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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sobre a partida de Marcelo Déda

No final de outubro, a visita da amiga Dilma (foto postada pelo próprio Déda)
De Curitiba

Com a partida de Marcelo Déda, Sergipe perde seu primeiro governador do campo progressista, e o Brasil fica órfão de uma liderança promissora.

Marcelo Déda, do PT, foi prefeito de Aracaju, entre 2000 e 2006, e deu nova vida à capital. A cidade passou a se destacar em políticas públicas sociais, a ponto de conquistar os melhores indicadores do Nordeste, e a ter visibilidade também pelo seu potencial cultural, artístico e turístico.

Deixou a prefeitura com maciço apoio popular para disputar e ganhar a eleição para governador em 2006, acabando com a alternância das velhas oligarquias do estado no poder.

Meses antes do pleito daquele ano, conversei rapidamente com uma representante do principal grupo opositor a Marcelo Déda: a irmã do então governador João Alves Filho, que era sua secretária de administração, Marlene Alves Calumby (os Alves vêm da Arena e suas derivações).

Era agosto de 2006 e Marlene Alves estava em Curitiba participando de um fórum que reunia secretários estaduais de administração. Atuando na assessoria de imprensa do Governo do Paraná, fui cobrir o evento e, como um filho de sergipanos, assim me apresentei à secretária para saber como estavam as coisas lá pela querida terra de meu pai, minha mãe, tios, tias, primos e primas...

O assunto descambou para o cenário eleitoral e Marlene Alves, já prevendo a derrota do irmão que tentava se reeleger, nobremente reconhecia as qualidades do adversário. Não me lembro exatamente das palavras, mas em síntese Marlene Alves salientava a capacidade de liderança, de comunicação e de empatia popular de Marcelo Déda.

Déda venceu direto no primeiro turno e se reelegeu em 2010, também logo de cara.

Em maio deste ano, licenciou-se para tratar do câncer gastrointestinal. Pelas declarações públicas de amigos e assessores, lutou até o fim. Teve tempo de ver o seu time de coração, o Flamengo, conquistar mais um título - o da Copa do Brasil. No final de outubro, recebera a visita de Dilma.

Antes da doença, Marcelo Déda era um assíduo e hábil usuário do twitter. Não se omitia diante dos questionamentos, e falava com franqueza e veemência sobre aquilo que planejava e defendia.

Praia de Atalaia, na Aracaju que Déda colocou na rota do Nordeste (foto: WAA)

Marcelo Déda é da geração de petistas da qual fez parte, lá em Sergipe, minha tia Dedê, que morreu em 2011. Dedê não se enveredou pra carreira político-partidária; mais de 20 anos atrás tinha se mudado para São Paulo, se afastado da militância. Conservava, no entanto, a defesa dos ideais que lhes motivaram  - a ela própria e a Déda - a escolher, apoiar um partido.

Dedê tinha muito, muito a viver. Déda também. Com suas virtudes e contradições, inerentes a um ocupante de cargo público que assume projetos e desafios, Déda - mesmo sendo de um estado com pouca densidade eleitoral - começava a despontar, e figuraria logo-logo, com certeza, entre as mais destacadas lideranças político-populares deste Brasil.


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