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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

À capital da esperança

De Curitiba

Estaremos em Brasília para a virada do ano.

E para acompanhar a festa de posse da presidenta Dilma Rousseff, vítima de uma das campanhas eleitorais mais baixas da história deste país.

Para acompanhar também a despedida do presidente Lula, o mais popular mandatário deste país, e do planeta.

A Era Lula junta-se à de Vargas e de JK como as responsáveis pelas mais profundas mudanças, neste país.

Tempos destes, lendo "Por que construí Brasília", de autoria do próprio presidente JK e publicado pela primeira vez em 1975 pela saudosa Editora Bloch, e impressionante as semelhanças entre aquele e o atual período.

O livro de Juscelino narra os episódios relativos à construção e à transferência da capital federal, mas trata também de outros fatos de seu governo.

O convívio com uma oposição raivosa, por parte da grande mídia da época, é uma dessas semelhanças. Em várias passagens, JK lamenta que qualquer factóide dos opositores era tratado pelos jornalões como verdade inquestionável, e cita exemplos.

O perfil desenvolvimentista do governo JK é outro ponto que lembra muito o de Lula.

Se o primeiro tem o Plano de Metas ("cinquenta anos em cinco"), com a abertura de rodovias como a Belém-Brasília e a Transbrasiliana e as hidrelétricas do Rio São Francisco, o segundo tem o PAC e sua Transnordestina, Norte-Sul e hidrelétricas da Região Norte.

Até a integração sul-americana, um dos mais importantes avanços da Era Lula, encontra esboço na Era JK com a, chamada pelo então presidente, "Operação Panamericana", uma busca por aproximação com os vizinhos do continente.

Mas a marca de JK é, sem dúvida, Brasília.

Brasília estimulou a descentralização do desenvolvimento do Brasil.

E, além de tudo, é uma obra-prima de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

No carnaval deste ano que está acabando, a Beija-Flor, em homenagem aos 50 anos da nossa capital, nos apresentou um verdadeiro hino a Brasília. Foi buscar nas lendas indígenas a história daquele território que hoje abriga a cidade. 

"Lagrimas, fascinante foi a ira de Tupã
Diz a lenda que o mito Goyás nasceu
O brilho em Jaci vem do olhar
Pra sempre refletindo em suas águas é Paranoá, Paranoá"

E reverenciou os que ergueram a capital:

"Sou candango, calango e Beija-Flor
Traçando o destino ainda criança
A luz da alvorada anuncia:
Brasília, capital da esperança"

Agora, música genial sobre Brasília é do genial Alceu Valença. Na canção do pernambucano, Brasília é mais que uma cidade, é uma amante:

"-Qual é o seu nome
-Me chamo Brasília
Sabia que um dia
Ia te encontrar"

Depois de envolvido pela apaixonante, diz:

"Agora conheço sua geografia
A pele macia
Cidade morena
Teu sexo, teu lago, tua simetria
Até qualquer dia
Te amo, Brasília"

Se quiser conferir, o samba-enredo da Beija-Flor está aqui: http://migre.me/3k1kl

A música de Alceu Valença, aqui: http://migre.me/3k17v

O livro de JK, publicado pela editora do Senado em 2000, pode ser baixado aqui: http://migre.me/3k1uY

Feliz Ano Novo! Saúde, paz, sabedoria...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Curitiba só, com nó, sem dó

De Curitiba

É recorrente entre os que moram aqui.

Curitiba, nesta época, é uma fonte de melancolia. Se não a própria, melancolia.

E não é nenhum lamento não.

A fonte é tão forte e farta que torna a melancolia curitibana pitoresca.

Está certo que os últimos dias do ano são por natureza melancólicos.

É fim de festa, fim de feira, fim de ciclos, desencontros e despedidas.

Que em Curitiba encontram o cenário ideal.

É muito estranho ver o restaurante onde se almoça de portas fechadas, os botecos da rotina de portas cerradas, as grandes avenidas cotidianamente entupidas vazias, os arredores das faculdades desertos, e até os centros comerciais há pouco muvucados, transitáveis.

Olha, e não adianta você de fora querer vir conferir de perto.

A sensação não é a mesma.

Só quem conhece as ruas que durante o ano estão movimentadas e agora as atravessa sem precisar olhar para os lados tem a plena impressão de que houve um abandono geral, uma fuga coletiva, uma emigração em massa.

Deixam Curitiba só.

De dar nó, mas não dó.

Curitiba também precisa ficar um pouco na sua.

E a gente, na nossa.

Põe um disco do Cartola pra tocar na vitrola, meia-dúzia de brahma pra gelar, telefone não deixa nem tocar, e o coreto, é armar.
 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

É futebol no Natal

De Curitiba

Ei...

Tá, tá certo, a esta altura do ano, às vésperas do Natal, reta final, tempos de angústias e esperanças, ciclos se encerrando, busca por descanso, partidas em viagens, e a gente aqui ainda com essas blogadas e tuítadas...? Sinceramente...

Ah, mas dá um desconto, é que a oficialização, menos de 24 horas atrás, pela CBF, dos títulos brasileiros entre 1959 e 1970 é o reconhecimento que toda nação santista há muito pleiteava e esperava.

Merece, portanto, estar registrada aqui.

Ora, era inadmissível a entidade apagar a história do nosso futebol ignorando as conquistas das taças Brasil e Roberto Gomes Pedrosa.

Quem viveu aquela época sabe muito bem que primeiro a Brasil e depois o "Robertão" eram torneios nacionais e que davam aos vencedores o título de campeão brasileiro.

Quem não viveu, e não tem como perguntar a quem viveu, basta dar uma olhada em jornais da época.

Está lá nas manchetes, nos textos: os times que venciam a Brasil e, depois, o "Robertão", eram considerados campeões brasileiros.

Confere aqui no acervo de A Gazeta Esportiva: http://migre.me/38u60

A falta de reconhecimento pela CBF era dum absurdo, duma contradição bizarra.

Ora, como o Santos, bicampeão da América e bi mundial em 1962 e 1963 teria chegado a esses títulos sem ter sido campeão nacional?

Tá, tá bem, por hoje é só.

O registro para mostrar a satisfação está feito.

Fica, por enquanto, um "Feliz Natal" adiantado.

Mas de Santos, nos próximos dias, com a inspiradora maresia e sob os auspícios do Atlântico, talvez um "Feliz Natal" na data certa se dê por aqui.

Em tempo: Santos, octacampeão brasileiro de futebol.
 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

É carnaval no Natal

De Curitiba

Ops, nem chegou o Natal e já estamos aqui a tratar de carnaval?

Calma, que de repente tem até a ver - afinal, com o carnaval pode se presentear no Natal.

O cd dos sambas de enredo 2011 das escolas do Rio de Janeiro já está nas lojas.

Por aqui, já se comprou, se ouviu, se repetiu. Quase se decorou.

A quem possa interessar, uma breve, intrometida e nem um pouco objetiva análise dos sambas que vão ser cantados na Sapucaí, só em março, aliás - há tempo de sobra para estar com os hinos na ponta da língua (e, aos mais hábeis, com o samba na ponta dos pés).

A ordem é a das escolas preferidas. 'Bora lá:

- Vila Isabel bela: dum enredo aparentemente bobo ("Mitos e histórias entrelaçadas pelos fios de cabelo"), saiu um samba extraordinário. Foge o padrão - além dos dois refrões tradicionais, tem um bis que antecede o segundo refrão. Este, por sinal, é o ápice da letra. Resgata Noel Rosa:

"Modéstia à parte, amigo, sou da Vila
Quem é bamba nem sequer vacila"

- Portela: a escola de Osvaldo Cruz até vem se esforçando, porém ao menos no samba mais uma vez está difícil de ser campeã. Não é ruim, mas pelo enredo ("Rio, azul da cor do mar") era de se esperar algo mais empolgante, envolvente.

- Beija-Flor: o melhor samba-enredo de 2011. Fala de Roberto Carlos, com ênfase à sua produção musical. Dois pontos altos a se destacar. O primeiro refrão é um deles:

"Quando o amor invade a alma... É magia
É inspiração pra nossa canção... Poesia
O beijo na flor é só pra dizer
Como é grande o meu amor por você"

E a deixa para o segundo refrão, uma referência aos amores do Rei:

"De todas as Marias vêm as bênçãos lá do céu..."

Ah, e o samba é entoado por Neguinho da Beija-Flor, o melhor puxador em atividade, e entre os grandes da história.

- Salgueiro: o enredo é bem carioca, típico da escola. "Salgueiro apresenta: o Rio no cinema". Tem dois refrões bons - o primeiro feito sob medida para o estilo do Quinho, o puxador. Contundo, principalmente a segunda parte do samba, é meio arrastado.

- Mangueira: bela homenagem a Nélson Cavaquinho. O segundo refrão, no entanto, é meio raivoso, no afã de exaltar a escola:

"Mangueira é nação... É comunidade!
'Minha festa', teu samba ninguém vai calar!"

- União da Ilha do Governador: o enredo, "O mistério da vida", é bem desenvolvido. O segundo refrão faz ligeira referência ao clássico samba-enredo da escola, de 1978, "O Amanhã" ("Como será o amanhã/ Responda quem puder..."):

"Hoje eu quero brindar... A Ilha
Nessa avenida dos sonhos brilhar
O meu amanhã só Deus saberá
A vida vamos celebrar"

- Imperatriz Leopoldinense: muito interessante o enredo, que fala sobre as formas de (se tentar a) cura ("A Imperatriz adverte: sambar faz bem à saúde"), e é muito bem desenvolvido pelo samba.

- Unidos da Tijuca: não é extraordinário, mas bom o suficiente pra não prejudicar o impacto que as invenções do Alexandre Barros costumam causar no público. O enredo: "Esta noite levarei sua alma".

- Mocidade Independente de Padre Miguel: depois de muito tempo não se via na escola um samba tão bom. E o puxador, o Nêgo, não é muito cheio de firula no entoar, mas muito competente. O enredo: "Parábola dos divinos semeadores".

- Porto da Pedra: o enredo, "O sonho sempre vem pra quem sonhar", faz uma bonita homenagem à escritora Maria Clara Machado.

- São Clemente: o samba é sobre a cidade do Rio de Janeiro ("O seu, o meu, o nosso Rio, abençoado por Deus e bonito por natureza"). Abusa dos lugares-comuns.

- Grande Rio: o intérprete, o Wantuir, é - tirando Neguinho, claro - o melhor atualmente. Consegue transformar um samba bom, mas comum, num samba extraordinário. O enredo é espetacular ("O Y-Jurerê Mirim - A encantadora ilha das bruxas - Um conto de cascaes"), sobre a história e histórias de Florianópolis. O samba, no entanto, não dá a devida dimensão do enredo; salva-se pelos dois contagiantes refrões graças, repita-se, ao talento do Wantuir.

É isso. Bom carnaval! Ops, antes, Feliz Natal!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Concertos pra (des)consertar

De Curitiba

Último final de semana antes do Natal do ligeiro 2010.

Que, além das compras inevitáveis da época, pode ser aproveitado curtindo um pouquinho de música ao ar livre.

Duas dicas.

Em Curitiba, de onde se escreve o blog, é a apresentação do Natal do Palácio Avenida.

Neste sábado ou no domingo, às 20h30.

É um barato ver o coral da molecadinha, de seleto repertório.

O ponto alto é o trecho dedicado aos ritmos dos vários povos que formam a nação brasileira.

Vale principalmente pra quem tem criança.

Em Santos, a terra do blogueiro, a sugestão é o concerto da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp.

Domingo, 19h30, nas areias da Praia do Gonzaga.

'Bora lá, é de graça, não machuca o bolso como as compras.

E alimenta a alma.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Cúpula da cópula

De Curitiba

Das mais progressistas políticas do Governo Lula está a de relações exteriores, que tem no conterrâneo Celso Almorim seu timoneiro.

Em especial na aproximação com nossos vizinhos de continente.

Nesta quinta, dia 16, e sexta, dia 17, em Foz do Iguaçu, Lula participa de sua última Cúpula do Mercosul.

Coincidentemente, passa adiante a presidência (rotativa) do bloco também, para o colega do Paraguai, Fernando Lugo (que, felizmente, parece estar com a saúde re-estabelecida).

Lula deixa a presidência da República e a atuação na Cúpula todavia os brasileiros e latino-americanos nacionalistas podem ficar sossegados que o processo de integração regional não será interrompido pela presidenta Dilma.

Pelo contrário.

Dilma deve dar continuidade, e mais intensamente, à relação solidária, de irmãos, com as nações de nuestra América.

Estava nesse ponto uma das principais diferenças entre a candidatura da petista e a do tucano José Serra.

(Como é que Plínio de Arruda Sampaio, Marina Silva, não enxergavam isso?)

Serra era o candidato da Alca - subserviência à América do Norte, paulada na América do Sul.

Dilma era - é, será - a sequência da ação do Lula. Unir o Sul para lidar de igual para igual com o Norte.

A nossa elite conservadora - que conhece as lojas de Miami e as esquinas de Nova Iorque mas não exerga o que se passa além Higienópolis ou Barra - tem "horror!" a essa amizade com ameríndios.

Então se você ficar só nas globos, vejas, folhas e assemelhados capaz de só se deparar com desdém ou forçação de intrigas entre nós e os vizinhos.

("Eu sou da América do Sul/ eu sei, vocês não vão saber...")

Aqui ao lado, tem uma lista de sugestões pra você se inteirar do tema por outros olhares.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Arquiteto do sopro

De Curitiba

Quarta-feira, dia 15, uma festa memorável vai ocorrer em Niterói.

Será o aniversário de 103 anos de um dos fenômenos da humanidade: Oscar Niemeyer.

O presidente Lula e a presidenta Dilma foram convidados.

Tomara estejam lá, porque Niemeyer merece todas as homenagens.

Oscar Niemeyer, como dito, é um fenômeno.

Talento, sensibilidade social, espírito revolucionário, genialidade, humildade.

Tudo extraordinariamente conservado aos 103 anos de vida.

De vida.

Há pouco mais de um mês, Niemeyer nos apresentou sua mais recente criação: o monumento a ser erguido em frente ao Museu Pelé, em construção em Santos e que estará pronto em 2012.

(Pelé conferiu de perto o projeto, em visita ao escritório do arquiteto, no Rio, em 4 de novembro - foto)

Há pouco mais de um mês, Niemeyer estava engajado no processo eleitoral, reafirmando suas convicções políticas, com coragem, firmeza e envolvimento não encontrados em muita gente mais jovem que se diz politizida ou cidadão atuante.


E, há mais de um século, faz da vida - a qual ele define como "um sopro" - uma bênção.

A festa de aniversário de Oscar Niemeyer será na nova sede da fundação que leva o seu nome, no Caminho Niemeyer, na bela Niterói.

A trajetória e obra de Oscar Niemeyer você confere no portal da fundação: www.niemeyer.org.br.

História que está registrada também no documentário "A vida é um sopro", cujo trêiler e mais informações estão aqui: www.avidaeumsopro.com.br

Lá estão também testemunhos de Saramago, Chico Buarque, Eduardo Galeano, sobre nosso arquiteto de vida.

Da vida.

Um sopro.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Por onde anda Noel...?

De Curitiba

O dia é de justas homenagens a um dos maiores brasileiros da história.

O dia é de celebrar Noel Rosa que, se vivo neste plano estivesse, completaria em 11 de dezembro de 2010 um século de vida.

O centenário tinha que cair num sábado, dia de samba.

Qualquer coisa que se escreva aqui parece ser muito pouco para retratar com a devida precisão a imensidão de Noel.

Vamos dar uma navegada no fantástico samba-enredo da Vila Isabel bela deste ano, de autoria do Martinho da Vila - Isabel, sempre ela.

Porque o samba - desta década, pelo menos, o mais bonito do carnaval carioca - é uma verdadeira biografia em forma de música.

O primeiro refrão do samba nos lembra que Noel Rosa nascia num ano histórico. 

O ano da passagem do Halley e o ano da grande revolução na Marinha, comandada pelo almirante negro João Cândido:

"Veio ao planeta com os auspícios de um cometa
Naquele ano da Revolta da Chibata"

Logo em seguida, registra a importância de Noel para o samba, para a MPB. Noel trouxe o samba do morro para o asfalto, tirando o estilo do gueto, incorporando à cultura nacional:

"A sua vida foi de notas musicais
Seus lindos sambas animavam carnavais
Brincava em blocos com boêmios e mulatas
Subia morros sem preconceitos sociais"

A narrativa ganha uma pitada de melancolia ao falar da partida, tão precoce - Noel Rosa morreu aos 26 anos de idade:

"Foi um grande chororô
Quando o gênio descansou
Todo o samba lamentou, ô, ô, ô"

Morreu? Não, Noel só partiu desta:

"Fez a passagem pro espaço sideral
Mas está vivo neste nosso carnaval"

Com Noel, continuamos a cantar, sambar, filosofar:

"E a fantasia que se usa
Pra sambar com o menestrel
Tem a energia da nossa Vila Isabel!"

Neste link - http://migre.me/2SdbQ - você assiste a um trecho do desfile da Vila Isabel neste ano, naquela parte em que os narradores e comentaristas param de falar e deixam o samba rolar, com a legenda na tela. Ou seja, além de ver a apresentação da nossa Vila, acompanha o histórico samba-enredo na íntegra.

(A Vila Isabel ficou perto do título - terminou em quarto no carnaval deste ano - e o samba recebeu 10 de todos os jurados)

Já neste link aqui - http://migre.me/2Sdlv - você confere informações do documentário "Noel, o Poeta da Vila", com Camila Pitanga.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Fluminense é TRI, não bi brasileiro

De Curitiba

O Fluminense conquistou neste domingo o terceiro, e não o segundo, título de campeão brasileiro.

Afinal, a disputa pelo título de campeão nacional de futebol não começou em 1971.

Data de 1959, com a Taça Brasil.

Está nas mãos da CBF o Dossiê da Unificação dos Títulos Nacionais, do jornalista Odir Cunha, com 200 páginas recheadas de matérias de jornais e entrevistas e  com depoimentos gravados em vídeo, que fazem a CBF lembrar o que todo mundo que naquela época acompanhava futebol sabe: a Taça Brasil, de 1959 a 1967, e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, de 1968 a 1970, eram os campeonatos que consagravam o campeão brasileiro, anualmente.

A reprodução acima é da capa da Folha de S. Paulo e se refere à conquista do quinto título brasileiro do Santos, do total de oito que o Peixe possui (1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1968, 2002 e 2004).

Está bem claro, na manchete: "Santos, pentacampeão brasileiro".

O Fluminense, campeão 2010, tem também os títulos de 1984 e de 1970.

Santos, Fluminense e ainda Palmeiras, Cruzeiro, Botafogo e Bahia são outros clubes com títulos de campeão brasileiro anteriores a 1971 e que, juntos, pleiteiam na CBF manifestação definitiva.

Essa história de considerar 1971 como início do campeonato brasileiro foi invenção, primeiro, da revista Placar e seu Grupo Abril, que viu estabelecer esse marco como estratégia de marketing, de vendas, para a publicação que surgia; e, depois, da Globo, que, por não existir, não cobriu os campeonatos anteriores e os ignora.

A história do futebol no país que mais copas do mundo tem - mais da metade, antes de 1971 -  não pode, porém, ficar refém do gosto e interesses de duas corporações.

Para saber mais, acesse www.octacampeao.com.br

sábado, 4 de dezembro de 2010

Vai chegar aonde?

De Curitiba

A gente que anda de ônibus às vezes reclama do motorista que pára longe da calçada, dá arrancadas e freadas bruscas, trata passageiros com impaciência.

Mas a gente precisa observar também as condições de trabalho dos nossos condutores.

Primeiro, o desrespeito dos motoristas de carros particulares: ignoram a preferência ao transporte coletivo, estacionam em fila dupla ou nos pontos de ônibus.

E o desrespeito, principalmente, dos donos das viações, quase sempre respaldados pela omissão - quando não conivência - de certos governantes à frente do poder público.

Olha o que, não de agora, ocorre na região metropolitana da Baixada Santista e em várias outras do estado de São Paulo:

Nesta semana, um motorista da linha 23, em Santos, passou mal ao volante, perdeu o controle do veículo e bateu em automóveis estacionados na avenida da orla, na Ponta da Praia.

Por sorte, além do motorista, ninguém mais se machucou.

A categoria denuncia que o estresse acomete quase todos os trabalhadores da Viação Piracicabana, empresa do Grupo Constantino (da Breda, da Penha, da Gol Linhas Aéreas) que monopoliza o transporte no município (e em outros municípios paulistas também).

Essa e boa parte da empresas no estado de São Paulo eliminaram a figura do cobrador, desde que as catracas eletrônicas começaram a ser implantadas, há dez anos.

O motorista, se não bastasse cumprir sua árdua missão de dirigir no cada vez mais caótico, selvagem trânsito das nossas cidades, passou a ter que cobrar a tarifa, se preocupar com troco, liberar a roleta, e realizar outras tarefas nas quais era auxiliado pelo cobrador - prestar informações ao passageiro sobre onde descer ou operar as portas de acesso a cadeirantes.

Um projeto de autoria da deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT), obrigando as empresas a manterem o cobradores nos coletivos, chegou a ser aprovado pela Assembleia Legislativa, tornando-se lei (12.252) em 2006.

No ano seguinte, todavia, recém-empossado o então governador José Serra (PSDB), como se fora um procurador do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Paulo (Setpesp), ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.

(Exato, é esse o Serra que meses desses aparecia na campanha à Presidência da República posando de defensor dos direitos do trabalhadores)

Enfim, a lei está suspensa.

O que não impede que as administrações municipais, ao licitarem e firmarem com os operadores o contrato de prestação de serviço, estabeleçam a exigência de ônibus com motoristas e cobradores.

Se a Prefeitura de Santos, por exemplo, fixou que a permissionária deveria implantar em pontos de maior movimento na cidade painéis como o da foto acima, indicando o tempo de chegada das linhas, por que não se preocupa com a qualidade do trabalho dos funcionários que, por tabela, é a qualidade do serviço de transporte propriamente dito?

Por que está ao lado dos patrões como Constantinos, e não dos trabalhadores, e dos usuários?

Mais do que saber em quantos minutos chega o ônibus, a gente quer ter a segurança de que chega, e de que chegaremos.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Be-ba-do-sam-ba

De Curitiba

Tinha que ser Paulinho da Viola para, em alguns versos, traduzir o que o samba - esse gênero que merece uma data no calendário, 2 de dezembro - representa.

"Eu canto o samba
porque só assim
eu me sinto contente
eu vou ao samba
porque longe dele
eu não posso viver
Com ele eu tenho uma velha intimidade,
se fico sozinho, ele vem me socorrer"

Na terra onde se escreve este blog a programação de eventos em referência - e reverência - ao samba vai, ainda bem, além do dia 2.


Na terra do blogueiro, aliás terra de samba, Santos, também tem muita reverência, até o final da semana.

A mais simbólica, e bonita, das atividades, é a "Alvorada do Samba".

Às 6 da manhã, ao amanhecer, sambistas da região, acompanhados pelas baterias das escolas da cidade, darão 21 batidas de surdo no pé do Morro do Monte Serrat, onde existiu o Quilombo do Pai Felipe.

Você confere as informações aqui: http://migre.me/2AsHs

Beba da chama você também.

Ê, Paulinho da Viola...
 

sábado, 27 de novembro de 2010

O presente será o passado

De Curitiba

Esta semana lideranças de várias partes do país participaram, em Santos, do Fórum Nacional das Cidades Históricas (na foto, um dos passeios turísticos da cidade, de bonde).

Ao menos pelo que foi divulgado, não se tratou, nesse encontro, de um ponto importante para ser levado em conta na preservação da nossa memória.

É a necessidade de se colocar freios na especulação, na sanha imobiliária.

O Brasil vem registrando crescimento econômico como há décadas não se via, e a construção civil é o maior termômetro dessa fase.

O que é bom, afinal a construção civil é o setor que mais gera empregos.

Mas a gente não pode se tornar refém do apetite das construtoras.

Do dia para noite, chalés, casas e casarões vêm ao chão para dar lugar a arranha-céus.

Está sendo aqui em Curitiba.

Está sendo assim na própria Santos, sede do tal fórum.

Foi amedrontador passar dia desses na Euclides da Cunha, na Pompéia, e ver que o prédio da Faculdade de Comunicação Social, a Facos, da Universidade Católica de Santos, não existe mais.

O terreno, já sendo mexido, está rodeado de tapumes e enfeitado com bandeirolas e outdoors de propaganda de megaluxuoso condomínio, privado, a ser erguido ali.

Ora, mais do que discutir formas de se recuperar o passado, é hora de se preservar o presente.

Cuidar do presente para, no futuro, garantir o passado preservado.

Não é ser contra o "progréissio", de que "sempre escuito falá".

Mas em nome do progresso a gente não pode sepultar nossa cultura imaterial.

Até porque o verdadeiro progresso, você sabe, não se mede pela quantidade e qualidade de "edifícios artos".

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Assim não...

De Curitiba

Aos leitores mais antigos desnecessário dizer, mas aos recém-chegados é bom destacar que aqui repugnamos as ideologias e práticas privatistas.

Porque - sabemos - o privado pensa e busca, essencialmente, o lucro.

E o foco e a busca pelo lucro, quase sempre, levam a caminhos opostos ao interesse da coletividade.

Quando é para se mirar e se correr atrás do lucro, não importam a exclusão social, a degradação do meio ambiente, a solidariedade.

O que se tem é a competição insana.

A exploração de riquezas naturais de uma nação, projetos estratégicos e áreas vertebrais para a soberania de um povo não podem, pois, serem entregues ao comando particular.

Por isso somos contra a privataria.

E é bom deixar clara a amplitude do conceito "privataria".

Privatizar não é só a venda direta, explícita, de um bem público a um grupo privado.

A privataria se dá de forma camuflada também.

O governo do PSDB e do DEM com Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, privatizou o ensino superior.

Não que eles tenham vendido alguma faculdade ou universidade federal.

Eles privatizaram sucateando essas instituições. Deixaram de investir em laboratórios, em infraestrutura, em contratação, salários e capacitação de professores e outros profissionais.

Um caos que, mesmo hoje, oito anos depois do Governo Lula e de seus dois extraordinários ministros da Educação - Cristóvão Buarque e Fernando Haddad - não foi sanado.

Sem abrir vagas, implantar mais campi nem construir novas universidades públicas, o governo de FHC/PSDB/DEM deixou que a rede particular tomasse o espaço.

Estão aí em tudo quanto é canto faculdades de fundo de quintal.

É a privataria.

Outro exemplo, bastante recorrente: utilizar estatais (das poucas que escaparam da sanha entreguista de FHC/PSDB/DEM) fortes para serem coadjuvantes em empreendimentos.

(Coadjuvantes em termos. Que elas são protagonistas nos investimentos, mas café-com-leite na tomada de decisões e na obtenção dos dividendos. Entram com a grana suficiente para financiar a empreitada, todavia limitada para não ter a parte majoritária do negócio.)

Mais: delegar a administração de serviços (creches, escolas, hospitais) para negócios corporativos disfarçados de instituições como ongs, oscips e assemelhadas.

E por aí vai...

... não é privataria?

sábado, 20 de novembro de 2010

Rumo à igualdade

De Curitiba

Desde a chegada dos portugueses até os dias de hoje são 510 anos de história.

Desses 510 anos de história, durante 388 anos - quase quatro séculos! - nós escravizamos nossos irmãos negros.

Temos, portanto, uma dívida social e humana impagável com nossos irmãos afrodescendentes.

Temos, portanto, a obrigação moral de promover, apoiar, intensificar toda e qualquer ação que resgate a igualdade entre nós, seres humanos, igualdade essa que ignoramos, destruímos nos 388 anos de escravidão e que pouco construímos nos últimos 122 anos de escravatura abolida.

Felizmente, com o Governo Lula, demos uma acelerada nesse rumo.

Sim, não se antecipe dizendo que estamos a fazer propaganda partidária aqui, é só ter um mínimo de conhecimento do que foi feito e dos indicadores para constatar: graças às políticas de inclusão do Governo Lula, a desigualdade entre a elite branca e a maioria negra vem diminuindo.

Acompanhe esses - entre outros - números, do IBGE e do Ipea, retirados de reportagens publicadas hoje no Jornal do Brasil (www.jb.com.br) e na Agência Brasil (www.agenciabrasil.gov.br):

  • De 2007 a 2010, a renda da população negra cresceu o dobro da renda da população branca: 38% a 19%.
  • E a população negra se concentra nas classes mais pobres: 50% dela está na classe D, 34% na classe C e 13% na classe E. Só 1% dos negros no Brasil está na classe A. Essa classe e a B são constituídas, em sua esmagadora maioria, por brancos.
É por esse abismo de classe social entre negros e brancos, retratados também nos dados a seguir, que cotas raciais em universidades e concursos públicos são, sim, políticas de igualdade e de inclusão, e não de ratificação da discriminação, como querem fazer crer a elite conservadora e os neocons:

  • Entre os brancos, 15% da população com mais de 25 anos possui ensino superior completo.
  • Entre os negros, só um terço disso: 4,7% conseguiram acessar e concluir uma faculdade.
  • Entre a população brasileira branca, a média de estudo é de 8,3 anos. Entre a população negra, só 6,7 anos.
A personagem na foto acima (da série de reportagens da Agência Brasil) é Amanda Ribeiro, um dos exemplos desse Brasil que procura se redimir do passado cruel da escravidão e da exclusão.

Além das reportagens citadas, nos seguintes endereços na internet você encontra informações e histórias que fazem com que o país, hoje, tenha, com o Dia da Consciência Negra (que deveria ser feriado nacional), uma data para se refletir:

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Na ferida


De Curitiba

Nem tributária, nem política.

A reforma de que o Brasil precisa, com urgência, é a das telecomunicações.

Dois passos históricos já foram dados: na última semana, com o Seminário Internacional das Comunicações Eletrônicas e Convergências de Mídia; há cerca de um ano, com a Conferência Nacional de Comunicação, depois das etapas estaduais.

Todas eles com a participação de representantes do poder público, da sociedade civil organizada e do empresariado.

Tudo, portanto, com ampla e democrática discussão.

Agora, vacine-se.

'Que se a Dilma encarar mesmo esse desafio vai levar bomba da grande mídia.

Virá, a meia-dúzia de famílias que controlam as redes de comunicação do Brasil, com a ladainha de que qualquer regulamentação representa atentado à liberdade de expressão.

Só por desconhecimento ou má-fé para embarcar nesse trololó.

Como, a exemplo de tantos outros, bem frisou o ministro Franklin Martins, "regulação do conteúdo da mídia é necessária, ocorre em outros países e não significa censura".

Pelo contrário. É garantir, de fato, vez e voz a mais gente. É assegurar, portanto, a plena liberdade de manifestação.

Mais sobre os por quês dessa imprescindível reforma e ainda experiências da Espanha, Portugal, Canadá e Argentina, você pode conferir no portal do seminário da semana passada.


sábado, 13 de novembro de 2010

À festa de encerramento

De Santos

Está contagiante o clima olímpico em Santos neste feriadão por conta das finais dos Jogos Abertos do Interior.

Os Jogos reúnem 14 mil atletas de 220 municípios do estado de São Paulo. Desde iniciantes e amadores até campeões mundiais em suas modalidades.

O evento é realizado pelo Governo de São Paulo e Prefeitura de Santos, com o fundamental patrocínio da Caixa Econômica Federal, banco públlico fortalecido pelo Governo Lula.

A Caixa cumpre um papel que mostra como é importante a existência de estatais para o crescimento econômico e o desenvolvimento social do país.

Como empresa, ela busca sim o lucro - mas os dividendos não enchem os cofres de magnatas, são revertidos em projetos em prol das comunidades.

É por razões assim que a gente condena a venda que os governos demo-tucanos fizeram da Vale do Rio Doce, CSN, Usiminas, Cosipa, Banespa, Light, Eletropaulo e dezenas outras. É por exemplos assim que aqui defendemos veementemente a eleição de Dilma Rousseff, contra o retrocesso à privataria.

Voltando aos Jogos Abertos, o encerramento será neste domingo, dia 14, às 13h30, na Arena Santos, que deverá estar repleta de famílias e será palco daquelas confraternizações que só o esporte nos consegue propiciar.

Mais sobre os Jogos em www.santos.sp.gov.br/jogosabertos

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dez anos sem o guerreiro


De Curitiba

Se você não conhece a história deste homem, por favor, uns minutos de atenção.

É imprescindível saber o mínimo da história dele.

Afinal, este homem, David Capistrano da Costa Filho, está para a saúde pública do Brasil assim como Paulo Freire está para a educação.

Uma pena, perdemos Capistrano cedo.

Ele morreu há exatamente dez anos, em 10 de novembro de 2000, com 52 anos de idade.

Tinha complicações no fígado, decorrência do tratamento contra a leucemia, a qual havia superado 20 anos antes.

Capistrano foi um guerreiro de sua saúde e da saúde dos brasileiros.

Tratamento da aids, saúde da família, saúde mental, policlínicas públicas são programas do Sistema Único de Saúde (SUS), referências nacional e internacional, que começaram a ser implantados por David Capistrano.

Primeiro, como secretário de Saúde de Santos, na gestão da prefeita Telma de Souza, entre 1989 e 1992. Depois, como prefeito do município, entre 1993 e 1996.

Foram levados para o restante do país quando Capistrano, em 1997, integrou a equipe de Adib Jatene no ministério da Saúde.

Também foi Capistrano que colocou em prática, em Santos, o embrião do Bolsa Família, o Bolsa-Escola.

Lamentavelmente, o legado de David Capistrano ainda é pouco reconhecido.

Mesmo em Santos, Capistrano sempre foi muito injustiçado.

Uma elite conservadora e preconceituosa não engolia aquele comunista e nordestino de Recife revolucionando o município.

Apanhava diariamente da mídia local, principalmente do maior jornal, A Tribuna, e da maior rede de rádio, controlada pelo principal opositor, Beto Mansur, que depois viria a ser eleito prefeito.

O mais emblemático episódio desse ódio ocorreu com o hospital que Capistrano construiu na Zona Noroeste, em região carente da cidade, e batizou com o nome de Che Guevara. A filha de Che, médica como o pai, Aleida Guevara, até participou da inauguração.

Capistrano foi bombardeado, massacrado pela iniciativa - o tal Mansur, assim que assumiu a prefeitura, mudou o nome do hospital.

Felizmente, o tempo, sempre ele, dá conta de colocar tudo no devido lugar.

No último domingo, A Tribuna publicou bela reportagem enaltecendo a obra de Capistrano.

Nesta quarta, às 18h, uma sessão solene na Assembleia Legislativa de São Paulo vai homenagear o ex-prefeito, médico sanitarista.

Na internet, há muito tempo, porém, o Memorial David Capistrano nos conta um pouco de sua história.

Acessando lá você lê depoimentos emocionantes de Adib Jatene, de Luis Nassif, Breno Altman, José Serra, entre outros.


Hoje, Capistrano inspira várias ações, como o Humaniza Brasil: www.humanizabrasil.org.br

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Olimpíada caipiro-caiçara no ar

De Curitiba

Os Jogos Abertos do Interior de São Paulo são o maior - e mais tradicional - evento esportivo do Brasil.

Na edição deste ano, a 74ª, em Santos, são competições em 35 modalidades, com a participação de 14 mil atletas representando 220 municípios.

Campeões nacionais, recordistas sul e panamericanos e medalhistas olímpicos passarão por piscinas, pistas, ginásios, campos e outros palcos mais nos dez dias de evento.

Talentos, ainda em formação, de lá poderão sair também - Hortência e Paula, para ficar em dois exemplos emblemáticos, despontaram nos JAIs, nos anos 70.

Fora o clima de festa, de confraternização.

Por essas e outras os Jogos Abertos do Interior são chamados de "Olimpíadas-Caipira" - ainda que, sendo mais uma vez em Santos, esta edição será bem caiçara.

A cerimônia de abertura, intensamente ensaiada nas últimas semanas, ocorre nesta sexta, dia 5, às 18h30, no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro.

Os primeiros vencedores, todavia, foram conhecidos já nesta quinta, 4, quando começaram provas de modalidades como ciclismo e ginástica rítmica.

Bom, enquanto não possamos conferir in loco, vamos acompanhando o desenrolar do megaevento pela internet, no www.santos.sp.gov.br/jogosabertos.

E na torcida para mais um título santista, o qual seria o 26º de toda a história dos Jogos. Ficaríamos com o dobro do maior rival, São Caetano do Sul, que acumula 13 e ocupa o segundo lugar em conquistas.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Luta pelo Brasil

De Curitiba

A gente tem o direito de comemorar um pouquinho antes de expressar aqui reflexões mais profundas, né?

Afinal, foi uma campanha contra a nossa presidenta eleita baseada em argumentos tão baixos, reacionários, caluniosos, que depois dessa vitória acachapante merecemos uma relaxada.

Sim, a vitória foi acachapante - 12 pontos percentuais de diferença, quase 56 milhões de brasileiros optaram pela continuidade das mudanças e não pelo retrocesso aos tempos da privataria e estagnação.

Acachapante também porque, como dito, Dilma não enfrentou argumentos político-ideológicos. Enfrentou injúrias - chulas, preconceituosas.

Acachapante ainda porque tinha como adversário não apenas uma coligação partidária formalmente constituída.

Teve como adversária, nossa Dilma, uma rede de comunicações conservadora. Principalmente Veja, Folha, Globo, Estadão e seus tentáculos trabalharam na desconstrução da imagem da futura presidenta desde 2007 e, nos últimos meses, acentuaram o bombardeio se lixando para a verdade dos fatos.

O povo, vacinado, porque viveu as mudanças, e não é bobo, deu a resposta nas urnas.

Parabéns Dilma, parabéns aos que lutam pelo Brasil. E continuemos na luta!

sábado, 30 de outubro de 2010

Até o apito final



De Curitiba

A campanha eleitoral que agora termina em muito se assemelhou à de 1989.

Vinte e um anos atrás, o Brasil pela primeira vez depois de quase três décadas ia às urnas para eleger seu presidente.

Como agora, duas candidaturas se opunham: a da esquerda, com Lula, a da direita, com Collor.

Aquela, como a de agora, foi marcada por episódios baixos, por uma onda de boataria raivosa, mas cômica de tão ridícula.

Como cômica de tão ridícula foi a onda de calúnias contra a candidatura da centro-esquerda de agora, a de Dilma, que se opõe à da direita, a de Serra.

Diziam, em 1989, que Lula pintaria a bandeira do Brasil de vermelho e tomaria a propriedade de todos nós, entre outras bobagens mais pesadas.

Disseram, em pleno 2010, que Dilma defende a morte de criancinhas e que disse ela ter "tanta força" que "nem Jesus Cristo lhe tiraria a vitória".

Ver e ouvir os de má-fé reproduzindo tanta asneira até a gente nota algum sentido - afinal são, essas pessoas, de má-fé.

O que espanta é ver gente dita "letrada" e "bem esclarecida" cair nessas armadilhas.

Bom, mas a campanha lembrou a de 89 também por fatos positivos.

A mobilização popular e de lideranças de diversos segmentos da sociedade, para se contrapor a essa campanha baixa, foi mais marcante - e decisiva para se esclarecer tanta difamação - do que a mais absurda das absurdas veiculadas.

Líderes cristãos progressistas - católicos e evangélicos - e de outras religiões; centrais sindicais e outros movimentos sociais; professores, cientistas sociais, artistas, muita gente, consciente da importância destas eleições para os rumos do Brasil, veio a público mostrar a cara. Não se esconderam, todos eles, no eufemismo da "independência" ou no comodismo do "voto nulo", e tomaram posição.

Tomaram posição porque, desprovidos de preconceitos sociais, sabem reconhecer que com o Governo Lula o país avançou, muito.

E porque sabem que a continuidade desse processo - com mais celeridade e mudanças - só pode ser assegurada por Dilma.

Porque sabem que a candidatura de Serra representa as forças truculentas da direita, aquelas que ganharam muito nos anos de Governo Lula, todavia, transbordando de preconceito e ojeriza às massas populares, negam-se a reconhecer as mudanças.

Porque sabem, todos os que não ficaram no muro e se uniram por Dilma, que Serra representa o neoliberalismo, um modelo de governo que nos colocou, no Governo FHC, de joelhos diante do FMI, do capital especulativo internacional, e que entregou nosso patrimônio de bandeja aos estrangeiros. Sem que, com isso, déssemos um passo sequer para minimizar nossas injustiças - pelo contrário, a exclusão foi mantida, quando não aprofundada.

Tá chegando a hora mas, como no futebol, o jogo só acaba quando termina.

O tempo regulamentar está quase esgotado e, mais alguns acréscimos, é hora de continuar com a defesa bem postada, cerrar a marcação no meio de campo e seguir tocando a bola no ataque. Sem desespero, sem cair em provocações, mas com muita firmeza ainda.

É hora de sair com bóton no peito, adesivo no carro, bandeira na mão e ficar atento, muito atento, a eventuais investidas inimigas de última hora.

Ah, e das boas referências a 89, a versão para Dilma do histórico jingle "Lula, lá, brilha uma estrela", para embalar a reta final.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Fiquemos com o futuro

De Curitiba

A edição deste final de semana do jornal Brasil de Fato traz um editorial primoroso.

Que deve ser lido por quem está indeciso neste segundo turno de eleições presidenciais e, principalmente, deve ser lido por quem está pensando em anular o voto ou aproveitar o feriadão para viajar e se abster de votar.

"A história não tem rascunho" é o título do texto.

Ou seja, fez, tá feito; deixou de fazer, deixado está - não há como, ao se arrepender, passar a borracha e refazer.

Não dá, portanto, para entoar essa cantinela de que é tudo igual.

Não é.

Pode não ser o ideal, o dos sonhos, mas tudo igual, não é.

Entrar nessa é fazer o jogo dos que querem enfraquecer a luta ou pelo menos o desejo pela construção de uma nação mais justa.

É preciso saber identificar quem vai na contramão dessa construção.

Quem tem mais a contribuir, quem tem mais a prejudicar.

Ora, com um mínimo de sensibilidade social, com conhecimento razoável da história recente do país e bebendo das fontes alternativas de informação é possível detectar as diferenças entre as candidaturas postas.

Podem não ser diferenças colossais; são, entretanto, marcantes e fundamentais.

De um lado, a candidatura da Dilma que é o voto pela continuidade do processo de desenvolvimento com inclusão social. Nunca na nossa história - não é retórica, são os números que nos apontam, os fatos que nos evidenciam - o Brasil aliou crescimento da economia com a inserção de irmãos e irmãs na cidadania a níveis como os de hoje.

Do outro lado, está a candidatura que encara os movimentos sociais como caso de polícia, que enfraquece o Estado para terceirizar ao mercado suas funções. Só que o mercado, você sabe, tem como o fim o lucro, e não o bem-estar social, ambiental.

Uma é a candidatura do presente pavimentando o futuro. A outra é a do passado destruindo o presente.

Não enxergar essa distinção básica, incorporar o discurso de tanto faz um como outro, e desperdiçar o voto ou abrir mão de comparecer as urnas é não só colocar em risco a sequência de um percurso que, apesar dos obstáculos e de atalhos nem sempre dos mais apropriados, é o norte certo. É, sobretudo, esvaziar o esforço para que esse caminho seja percorrido de forma mais acelerada, com menos desvios.

Confere lá o editorial:

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Iluminando

De Curitiba

Sem medo de ser feliz, sem medo de preconceito, milhares foram ouvir as palavras do presidente Lula na noite desta terça-feira, dia 26, na Cidade Industrial de Curitiba, em ato pró-Dilma.

Gente que percebe a vida melhorar nos últimos anos.

Gente que recebe salário melhor que há oito anos.

Gente que conseguiu emprego ou, se ainda não, vê as oportunidades surgirem.

Gente que pôde - ou agora pode - cursar uma faculdade.

Gente que sente mais respeito.

E não é pouca gente. É muita.

E pra tanta gente que Lula foi objetivo e didático no seu recado.

O voto no próximo domingo, dia 31, não é o voto na mulher ("na saia", como disse ele) ou no homem ("na calça").

Não é o voto no mais simpático, no mais sorridente, no mais experiente.

É o voto em dois projetos.

Um projeto é representado pela Dilma.

É o projeto do Governo Lula, que fez o Brasil gerar empregos em níveis recordes, que tirou 28 milhões de irmãos e irmãs da miséria absoluta, que viabiliza a todos a chance de estudar, financiar a casa própria. É o projeto que tirou o Brasil da submissão ao FMI, aos EUA, à Europa.

O outro projeto é representado pelo Serra.

É o projeto que já foi experimentado. O projeto do neoliberalismo, pelo qual o poder público se ausenta, privatiza, para que o mercado dê conta de resolver os problemas. (Só que o mercado não dá conta nem dos seus, quanto mais dos nossos problemas). É o projeto que excluiu irmãos e irmãs, que fez o país estagnar e se colocar refém dos interesses do capital especulativo.

Clareou?

(Mais sobre o comício com Lula em www.robertorequiao.com.br)

domingo, 24 de outubro de 2010

Contrapontos

De Curitiba

O processo eleitoral está sendo utilíssimo às escolas de Jornalismo, pela produção diária de exemplos de como não se deve fazer...Jornalismo.

Com exceção das emissoras de rádio e televisão, é legal, legítimo e moral todos os demais meios assumirem suas posições e a defesa delas, principalmente quando se está em jogo o interesse, o futuro da nação.

Basta deixar isso claro, e não posar de neutro, imparcial.

O que não é legal, nem legítimo e é imoral é a disseminação de mentiras, é a tomada como verdadeiros de fatos que não passam de boatos, é forjar acontecimentos. E omitir outros.

Até porque isso não é legal, legítimo e moral só no Jornalismo. Não é em prática nenhuma da vida.

Só nesta semana, Globo, Folha e Veja nos deram exemplos, um para cada dia da semana, de inverdades, diz-que-me-diz e de invenção de ocorridos.

Quando não criaram, esconderam.

Elas, que deram ampla repercussão e detalhado desenrolar da história dos dossiês, deixaram de lado a principal conclusão das investigações: as fuçadas em declarações pessoais de renda e a fábrica de dossiês têm no PSDB a matriz.

Primeiro, com o esquema de Serra para combater, ano passado, a pré-candidatura de Aécio Neves. Depois, com este, para contra-atacar as investidas do outro.

Enfim, a Carta Capital desta semana explica essa história direitinho: www.cartacapital.com.br.

Também analisa, com Mino Carta, o comportamento desonesto da dita grande mídia, a mídia comercial, empresarial.

"Nunca na história eleitoral brasileira a mídia nativa mostrou tamanho pendor para a ficção", diz Mino, diante do bombardeio diário de factóides.

"A mídia nativa conta aquilo que gostaria que fosse e não é. Descreve, entre o rídiculo e o delírio, uma realidade inexistente (...), capaz de enganar prezados leitores bem-postos na vida, tomador por medos grotescos e frequentemente movidos a ódio de classe."

Ou seja, de um lado uma mídia que se transformou, de fato, num partido político, ao incorporar ao seu cotidiano atividades que vão além da informar, analisar, opinar.

De outro, um público - uma parcela da classe média e da elite atrasada - que bota fé no que lê, assisti e ouve ou por ingenuidade, ou por ignorar a existência de fontes outras que se contrapõem à grande mídia propriamente dita, ou por sentir seus pensamentos fielmente traduzidos.

Aos que desconhecem fontes alternativas e aos ingênuos, no menu vertical direito da página deste blog há algumas dicas. Aos que compartilham das opiniões das vejas e folhas, bom, então, que as aproveitem bem. Só não venham com a conversa de que aquilo que dizem é a verdade absoluta - ou se quer a factual.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Contra a ofensa, carinho

De Curitiba

Bonita a mobilização na manhã desta quinta-feira, dia 21, em Curitiba, pró-Dilma.

A candidata esteve aqui fazendo uma curta, mas movimentada, caminhada pelo principal calçadão da cidade, o da Rua XV.

Milhares - o maior jornal local tentou minimizar, diminuindo em pelo menos dez vezes o número estimado de participantes - foram dar seu olá a Dilma.

Foi mais que uma manifestação de voto. Foi uma manifestação de solidariedade à candidata pelo quão agredida e difamada vem sendo nesta campanha.

Ela não levou nenhuma bolinha de papel na cabeça - se bem que um otário, do alto de um prédio, jogou uma bexiga cheia d'água -, mas tem sido muito, mas muito e covardemente, atacada neste processo.

Os homens e mulheres, as crianças, os jovens, os adultos e os velhinhos que foram à XV, e os trabalhadores que por lá ganham o dia, outras pessoas que por ali passavam, fizeram questão de acenar, mandar um abraço, lançar um beijo.

O carinho vai vencer a ofensa. O amor vai vencer o ódio, assim como (virou chavão, mas é a verdade é essa) a esperança venceu o medo.

Confira texto, fotos e vídeo da visita de Dilma a Curitiba em:

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"Dilma sim, porque não penso só em mim"

De Curitiba

Por falta de argumento melhor ou, pior ainda, por considerar esse um argumento plausível, vira-e-mexe se ouve gente - em geral, da classe média - justificar não votar em Dilma por não ter sentido sua própria vida melhorar nos últimos anos.

Bom, plausível tal argumento de fato não pode ser porque se sustenta numa dose exagerada de individualismo.

Afinal, as políticas públicas do Governo de Lula e de Dilma conseguiram tirar da miséria 28 milhões de brasileiros. Só o Bolsa Família livrou das condições sub e desumanas de sobrevivência 11 milhões de pessoas.

Ora, um governo que tira 28 milhões de irmãos e irmãs da pobreza extrema fez muito "por mim", por ti, por nós, pelo país.

Mas o dito argumento não é plausível também porque é absolutamente inconsistente, pra não dizer irreal.

Se você não é extremamente pobre, porém é pobre, o Governo de Lula fez por ti sim:

- ProUni, por exemplo, que abriu as portas da universidade para quase 1 milhão de jovens.
- Quase 200 escolas técnicas profissionalizantes.
- Samu e UPAs

Se você é classe média baixa, por ti foi tomada, entre outras medidas:

- Redução de impostos de automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos.
- Programa de microcrédito.

Se é classe média, classe média alta:

- Expansão recorde do financiamento da casa própria, pelos bancos públicos, que acabaram puxando também o crédito pelos bancos privados.

Se é rico, também não foi excluído:

- Com a economia aquecida, nunca os grandes empresários lucraram tanto.

Isso sem contar as ações globais, que indiretamente atingem a vida de cada um porque geram (ou, no mínimo, dão perspectiva de) emprego, aumentam a renda; e gerando emprego e renda aquecem a economia que, por sua vez, aquecida, emprega mais a gente, melhora mais o salário da gente, permite que a gente possa se dar ao luxo de gastar mais em roupa, em móveis pra casa, com viagens em feriadões e nas férias. São ações como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), maior conjunto de investimentos e obras de infraestrutura da história da República.

Reconhecer, se orgulhar, defender e propagandear esses avanços não é ignorar que os nossos problemas ainda são muitos, que estamos longe do Brasil que sonhamos. Agora, não conseguir identifcar essas conquistas ah, aí, talvez se esteja bebendo de fontes de informação viciadas, sabe-se lá.

O fato é que esse ciclo só tem sua sequência garantida com a eleição de Dilma Rousseff.

Porque a candidatura de José Serra representa um projeto, um modelo sustentado numa ideologia incompatível com o crescimento econômico com inclusão social e sustentabilidade ambiental. Esse modelo, esse projeto já esteve em prática na Era Fernando Henrique Cardoso e, só para ilustrar, além de não conseguir tirar um irmão sequer da miséria absoluta, ainda levou 5 milhões de brasileiros à pobreza extrema. O país não gerou emprego, a renda foi achatada e o nosso patrimônio entregue aos estrangeiros.

É esse o recado de hoje.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Neutro, só o sabão. E olhe lá...

De Curitiba

A baixaria tem marcado o processo eleitoral deste ano.

Mas a campanha vai entrar para história também como a que registrou uma das maiores manifestações de cidadania.

Segundo turno não é final de campeonato de futebol: mesmo que o time de coração tenha ficado de fora, não dá para ficar neutro.

Principalmente quem exerce uma função de liderança pública - seja na política, seja na arte, por exemplo.

É dever cívico, para esses, se posicionar.

A eleição não é a salvação da pátria, sabemos, entretanto é decisiva sim para os rumos da nação, para o nosso futuro, dos nossos filhos, dos nossos netos.

Repetindo, portanto: liderança pública, num momento crucial como esse em que dois projetos distintos estão em jogo, não pode se esconder numa falsa "independência", "neutralidade", ou se encostar na não menos descompromissada oposição a tudo e todos.

Neutros ficamos nós santistas num jogo entre Palmeiras, São Paulo, Corinthians: tanto faz um ou outro ganhar ou perder; quer dizer, melhor ainda se desse só pra se ter perdedor...

Não, segundo turno de eleição, ainda mais presidencial, não é assim.

Não é tanto faz quem ganha, tanto faz quem perde.

E o ato pró-Dilma Rousseff que artistas e intelectuais promoveram na noite desta segunda-feira (dia 18) no Rio de Janeiro é uma lição a quem se propõe a defender os interesses do povo mas prefere a cômoda opção pela distância em situações de polêmica.

Chico Buarque, Leonardo Boff, Paulo Betti, Alceu Valença, Beth Carvalho, Alcione, Hugo Carvana, Fernando Morais, Emir Sader, só para citar alguns, não hesitaram em tomar partido, tampouco em tornar pública a posição assumida.

Agora, a mais emblemática presença foi a de Oscar Niemeyer.

Aos 102 anos, em sua cadeira de rodas, esteve lá.

Numa mostra de lucidez e espírito revolucionário ausentes em muitos dos jovens, neocons.

Saiba mais sobre o evento no portal da Dilma: www.dilma13.com.br.