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sábado, 26 de novembro de 2011

Vitória de filme. Falta a dos sonhos

Senna ultrapassa a supermáquina Williams de Damon Hill no épico GP Brasil de 93

De Curitiba

Acompanhando os treinos que antecedem o Grande Prêmio Brasil deste ano, bateu uma saudade danada dos tempos em que a Fórmula 1 valia a pena ser seguida.

E valia não "só" porque havia Ayrton Senna, o maior piloto de todos os tempos. Valia porque, além de Senna, havia Prost, Mansell, Piquet, Patrese, Berger, Alboreto... Havia os supercarros da Williams.

Em 1993 me aventurei num concurso da rádio Tribuna FM, lá de Santos, e ganhei um ingresso para ver a corrida de Interlagos. O concurso consistia em, no ar, ao vivo, simular a narração do final da corrida, com a vitória de Senna - ao típico estilo Galvão Bueno.

Enfim, faturei - dias antes do GP a Tribuna anunciava a cobertura da corrida utilizando a tal narração.

No domingo, àquela época as provas da Fórmula 1 em Interlagos eram em março, presenciei a um dos momentos épicos da história da modalidade, da carreira de Senna.

Como dito, as Williams - para qual sempre torci (torço ainda) - tinham carros "de outro mundo". Um deles pilotados pelo professor Alain Prost, outro pelo novato, mas competente, Damon Hill. Favoritismo absoluto.

Senna, com sua McLaren capenga, "só" podia contar com seu talento.

Eis que as águas de março paulistas caíram e bagunçaram a corrida. Carros rodando, escapulindo da pista, batidas. Prost, sempre um desastre na chuva, bateu no brasileiro Christian Fittipaldi, ficou fora da prova.

Aí entrou em cena Senna. Se segurou no asfalto, fez ultrapassagens incríveis, deixou a supermáquina de Hill para trás e conquistou uma vitória heróica.

Interlagos em delírio, a torcida invadindo a pista, Senna nos braços do povo.

Coisa de filme.

Ano seguinte, Senna realizava um dos seus sonhos - pilotar um Williams. O final dos sonhos desse filme, uma vitória de Senna em Interlagos com um Williams, com esse a gente sempre sonha.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

De quando o Centro era "Cidade"

Até nos ônibus a identificação era "Cidade". Hoje, não mais (foto: WAA)


De Curitiba

Entre tantas expressões e formas de falar típicas dos santistas está (ou esteve?) o hábito de chamar “Cidade” o Centro de Santos, mais especificamente a zona comercial daquele bairro. Essa maneira peculiar, no entanto, é cada vez menos usada. Só os mais antigos ou os que preservam as tradições parecem ainda preferir aquela denominação.

Até mais ou menos dez, 15 anos atrás, era bastante comum se ouvir, “ah, vou ali na ‘Cidade’ pagar uma conta”, “vai comprar o presente onde, no Gonzaga ou na ‘Cidade’?”, ou ainda “pega a Conselheiro Nébias no sentido ‘Cidade’”, e também, “esse ônibus vai pra ‘Cidade’?”. Por falar em ônibus, até nos letreiros dos itinerários o “Cidade” aparecia.

Aos poucos, sabe-se lá por que motivos, a denominação foi caindo em desuso. A empresa privada que assumiu o transporte coletivo no município, no final dos anos 90, talvez por ser forasteira e ignorar o que signficava essa tal ‘Cidade’, adotou o convencional “Centro” nos painéis eletrônicos. Nos textos nos jornais, nos falatórios das autoridades, na televisão o “Cidade” foi desaparecendo, desaparecendo…

Vamos resgatar o “Cidade”?

(Este post está publicado também no Juyci Santos: http://migre.me/6cFJ0)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A preta era a boa

Revista traz reportagem sobre a história da cerveja em Santos

De Santos

Não sei se a preferência era nacional mas, ao menos em Santos, assim que a cerveja chegou e começou a cair no gosto popular, parece que a preta era a favorita.

A excelente "Almanaque de Santos", revista trimestral lançada neste ano pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santos, traz uma ótima matéria sobre os mais de 100 anos de consumo da bebida na cidade - e no país.

A ampla reportagem é ilustrada com reproduções de anúncios publicitários de cervejarias locais, nacionais e importadas, os quais destacam a cerveja na versão escura. Há apelo também aos benefícios à saúde propiciados pelo produto.

"A cerveja preta da Penha dá extraordinário vigor e purifica o sangue. As pessoas que fizeram uso da nossa cerveja, diariamente, mesmo às refeições, nunca podem sofrer do estômago, tal a forma por que ajuda a digestão", diz trecho de um anúncio publicado no Diário de Santos de 11 de março de 1908.

A matéria da "Almanaque" lembra ainda que a cidade, além de ter abrigado linhas de produção da Antarctica e da Caracu, teve também suas cervejarias nativas. A Penha, do anúncio transcrito acima, é uma delas. 

A pioneira foi a São Bento, "que chegou a ser a mais importante da Província de São Paulo na década de 1880 e que imperou absoluta em Santos por alguns anos", conforme informa a revista.

Depois surgiram a Recreio Santista, a Braz Cubas (em homenagem ao fundador da Vila de Santos), a Mossoró e a Anchieta ("A cerveja milionária", porque promovia um bolão dos jogos do Campeonato Paulista).

O slogan da Mossoró, marca da Cervejaria Columbia, indica que, ao contrário de hoje, a gelada que reinava não era a loira: "Cerveja Mossoró - preta, bôa e gostosa".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Quando o ódio se disfarça de indignação

 De Curitiba

Precisa, irretocável a matéria "Doentes de ódio", da jornalista Cynara Menezes, na edição desta semana da Carta Capital.

O texto completo na revista, nas bancas.

Um trecho dela está aqui: http://migre.me/66hWe

sábado, 5 de novembro de 2011

Uma boa ideia do Sarney

Projeto do senador do Amapá tramita na Câmara dos Deputados (foto: WAA)

De Curitiba

Olha aí, é tão chavão bater no Sarney, mas é de autoria do senador um bom projeto de fomento à leitura.

A proposta do maranhense eleito pelo Amapá cria o Fundo Nacional Pró-Leitura, destinado a financiar projetos de produção, edição, publicação, distribuição e comercialização de livros.

Dando uma lida no projeto - de número 1321/2011 - e se sente falta de um artigo que priorize o acesso ao fundo pelos autores e editores independentes. Há o risco de o Fundo Nacional Pró-Leitura acabar viabilizando negócios de instituições já consolidadas, menos necessitadas de auxílio estatal - como ocorre com a Lei Rouanet e a Lei do Audiovisual.

Mas o projeto tramita na Câmara dos Deputados justamente para isso: ser aperfeiçoado.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lucro dos Itaú é que deve ir pro SUS

Que deselegante! (foto: www.midiaindependentente.org)

De Curitiba

Foi noticiado nesta semana: o lucro do Itaú, nos primeiros nove meses de 2011, chegou a quase 11 bilhões de reais.

Alô, alô, turma do impostômetro, tão preocupada com as causas coletivas, e nada com os interesses particulares-corporativistas, que tal incluir no placar que vocês espalham pelas cidades quanto da arrecadação vai para a bolsa-banqueiro*?

Alô, alô, galera tão preocupada com o SUS, a ponto de se incomodar com o fato de um ex-metalúrgico ser tratado num hospital de ricos, por que não iniciar uma campanha nas indignadas redes sociais pedindo que o lucro dos bancos tenha uma taxação de, digamos, 10%, com destino desses recursos à saúde pública?

Já pensou?, desses R$ 11 bilhões lucrados pelo Itaú, 1 bilhão e 100 milhões teriam ido para o SUS - sem arruinar os cofres do Setúbal, que ficariam ainda com 9 bilhões e 9 milhões de reais. Mais a taxação dos lucros do Bradesco, do HSBC, do Santander, do Citbank, e o orçamento da saúde receberia considerável reforço, não?

Cuba, por exemplo, não tem agências "first class", "prime", "golden" nem similares, todavia tem, segundo um estudo norte-americano, o quinto melhor atendimento médico do planeta - os EUA vêm dez posições abaixo, e o Brasil, em 35º.**

O que vale mais?


* "Bolsa-banqueiro" é precisa definição do Plínio de Arruda Sampaio para o pagamento de juros dos cofres públicos ao sistema financeiro-especulativo?

** Aos preocupados de última hora com a nossa saúde pública, vale acompanhar a série de matérias e artigos na Carta Maior, sobre a necessidade de mais recursos para a área: http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?home_id=125&alterarHomeAtual=1