Translate

sábado, 30 de junho de 2012

Antes das eleições, carnaval

Wantuir será desfalque no Rio em 2013 (foto: SRZD)

De Curitiba

Porque hoje é sábado último dia para as convenções partidárias para as eleições de outubro, milhares dessas convenções ocorrem Brasil afora até o início da noite.

Antes, porém, de mergulharmos no pleito municipal - que, diga-se de passagem, nos tem reservado cada uma - falemos um pouco de carnaval.

Sim, porque para rolar a festa em fevereiro, as escolas de samba desde já estão na labuta.

Comecemos sobre as escolas cariocas - daqui a alguns dias abordaremos as de Santos.

Olha, depois de um 2012 com os mais belos sambas dos últimos tempos, vai ser difícil para os compositores apresentarem algo parecido em 2013.

Porque os enredos definidos até o momento, com uma e outra exceção - entre elas a da União da Ilha do Governador, que vai homenagear Vinícius de Moraes - estão decepcionantes.

A Mangueira vai cometer um atentado contra a sua história e seus filhos fieis ao não falar do centenário de Jamelão. Optou por um enredo sobre Cuiabá, patrocinado pela prefeitura daquele município. Do Pará vem o apoio ao enredo da Imperatriz Leopoldinense, sobre o estado nortista.

A ala de compositores da Beija-Flor vai ter que fundir a cuca pra conseguir algo contagiante sobre a raça de cavalos mangalarga. A da Vila Isabel talvez tenha menos trabalho para tratar seu enredo, o Brasil rural.

Com patrocínio da Caras, que completa 20 anos de circulação em 2013, a Salgueiro vai falar sobre a fama. Padre Miguel e São Clemente partiram também pra enredos de apelo midiático: Rock in Rio e as telenovelas, respectivamente.

O da Portela, ainda que pouco criativo - os 90 anos da escola - parece ser o enredo do qual mais pode se esperar. Unidos da Tijuca e Grande Rio ainda não divulgaram seus temas, mas a escola de Duque de Caxias vem enfraquecida: dispensou, sob argumentos nada convincentes, o intérprete Wantuir. O público na Passarela Darcy Ribeiro corre o risco de ficar órfão do melhor puxador de samba do carnaval fluminense (depois, claro, do hors concours Neguinho da Beija-Flor).

Toda essa salada e os critérios de escolha pré-carnaval lembram ou não lembram este momento pré-eleitoral?

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ainda bem que encontramos você

A presidenta anuncia medidas de estímulo à economia (foto: Agência Brasil)

De Curitiba

Ainda bem que elegemos a Dilma.

Porque, sob o seu comando, o Brasil tem enfrentado a crise econômica global como deve enfrentar.

Colocando os bancos públicos para oferecer crédito, cobrando o mesmo dos privados, reduzindo juros, re-estabelecendo um câmbio que resgate a competitividade do produto brasileiro no comércio exterior e, conforme anunciado pela própria presidenta nesta quarta, pondo o governo pra investir - comprando ônibus escolares, máquinas para a construção civil e ambulâncias, acelerando as obras de infraestrutura das quais o País carece.
 
Sim, porque se fosse com o Serra, estaríamos a seguir o receituário da "austeridade fiscal" e do arracho adotado pela União Européia - e, diga-se de passagem, sob os auspícios da mídia comercial. É assim nos governos tucanos estaduais e seu xoque de jestão, foi assim nos oitos anos de governo FHC.

Claro que temos algumas restrições e não nos abstemos de expô-las - um exemplo em evidência é a  forma com que o governo Dilma vem tratando a greve nas universidades federais, semelhante ao modelo demotucano de lidar com questões desse tipo.

Mas os passos à frente são mais e mais largos que os retrocessos.

Reconhecer - e enaltecer - as qualidades também é criticar e combater. A crítica pela crítica, banal e rasa, é um chapabranquismo do establishment, travestido de isenção.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Sexta curitibana com enxofre, cachaça e sinal fechado

Um dos grupos em ação (foto: Carlos Fernando Bernardes)

De Curitiba

Aviso aos navegantes, principalmente aos da capital das araucárias: sexta-feira, dia 29, tem a exibição dos curtas metragens dos nossos (meus, do Tiago, do André, da Andrea, da Mary, do Maciel, do Zac...) alunos do curso de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo, do Colégio Estadual do Paraná.

Isso mesmo, ora pois, é um convite, vamos lá: a partir das 19h30, no auditório do colégio. Ah, e pode trazer mais gente; o espaço é grande, cabem 800 pessoas.

Serão exibidos dois curtas produzidos pelos estudantes, como conclusão do curso: "Sinal Fechado" e "O Enxofre e a Cachaça".

Do roteiro à edição, tudo a cargo deles.

E, a julgar pelo talento e competência da turma, devem ser obras de primeira.

"Sinal Fechado" aborda o drama vivido por um garoto que, por causa da morte do pai, vê-se obrigado a ser o responsável da casa (clique aqui e confira treiler). "O Enxofre..." conta a mudança de vida de um operário da construção civil, depois de um inusitado pacto com uma figura pra lá de curiosa (treiler aqui).

Sexta, 29, a partir das 19h30, auditório do Colégio Estadual do Paraná. Combinado?

Como diria icônica propaganda de tevê da terra do leite-quente de tempos idos, apareeeeeeeça!

sábado, 23 de junho de 2012

Terminamos a semana golpeados

O presidente paraguaio optou por não impor resistência (foto: www.telesurtv.net)
 
De Curitiba

Pra quem tem orgulho de ser latino-americano, defende a democracia e governos progressistas, populares, a semana termina tragicamente.

O vergonhoso golpe de Estado imposto pela oligarquia local sob o respaldo dos interesses norte-americanos é um golpe não só ao Paraguai. É um golpe na possibilidade de a América Latina ter a liberdade de optar por um caminho mais à esquerda - às vezes mais, às vezes menos, mas minimamente comprometido com a soberania de seus povos.

Colonizada, fatia da nossa dita grande mídia comercial se utiliza de eufemismos para informar os brasileiros sobre o que se passa no Paraguai (se fosse com o presidente da Colômbia, do Chile ou México, certamente os eufemismos teriam sido dispensados). Depois dizem que chamar esse grupo de PIG - Partido da Imprensa Golpista - é coisa de chapa-branca, de petista aloprado, de esquerdista esquizofrênico adepto de teorias da conspiração... Se não se tratasse de função tão importante, a de levar informação, seria patético o comportamento de certos veículos de comunicação.
 
Mas mesmo neles, ainda bem, há lucidez, e é do Jornal do Brasil, mais especificamente do jornalista Mauro Santayana, o artigo que aqui se indica pra quem quer compreender o que envolve o "impeachment" sofrido pelo presidente Fernando Lugo.
 
No menu ao lado tem um cardápio de fontes para se informar também.
 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Vai o supermercado? Só dá gringo no caixa

 De Curitiba

Tudo indica que, a partir de sexta-feira, dia 22, o maior grupo de supermercados do Brasil – o Pão de Açúcar - passe definitivamente ao controle da Casino, transnacional da França.

Com isso, estará estabelecido o oligopólio estrangeiro no varejo brasileiro.

Das 500 empresas do setor, apenas quatro responderão por 60% do faturamento, de acordo com dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Esses quatro grupos, todos multinacionais:
  • O Casino, da França, com Pão de Açúcar e Extra; 
  • O Carrefour, também francês, o qual inclui a bandeira “Dia%”;
  • O Walmart (Estados Unidos), detentor também do Big e, no Paraná, do Mercadorama;
  • O Cenconsud, do Chile, dono do G-Barbosa (Nordeste) e Prezunic (Rio de Janeiro).

As 500 empresas do setor faturaram em 2011 em torno de R$ 183 bilhões. Só os quatro gigantes, R$ 113,8 bi.

Ou seja, de cada R$ 100 que os brasileiros, de norte a sul leste a oeste, gastarem do seu suado dinheirinho pra comprar de pinhão a tablet em super e hipermercados, R$ 60 vão pros cofres franceses e estadounidenses, principalmente, e também chilenos.

Evidente que os lucros vão para a matriz, no exterior.

Por isso cá esta cruzada em alerta da estrangeirização das atividades da nossa economia. Já falamos aqui sobre a desnacionalização da nossa indústria de cachaça, café, guloseimas...
 

domingo, 17 de junho de 2012

Da Petrobrás para o Planalto?

O petróleo é nosso. E está em boas mãos (foto: Agência Petrobrás)

De Curitiba

Ainda não havia tido a oportunidade de ler nem assistir a nenhuma entrevista com a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Silva Foster, até que dias atrás afortunadamente parei no Programa do Jô e lá estava ela.

Impressionante a paixão que Graças Foster tem pela companhia a qual hoje, depois de 33 anos de carreira na estatal, ela preside.

Ao carinho e orgulho com que fala da Petrobrás somem-se uma extraordinária competência e o domínio da área, demonstrados no referido "talk show".

Quem comanda uma empresa do porte da Petrobrás, com conhecimento técnico e espírito público como parece Graças comandar, adquire bagagem suficiente pra chefiar o Poder Executivo.

Assim, daqui a seis anos, numa eleição provavelmente pra substituir Dilma Roussef, não será surpresa se o nome de Graças for cogitado para o pleito. Até porque, da atual dita base aliada, falar verdade, ao menos por enquanto, opções são escassas, e nem todas muito empolgantes.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Compromissos com a Vila Gilda


De Curitiba

O ótimo Profissão Repórter desta semana retratou um pouco da realidade dos moradores do Dique da Vila Gilda, em Santos, apontada pelo programa como a maior favela de palafitas do Brasil.

Se realmente é a maior, ou extensão ou em número de habitantes, não sei.

Mas, para uma cidade que é sede do maior porto da América Latina, será centro das operações do pré-sal, assiste ao erguimento desenfreado de imóveis residenciais e corporativos de alto luxo, vizinha a um dos polos petroquímicos mais importantes do país (o de Cubatão) e estância balneária, histórica e turística, é vergonhoso abrigar trabalhadores, jovens, crianças e idosos, em condições indignas, como as do Dique Vila Gilda.

Tudo bem que está em curso, conforme ressalvou a reportagem, uma série de investimentos em moradia e saneamento que prometem transformar a favela num bairro da verdade.

No entanto, o problema já era para estar resolvido faz tempo, se o combate à exclusão social fosse prioridade da nossa sociedade - sobretudo daqueles que têm a responsabilidade de governá-la.

Lembremos, santistas, que nos anos 90 o então prefeito David Capistrano Filho iniciou o processo de remanejamento dos moradores das palafitas para casas populares. Começou a investir na urbanização do local, em infraestrutura.

E isso sem os recursos que o governo federal coloca à disposição hoje; apenas com o orçamento municipal que, proporcionalmente, era bem menor que o atual.

Mas por três gestões seguintes – duas do Beto Mansur e outra do Papa – a semente que Capistrano lançou não foi regada. Só nesta última etapa de seu duplo mandato, Papa resgatou o projeto original, com o “Santos Novos Tempos” - mencionado, indiretamente, pelo Profissão Repórter.

Apesar da lentidão, o programa parece que segue. A continuidade dele, e de forma acelerada, deve ser compromisso público; compromisso esse expresso clara e objetivamente pelos postulantes ao Palácio José Bonifácio nas eleições de outubro.

Cobremos isso deles.

O progresso de uma cidade não se mede pela altura de seus arranha-céus, nem pela quantidade de grifes que nela se instalam.

Mais sobre o Dique Vila Gilda:

sábado, 9 de junho de 2012

O despertar do gigante


Porto santista volta a ser gerador de emprego e renda (foto: Codesp)

De Santos

O Porto de Santos deve movimentar neste ano mais de 100,5 milhões de toneladas.

Recorde.

Será praticamente o dobro de dez anos atrás. Em 2002, sem investimentos públicos e retração dos investimentos privados, foram 53,2 milhões de toneladas.

Um quarto das importações e um quarto das exportações brasileiras, em volume, passam pelo Porto de Santos.

É gigantesco também em dimensões - é o maior da América Latina.

Quem percorre seus 13 quilômetros de cais ou transita pelos seus 7,7 milhões de metros quadrados de área hoje, e fez a mesma visita anos atrás, nota a diferença.

Empreendimentos sendo erguidos, complexos viários sendo implementados, terminais sendo modernizados.

É esse o cenário.

Temos lá nossas críticas quanto ao modelo de concessões, bem como à sanha com que algumas obras vêm avançando sobre mangues e ilhas ainda intactas do estuário.

Não há "progresso" que justifique a sobreposição dos privilégios privados sobre o interesse público, muito menos que justifique irresponsabilidade ambiental.

Cobremos as correções desses rumos que, com a retomada do crescimento da economia nacional se refletindo diretamente no desenvolvimento do cais, o porto volta a ser o grande impulsionador do emprego e renda na região metropolitana da Baixada Santista.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

IPI reduzido? Tem que baixar é o ônibus

Ônibus é prioridade, diz lei. Mas incentivo é pro automóvel (foto: WAA)

De Curitiba

Repare na incoerência.

Desde abril está em vigor a Lei da Mobilidade Urbana, um conjunto de instrumentos que garantem, nos projetos de transporte e circulação das cidades, prioridade aos modais coletivos (ônibus, trens, VLTs, metrôs, barcas) ou aos alternativos (bicicletas, por exemplo).

A lei - de número 12.587/2012 - foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff no comecinho de janeiro, depois de um debate de 17 anos no Congresso Nacional.

Tanto esforço por garantir, num marco legal, mecanismos que possam melhorar a qualidade do transporte público é escanteado pela política econômica.

Demasiadamente preocupada com a indústria automobilística, de capital estrangeiro, a política econômica reduz impostos e amplia crédito para estimuar a compra de carros.

Ora, por que o imposto reduzido não é o de ônibus? Por que não se diminuiu brutalmente a tributação de combustível para o transporte coletivo? Por que a abundância de crédito não é para prefeituras e companhias públicas adquirirem trens e outros equipamentos para a implantação de redes de metrôs e VLTs? Por que, em vez de abrir mão da receita de IPI de automóvel, o Tesouro não destina essa mesma receita para subsidiar as tarifas e baratear a passagem na catraca?

Percebeu como está no modelo econômico a origem dos problemas e das soluções para as outras áreas da nossa vida em sociedade? Logo, a luta por escola, posto de saúde, moradia, saneamento, cultura passa pela luta por uma política econômica voltada ao interesse público, não ao dos grandes conglomerados do mercado.