem, publicado em 2007, sobre a volta, depois de cinco carnavais de ausência, dos desfiles das escolas de samba santistas.

Mais detalhes aqui: http://migre.me/5H7WZ.

Desde já, o agradecimento à professora Maura Oliveira Martins, coordenadora do curso de Jornalismo da UniBrasil, pela oportunidade, pela acolhida, pelo empenho na organização e promoção do evento - momento fundamental à formação acadêmica e cidadã dos seus alunos.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

À praia, boa viagem!

Embarcações em descanso, Santos, Ponta da Praia (foto: WAA)

De Curitiba

Acima, a Ponta da Praia.

Pode ser um belo ponto de largada rumo ao norte.

Pela Rio-Santos, uma bela estrada que nos põe como companhia espetaculares paisagens.

Nem precisa ir muito longe.

Boiçucanga, por exemplo, ainda não está nem na metade do caminho e já reserva cenário ímpar.

O pôr-do-Sol ali é sem igual.

Mas o norte vai além.

Tomara faça sol também.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Do luto à luta

Passeata de professores foi tratada a coices e cacetadas, em 1988 (foto: APP-Sindicato)

De Curitiba

Em todo o Paraná, especialmente em Curitiba, 30 de agosto é dia de mobilização dos professores.

A manifestação nessa data ocorre há mais de 20 anos - o Dia de Luto e da Luta da categoria.

Uma forma de não deixar o tempo apagar fato de triste memória.

Em 30 de agosto de 1988 uma passeata de professores da rede estadual que protestavam por salários dignos foi reprimida pela Polícia Militar - inclusive pela cavalaria.

A partir de então, anualmente, os trabalhadores da educação param nesse dia.

Os coices e cacetadas doeram, feriram, deixaram marcas. Delas, fortaleceu-se a luta.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Campanha da Legalidade, um ensinamento

A arma de Brizola para mobilizar o país foi o rádio

De Curitiba

Uma das passagens mais bonitas da história do Brasil completa 50 anos nesta semana: a Campanha da Legalidade.

Em linhas gerais, uma mobilização que desde o Rio Grande do Sul, comandada pelo então governador Leonel Brizola, impediu um golpe militar e garantiu o cumprimento da Constituição, ao possibilitar a posse do vice João Goulart na Presidência da República, em substituição a Jânio Quadros, que renunciara.

A resistência dos gaúchos foi contagiando o país até que não houve mais ambiente para golpe.

Estava viabilizada a assunção de Jango, ainda que condicionada ao parlamentarismo, e o caminho para as reformas de que tanto necessitava - e ainda necessita - o país começava a ser trilhado.

A trajetória rumo à reforma agrária, à ampliação dos direitos dos trabalhadores, à nacionalização da economia, à soberania seria interrompida três anos depois.

Mas a liderança de Brizola e o engajamento do Rio Grande ficaram como exemplo de civismo, cidadania e de luta pela democracia.

A Secretaria de Comunicação Social do Rio Grande do Sul colocou no ar um portal rico em informações e dados sobre o movimento: www.legalidade.rs.gov.br.

O portal do neto do comandante da Campanha também tem se dedicado ao tema nesta semana: www.tijolaco.com.

sábado, 20 de agosto de 2011

Literatura à beira-mar


De Curitiba

Que pena não poder estar em Santos, mas quem estiver - ou puder ir - aproveita a terceira edição da Tarrafa Literária, que ocorre da próxima quarta, dia 24, até o dia 28 de agosto.

A programação inclui mesas-redondas com alguns dos nomes de destaque da literatura brasileira e oficinas de produção de textos. Ah, e tem a "Tarrafinha", com atividades voltadas às crianças.

Entre os debatedores desse festival, Fernando Morais, Mário Prata, Laurentino Gomes, o tuiteiro Fabrício Carpinejar e a metamorfoseada Soninha Francine.

A Tarrafa Literária ocorre no tradicional Teatro Guarany (debates) e na imponente Bolsa do Café (oficinas).

A realização é da Realejo, livraria e editora do José Luiz Tahan.


Como se diz no twitter, #ficaadica

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O dia em que Fidel Castro se rendeu

O comandante, com humildade, curvou-se ao talento de Hortência e Paula (foto: R7)

De Curitiba

Fidel Castro se rendeu.

Há 20 anos, em 11 de agosto de 1991.

Ginásio em Havana lotado, final do basquete feminino nos Jogos Panamericanos, entre Brasil e Cuba.

As brasileiras tinham eliminado a poderosa seleção dos Estados Unidos, que estavam invictas há 15 anos.

Encaravam, na decisão, o mais forte time da história do basquete cubano, diante de sua apaixonada torcida.

Sob os olhares de Fidel Castro.

Prevaleceu o talento de Hortência e Paula. Numa das maiores apresentações a que o mundo do basquete já assistiu, Hortência e Paula conduziram um time que ainda tinha a promissora Janeth e a ótima Marta Sobral, treinadas pela competente Maria Helena Cardoso, a uma vitória espetacular.

De encher os olhos. De lágrimas.

Fidel fazia aniversário dos dias depois - 65 anos de vida.

Nunca, em toda a vida, confessou ele, havia presenciado um fenômeno daqueles.

Ficou famosa a cena em que Fidel Castro brinca com Hortência e Paula, ao entregar a medalha de ouro às campeãs.

"Pra vocês? Não, pra vocês não tem medalha, vocês arrasaram com o nosso time", disse, mexendo com as duas.

O Pan de 1991 abriu caminho para uma sequência de conquistas nunca mais repetidas pelo basquete brasileiro - nem pelo time feminino, nem pelo time masculino.

Um dos maiores feitos do esporte nacional.

Pena os 20 anos dessa heróica conquista praticamente terem, com pontuais e valorosas exceções, passado em branco.

Essa história é história de filme.

sábado, 13 de agosto de 2011

Esse promete

 Alckmin no programa de regionalização do Executivo, em Santos (foto: Governo de SP)

De Santos

O governador Geraldo Alckmin desceu a Serra do Mar nessa semana que passou trazendo um comboio de prefeituráveis – Bruno Covas, cotado para ser candidato na capital, e Paulo Alexandre Barbosa, em Santos – e uma bagagem abarrotada de promessas.

Duas delas, antiiiigas...

A da implantação do metrô de superfície na Baixada Santista - o sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) - foi repetida pela enésima vez desde que os tucanos se instalaram no Palácio Bandeirantes. Essa promessa foi lançada nos tempos do saudoso Mário Covas.

Disse o governador que agora vai, que em julho de 2012 começam as obras, que o VLT  entrará em operação ainda durante seu mandato, que vai ligar o Valongo a São Vicente, etc, etc, etc...

A outra promessa veio com roupagem diferente.

Em vez da ponte entre a Ponta da Praia e o Guarujá, aquela que ficou famosa pela inauguração da maquete feita pelo então presidenciável José Serra, o que os tucanos prometem agora é construir um túnel, entre o Macuco e Vicente de Carvalho.

Disse o governador também que em 2013 começam as obras e em 2016 o túnel estará aberto ao tráfego.

Outra promessa, e esta do pacote das novas: a instalação de mais um campus da Fatec em Santos, no prédio tombado, mas abandonado, da antiga Hospedaria dos Imigrantes.

A última promessa, ainda entre as inéditas: verba para a reforma do Hospital dos Estivadores, cujo imóvel foi recém adquirido do INSS pela Prefeitura.

Que acha você, podemos dar mais um crédito a essa turma do xoque de jestão? E se pela quinquagésima vez descumprirem o prometido, que penitência merecem?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Viaja de ônibus? É bom embarcar nessa

Desembarque na Rodoviária de Santos (foto: PMS)
De Curitiba
 
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou nesta quinta-feira, 11 de agosto, datas e locais de audiências públicas da mais nova tentativa do governo federal em licitar as linhas interestaduais e internacionais de passageiros. Estão chamando de "ProPassBrasil".
   
Um processo havia sido lançado em 2008 mas, sem maiores explicações, foi interrompido em 2009 (pelo que foi noticiado, por pressões dos empresários).
  
O projeto foi reformulado e, enfim, está na praça.

A ANTT assegura: as licitações vão melhorar a qualidade do serviço, aumentar a oferta de linhas, ampliar a concorrência e até baratear as tarifas.

Que o sistema precisa de uma regulamentação urgente, todo mundo que anda de ônibus sabe.

Há monopólio em praticamente todas as rotas; nas poucas linhas operadas por mais de uma empresa, a concorrência costuma ser bem amistosa.

No entanto, numa estudada nas informações disponíveis nos meios oficiais, a licitação parece mais preocupada em respaldar, juridicamente, as concessões, do que propriamente em promover mudanças significativas no sistema.

As concessões foram dadas e renovadas ao longo da história sem licitações. Muitas se sustentam à base de decisões judiciais provisórias. Situação desconfortável para o poder concedente e para o poderio econômico das grandes viações.

O modelo lançado pela ANTT - ao contrário daquele de três anos atrás - prefere não se intrometer muito nessa concentração das linhas sob controle de poucas e fortes empresas.

Mas vamos ver o que acontece...

As audiências públicas (aqui vai outra crítica: são muito poucas em pouquíssimas cidades) começam semana que vem, em Fortaleza (dia 17); e dia 19 em Porto Alegre. Depois, dia 23 em São Paulo e dia 1º de setembro em Brasília.

Não haverá discussão presencial em nenhuma cidade da região Norte, nem em Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife...

Só restará, aos brasileiros desse Brasilzão que vai de ônibus, acompanhar pela internet: www.antt.gov.br 

domingo, 7 de agosto de 2011

Severino de severas terras

Nos campos de origem de Durval, reina o latifúndio (foto: Santos F.C.)

De Curitiba

Um dos mais importantes jogadores nas conquistas do Santos Futebol Clube nas duas últimas temporadas é o atleta mais vitorioso do futebol brasileiro na atual década.

Só não tem penteado exótico, nem está nas páginas de revistas de celebridades, tampouco estrelando comerciais, ou figurando entre os tops nas redes sociais.

O que é de menos, porque a sua missão - tomar conta da defesa e proteger o time das investidas adversárias - ele tem feito com competência e discrição.

Tamanha é a discrição que poucos sabem que Severino dos Ramos Durval da Silva, o xerife alvinegro de Vila Belmiro Durval, acumula 13 títulos nos dez recentes anos - um terço deles pelo Peixe. Só em títulos estaduais, são nove consecutivos.

É uma ótima reportagem do jornal Brasil de Fato que nos apresenta a carreira desse tipo de fisionomia severa, de origem humilde, de família de gente batalhadora.

Reportagem também que, a partir da biografia desse zagueiraço (lhe sobra futebol, o que lhe falta é marketing; acompanhe um jogo do Santos com atenção e veja como Durval está em todas), denuncia o latifúndio e a exploração dos usineiros de açúcar em sua terra, a Paraíba - situação que se repete pelo sertão de Alagoas, Pernambuco.

Confira a reportagem aqui: http://www.brasildefato.com.br/node/6974

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Exímia comandante

Um craque que volta a campo.

De Curitiba

Lá atrás, antes do início do Governo Dilma, dissemos aqui, via Twitter, que ela montara um bom time.

Mas que, como em qualquer plantel, havia aqueles cuja escalação seria dispensável. Alguns, incógnitas. Outros que serviriam para, no máximo, jogar o primeiro tempo.

O Nélson Jobim, demitido hoje, era um desses.

E nem precisou completar os primeiros 45 minutos para ser sacado de campo.

Agora, melhor que a retirada, foi a substituição.

Impressionante como a presidenta tem acertado nas trocas.

Jobim merecia sair nem tanto pelas ofensas aos colegas de equipe, ou pelo voto declarado em Serra.

Jobim tinha que sair porque estava a marcar, sem o mínimo de pudor ou arrependimento posterior, gols contras.

Não se lembram das revelações do Wikileaks, no começo do ano?: Nélson Jobim era o homem de confiança do governo dos Estados Unidos, porque agia em oposição à política externa do presidente Lula, qual seja a de aproximação com os países do Hemisfério Sul, com ênfase aos latino-americanos - inclusive e sobretudo àqueles mais à esquerda, como Venezuela, Bolívia, Equador.

O problema de Jobim não era ter votado em Serra. Era atuar como se fosse ministro de um governo Serra.

No lugar de Jobim entra um craque, o conterrâneo e torcedor do Santos, o chanceler Celso Amorim.

Craque não porque torce pelo Peixe ou nasceu na bela ilha santista.

Craque porque foi um dos principais responsáveis pelo êxito do Governo Lula: a inserção do Brasil como protagonista no cenário internacional. Craque por soube fazer o país agir como líder solidário, e não imperialista, diante dos vizinhos. Soube fazer o Brasil olhar cara-a-cara, sentar na mesa de igual para igual, com as ditas potências.

Celso Amorim tem habilidade para driblar eventuais adversidades numa área sensível como são as Forças Armadas.

E, como disse o Brizola Neto em seu Tijolaço, ao colocar em seu governo um dos mais próximos a Lula, Dilma joga um balde de água fria em setores da imprensa conservadora torcedora por uma mínima sequer desavença entre o ex e a atual presidenta. Isso sem, de forma alguma, deixar de continuar conduzindo a nau do seu jeito próprio.

sábado, 30 de julho de 2011

Só se escuta o silêncio

Onde está aquela gente que libertou os escravos e resistiu à repressão? (foto: WAA)

De Curitiba

É doído reconhecer, mas os 20 anos de ditadura - 1964-1984 - conseguiram o que queriam: aniquilar a capacidade de Santos e seu povo se rebelarem.

Da vanguarda na luta abolicionista do século XIX, das mobilizações populares por água e saneamento do início do século XX, do "Porto Vermelho" ou "Moscou brasileira" de meados do século passado parece só ter restado a memória.

Nesta semana, o Tribunal de Justiça de São Paulo ouviu, na capital, testemunhas da tortura e assassinato de um dos lutadores filhos de Santos, o jornalista Luiz Eduardo Merlino, morto há 40 anos, em 19 de julho de 1971, nas dependências do DOI-Codi. (Saiba mais AQUI)

Não se teve notícia de nenhuma manifestação na cidade. Nenhuma linha na imprensa local. Não se ouviu uma voz de qualquer militante.

Onde está aquela gente que afrontou as leis imperiais e libertou os escravos? Aquela gente que fez valer na marra o direito a água e esgoto em casa e a bonde na rua? Onde estão os sindicatos que fizeram coro ao "Petróleo é Nosso" e se rebelaram diante do golpe militar?

A repressão foi drástica em Santos. Lideranças políticas foram cassadas, trabalhadores, movimentos sociais e seus militantes perseguidos. Um navio no porto, o Raúl Soares, serviu de cadeia. A cidade foi decretada área de segurança nacional e foi a última a ter sua autonomia político-administrativa re-estabelecida, só em 1984.

Hoje, o que se escuta é o silêncio, o que se vê é a cegueira, o que se sente é a complacência diante dos desmandos, das desigualdades, das injustiças, da exploração predatória da empresa de ônibus e das empreiteiras dos serviços e obras públicas, das promessas demagógicas e vãs dos governantes. E  a complacência diante dessa própria dormência.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Em defesa do Elano

Dos pés dele saíram passes e gols fundamentais nos últimos anos (foto: Santos F.C.)
De Curitiba
Que os torcedores dos outros clubes cornetem, até se entende.

Falar a verdade, soa dor-de-cotovelo: bem que gostariam de ter um Elano no time.

Agora, crucificação partindo de santistas, aí é injustiça.

Elano foi peça-chave nas principais conquistas do Santos na década atual.

Os campeonatos brasileiros de 2002 e 2004. A briosa campanha que levou ao vice da Libertadores em 2003.

O tri da Libertadores, deste ano.

Elano foi artilheiro do Campeonato Paulista. E um dos poucos jogadores que se salvaram na desastrosa participação da seleção brasileira na Copa do Mundo, um ano atrás.

Ontem, a precisa assistência ao Borges, que resultou no primeiro gol do Santos contra o Flamengo, partiu dos pés de Elano.

No segundo tempo, no comecinho, quase faz um golaço de falta - mérito do goleiro adversário, Felipe, que espalmou a bola.

Se a cavadinha de Elano tivesse entrado, este post não estaria sendo escrito.

Porque comentaristas e corneteiros de plantão estariam a exaltar a ousadia do jogador, que teria se redimido do pênalti perdido na Copa América, não só pela cavadinha, mas pelo passe magistral ao Borges; ele, Elano, exemplar na Copa do Mundo, imprescindível no tri santista da Libertadores, a experiência a serviço do ímpeto da mais nova geração de Meninos da Vila etc etc etc.

Não é por apenas um gesto, um ato, que se julga - e se condena ou se absolve - um ser humano.

A trajetória de Elano, no Santos e na seleção, é merecedora de, no mínimo, respeito.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Vendem até nossa saúde

Parece mentira, mas é verdade (ilustração: SindSaúde-SP)
De Curitiba

Que essa moda paulista não pegue.

O Ministério Público do Estado de São Paulo já foi acionado e tomara aja exemplarmente.

Porque o que o "xoque de jestão" tucano está fazendo com a saúde pública...

Primeiro, terceirizou os hospitais e ambulatórios médicos de especialidades para as famigeradas organizações sociais de saúde (OSS).

Privatização disfarçada, privataria.

Pois a maior parte dessas organizações parece não ter nada de sociais.

Ao contrário das Santas Casas, Beneficências Portuguesas, que têm um histórico de dedicação à filantropia, essas tais OSS assumem unidades construídas pelo Estado, com dinheiro do povo, para administrar e receber por isso, como prestadores particulares de serviços, e não organizações sociais, filantrópicas.

Segundo denúncia do Vi o Mundo, a qual gerou a reação do Ministério Público, o Estado de São Paulo acumula rombo de R$ 147 milhões por conta desses repasses às ditas OSS.

Barbaridade!

Só que tem mais: no início deste mês, o governador Geraldo Alckmin assinou decreto "vendendo" 25% dos leitos dos hospitais públicos para planos de saúde.

Privatização escancarada, privataria.

CLIQUE AQUI e confira a série de matérias que o Vi o Mundo tem publicado sobre o assunto.

domingo, 24 de julho de 2011

Floripa no caminho de Sampa

 O que resta de mata está sendo derrubado para dar passagem a carros (foto: Deinfra-SC)

De Curitiba

Florianópolis está incorrendo no mesmo caminho de São Paulo.

Desastroso caminho.

Quem conhece a capital catarinense sabe o quão dificultuoso é se deslocar pela cidade.

O transporte coletivo, apesar das exitosas reformulações dos últimos anos, é caro e ineficiente.

As vias, em maior parte, são estreitas, tortuosas, imprensadas no relevo acidentado da ilha.

A cidade está crescendo, está na moda, cada vez mais atraindo turistas.

O poder público - em todas as esferas, porque as obras vêm sendo tocadas pela Prefeitura, Estado e União - tem procurado solucionar os problemas de modalidade.

No entanto, de forma irreversivelmente equivocada, porque o faz com intervenções que privilegiam o automóvel, o transporte individual. Assim como, 40 anos atrás São Paulo avançou sobre as marginais dos rios, aterrou e canalizou córregos para abrir avenidas para carros, Florianópolis está rasgando a mata atlântica dos seus morros para expandir suas vias, mas preferencialmente para os carros.

Por que, em vez de duplicar, como tem feito, as rodovias que ligam o Centro ao Aeroporto, o Centro ao Sul da ilha, o Centro ao Norte da ilha, Florianópolis não destina projetos e recursos para obras de implantação de um metrô de superfície, unindo os quatro extremos do território? No lugar do asfalto para carros, por que o alargamento das vias em curso não seja destinado a faixas exclusivas de ônibus?

O poder público está errando na opção. A sociedade, ao que parece, não percebe, ou pouco se mexe.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Radicalizar é lógico

 Refém dos interesses privados, transporte não será coletivo. (foto: PMS)

De Santos

Radicalizar.

Radicalizar não significa agir de forma irresponsavelmente extrema.

Radicalizar é ir à raíz.

Os gestores do trânsito de Santos precisam radicalizar.

Ir ao xis das questões.

As intervenções recentes que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos) vêm tomando são bem intencionadas.

Até solucionam problemas locais, pontuais, sazonais.

É a proibição de estacionamento aqui e ali, twitter para informar sobre as condições de circulação, minirrotatórias em cruzamentos conflituosos, campanha para o respeito à faixa de pedestres...

Mas são paliativas, e portanto insuficientes, porque não são radicais.

Não atingem a raíz.

Em vez, por exemplo, das momentâneas faixas preferenciais para ônibus na Conselheiro Nébias e na Ana Costa, a CET deveria implantar faixas exclusivas durante o dia todo.

E não só nessas avenidas, como também na Afonso Pena, na Francisco Glicério, na Nossa Senhora de Fátima, na Martins Fontes...

Os corredores, todavia, ainda não chegam à raíz mais profunda.

Faixa exclusiva para esses ônibus que estão aí adiantam nada.

Enquanto o transporte coletivo for refém dos interesses do monopólio privado, o sistema de ônibus não se atualiza, não avança - não atende aos interesses da coletividade.

Os itinerários precisam ser reformulados, a frota ampliada e modernizada, os intervalos diminuídos.

É o transporte público eficiente que vai eliminar congestionamentos, minimizar o estresse e assim reduzir batidas, atropelamentos na ou fora da faixa, acidentes em geral.

Transporte público eficiente é segurança no trânsito, é mobilidade urbana, é qualidade de vida nas cidades.

Parece o óbvio - e é.

Mas agir com lógica é romper com uma lógica posta e, lógico, é ilógico.

domingo, 17 de julho de 2011

Direito ao mar

Uma multidão não tem a chance de ver o mar, sequer uma vez na vida 
 De Santos

Sabe-se lá se existe essa estatística, mas certamente dos bilhões de moradores do planeta muitos não tiveram, não têm - e dificilmente terão - a oportunidade de conhecer o mar.

Imagina quem mora em Minas Gerais, no Tocantins, no Mato Grosso do Sul, no Paraguai, na Bolívia, no centro da África, na Mongólia, no interior da China, tão distante, sem um oceano assim ao alcance.

É uma injustiça com toda essa multidão. Estar a beira-mar, ao menos por um momento na vida, deveria ser direito humano - e a promoção ao acesso a esse direito, um dever de todos.