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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Requião, 2013. Brizola, 1989. E o poder da Globo sendo contestado


De Curitiba

Raríssimas são as lideranças neste país que ousaram questionar o poder tido como inconteste da Rede Globo.

Atualmente, só conheço o senador Roberto Requião como figura a contestar as organizações da família Marinho.

Nesta quinta-feira, dia 26, na tribuna do Senado, em pronunciamento no qual rechaça matéria publicada pelo jornal O Globo do último domingo, Requião radicalizou.

Lembrou Leonel Brizola, outro que não tinha dúvidas: o Brasil só sai do atraso quando deixar de ser refém dos interesses globais.

Acima, o vídeo do pronunciamento de Requião, 2013. Abaixo, um de Brizola, 1989.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Uma didática defesa do cancelamento do leilão do petróleo

Plataforma P-55 da Petrobrás, em fase final (foto: Petrobrás)
De Curitiba

Como tuitei na terça-feira, dia 24, tia Dilma foi espetacular em seu discurso na abertura da assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU).

Agora, se realmente ela estiver disposta e com coragem para defender a soberania da nossa nação - acrescentei na tuitada -, tia Dilma deve por fim a esse entreguismo que são os leilões promovidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

(Herança do governo neoliberal do PSDB-Dem, que Lula conseguiu frear quando da descoberta das reservas do pré-sal, mas que parece retomada a todo vapor)

Neste texto a seguir, uma das lideranças mais lúcidas deste país, João Pedro Stédile (do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, o MST), é didático na defesa do cancelamento dessa aberração de leilão.

O texto é longo; aqui vai um trechinho dele e o link para íntegra, puxada do Vi o Mundo, do Luiz Carlos Azenha.

Repito: Stédile é bem didático, claro. Vale ter paciência e ler até o fim para compreender o que se passa:

"No dia 21 de outubro, a Agencia Nacional de Petróleo vai leiloar o maior campo de reservas de petróleo brasileiro, encontrado a 180 km do litoral, com sete mil metros de profundidade.

Lá estão depositados comprovadamente de 12 a 14 bilhões de barris de petróleo. Equivalem a todas as reservas do México. Corresponde a tudo que a Petrobras já explorou nos seus 60 anos de existência.

A importância estratégica para o país é tão grande que durante o debate do segundo turno, da campanha de 2010, a candidata Dilma Rousseff disse que o candidato José Serra queria privatizar e fazer um leilão do petróleo, e que isso era inadmissível, pois o pré-sal deveria ser uma riqueza a ser utilizada apenas em favor do povo brasileiro”.

Três anos depois, em mensagem pública em rede de televisão, a presidenta muda o discurso e assume o que Serra queria fazer, leiloar as reservas do pré-sal para iniciativa privada.

(...)

Pela Lei de Partilha, aprovada durante o governo Lula, há um artigo que diz que a União poderá entregar toda a reserva do pré-sal para exploração exclusiva por parte da Petrobras, sem necessidade de leilão. Por que não fazemos isso?

O governo e os colunistas nos jornais têm defendido que a Petrobras está endividada e não tem caixa para investir. O BNDES tem uma política de crédito para tantas empresas privadas, inclusive transnacionais e picaretas em geral, como o Eike Batista. Por que não poderia emprestar para Petrobras?

Por que o Tesouro Nacional – em vez de pagar juros a meia dúzia de especuladores de títulos da divida interna, que levam R$ 200 bilhões por ano – não aplica recursos em investimentos do pré-sal?"

Continue lendo este e outros artigos sobre o assunto clicando aqui.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A apoteose de Sílvio Tendler

"Me senti no sambódromo" (foto: Divulgação Festival de Brasília)
De Curitiba

Muito bom saber da homenagem prestada pelo público do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro ao documentarista Sílvio Tendler.

De acordo com a Agência Brasil, "A Arte do Renascimento - a cinebiografia de Sílvio Tendler" - de Noilton Nunes e que, como o nome diz, é um filme sobre a vida e obra de Tendler - mexeu com a plateia que esteve presente no encerramento do festival, na noite de segunda-feira, dia 23 (leia a matéria aqui).

Mexeu com o próprio Sílvio também - e foi bom saber, também, que mesmo enfrentando complicações de saúde, Sílvio Tendler está na lida, na luta. "Eu senti como se tivesse vendo a arquibancada do sambódromo levantar", declarou ele, diante do aplauso do público.

A obra de Sílvio Tendler é fundamental para se entender a história recente do Brasil. Os anos JK, o trabalhismo de João Goulart, o golpe de 1964 e ditadura civil-militar dos anos seguintes, a redemocratização, a usurpação de nossas terras pelo agronegócio predatório, está tudo ali, para ser bebido em seus documentários.
 
E tem muito fato ainda pra ser registrado sob o ponto de vista e da forma que só Sílvio Tendler é capaz. Adelante, companheiro!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O Centro de Paqueras do Embaré repaginado

 CPE, do dicionário de santistês (foto: Francisco Arrais/PMS)

De Curitiba

Neste começo de sexta-feira leio que lá em Santos serão inaugurados hoje, dia 20, os novos quiosques do ponto que nós, santistas, chamamos de "CPE" - sigla pronunciada com o "e" aberto ("é") e que significa "Centro de Paqueras do Embaré".

O tradicional CPE está repaginado, conforme se pode observar na foto de véspera da inauguração dos novos equipamentos.

O CPE é desses topônimos extra-oficiais que enriquecem a história dos lugares deste Brasilzão.

O termo, pelo que já li e escutei dos mais antigos, surgiu há pouco mais de 40 anos. Naquele tempo, foram implantadas barraquinhas de lanches no calçadão da praia na direção da estátua e da igreja de Santo Antônio, localizadas do outro lado da avenida beira-mar, a Avenida Bartolomeu de Gusmão.

O pessoal ia lá para comer e para azarar. Ops, melhor dizendo, paquerar - azarar provavelmente era termo que não existia, ao menos com esse sentido.

Era paquera que se falava mesmo e, com a imagem do santo casamenteiro por perto, o batismo não tardou a acontecer: CPE.

O tempo foi passando, a estrutura do local melhorando - nos anos 90 os antigos trailers de lanches foram substituídos por quiosques, e aqueles, agora, foram trocados por similares mais modernos.

Como escrevi aqui mesmo tempo destes, nem sei se o CPE faz mais jus ao nome. Afinal, em época de whatsapp, a paquera por contemplação não deve ter mais lugar.

Mas os sanduíches, caprichados, gigantescos, estes continuam a fazer do CPE ponto de pit-stop, sobretudo nas noites e madrugadas.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O fone de ouvido e o perigo na esquina

Respeitar a sinalização é indispensável. Mas não basta (foto: WAA)
De Curitiba

Está na hora de uma campanha de saúde e de segurança pública para alertar a galera sobre o uso excessivo dos fones de ouvido.

Tempos atrás postei aqui: o que vai ter de gente com problemas de audição num futuro próximo não tá no gibi.

Agora observo o risco para o trânsito, depois de presenciar o que seria um atropelamento fatal.

Passava das 18h30, horário de pico no Centro de Curitiba. O ônibus em que estava trafegava pela canaleta da Avenida Marechal Floriano Peixoto, sentido Praça Carlos Gomes, mais ou menos a uns 50 km/h.

De repente, antes de chegar no cruzamento com a Rua André de Barros, o motorista começa a buzinar e pisa fundo no freio; sobe um cheiro de borracha queimando, marcas de pneus ficam no asfalto.

O micrão consegue parar a tempo, a pouquíssimos metros de uma menina que tira os fones do ouvido e só então percebe que esteve perto de ser levada. O motorista, assustado como os passageiros, esboça um pito - "presta atenção" -, respira fundo e segue viagem.

Do coletivo, nós os passageiros avistamos a menina seguir caminho um pouco amedrontada - nem tanto pelo risco que correu, mas justamente por não ter se dado conta do risco que correu.

"Esse pessoal fica com esse fone no ouvido escutando música e 'viaja'", alguém comentou. "Outro dia 'não sei quem' quase foi atropelado porque 'tava distraído, com um fone no ouvido", emendou outro.

Não é alarmismo não, nem lenda dos perigos urbanos.

É fato. Além do distúrbio sociológico - é cada um no seu mundinho e no do som que chega aos seus ouvidos - o hábito torna o andar nas ruas mais inseguro.

Pra tudo tem hora e lugar. A música pode esperar um pouquinho.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Há 39 anos, a inauguração do metrô. Sem a Margarida

A linha leste-oeste começou a operar depois, em 1979 (foto: Metrô SP)
De Curitiba
 
Há exatos 39 anos – em 17 de setembro de 1974 – o metrô de São Paulo começava a funcionar definitivamente.

(Este espetacular museu virtual da companhia estatal que opera o sistema narra a história do metrô desde os primeiros projetos, nos anos 20, até a operação atual: www.metromemoria.com.br)

A efeméride me fez viajar até o "Triste Margarida (Samba do Metrô)”, do genial Adoniran Barbosa.

No samba - uma crônica em forma de música -, o eu-lírico conta que, para conquistar a moça amada, escondeu que era operário de serviços urbanos, e fingiu ser engenheiro encarregado das obras do metrô paulistano.

(O que era um baita status, afinal a construção das linhas de trem por debaixo da terra mexia com o imaginário coletivo da megacidade)

Tem mais: além de dizer que o metrô de São Paulo estava sob suas responsabilidades, o figura conquistava a moça prometendo dar-lhe a honra de ser “a primeira passageira” no dia da inauguração.

Até que um dia, do ônibus, a moça avista o galanteador plantando grama no “barranco” da avenida.

Descobre que não tinha engenheiro nenhum, muito menos teria viagem inaugural de metrô.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Os 99 anos do compositor das dores do amor

Jornal do Brasil de 27 de agosto de 1974, quando Lupicínio Rodrigues morreu
De Curitiba

O compositor das dores do amor – ou da dor de cotovelo, simplificariam uns – completaria 99 anos hoje, segunda-feira, 16 de setembro de 2013.

Meu primeiro contato com a obra desse portoalegrense foi com "Nervos de Aço", na voz de Paulinho da Viola. Por sinal, a primeira versão de Paulinho da Viola, justo a que ficou mais conhecida, trazia algumas palavras trocadas em relação à letra original.

É o próprio Paulinho da Viola quem reconhece o equívoco. Em dois shows de Paulinho da Viola em que já fui em Curitiba, o sambista contou a história, mais ou menos assim:
  • “Quando encontrei Lupicínio Rodrigues depois que Nervos de Aço já fazia sucesso, ele, com todo jeito, me disse 'olha, gostei muito da gravação, mas só tem uma coisa...”
E então Paulinho da Viola explicou a pequena confusão.

A letra de Lupicínio diz assim:

"Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor, meu senhor
Ao lado de um tipo qualquer"

A primeira versão de Paulinho da Viola, no lugar de "ao lado de um tipo qualquer" veio com "nos braços de um outro qualquer".

Em outro trecho, Paulinho da Viola trocou o pronome possessivo. No original, Lupícinio declamava:

"Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço
Que nenhum pedaço do meu pode ser
"

Na gravação de Paulinho de Viola, saiu "Que nenhum pedaço do seu pode ser"
Capa de "Nervos de Aço", disco de Paulinho da Viola de 1973

Depois de avisado, Paulinho da Viola passou a cantar a letra original. Mas na memória coletiva a versão alterada resiste.

“Nervos de Aço” é, junto com “Se acaso você chegar...”, a música mais popular de Lupicínio Rodrigues. Tem outra também, famosa entre os tricolores gaúchos: o Hino do Grêmio Foot-Ball Portoalegrentese.

Ano que vem, portanto, é o ano do centenário de Lupicínio Rodrigues. Não sei se alguma escola de samba de Porto Alegre já pensou nisso, se não, está em tempo: homenagear o sambista das dores do amor com um belo enredo e samba.
  • Clique aqui e assista a um dos vídeos com a música "Nervos de Aço"

sábado, 14 de setembro de 2013

Santos de Pelé, o único brasileiro entre os 20 maiores da história

Uma das formações que encantou o mundo nos anos 50 e 60 (foto: Gazeta Esportiva)
De Curitiba

Costumo ser reticente com esses rankings de "maiores e melhores", "menores e piores", porque a relatividade das coisas desta vida impede crer em listas tão taxativas.

Mas, neste assunto, se fosse com outros times os corneteiros de plantão estariam a nos azucrinar com suas cornetadas, então desde já cornetemos nós.

Ao assunto: a Gazeta Esportiva informa que num levantamento feito pela "conceituada revista inglesa Four Four Two", o Santos Futebol Clube de Pelé, Pepe, Coutinho, Zito, Dorval, Pagão, Lima, Mengálvio, Gilmar dos Santos Neves e outras feras mais figura na sétima colocação entre os 20 maiores times da história do futebol mundial.

É o único time brasileiro a aparecer na lista, e o primeiro colocado das Américas (além do Peixe, só o Independiente, da Argentina, de 1971 a 1975, e o Boca Juniors, também argentino, de 1998 a 2003, estão rankeados).

Apesar disso, não fiquei satisfeito. Dos 20 melhores do mundo na avaliação da revista, não vejo nenhum mais que o Santos. Tsc, tsc, tsc. Bairrismo, europeucentrismo da publicação inglesa.

Confira a lista da Four Four Two:

1 - Ajax (HOL) de 1965 a 1973
2 - Milan (ITA) de 1987 a 1991
3 - Real Madrid (ESP) de 1955 a 1960
4 - Barcelona (ESP) de 2008 a 2011
5 - Liverpool (ING) de 1975 a 1984
6 - Inter de Milão (ITA) de 1962 a 1967
7 - Santos de 1955 a 1968
8 - Benfica (POR) de 1959 a 1968
9 - Bayern de Munique (ALE) de 1967 a 1976
10 - Torino (ITA) de 1945 a 1949
11 - Celtic (ESC) de 1965 a 1974
12 - Manchester United (ING) de 1995 a 2001
13 - Independiente (ARG) de 1971 a 1975
14 - Juventus (ITA) de 1980 a 1987
15 - Dynamo Kiev (UCR) de 1985 a 1987
16 - Boca Juniors (ARG) de 1998 a 2003
17 - Preston North End (ING) de 1888 a 1889
18 - Borussia Monchengladbach (ALE) de 1970 a 1979
19 - Budapest Honved (HUN) de 1950 a 1955
20 - Nottingham Forest (ING) de 1977 a 1980

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ansiedade do cão

A espera é difícil, mas se espera sonhando, diria Jorge Ben Jor (foto: WAA)
De Curitiba
 
Vocês sabem que não sou muito ligado em bichos de estimação – nada contra, até os aprecio, de longe.

Mas é impossível não se impressionar com essa figura aí da foto.

A casa fica em frente ao ponto onde apanho o ônibus todos os dias, ali no final da Silva Jardim, no bairro Seminário, em Curitiba, depois das 18 horas.

Enquanto espero o 265-Ahú/Los Angeles o cão, no portão, aguarda os donos.

Há outros dois cachorros menores na casa também, todavia este é o que fica de sentinela.

O olhar e os gestos exalam ansiedade. Atento a tudo e todos, o cachorro reage ao primeiro sinal  que, considera ele, seja um estranho movimento. Alguém assobiando ou conversando alto do outro lado da rua, o pedestre que passa trupicando na calçada em frente, passageiros que descem com malas dos ônibus de viagem vindos do interior e que param ali a caminho da rodoviária... Nada escapa à visão, à audição, ao tato e ao faro da fera.

Que se amansa e se alegra quando percebe que é o Fox dos donos que está se aproximando e faz a manobra para entrar na garagem. Nessa hora os outros dois cachorros menores, de latido agudo, se juntam ao atento guardião. Assim que os donos abrem o portão para estacionar o carro, automática e sabidamente o trio canino se afasta e se posiciona de modo a não correr o risco de ser atropelado.

Quando o pessoal desce do carro é um pula-pula, um lambe-lambe só.

Pode, do lado fora, ter alguém gritando, buzinando; podem os cachorros de rua ou os da vizinhança estar por perto, que nada faz o cão malhado - antes tão tenso, angustiado - deixar de dar as boas-vindas e festejar o reencontro.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Memórias de 11 de setembro

De Curitiba

No dia em que se completam 40 anos do atentado de 11 de setembro – aquele dos Estados Unidos contra o Chile, que derrubou o governo socialista de Salvador Allende e deu origem a uma das mais cruéis ditaduras – vai aqui a dica de um filme que conta essa história.

Trata-se de “A Batalha do Chile”, documentário indispensável a quem quer entender o mundo onde vivemos.

O filme é divido em três partes, que narram da chegada de Allende ao poder até o golpe militar de 1973, passando pelos boicotes impetrados pelo poder econômico durante o processo de implementação do socialismo chileno.

A terceira parte, sobre o golpe, é de arrepiar: traz imagens reais do bombardeio do palácio presidencial (La Moneda) e da resistência de Allende e seus apoiadores.

Mas o 11 de setembro chega com boas recordações também. O de 1963, quando o Peixe bateu o Boca Juniors e conquistou o bicampeonato da Libertadores da América.

  • Sobre essa história, aqui.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O Brasil, que ainda tem sede, exporta água

Transposição do São Francisco: promessa de água no sertão (foto: Codevasf)
De Curitiba

Embora o Brasil seja o país do mundo com maior fartura de água, a gente sabe que a distribuição dos recursos hídricos é desigual - a escassez é, por exemplo, marca do sertão nordestino.

Mas, mesmo com um Brasil que ainda passa sede, o país se dá ao luxo de exportar água.

A exportação é indireta ou virtual, conforme explica esta (migre.me/g0lrg) excelente reportagem da Unesp Ciência, baseada numa pesquisa coordenada pelo geógrafo José Gilberto de Souza, do campus da universidade estadual paulista em Rio Claro.

A água que a gente manda - anualmente, o equivalente ao que cada brasileiro consome durante 50 dias, segundo a pesquisa - vai junto com as commodities do agonegócio, em especial suco de laranja, açúcar e etanol.

É o "agro-hidronegócio", nas palavras de outro geógrafo citado na matéria, Antônio Thomaz Júnior (da Unesp em Presidente Prudente), que estuda conflitos agrários que têm o acesso a água como pano de fundo.

"A maior parte das pessoas só está monitorando a disputa pela terra, e esquecendo da água", alerta Thomaz Júnior.

Enfim, mais detalhes estão na matéria, linkada acima.

O que o material nos mostra é que a defesa do meio ambiente é muito mais do que a separação adequada do lixo, o fechar corretamente a torneira, ou o apagar das luzes do planeta uma vez por ano.

A defesa do meio ambiente passa pela luta contra o modelo econômico aí posto.

O agronegócio é nocivo à sustentabilidade dos recursos naturais e não gera comida nem empregos. Produz commodities e enche o bolso de poucos.

O que põe almoço e janta na nossa mesa, sem detonar terra e rios, é  a agricultura familiar, que dá oportunidade de trabalho e renda à gente do campo.

domingo, 8 de setembro de 2013

Previsão do tempo e tabela do Brasileirão. Já é possível conferir

Turbulência passou (foto: WAA)
De Curitiba

Por algumas semanas estava evitando dois tipos de consultas: à previsão do tempo em Curitiba e à tabela de jogos do Brasileirão.

A quase certeza de que o frio se intensificaria - ou, quando já intenso, de que não passaria tão cedo - é que causava a fobia à verificada na previsão do tempo em Curitiba.

A perspectiva de partidas sofríveis e sofridas do Peixe explicava o receio em me certificar do adversário seguinte.

Chegamos a setembro, ainda não pude conferir se os ipês curitibanos estão a florir anunciando o término da temporada de gelaca, mas a julgar por este final de semana é de se esperar que a previsão, daqui pra diante, reserve notícias mais animadoras sobre tempo e temperatura em Curitiba.

Chegamos ao fim do primeiro turno do Campeonato Brasileiro e, embora o Santos tenha dois jogos a menos, a primeira metade se encerra com o time se acertando. Certeza mesmo, só depois dos dois confrontos em atraso - contra o Internacional, nesta terça, e contra o Náutico (este só em outubro).

A turbulência, de céu aberto ou fechado, parece ter passado. Sigamos atentos, porém; o voo é longo.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O bolsa banqueiro continua a sugar nosso dinheiro

Daria pra implantar aeromóvel em cada cidade (foto: Governo Federal)
De Curitiba

Já falamos aqui, mas vamos repetir - até porque a aberração continua: não é salário de deputado e senador, não é gasto com funcionalismo, nem com viagens de autoridades, muito menos bolsas dos programas sociais. Não é isso que suga dinheiro deste país e impede que invistamos em escolas e hospitais "padrão Fifa".

O que emperra o nosso progresso é o bolsa banqueiro.

Isto é o bolsa banqueiro: nos primeiros sete meses deste ano, das receitas da União, Estados e Municípios, R$ 141,5 bilhões - ou 5% de todas as riquezas produzidas no Brasil - foram transferidos a bancos como pagamento de juros.

Os dados são do Banco Central.
 
Não à toa os bancos mês a mês batem recorde em lucros. No primeiro semestre do ano, apenas o Itaú, o Santander, o Bradesco e o HSBC lucraram, juntos, R$ 16,5 bilhões. Estamos falando de lucro, isto é, de sobra. 
 
Quanto sobra do seu salário?

Para se ter uma ideia do quanto é essa montanha de dinheiro chupada pelo bolsa banqueiro, basta comparar a cifra de mais de R$ 141 bilhões com os projetos de mobilidade urbana do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Em média, os projetos para as regiões metropolitanas estão orçados entre R$ 1 e 2 bilhões por região (ver aqui).

Ou seja, o que já foi pago em juros pra banco equivale a 100, 150 projetos de obras de metrô, VLTs, corredores de ônibus. Seria o fim do caos no trânsito.

Outro exemplo: há um mês, a presidente Dilma Rousseff inaugurou em Porto Alegre uma linha de aeromóvel, de pouco menos de 1 quilômetro de extensão. Custou R$ 37,8 milhões.

Com o dinheiro que foi gasto com banqueiro dava pra implantar 40 mil linhas iguais a essa de Porto Alegre - o que equivale, por baixo, a mais de dez linhas em cada um dos municípios de todo o território nacional.
 
Já era pra gente estar voando de aeromóvel há muito tempo.
 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Arrependimento, "só que não"

De Curitiba

Pra começar reitero que torço o nariz pras expressões como esta "só que não".

Só que tive que me render desta vez porque define com precisão este caso.

Falo do mea culpa que a Rede Globo fez dias atrás, ao publicar um texto em que admite ter sido um erro o apoio que deu ao golpe civil-militar de 1964.

("Ressurge a democracia" é o bizarro título do editoral que o jornal O Globo exibiu na primeira página da edição de 2 de abril de 1964, um dia depois da deposição do presidente trabalhista João Goulart)

O texto de dias atrás parece e faz parecer um arrependimento, só que a leitura atenta mostra que não, não há arrependimento.

Há apenas a confissão, 50 anos depois, de uma postura, condenável e que cada vez mais custa caro à imagem da Rede Globo.

Mesmo os que ideologicamente não estão no campo da esquerda ou não dispensam restrições ao comportamento da mídia identificam a Globo como apoiadora e beneficiada pela ditadura civil-militar de 1964 a 1985.

No seu texto (leia aqui) a Globo assume o erro do apoio ao golpe mas não confessa as vantagens obtidas pelo conglomerado com o regime de então. Tampouco se desfaz de seu conservadorismo, da defesa dos interesses das elites e do poder econômico. 

Pelo contrário, no mea culpa de agora a Globo repete a aversão às reformas de base que o governo trabalhista de João Goulart propunha e deixavam os conservadores em pânico. Em nenhum momento a Globo reconhece que se tratava de um delírio o temor de que se instaurava uma "ditadura sindicalista".

Como analisou o sociólogo Emir Sader, neste artigo publicado na Carta Maior no sábado, nem arrependimento, nem vergonha - o que levou a Globo confessar o erro foi a conveniência. 

O que não é de todo mal. Quem sabe daqui a algumas décadas a Globo se confesse sobre o caso Proconsult (tentativa de golpe para impedir a eleição de Leonel Brizola ao governo do Rio de Janeiro em 1982; saiba mais aqui), assuma o apoio a Fernando Collor, reconheça-se perseguidora dos governos populares da América Latina, etc etc etc.