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domingo, 29 de dezembro de 2013

A Roda de Samba do Ouro Verde no último sábado do ano

Grupo se reúne há 25 anos e já foi tema de documentário (foto: Dose de Inspiração)
De Santos

Ontem à noite estivemos na tradicional Roda de Samba do Ouro Verde, no Marapé.

Espetacular!

O salão do clube estava lotado; na frente, na rua, dezenas acompanhavam de fora o samba entoado lá dentro.

Gente de tudo quanto é idade. De gente da casa, do bairro, a forasteiros, visitantes de primeira vez. Dos típicos sambistas de chapéu panamá e sandália àqueles de camisa polo ou camiseta de time de futebol.

No repertório, clássicos, canções das velhas guardas, paulistas e cariocas.

A roda ocorre todo sábado, começa no início da noite e se encerra às 22 horas (acaba cedo porque a turma respeita a lei do silêncio). A de ontem foi, portanto, a derradeira de 2013. Mas, ano que vem - daqui a uma semana - tem mais, anunciaram os integrantes do grupo.

O Marapé está entre os poucos de Santos a se manter como bairro essencialmente residencial, e a resistir à verticalização desenfreada dos últimos anos. Os chalés que restaram, as casas baixas, os sobrados e os predinhos de três, quatro andares no máximo, mais a roda do Ouro Verde, mantêm, de forma saudavelmente nostálgica, esse pedaço da cidade com um pé no passado.

A Roda de Samba do Ouro Verde, que existe há mais de 25 anos, foi tema de documentário lançado neste ano. Informações e um teaser do filme você confere clicando aqui.

E aqui você assiste a uma matéria da TV Record sobre a história do grupo.

No mais, só mesmo indo lá ao Ouro Verde para saber, sentir.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Trivial, trivial, mas não há nada igual

Pôr-do-Sol visto a partir da Praia do Embaré (foto: WAA)
De Santos

Sobretudo lá na capital do Paraná, me apelidam de embaixador santista, pelo hábito de difundir patrioticamente as coisas da terra.

Pois há pouco coloquei em prática essa fama, ao fazer as vezes de guia turístico a um trio de Curitiba, que aproveita as férias de virada de ano para percorrer a rodovia Rio-Santos de ponta a ponta, a começar, assim, por aqui.

E em oportunidades como esta, a gente se dá conta como as passagens aparentemente mais triviais são, ao olhar estrangeiro, as mais pitorescas.

Claro que os sete quilômetros de jardim a beira-mar, o bonde do Centro Histórico, o estádio do Peixe em Vila Belmiro, o agito do Gonzaga estão, inevitavelmente, entre as principais atrações para quem visita Santos.

Todavia são detalhes como o cinema, a gibiteca e a biblioteca nos postos de salvamento da praia; os quiosques da orla e seus generosos lanches; os prédios inclinados do Embaré e da Aparecida; as avenidas dos canais que cortam a ilha de ponta a ponta; ou o simples hábito de chamar pão francês de "média" ("me vê quatro médias", se ouve dos santistas no balcão das padarias) que chamam a atenção de um jeito diferente, curioso.

Acertei em me enveredar pelo jornalismo e pelo magistério; quando criança, perguntado sobre o que pensava "ser quando crescer", respondia querer ser motorista de ônibus. Mas essa de embaixador-guia turístico tem servido legal também. 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Então é Natal! E sim, com a Simone

Disco com músicas natalinas foi lançado em 1995
De Curitiba

Já? Sim, já é Natal. Voou, eu sei, sabemos, mas não se preocupe que vai voar cada vez mais.

Bom, às vésperas do 25 de dezembro, aproveito para fazer uma defesa da cantora Simone e seus mais de 40 anos de carreira.

Foi desnecessariamente ofensiva a "campanha" que circulou pelas redes sociais na últimas semanas, contra a execução de "Então é Natal" na voz da intérprete baiana.

Uma absoluta falta de respeito contra uma artista que, repito, está há mais de 40 decênios na estrada.

Simone foi, com músicas como "Começar de novo", a intérprete de canções símbolos de um momento em que a mulher brasileira buscava espaço, reconhecimento e igualdade de direitos, na virada dos anos 70 para os 80.

Naquela época, Simone ajudou a colocar em evidência compositores como Sueli Costa e Ivan Lins, ao mesmo tempo em que gravava Milton Nascimento e Chico Buarque.

A "campanha" contra o "Então é Natal" reduziu Simone a uma simples cantora de jingle natalino, ignorando - porque omitiu ou não se preocupou em mostrar - a trajetória de uma profissional e artista que não é uma picareta, incompetente qualquer. 

Contribuiu, essa "politizada" e "bem humorada" "campanha", pra gente continuar assim, a desmerecer e desqualificar quem tá na lida na área cultural deste país. Depois que a pessoa morre, não adianta vir com homenagens demagogas.

Além disso, há, sim, no fundo, em muitos, uma síndrome de colonizados nessa ojeriza à versão em português de "Happy Christmas - War is Over" (de John Lennon). 

Sejamos francos: não está nem na voz nem na melodia a origem da oposição à atual versão da música. Se a versão tocada por aí fosse de qualquer banda ou cantor ou cantora pop de quinta, mas estrangeiros a tagarelar em inglês, não teríamos esses "ativistas" da vez tão empenhados.

Em tempo: Simone foi também jogadora de basquete, da geração que levou o Brasil ao vice-campeonato mundial em 1971. Formou-se na tradicional Faculdade de Educação Física de Santos (Fefis), todavia depois de parar de jogar preferiu a carreira artística, e não esportiva. Nasceu num 25 de dezembro, de 1949.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O job é descontinuar o revitalizar (e o descontinuar e o job também)

Algumas até dá para usar, mas com moderação
De Curitiba

Sei que, mesmo faltando 12 dias para o fim de 2013, minha cota de ranzinzice do ano está estourada.

Não de agora, sei também.

Mas é que o febeapá, este também não tem limites.

Já há tempos me seguro pra não expressar aqui a ojeriza com alguns termos, cada vez mais escritos e pronunciados, que - argh! - dão asco.

Alguns, de tão estabelecidos, larguei mão de contestar.

Há outros que também são jogo perdido lutar, no entanto, reclamar contra é preciso.

Deixemos de enrolação.

Uma dessas modas é o tal do "job". Ninguém mais tem trabalho pra fazer, relatório pra escrever, encomenda pra providenciar, incumbência, tarefa pra cumprir. Tem "job".

Toc, toc, toc na madeira.

Outra é o tal do "descontinuado". O produto não mais se acaba, não mais deixa de ser fabricado. Torna-se "descontinuado". O projeto não é cancelado ou extinto, o nome de determinada coisa não é mais deixado de lado. É "descontinuado".

Tucanagem à máxima potência.

Pra terminar, o "revitalizar". Do pote de xampu à placa que anuncia obra pública, está lá o termo: "revitaliza" o cabelo, "revitalização do Centro Histórico". No Aeroporto do Galeão, até a boa e velha, tradicional manutenção, conserto ou reparo de equipamentos está anunciada assim, como "revitalização".

Não prego a descontinuidade dessas palavras, não. São perfeitamente aplicáveis em alguns casos. Faz-se necessário, todavia, revitalizar seu uso. É um job, mas é possível fazê-lo.

Pior que isso, só o siglismo, tema abordado aqui.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

"Quando vi você passar"...O histórico show na Portela

Paulinho, Marisa e a Velha Guarda, encantando a Portela (foto: Ricardo Almeida/Portela)
De Curitiba

O show foi sábado, no Rio, e a esta altura já é quase quarta, e escrevo de Curitiba.

Mas impossível não retomar as escritas neste blog sem deixar de registrar o privilégio de ter presenciado um dos momentos históricos do samba - melhor, da música, da cultura, da arte brasileira.

Falo do encontro entre Velha Guarda da Portela, Paulinho da Viola e Marisa Monte, na sede da escola de Osvaldo Cruz, na noite do último dia 14.

Chegamos e o espetáculo já tinha começado, no entanto nem o atraso nem a dificuldade de encontrar um espaço para se acomodar na lotada quadra diminuíram a emoção do episódio.

Com seus clássicos, Paulinho da Viola puxou um coro de milhares de vozes; Marisa Monte foi recebida pelo povo com um carinho ímpar; a Velha Guarda garantiu o miudinho e a raiz do samba.

O encerramento, ao som de "Foi um rio que passou em minha vida", foi exatamente isto: um rio que passou em nossas vidas e levou nosso coração, que com muito prazer se deixou levar.

A festa seguiu pela madrugada de domingo com a bateria, passistas e o intérprete da escola, Wantuir, a contagiar a quadra com sambas clássicos - boa parte da Portela, e alguns das co-irmãs também.  

Ah, minha Portela...

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Lucro do banco pra bancar a nossa passagem de ônibus

Isenção em 44 cidades demandaria R$ 8 bi/ano (foto: WAA)
De Curitiba

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplica (Ipea) apresentou nesta quinta-feira, dia 12, uma proposta de implantação de gratuidade no ônibus para estudantes, trabalhadores informais e integrantes de famílias de baixa renda.

A proposta prevê a implantação dessa gratuidade em pelo menos 44 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes. Seriam beneficiados 7,5 milhões de cidadãos.

O trabalho do Ipea vai ao encontro de uma proposta de emenda constitucional (PEC) aprovada semana passada pelo plenário da Câmara dos Deputados.

De autoria da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), a PEC (de número 90/2011) inclui na Constituição o transporte como direito social.
  • Leia aqui o que o Macuco já publicou a respeito da proposta
  • E aqui, sobre a aprovação da PEC 90/2011
Ou seja, a PEC da Luiza Erundina assegura o transporte como direito constitucional de todo o cidadão e o estudo do Ipea indica como esse direito pode ser garantido pelo Estado.

Segundo o Ipea, para viabilizar a tarifa zero a 7,5 milhões de trabalhadores e estudantes em 44 cidades, o governo desembolsaria no máximo R$ 8 bilhões/ano.

Oito bi!?, poderá se espantar você

Calma, pra mim, pra você, pra gente pode ser muito. Mas é possível obter essa grana sem tirar um centavo sequer da educação, da saúde, da segurança, da cultura, das obras públicas... Nem aumentar um real sequer de imposto nosso.

Isso mesmo, acompanhe o raciocínio a seguir e você vai ver que esses "oito bi" não são tanto dinheiro assim.

O governo poderia assegurar transporte a quem não pode pagar se tirasse um pouquinho de quem já enche os cofres com fortunas: os bancos.

Repare: só nos primeiros seis meses do ano, o lucro – disse lucro, ou seja, o que sobrou! - de apenas  oito bancos privados somou R$ 20,5 bilhões. Confira na tabela:

Lucro dos principais bancos privados – 1º semestre 2013
Itaú Unibanco    R$ 7 bilhões
Bradesco    R$ 5,8 bilhões
Santander    R$ 2,9 bilhões
Itaúsa    R$ 2,5 bilhões
BTG Pactual    R$ 1,2 bilhão
Safra    R$ 598 milhões
HSBC    R$ 454 milhões
Bic Banco    R$ 54 milhões
TOTAL    R$ 20,5 bilhões
Fonte: Federação dos Bancários do Paraná

Esse é o lucro de um semestre; do ano inteiro teríamos pelo menos o dobro, algo em torno de R$ 40 bilhões.

É uma conta feita por baixo e exclui dezenas de instituições menores. 

Se a soma for da lista completa de bancos privados existentes no país, a montanha de dinheiro seria maior ainda. 

(Ah, excluem-se também os bancos públicos, já que o lucro destes poderia ser prioritariamente reaplicado naquilo que é a função deles: fomentar a agricultura, a indústria,  compra da casa própria, a micro e pequena empresa...)

Pois então, só com esses, por baixo, R$ 40 bilhões, se o governo taxasse 20% disso (isto é, os R$ 8 bilhões necessários) já garantiria a tarifa zero em no mínimo 44 cidades grandes e de médio porte Brasil afora e adentro. E os bancos ainda ficariam com R$ 32 bilhões – o que, convenhamos, não é nenhuma ninharia.

Claro que se a Tia Dilma, ao ler este blog, resolver encampar a ideia e tomar essa decisão, vai ser bombardeada na mídia pelos “analistas”, “economias” e “consultores”.

Estes, “imparciais”, “independentes”, diriam que o risco Brasil subiria, que o governo estaria afugentando “investimentos”, quebrando a “segurança jurídica” do país, “desrespeitando” contratos, “descuidando” das contas públicas, e toda aquela ladainha pró status quo, pró establishment que a gente ouve por aí.

No facebook viríamos postagens e comentários irados “alertando” sobre o “perigo comunista”, o “chavismo” sendo importado e bobageiras do tipo. Afinal, se foi assim pra trazer médico pra atender a nossa gente, imagina como não seria pior se fosse pra mexer com os privilégios dos banqueiros.
  • Para conferir o estudo do Ipea (denominado “Transporte Integrado Social”), clique aqui 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Bom Senso Futebol Clube: bela jogada, mas bola na trave

Se não incomodar a Globo, tudo muda para ficar como está (foto: Bom Senso FC)
De Curitiba

A temporada 2013 do futebol brasileiro termina neste final de semana e, no balanço de perdas e ganhos, imprescindível destacar a criação do Bom Senso Futebol Clube.

Com exceção de um e outro movimento pontual – como a Democracia Corinthiana de Sócrates, Vladimir, Casagrande e companhia -, nunca antes na história deste país a categoria “jogador de futebol” se uniu e se mobilizou de forma tão abrangente e explícita.

Mas, para o movimento de fato resultar em mudanças significativas na forma como o futebol brasileiro vem sendo tratado, o Bom Senso precisa mirar melhor no gol.

Claro que, sendo a entidade que organiza calendário e estabelece regras e critérios, a Confederação Brasileira de Futebol  (CBF) deve ser a primeira intimida a tomar providências. Não só ela, porém.

Afinal, sabemos quem de fato manda: a Rede Globo.

Você sabe que não é implicância minha com a poderosa organização midiática; todo mundo sabe que os jogos da semana são tarde da noite, que tem partida quase que dia sim dia não, que a divisão da grana é desequilibrada e injusta entre os clubes, que tudo isso ocorre para fazer valer os interesses da Globo.

Hoje, por exemplo, mais um episódio dessa tirania: a Globo tem o direito de transmissão dos jogos, abriu mão de passar a partida da Ponte Preta com o Lanús na final da Sul-Americana, mas não deixa nenhuma outra emissora colocar o jogo no ar. 

O futebol, no Brasil, é mais do que uma modalidade esportiva. É componente da cultura, da identidade brasileira. E esse componente foi apropriado pela Globo e transformado em mais um produto de sua programação, mais um instrumento seu de manipulação.

Jogador que faz três gols numa partida e não “pede música” no Fantástico é criticado. Até comemoração no tal estilo “joão bobão” a toda poderosa nada boba resolveu impor.
 
A Globo, atletas do Bom Senso, precisa ser colocada contra parede também. A partida não pode continuar começando só depois “do beijo do capítulo da novela”, como bem metaforizou o craque Alex, do Coritiba. Não só jogo do Corinthians ou do Flamengo deve ser transmitido. O estádio é do povo, é de todos, não dos privilegiados dos “camarotes” de “famosos” e “artistas globais”.

Tudo o que a Globo quer é que a CBF, só a CBF, fique na mira. Enquanto isso, à distância, ela posa de solidária aos reclamos, e até faz uma força pra algo mude - mude pra que tudo fique como está.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Hoje é A Gota d'Água

De Curitiba

Meu coração não é um pote até aqui de mágoa, mas hoje é o dia d' A Gota d'Água.

Explico: este é o título do curta-metragem feito pelos nossos alunos do curso de Técnico e Produção de Áudio e Vídeo, do Colégio Estadual do Paraná. E o lançamento do filme – trabalho interdisciplinar de conclusão de curso – é nesta terça, dia 3, a partir das 19h, na Cinemateca de Curitiba.

A entrada é gratuita e o evento é aberto ao público. Portanto, apareeeeeeça!

Da concepção do roteiro até à edição, passando pelas gravações, todo o filme é de autoria dos alunos.

O curso de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo do Colégio Estadual do Paraná é um curso subsequente ao ensino médio, e tem duração de dois semestres. A primeira turma foi aberta em 2007. O curso alia disciplinas técnicas, finalísticas, a disciplinas que fornecem conteúdo teórico, histórico, sociológico e crítico da comunicação e dos meios audiovisuais e sua linguagem. As aulas ocorrem no período noturno. São abertas duas turmas por ano: uma que inicia o curso em fevereiro e outra, em julho.

No segundo e último período, a turma produz um curta-metragem. A produção do filme é supervisionada pelo professor das disciplinas de Produção de Áudio e de Produção de Vídeo (ministradas pelo professor Tiago Alvarez), e acompanhada pelos docentes das demais disciplinas também (entre eles, este blogueiro), que incluem o trabalho como instrumento de avaliação.

Sinopse do filme: “Jonas, um pacato morador de uma simples casa, tenta desesperadamente repousar após um dia cansativo. Desde o momento em que se prepara para se deitar até o inicio de um novo dia, o ato de se tentar dormir se torna uma batalha insana contra vários adversários implacáveis. Cansaço, frustração, raiva e acidentes preenchem uma trama cheia de comédia e ira”.
PROGRAMAÇÃO DO LANÇAMENTO - 03/12/2013
Das 19h às 19h30 – Recepção do público pelos estudantes e professores.
Das 19h30 às 19h45 – Abertura oficial do evento.
Das 19h45 às 20h15 – Apresentação de trabalhos experimentais dos alunos do primeiro período do curso.
Das 20h15 às 20h45 – Exibição do curta-metragem “A Gota d’Água”Das 20h45 às 21h30 – Bate-papo da turma com o público.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sobre a partida de Marcelo Déda

No final de outubro, a visita da amiga Dilma (foto postada pelo próprio Déda)
De Curitiba

Com a partida de Marcelo Déda, Sergipe perde seu primeiro governador do campo progressista, e o Brasil fica órfão de uma liderança promissora.

Marcelo Déda, do PT, foi prefeito de Aracaju, entre 2000 e 2006, e deu nova vida à capital. A cidade passou a se destacar em políticas públicas sociais, a ponto de conquistar os melhores indicadores do Nordeste, e a ter visibilidade também pelo seu potencial cultural, artístico e turístico.

Deixou a prefeitura com maciço apoio popular para disputar e ganhar a eleição para governador em 2006, acabando com a alternância das velhas oligarquias do estado no poder.

Meses antes do pleito daquele ano, conversei rapidamente com uma representante do principal grupo opositor a Marcelo Déda: a irmã do então governador João Alves Filho, que era sua secretária de administração, Marlene Alves Calumby (os Alves vêm da Arena e suas derivações).

Era agosto de 2006 e Marlene Alves estava em Curitiba participando de um fórum que reunia secretários estaduais de administração. Atuando na assessoria de imprensa do Governo do Paraná, fui cobrir o evento e, como um filho de sergipanos, assim me apresentei à secretária para saber como estavam as coisas lá pela querida terra de meu pai, minha mãe, tios, tias, primos e primas...

O assunto descambou para o cenário eleitoral e Marlene Alves, já prevendo a derrota do irmão que tentava se reeleger, nobremente reconhecia as qualidades do adversário. Não me lembro exatamente das palavras, mas em síntese Marlene Alves salientava a capacidade de liderança, de comunicação e de empatia popular de Marcelo Déda.

Déda venceu direto no primeiro turno e se reelegeu em 2010, também logo de cara.

Em maio deste ano, licenciou-se para tratar do câncer gastrointestinal. Pelas declarações públicas de amigos e assessores, lutou até o fim. Teve tempo de ver o seu time de coração, o Flamengo, conquistar mais um título - o da Copa do Brasil. No final de outubro, recebera a visita de Dilma.

Antes da doença, Marcelo Déda era um assíduo e hábil usuário do twitter. Não se omitia diante dos questionamentos, e falava com franqueza e veemência sobre aquilo que planejava e defendia.

Praia de Atalaia, na Aracaju que Déda colocou na rota do Nordeste (foto: WAA)

Marcelo Déda é da geração de petistas da qual fez parte, lá em Sergipe, minha tia Dedê, que morreu em 2011. Dedê não se enveredou pra carreira político-partidária; mais de 20 anos atrás tinha se mudado para São Paulo, se afastado da militância. Conservava, no entanto, a defesa dos ideais que lhes motivaram  - a ela própria e a Déda - a escolher, apoiar um partido.

Dedê tinha muito, muito a viver. Déda também. Com suas virtudes e contradições, inerentes a um ocupante de cargo público que assume projetos e desafios, Déda - mesmo sendo de um estado com pouca densidade eleitoral - começava a despontar, e figuraria logo-logo, com certeza, entre as mais destacadas lideranças político-populares deste Brasil.


No Dia do Samba, uma dica de filme


De Curitiba

2 de dezembro é o Dia do Samba, comemorado há 51 anos.

Aqui vai uma dica pra você conhecer um pouco dessa arte: “O mistério do samba”, filme de 2008 ao qual você assiste clicando aí em cima.

O documentário mergulha no universo da Velha Guarda da Portela e foi idealizado e conduzido pela cantora Marisa Monte, depois de pesquisas e entrevistas feitas por ela durante quase dez anos.

Além de muito samba, claro, o filme traz histórias extraordinárias.

Destaco duas passagens.



A primeira, quando Argemiro – que veio a morrer em 2003, antes do documentário ficar pronto – relembra o dia em que foi apresentado, por Paulinho da Viola, a Chico Buarque e Vinícius de Moraes.

Chico e Vinícius, admirados com os elogios que Paulinho fazia de Argemiro, resolveram checar se o crioulo tinha mesmo todo aquele talento exaltado. E então lançaramm o desafio: “Argemiro, se você é bom mesmo, faz um samba agora, sobre qualquer coisa – sobre esta garrafa, por exemplo”.

A resposta, dada com simplicidade, foi para não deixar dúvidas: “Não posso fazer um samba sobre essa garrafa, porque não tô sentindo nada por ela. Pra fazer um samba tem que sentir alguma coisa, ter inspiração".

Não ficou só nisso.

Argemiro voltou pra casa e, inspirado naquele encontro, fez um samba. Um samba sobre o que é fazer um samba. Confere lá no documentário...

A outra passagem é uma conversa entre Marisa Monte e Paulinho da Viola.

A ideia de fazer o filme veio quando Marisa estudava a obra de sambistas portelenses para um disco que gravaria só com músicas da Velha Guarda. Já no final do documentário, Marisa Monte revela a Paulinho: "Eu sabia que a vida seria melhor depois da Velha Guarda”.

Está certa essa Marisa Monte.


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Por mãos baianas uma nova fitinha para o pé

Depois de 20 anos, made in Bahia (foto: Governo da Bahia)
De Curitiba

Quem me chamou a atenção pela notícia foi a Cynara Menezes.

E quem me chamou a atenção para o detalhe da notícia foi a Hildegard Angel.

Por partes.

No twitter, a Cynara linkou para uma notícia do Governo da Bahia que anunciava um pacote de ações na área do turismo. Nesse pacote, a retomada, pela indústria baiana, da fabricação das famosas fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim.

Não imaginava, mas há 20 anos que esse ícone da cultura da Bahia não era produzido lá, vinha de fora.

(Leia a matéria clicando aqui)

Agora o detalhe, assinalado pela Hidelgard pelo twitter: essas fitinhas, além de forasteiras, são feitas de material sintético, não de algodão, como antigamente. Essas fitas de material sintético dificilmente arrebentam.

Em dezembro de 2008, amarrei uma fitinha no pé esquerdo, quando estive em Praia do Forte. 

Passados cinco anos, ela segue presa no calcanhar. Desgastada, mas presa, sem sinal de que vai se desgarrar tão cedo.

E eu já desistindo, achando que o pedido é que era impossível de se realizar. Qual nada, é esse material sintético que segura o santo. 

As novas fitinhas made in Bahia serão, como antes, de algodão.

Terei que voltar lá pra amarrar uma que valha de verdade, que arrebente, que deixe a simpatia agir.

Mas, por via das dúvidas, esta do pé fica onde e como está. Apenas receberá uma companhia.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Descarrilamento da ALL: onde vai ser o próximo?

Acidentes como este "pipocam constantemente" (foto: Correio do Brasil)
De Curitiba

A malha ferroviária brasileira foi “concedida” à iniciativa privada – assim como estão sendo “concedidos” agora nossos aeroportos – há 15 anos.

Não é preciso ser entendido em transporte e logística para constatar a catástrofe que vem sendo a privatização das nossas ferrovias.

O descarrilamento de trens da América Latina Logística (ALL) neste domingo, dia 24, em São José do Rio Preto (SP), é só mais um episódio dessa trágica trama. Oito pessoas morreram, entre elas uma criança e uma grávida, informou a Agência Brasil.

A falta de conservação e manutenção adequadas dos trechos era evidente e provável causa do incidente.

Tem sido assim desde 1998, tanto com os trens privatizados que transportam cargas e como com os que levam passageiros.

Lembremos aqui, para ficar no exemplo mais surreal, das chicotadas – isso mesmo, chicotadas! - que seguranças da Supervia eram ordenados a dar nos passageiros dos trens urbanos do Rio de Janeiro.

(Em tempo: a Supervia é controlada pela Odebrecht, a mesma que venceu o leilão para ficar com o aeroporto carioca do Galeão. Fiquem tranquilos, passageiros, que no aeroporto não vai haver chibatadas. Mas que vamos levar uma surra de dilapidação do nosso patrimônio, isso sim, vamos.)

Voltemos à ALL.

O engenheiro Paulo Sidnei Ferraz, especialista em transporte ferroviário há 30 anos, aposentado da extinta Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) e que acompanhou de perto a desestatização do setor, ressalta que os problemas com a concessionária são - e não é de hoje - rotina. "Os acidentes envolvendo trens da ALL pipocam constantemente, embora nem sempre sejam noticiados", disse ao Macuco Blog.

Ferraz descreve brevemente o cenário:
  • "Considerando o 'desinvestimento' feito tanto nas condições da via quanto no material rodante, a situação é preocupante. A redução dos quadros de pessoal operacional aumentou os riscos. Então só falta adivinhar onde vai cair o próximo trem e qual o estrago: vitimas, contaminação de rios, destruição de matas, demolição de patrimônio de terceiros, etc"
E continua: 
  • "Além disso, há o prejuízo para a União com a perda de patrimônio arrendado nem sempre substituído como deveria. Apesar do aporte de bilhões de reais do BNDES na ALL, o patrimônio da ferrovia deu marcha-ré. E caminha para uma situação crítica."
O órgão que deveria regular a concessão, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), no entanto, é omissa, na avaliação de Ferraz:
  • "A ANTT até pouco tempo atrás foi comandada pelo antigo criador e sócio do grupo arrematante da Malha Sul (atual ALL) [Bernardo Figueiredo, hoje na presidência da estatal EPL-Empresa de Planejamento e Logística]. E nada fez pra evitar a dilapidação do sistema ferroviário. Existem várias ações do Ministério Público Federal contra a ALL, que podem a qualquer momento desembocar na cassação da concessão por descumprimento do contrato." 
Na Argentina, isso já ocorreu: o governo da presidenta Cristina Kirchner retomou as linhas que estavam com a ALL. "Os argentinos foram mais espertos e não deixaram chegar ao caos, retomando a concessão antes que os trens parassem de vez", compara o engenheiro.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A verdade omitida na entrega dos aeroportos

Capital privado fica com filé mignon. Poder público, com o osso (foto: WAA)
De Curitiba

Publico a seguir artigo do jornalista Carlos Lopes, do Hora do Povo, em que revela fatos e dados omitidos pelo governo, pela oposição de direita, pela mídia comercial e seus “economistas”, “analistas” e “especialistas” sobre mais uma entrega do patrimônio público brasileiro, a “concessão” dos aeroportos. Nesta sexta, dia 22, houve o leilão de mais dois deles - Galeão e Confins. Outros três já foram entregues à "iniciativa privada": Guarulhos, Viracopos e Brasília.

Notem que só são “concedidos” ao capital privado os aeroportos filé mignon. As centenas de bases aéreas que poderiam ser reformadas, ampliadas para que se leve avião para os rincões do país, onerosas, estas ficam com a gente.

É assim mesmo essa tal de parceria público-privada: o público entra pela privada.

Vamos ao artigo. Ele é extenso, mas didático, e vale ler pra entender que quem manda no país é o poder econômico. A Odebrecht e a CCR, duas das maiores empreiteiras do mundo e que já operam pedágios nas rodovias, ficaram, respectivamente, com Galeão e Confins.

Governo fará obras e reformas para 
açambarcadores do Galeão e Confins
Aeroportos serão privatizados, já ampliados, com as obras já feitas, e entregues depois da Copa

No dia 22, quando esta edição chegar às bancas, o governo estará privatizando os aeroportos do Galeão, no Rio, e de Confins, em Minas, com a exigência de que o novo “operador aeroportuário” seja uma empresa estrangeira – pois não há empresa brasileira, exceto a Infraero, que se enquadre nas especificações do edital do leilão (v. ANAC, Edital do leilão nº 01/2013 - Concessão para ampliação, manutenção e exploração dos Aeroportos Internacionais do Rio de Janeiro/Galeão – Tancredo Neves/Confins, item 4.45, página 33).

Se o leitor tiver alguma dúvida de que se trata de uma privatização, para dirimi-la bastará uma consulta ao Decreto nº 7.896, de 1º de fevereiro de 2013, assinado pela presidente Dilma: “Art. 1º Ficam incluídos no Programa Nacional de Desestatização - PND, para os fins da Lei nº 9.491, de 9 de setembro de 1997, o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antonio Carlos Jobim (...) e o Aeroporto Internacional Tancredo Neves” (cf. DOU – Seção 1, nº 24, p. 4, 04/02/2013).

A lei nº 9.491/97 é a lei da privatização de Fernando Henrique.

Mas, até como privatização, esse leilão do segundo e quinto maiores aeroportos do país é sui generis: todas as obras para quase triplicar a capacidade do Galeão (de 17,4 milhões de passageiros/ano para 47,2 milhões de passageiros/ano) serão feitas pelo poder público, através da Infraero, antes e mesmo depois do leilão. O mesmo vale para Confins (cf. ANAC, Anexo 3 do Contrato de Concessão - Obras do poder público, p. 2).

Essa ampliação é mais que o dobro do que é esperado para o ano que vem (20,2 milhões de passageiros no Galeão). A “concessionária” não gastará um centavo e levará anos sem precisar realizar obras que não sejam cosméticas. Tudo correrá por conta do Estado para que os açambarcadores recebam os aeroportos já ampliados, com as obras já feitas, em outubro de 2014, depois da Copa.

Resumidamente, correrá por conta exclusivamente do Estado, entre outras as seguintes obras:
  • No Galeão - a reforma do Terminal 1 e do Terminal 2;  a implantação de radares de superfície nas pistas; a revitalização dos transformadores; a instalação de geradores; a reforma das demais instalações elétricas; a recuperação e revitalização dos sistemas de pistas e pátios; a restauração das condições operacionais do pavimento da pista de pouso e decolagem - e  até a reforma dos sanitários.
  • Em Confins – as obras de reforma e ampliação da pista de pouso e do sistema de pátios; a obra de reforma, modernização e ampliação do Terminal 1; a ampliação do Terminal de Aviação Geral (TAG); o estacionamento de veículos; a ampliação e recuperação do sistema de pátios do Terminal 1, do TAG, do Terminal de Carga e do Terminal 3, com a adequação do sistema viário - e até a aquisição de mobiliário para os Terminais.
Para que o leitor tenha uma ideia, todos os anunciados investimentos em 25 anos de concessão (R$ 5,7 bilhões) significariam, se verdadeiros, R$ 228 milhões por ano – com 70% financiados pelo BNDES a juros inferiores à inflação (3% a.a.).

Porém, somente nas obras de ampliação, até setembro do ano que vem, o poder público gastará R$ 376,23 milhões no Galeão (e mais ainda em Confins: R$ 497,21 milhões).

Em troca de não investir nada antes das calendas gregas, os “concessionários” terão obrigações do tipo: “Sempre que a análise demonstrar excesso de demanda em relação à capacidade do aeroporto no período subsequente de 5 (cinco) anos, a Concessionária deverá apresentar uma previsão de investimentos necessários” (cf. ANAC, Contrato - Anexo 02 - Plano de Exploração Aeroportuária Galeão e Confins, 9.12.4, p. 18 e 19, grifo nosso).

Cinco anos??? Pois é, leitor. Se antes não houver um levante nos aeroportos, serão cinco anos seguidos de aperreio (“excesso de demanda em relação à capacidade do aeroporto”), até que a “concessionária” seja obrigada a apresentar uma “previsão” dos  investimentos necessários – e sabe-se lá quando esses investimentos serão realizados... As obras que essas “concessionárias” serão obrigadas a fazer beiram o ridículo (cf. ANAC, Contrato - Anexo 02 - Plano de Exploração Aeroportuária Galeão e Confins, p. 15 e 16).

Propalou-se – deve ter sido o Moreira Franco, agora dedicado às atividades aéreas – que, com a privatização, seriam construídas novas pistas no Galeão e em Confins. Mas, somente quando “a demanda do sistema de pistas [no Galeão] atingir 215.100 movimentos anuais, a Concessionária deverá apresentar à ANAC o anteprojeto e o cronograma detalhado da construção de pelo menos uma pista de pouso e decolagem, com comprimento mínimo de 3.000 metros”, etc. (cf. idem, ponto 8.8.1, p. 16).

No caso do Galeão, não há data para acabar a construção dessa nova pista – o cronograma é determinado pela “concessionária”. No caso de Confins, a data limite é “até 31 de dezembro de 2020”, ou seja, daqui a sete anos.

Lembra-se o leitor do Mantega, da própria Dilma, e outras autoridades (além de várias mediocridades), garantindo que as “concessões” - isto é, a privatização - de aeroportos eram o único jeito de obter investimentos para modernizá-los e preparar o país para a Copa do Mundo?

Pois é.

Na campanha eleitoral, a presidente Dilma afirmou, ao visitar o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC: “tenham certeza de que nunca, jamais, me verão tomando decisões ou assumindo posições que signifiquem a entrega das riquezas nacionais a quem quer que seja”. E, em outubro de 2010, portanto, há quase exatos três anos, ao caracterizar o seu adversário e sua base, disse ela: “Essa é a principal diferença entre o nosso governo e a turma do contra: eles só pensam em vender o patrimônio público. Eu acredito que as empresas públicas desempenham um papel fundamental no desenvolvimento do país”.

O mesmo ponto do edital que implicitamente obriga a presença de uma empresa estrangeira, para substituir a Infraero como “operador aeroportuário”, também estabelece condições que somente podem ser cumpridas pelas grandes operadoras estrangeiras. Por isso, as candidatas a “operador aeroportuário” do Galeão e Confins são as alemãs Fraport (Frankfurt) e Flughafen München (Munique); a suíça Flughafen Zurich (Zurique); a Ferrovial (Heathrow, Londres); a Schipol (Amsterdã); a ADC/HAS (Houston); a ADP (Paris) e a Changi (Singapura). Existe a possibilidade de mais de uma dessas empresas participarem do mesmo consórcio.

Qual a necessidade desse leilão? A necessidade desse leilão, para quem possui a Infraero, considerada internacionalmente a segunda melhor administradora de aeroportos do mundo, é nenhuma.

Até porque os recursos para a sua expansão e reforma, assim como a execução das obras, serão do poder público. Portanto, é a mesma necessidade de perder 40% do maior campo petrolífero do mundo para as multinacionais, quando se possui a Petrobrás: nenhuma, exceto a subserviência e o entreguismo.
CARLOS LOPES

Os nossos aeroportos estão entregues

Belo horizonte para os privatistas (foto: Jéssica Rodrigues)
De Curitiba

A União vai conceder à iniciativa privada a administração de mais dois aeroportos importantes – o leilão está marcado para esta sexta-feira, dia 22, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

São eles o Tom Jobim/Galeão (Rio de Janeiro) e Tancredo Neves/Confins (Minas Gerais). Já foram entregues Franco Montoro/Guarulhos (São Paulo), Viracopos/Campinas (São Paulo) e Juscelino Kubitschek/Brasília.

Um presentaço para as empreiteiras que forem assumir o negócio.

Afinal, nesses novos dois aeroportos a serem privatizados o governo federal, por meio da Infraero, já realiza há alguns anos obras de infraestrutura que serão entregues em abril de 2014.

Só neste ano, entre janeiro e outubro, foram aplicados R$ 239 milhões em recursos públicos nesses dois aeroportos, três vezes mais que os R$ 68 milhões destinados no mesmo período de 2012, levantou o jornal Hora do Povo.

É como se você gastasse uma baita grana para reformar e ampliar sua casa e depois entregasse a terceiros o direito de administrar as benfeitorias.

Os novos concessionários, conforme estabelece o edital de leilão, até serão obrigados a investir, mas poderão fazer isso ao longo de 20, 25 anos (tempo mínimo de concessão). Ah, e para realizar esses investimentos poderão tomar até 70% do necessário emprestados do BNDES, o banco público que fomenta o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Ora, se a Infraero, uma das mais eficientes administradoras de aeroportos do planeta, já vai ter realizado o grosso dos investimentos, por que não deixar com ela, uma estatal - e destinar esse financiamento a ela - a tarefa de continuar à frente da porta de entrada e saída de pessoas e cargas no país?

Repetindo: é como se você gastasse uma baita grana para reformar e ampliar sua casa e depois entregasse a terceiros o direito de administrar as benfeitorias. E pior: emprestasse dinheiro a esses mesmos terceiros para que administrem as benfeitorias que você bancou.

É, minha gente, é triste mas é mais uma rendição do governo da Tia Dilma à privatização imposta pelo poder econômico. Mais branda que a de FHC, menos predatória, mais vantajosa – todavia é privatização, sim.

Aliás, com todo o apoio da mídia comercial e seus “analistas” “isentos” “imparciais” neoliberais. Os argumentos são os mesmos que respaldavam o entreguismo dos tempos de tucanos no governo.

Estes "analistas" só não se incomodam com o oligopólio que manda e desmanda no transporte aeroviário, até porque a mídia que lhes dá espaço é oligopolizada também.

O Brasil tem quase 200 milhões de habitantes e um território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Só quatro companhias comem desse gigante, farto e delicioso bolo: Tam, Gol, Azul e Avianca.

Pior ainda: só duas delas, Tam e Gol, abocanham 75% do mercado.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil, triplicou, nos últimos dez anos, o número de passageiros de avião no Brasil. Para cada 100 habitantes, 55 passagens são emitidas. Uma proporção extraordinária. Aritmeticamente, é como se mais da metade dos brasileiros viajasse de avião no país.

Inacreditável que não haja espaço para mais empresas. Inaceitável que o governo, para regular o mercado, não mantenha uma companhia aérea pública.

As quatro privadas fazem o que querem com os preços das passagens – os quais em oito anos subiram 130% acima da inflação, de acordo com o IBGE -, com horários e rotas, com passageiros e suas bagagens.

E todas seguem, entretanto, livres para voar.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Dia de kizomba

Em 1988, a homenagem da Vila Isabel (foto: O Dia)
De Curitiba

Há 25 anos, a Vila Isabel conquistava seu primeiro título no grupo especial do carnaval do Rio de Janeiro com um samba-enredo e desfile que entraram para a história.

Era 1988, centenário da abolição da escravatura, e o samba e o desfile da Vila Isabel procuraram demonstrar que a lei áurea, a qual oficialmente colocava fim à barbárie institucionalizada, advinha após séculos de luta e sofrimento.

Não se tratava, portanto, de simples remissão por parte da elite branca.

(Relembre o desfile acessando aqui)

O enredo da Vila Isabel, de autoria de Martinho da Vila, e o samba, criação de Rodolpho, Jonas e Luís Carlos da Vila, 25 anos atrás exaltavam a figura e o legado de Zumbi dos Palmares, assassinado pelas forças do império em 20 de novembro de 1695 – daí a data em que se comemora o Dia da Consciência Negra.

(Um pouco da história da luta de Zumbi e do povo do Quilombo dos Palmares pode ser conferida aqui).

Ao samba-enredo, pois:


Kizomba, festa da raça

Valeu Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a abolição

Zumbi valeu!
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e maracatu
Vem menininha pra dançar o caxambu (bis)

Ôô, ôô, Nega Mina
Anastácia não se deixou escravizar
Ôô, ôô Clementina
O pagode é o partido popular

Sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção
Esta Kizomba é nossa Constituição (bis)

Que magia
Reza, ajeum e orixás
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E um bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos
seus rituais

Vem a Lua de Luanda
Para iluminar a rua
Nossa sede é nossa sede
e que o "apartheid" se destrua

Valeu!

Leia também:

domingo, 17 de novembro de 2013

Túnel do Alckmin apavora o Macuco

Um dos "n" rascunhos divulgados recentemente pelo Governo de SP
 De Santos

Desde que os tucanos governam o Estado de São Paulo, há 18 anos, incontáveis projetos de uma ligação seca entre Santos e Guarujá vêm sendo anunciados pelo governador de plantão. Foi assim com Mário Covas, com Geraldo Alckmin, com José Serra, com Alckmin de novo...

Como a promessa não dá mais ser requentada, o governo estadual agora se alopra em fazer a ligação sair das maquetes, das lâminas em power point e dos vídeos de campanha para virar realidade.

Só que, depois de quase duas décadas, os tucanos não conseguiram acertar: o projeto apresentado e defendido por Geraldo Alckmin atualmente, em vez de solucionar um problema regional de mobilidade, tende a criar outros, e de outras naturezas também.

Dos mais entendidos em engenharia de tráfego aos mais leigos, passando pelo pessoal que lida com assuntos portuários e por moradores das áreas a serem atingidas pelas obras, há praticamente um consenso em rechaçar o traçado do túnel que vai sair do Macuco, passar por sob o canal do estuário e desembocar em Vicente de Carvalho.

Primeira e mais elementar razão, a de que o túnel não vai servir como deveria ao principal polo gerador de tráfego, o Porto de Santos. A região precisa de vias que unam as duas margens, e para isso é evidente que o túnel deveria ser construído em outro ponto - na Alemoa, Saboó ou, no máximo, no Valongo.

Depois porque o traçado proposto desta vez vai trazer todo o fluxo entre Santos e Guarujá, inclusive o de caminhões, para uma zona já densamente urbanizada.

Terceiro motivo, e tão fundamental quanto os outros dois: o projeto atual vai implicar na desapropriação de imóveis e na remoção de centenas de famílias.

A falta de clareza, por parte do governo estadual, sobre onde exatamente o túnel vai acabar e começar, onde precisamente serão implantadas as alças de acesso, está a aterrorizar os moradores do Macuco.

Está todo mundo com medo, sem saber se a sua casa vai ser ou não derrubada para a obra, se o túnel vai passar do lado ou embaixo da sua moradia. Tradicional bairro, por onde a cidade começou a se expandir para o leste da ilha, reduto de trabalhadores portuários e operários, no passado abrigo de comunistas, o Macuco está iminência de desaparecer, sem o mínimo respeito, menor dó e piedade das autoridades estaduais e municipais.

O histórico do governo Alckmin quando o assunto é remover gente, principalmente pobres, para atender aos interesses políticos e econômicos, é, de fato, para deixar todo mundo apavorado. No Macuco, assim a gente está.

sábado, 16 de novembro de 2013

Há 50 anos, o bicampeonato mundial do Peixe

Goleada que garantiu terceiro jogo, ganho por 1 a 0
De Santos

Hoje é dia de festa na Vila Belmiro, pelos 50 anos da conquista do bicampeonato mundial pelo Santos Futebol Clube.

Mais de 120 mil pessoas assistiram de perto, no Maracanã, à vitória de 1 a 0 do Peixe sobre o Milan, em 16 de novembro de 1963. 

Dois dias antes, 132 mil torcedores, no mesmo estádio carioca, testemunharam o alvinegro santista aplicar 4 a 2 sobre o time italiano, devolver a derrota pelo igual placar sofrido no jogo de ida e provocar a terceira e derradeira - e histórica - partida final.

É como diz o hino do clube...:

Sua bandeira no mastro é a história
De um passado e um presente só de glórias
Nascer, viver e no Santos morrer
É um orgulho que nem todos podem ter

Clique aqui e assista a um vídeo sobre a inigualável conquista.

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Em tempo: nesta semana o Brasil viveu uma semana memorável, para o bem e para o mal, por pelo menos dois fatos. Um, a exumação do corpo de João Goulart, cujos restos mortais foram recebidos no Palácio do Planalto em cerimônia que representa uma reparação a uma das maiores injustiças da história brasileira. Outro fato, ao contrário, entra para o rol exatamente das grandes injustiças da história brasileira: a prisão de José Genoíno e José Dirceu. Aqui e aqui dois textos para entender por que.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A estreia, em Londres, do Brasil Observer

A diagramação é, por si só, um convite à leitura
De Curitiba

Circulou nos últimos dias em Londres a primeira edição do Brasil Observer, jornal voltado principalmente para os brasileiros que moram na Inglaterra, sucessor do The Brazilian Post.

A cooperativa que toca em frente o projeto é capitaneada pelos companheiros Ana Toledo e Guilherme Reis, e também por Roberta Schwambach e Kate Rintoul.

Nesta edição de estreia, com mó prazer e orgulho, sou um dos cooperados - colaborei, indicado pela companheira Rosa Bittencourt (correspondente do jornal no Rio de Janeiro), com uma matéria sobre o leilão do petróleo da camada pré-sal, do Campo de Libra.

A versão do jornal na internet você confere clicando aqui.

domingo, 10 de novembro de 2013

Existe calor em CWB

Blitz da Blitz (foto: Carolina Cattani)
De Curitiba

Na foto, a Praça Generoso Marques, mas genoroso com a generosa Curitiba foi São Pedro neste final de semana.

Depois de dias de uma cidade encoberta por nuvens, cinza, regada a chuviscos e temperada com frio, Curitiba foi presenteada com sol e céu azul para abrigar os shows da Corrente Cultural no final de semana.

Sim, exite amor em SP e, sim, existe calor em CWB.

Os shows, pelo menos o que deu pra gente acompanhar, foram espetaculares.

No sábado, Paulinho Moska e Orquestra de Cordas, pouquinho da Gaby Amarantos, depois o "eu ia lhe chamar" do Moraes Moreira, o devagar devagarinho do Martinho da Vila (com direito ao samba da Vila Isabel campeã deste ano), outro pouquinho da Confraria da Costa. 

E no domingo, Criolo e Blitz. Lenine não deu tempo de ver porque 19h tinha jogo do Peixe.

Por sinal, o Santos teve tudo pra ganhar do Vasco diante de 60 mil vascaínos mas, devido à covardia do técnico, que recuou o time no segundo tempo, cedemos o empate.

La nave va.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Quer internet? Então lute pela neutralidade da rede. E já!

A gente não pode deixar essa passar batido
De Curitiba

A Câmara dos Deputados deve colocar em votação nesta terça-feira, dia 29, o projeto de lei que regulamenta o serviço de internet no Brasil. É o chamado “marco civil” da internet.

Por favor, acompanhe esse assunto, escreva para o seu deputado ou deputada federal – ou, se você não votou em ninguém ou não se lembra, escolhe um.

Entre em contato com ele ou com ela para pedir que o texto aprovado garanta, principalmente, a chamada “neutralidade” da rede.

São termos – “projeto de lei”, “marco civil”, “neutralidade da rede” - pouco digeríveis, mas são imprescindíveis pra nossa vida em sociedade hoje e amanhã.

Afinal, acesso à internet é tão essencial quanto aprender a ler e escrever, ter água, luz, rádio e televisão em casa.

A “neutralidade da rede”, que é o ponto crucial do projeto de lei em tramitação, é fundamental para garantir que todo mundo tenha acesso a tudo o que está na internet sem precisar pagar mais por isso, ou fechar planos e pacotes específicos com as operadoras do serviço (Net, Vivo, GVT, Oi, Tim, Claro...).

A “neutralidade da rede” vai obrigar as operadoras a garantir que você tenha a mesma chance de acesso ao facebook, ao twitter ou ao youtube, que tenha a este blog ou qualquer outro site.

Se não houver, garantida em lei, a “neutralidade da rede”, uma operadora pode exigir que, pra você acessar o facebook, por exemplo, precise possuir plano x ou pacote y, e assim por diante.

Na prática isso já está ocorrendo. É só ver anúncios da Claro que vendem “pacotes” em que os acessos ao twitter e ao facebook são “grátis”. Isto é, quem não tem aquele plano, só pagando acessa esses dois.

Hoje o negócio é vendido como se fosse uma vantagem - “acesso grátis a facebook e twitter”. Mas daqui a algum tempo, se isso não for coibido, o acesso a sites mais procurados ou desejados será um privilégio de quem puder pagar mais.

Ou seja, pra postar uma foto no flickr ou um vídeo no youtube, você vai precisar ter pacote x ou y, o que certamente vai custar dinheiro. Se não puder pagar, vai ter que se contentar em acessar outros sites que “caibam” no seu bolso.

Faço um mea-culpa: demorei a falar sobre isso aqui, a ajudar a repercutir o assunto.

Mas ainda é tempo, e cá estamos.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Jornada reduzida para motoristas: por uma viagem mais segura

Condutores são obrigados a também cobrar passagem (foto: Prefeitura de Santos)
De Curitiba
 
Um projeto de lei que tramita no Senado merece ampla repercussão porque atinge milhares de brasileiros que todos os dias dependem de ônibus para ir e voltar para casa, do trabalho, do estudo ou do lazer.

O projeto reduz para 36 horas semanais a carga horária semanal de trabalho dos motoristas de transporte coletivo.

Nada mais justo.

A gente que usa o transporte público diariamente vê o quão desgastante e arriscado é conduzir ônibus no caótico trânsito das médias e grandes cidades.

E, não bastasse a responsa de carregar centenas de pessoas em cada viagem, em veículos nem sempre nas condições ideais, ultimamente o motorista tem que cobrar passagem, se preocupar com troco, largar a boleia para operar equipamentos que embarcam cadeirantes e dar satisfações a passageiros insatisfeitos com a demora no ponto.

A redução da jornada é qualidade de trabalho e vida para os profissionais, e melhora da qualidade e da segurança do serviço prestado à população.

O projeto só não interessa mesmo às viações e sua sanha por lucro.

Aliás, o poder econômico já demonstra agir contra. O projeto estava previsto para ser discutido na Comissão de Assuntos Sociais do Senado em 25 de setembro mas, de última hora, foi retirado de pauta – a pedido do senador Clésio Andrade (PMDB-MG), dono de viação em seu estado.

Agora, o projeto terá de passar, primeiro, por outras duas comissões (infraestrutura e assuntos econômicos). Ou seja, sua tramitação tende a demorar.

O autor do projeto de lei é o senador Alfredo Nascimento (PR-AM). O número do projeto é 266/2013. Para saber mais, clique aqui e aqui.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A catraia

Embarcação passa sob o cais do Porto de Santos (foto: Instituto Querô)

De Curitiba

Diante do temporal que se avizinhava no final da tarde de hoje em Curitiba, tuitei, enquanto esperava ônibus, que só uma catraia teria condições de tráfego caso toda aquela água que ameaçava cair, caísse.

"Catraia?", me perguntaram.

Me dei conta, talvez pela primeira vez, que catraia é um termo extraordinariamente regional.

Então aqui vai a explicação, a qual exponho com muito prazer porque me faz reviver peculiaridades caiçaras.

Catraias, lá em Santos, são aquelas barquinhas que fazem a travessia do Mercado Municipal para Vicente de Carvalho, cruzando o estuário - passando, inclusive, por debaixo de um canal que há sob um trecho do cais do porto.

Quando a maré está alta, os passageiros precisam se curvar pra que a cabeça não bata no teto do canal-túnel. Quando a catraia cruza com um navio no caminho, é preciso se segurar pra não ser saculejado (e derrubado) pela marola.
 
No filme "Lula, o filho do Brasil" há cenas com a Glória Pires nas estações de catraias tanto do lado de Vicente de Carvalho como do lado do Mercado, e também da própria travessia.

(Quando Dona Lindu e os filhos - entre eles o que viria a ser presidente da República - migraram de Pernambuco para São Paulo, instalaram-se na Baixada Santista)

A catraia é ágil e importante meio de transporte entre Santos e Guarujá, utilizado de domingo a domingo por trabalhadores e estudantes.

Apesar de parecer precário, é um sistema seguro - raros são os acidentes envolvendo as embarcações.

Há projetos de criação de passeios turísticos na região que se utilizem das catraias.

Seria um atrativo e tanto.

Como diz o personagem do curta metragem "De Catraia", do Instituto Querô, as catraias são as nossas gôndolas de Veneza.

Para assistir ao curta, clique aqui.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Dilma terá de correr para escapar da zona do rebaixamento em reforma agrária

Protesto dos sem-terra nesta quinta, em Aracaju (foto: MST)

De Curitiba

A presidenta Dilma Rousseff lançou nesta quinta-feira, dia 17, um plano de fomento à agroecologia e, segundo a Rede Brasil Atual, parece ter feito um mea-culpa sobre a pífia dedicação de seu governo ao tema da reforma agrária.

Prometeu, até o final do ano, publicar 100 decretos de desapropriação de terras improdutivas para destinar a quem quer e precisa de área para plantar e, da roça, tirar o sustento.

Dilma precisa correr contra o tempo para sair da zona do rebaixamento entre os governos que menos destinaram terras para a reforma agrária.

Até o Estadão, assumidamente pouco afeito às causas dos sem-terra, não deixa de destacar – nesta matéria de Roldão Arruda, reproduzida pelo site do MST – o desempenho série D do governo Dilma na questão agrária.

Embora prevista na Constituição de 1988, cujos 25 anos foram recém-completados, a reforma agrária é um passivo secular que os governos, quase sempre vinculados ao interesse do capital, insistem em ignorar.

(João Goulart ousou enfrentar o problema e, por essas outras, foi deposto pelo poder econômico)

É evidente que a reforma agrária é a solução, na raiz, para boa parte dos problemas da sociedade brasileira.

A reforma agrária combate o êxodo rural que ocasiona o inchaço das grandes cidades que por sua vez acentua a exclusão, a qual gera violência. A reforma agrária garante a expansão da produção de alimentos em modelo independente das regras de mercado do agronegócio. Maior oferta de alimentos é comida a preço mais baixo – é mais gente alimentada, é menor pressão inflacionária.

Enfim, os argumentos em defesa da reforma agrária estão por aí em livros e teses, incontestes.

Voltemos à matéria do Estadão.

“Do ponto de vista da redistribuição de terras”, começa o texto, “2013 caminha para ser o pior ano da reforma agrária desde o início do período da redemocratização, em 1985. Faltando menos de três meses para o fechamento das atividades do ano, a presidente Dilma Rousseff ainda não assinou nenhum decreto de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, destinando-o para a criação de assentamentos rurais”.

Em seguida a matéria aponta o inacreditável – e inadmissível: Dilma segue rumo à triste marca de “superar” o governo de Fernando Collor de Melo em inércia no assunto.

Da coordenação nacional do MST, Alexandre Conceição foi taxativo ao repórter: “O governo Dilma é refém do agronegócio”.

Deplorável, todavia irrefutável, diagnóstico.

Basta ver a senadora godiva do latifúndio toda serelepe na defesa do governo.

Basta ver a Caixa, em propaganda há algumas semanas no ar, estrelada pela espetacular Paula Fernandes e por Almir Sater, se orgulhando de ser também “o banco do agronegócio”.

O pior é que tão cedo não seremos libertados.

Desses ditos no páreo na disputa da Presidência da República, não tem um – nem Marina Silva, nem Eduardo Campos, muito menos Serra ou Aécio Neves – com coragem para tentar o resgate. Pelo contrário, estão comprometidos com os sequestradores até o pescoço.

Tá tudo nas cartas.
 

Ufa! Não foi dessa vez que ganhei na mega-sena


Este bilhete sim, pode ser premiado (foto: WAA)
De Curitiba

Vez por outra jogo na mega-sena, entretanto quase sempre me esqueço de conferir o resultado.

De modo que a recente notícia sobre “um apostador do Paraná” que havia acertado na loteria mas ainda não tinha procurado nem a lotérica nem a Caixa Econômica Federal para sacar seu prêmio, essa me assustou.

Vá que esse apostador tenha sido eu?

Aí lendo melhor a notícia, constato que o apostador é de Ponta Grossa.

Moro em Curitiba, portanto...

Ops, logo em seguida me dou conta que costumo jogar na mega justamente quando estou fora da cidade. Uma, digamos, espécie de superstição involuntária.

Ponho-me, então, a viajar na memória para conferir se estive por Ponta Grossa tempos destes.

Não, não estive. Ufa!, não foi dessa vez que deixei escapar uma chance única. Bom, por outro lado... também não foi dessa vez que ganhei na mega sena.

Diante disso, e em Curitiba mesmo, fiz uma fezinha no concurso que correu ontem, quarta-feira, 16 de outubro.

Tão logo termine e publique este post, checarei o resultado do sorteio.

O caso do apostador de Ponta Grossa passou fino, serviu pra deixar a gente mais esperto.

Tem coisa que não acontece nem uma vez, duas então...