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domingo, 30 de setembro de 2012

Santos: caminho é pela esquerda

Momento é crucial. Opção deve ser o campo progressista (foto: WAA)
De Curitiba

A uma semana da eleição, o Macuco Blog declara o apoio a uma das candidaturas da esquerda em Santos.

Este blogueiro, como fazemos há quase três décadas lá em casa, vai de Telma de Souza, do PT. Mas recomenda também Eneida Koury, do Psol, ou Luiz Xavier, do PSTU.

Há 20 anos, Telma terminava seu mandato à frente da Prefeitura de Santos com a aprovação de nove entre dez moradores da cidade, mesmo enfrentando uma ferrenha oposição da mídia local e administrando o município numa época de grande instabilidade política e econômica do Brasil.

O orçamento era extraordinariamente inferior ao de hoje; a hiperinflação limitava a capacidade de investimentos e planejamento de qualquer gestor público. Ainda assim, Telma reformulou o transporte coletivo, urbanizou a Zona Noroeste, cuidou especialmente dos Morros, implantou a coleta seletiva de lixo, criou instrumentos que abriram caminho para a recuperação do Centro Histórico e para a possibilidade de se acabar com os cortiços no Centro Velho, levou programas culturais para as escolas. 

No governo Telma nasceram políticas na área de saúde que depois foram replicadas para o país e incorporadas pelo governo federal, como os programas de prevenção e tratamento da aids e a humanização do tratamento na saúde mental - mundialmente reconhecidos. Programas esses conduzidos pelo secretário de Saúde, David Capistrano Filho, eleito pelo povo em 1992 para suceder Telma na Prefeitura.

Enfim, Telma possui experiência, sem perder a essência do discurso progressista. Tem, portanto, credibilidade para dirigir Santos neste momento crucial de sua história.

Eneida e Luiz Xavier são mais radicais - e por radicais não se entenda "extremismo" ou "sectarismo", sim ir à raiz das questões. O voto em um dos dois é importante para sinalizar à elite santista que, embora a direita esteja a predominar, a Santos combativa, popular, resistente, resiste.

Qualquer que seja a opção, lembre-se: o crescimento com desenvolvimento só alcançamos quando caminhamos pela esquerda.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Santos: loco por ti, América

Mais uma taça erguida: vai dar "LER" no Edu Dracena
De Curitiba

A esta lista de títulos aqui - http://migre.me/aSMi0 - soma-se mais um, a Recopa Sul-Americana, vencida há pouco.

Se quiser conferir quantas são as conquistas do Santos Futebol Clube, e quantas delas são internacionais - e, mais ainda, quantas delas são sul-americanas - por favor, acessa lá a lista e conta. Eu comecei, pra fazer este post, mas me perdi nos cálculos. Desisti, é muito título, é muito trabalho contar tudo.

Só agora em 2012, são dois. A Recopa propriamente dita e o tri do Paulistão.

Para o ano do centenário, está bom. 

Ainda mais se a gente se lembrar que, em dois outros torneios, na Libertadores e no Brasileirão, fomos e estamos sendo prejudicados pelas convocações de nossos atletas para a seleção, para a participação em jogos, em sua maior parte, inúteis.

Incluem-se entre as dificuldades também contusões graves, como a que afasta o capitão Edu Dracena por alguns meses e outras a impedir o técnico Muricy Ramalho de definir o time ideal.

Mas com o incansável craque Neymar, o resistente guerreiro Léo, o eficiente Durval "Rei do Sertão", o combativo Adriano Pagode e o habilidoso Arouca temos conseguido sobrepor alguns obstáculos.

domingo, 23 de setembro de 2012

Mc Donald's n'é brinquedo não

Cartaz do filme sobre a alimentação mcdonaldiana

De Curitiba

Tramita no Senado da República um projeto de lei para acabar com uma corriqueira e (no mínimo) desleal  prática das redes de fast food, principalmente do Mc Donald's e assemelhados: oferecer brinquedos às crianças que consomem seus terríveis lanches.

Tomara os congressistas sejam guiados pelo interesse público, não cedam às pressões do poder econômico da cadeia norte-americana e aprovem a medida.

Em casa temos um exemplo do que ocorre por aí: as propagandas na televisão que anunciam os bonequinhos de personagens de desenhos e filmes como brindes nos sanduíches despertam nos sobrinhos o desejo de irem ao Mc Donald's. Ainda bem que nem tanto pelo lanche - só ficam na batata-frita -; querem mesmo é saber do brinquedo.

Mas é evidente que essa prática de persuasão é uma ameaça à segurança alimentar das crianças.

Se quiser saber mais sobre o projeto e manifestar aos parlamentares seu apoio, confira aqui.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Por que país rico é...

Mais uma indústria sai de mãos brasileiras
De Curitiba

Com o anúncio, semana destas, da compra da CCE pela chinesa Lenovo, de novo insisto nesse tema da desnacionalização da nossa economia – sobretudo da nossa indústria.

Como abordado em posts anteriores, já levaram nossa cachaça, nosso café, nosso chocolate e nossa cerveja (aqui); também se apoderaram dos nossos supermercados (aqui) e das nossas usinas de álcool (ver aqui).

O mais preocupante é que poucos parecem se preocupar.

Nas matérias nos jornalões e revistonas que noticiaram a venda da CCE, por exemplo, nenhum questionamento, nenhuma análise, ninguém abordando o aspecto da desnacionalização.O governo federal, fora excelentes medidas pontuais de combate aos efeitos da crise internacional, parece mais concentrado em garantir as concessões privatistas do que em regular o controle do nosso capital. No Congresso, contam-se nos dedos (e se bobear, duma única mão) os verdadeiros defensores da soberania brasileira.

País rico é país sem miséria, sem dúvida. Mas essa riqueza tem que estar nas nossas mãos, sob nosso controle, sob nossas decisões.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A oportuna novela 'Lado a Lado'

Expulsos do centro, pobres cariocas passam a ocupar os morros

De Curitiba

Entre o final do expediente na revista e o início da labuta em sala de aula, paro numa padaria ali na Sete de Setembro, perto da Praça do Japão e, desde a última semana, enquanto tomo um café e como uma média com manteiga, tenho espiado, pelo aparelho de tevê instalado próximo ao balcão, a 'Lado a Lado', novela das seis que estreou segunda-feira passada.
 
O que me chamou a atenção na novela, quando me deparei com a exibição do primeiro capítulo na panificadora, foi, além de Camila Pitanga, a música de abertura - o samba-enredo de 1989 da Imperatriz Leopoldinense, campeã do carnaval daquele ano.

(Mais ainda: o samba é tocado em sua versão original, na voz de Dominguinhos do Estácio)

A partir do tema de abertura, passei a reparar na trilha sonora - tem Martnália, o pai Martinho da Vila, Milton Nascimento, Gal Costa, Nação Zumbi... 

Atraído, pois, pelo repertório musical do folhetim televiso, comecei a acompanhar - durante os dez, 15 minutos que tenho para o café - a história da novela. E a me interessar, porque é extraordinária!

'Lado a Lado' mostra os efeitos do excludente processo de reurbanização do centro do Rio de Janeiro imposto pela administração do prefeito Pereira Passos, entre 1903 e 1906. Mostra como as famílias pobres, principalmente de negros, recém saídos da escravidão, eram tratadas pelas elites econômica e política.

 Sob o argumento da necessidade de melhorar as condições sanitárias e modernizar a cidade, edificações que serviam de cortiços foram demolidas pela administração de Pereira Passos para dar espaço a avenidas e praças, boulevards a la Paris.

Seus moradores, porém, eram despejados, do dia pra noite, sem alternativa, assistência alguma. Deixados ao léu, se viram obrigados a se afastarem do centro, e encontraram nos morros o único lugar possível para erguer um barraco e ter um teto para, sob o qual, dormirem.

O momento para a novela contar essa história não poderia ser o mais propício.

Talvez sirva para os mais resistentes refletirem e compreenderem a importância das chamadas 'políticas afirmativas', como as cotas no ensino superior, há pouco regulamentadas por lei federal. Talvez faça, também com um pouco de reflexão, os eleitores reconhecerem aqueles prefeituráveis que, apresentando projetos de suposta revitalização, na verdade estão a defender a secular exclusão urbana e social em nossas cidades.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Um troféu para a beata Doroteia

Laura Cardoso, homenageada do Curta Santos 2012

De Curitiba

Que presente sensacional ganhou a atriz Laura Cardoso, que faz aniversário hoje, 13 de setembro – são 85 anos de vida.

Ela foi escolhida pela organização do Curta Santos/Festival de Cinema de Santos como a homenageada da décima edição, que começa na segunda-feira, dia 17, e vai até dia 23.

Embora não esteja assistindo à novela, sei, pela repercussão, que Laura Cardoso vem fazendo um baita sucesso interpretando a beata Doroteia, em “Gabriela”.

E já está escalada para o elenco de dois filmes, previstos para serem lançados entre 2013 e 2014: “Muita Calma Nessa Hora 2” e “Síndrome”. Laura Cardoso, segundo material divulgado pelo Curta Santos, já atuou em 20 obras cinematográficas nacionais.

O sucesso que Laura Cardoso re-experimenta é a coroação de uma carreira extraordinária, iniciada há sete décadas.

Uma das interpretações mais marcantes das novelas as quais já assisti foi a de Laura Cardoso como mãe das gêmeas Ruth e Raquel, em “Mulheres de Areia”, reprisada ano passado. Uma cena em que ela tem uma discussão feia com o marido, e toda a relação da personagem dela com a filha má, a Raquel, são dum primor ímpar, envolventes.

Laura Cardoso vai receber do Curta Santos o Troféu Lilian Lemmertz. Junta-se a Eva Wilma, Júlia Lemmertz, Rosi Campos, Bety Faria e Christiani Torloni, homenageadas em edições anteriores. A cerimônia de entrega vai ser na abertura do Curta Santos, na noite de segunda-feira, no Mendes Centro de Convenções.

Mais sobre o festival aqui: http://www.curtasantos.com.br/10edicao/

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Santos, há saída pela esquerda

Tamiris Rizzo, revelação da política santista
De Curitiba

Voltei de Santos com um misto de decepção e preocupação por causa da  possibilidade de os santistas conduzirem os rumos da cidade cada vez mais pela direita. Na mesma bagagem trouxe também, no entanto, uma pequena mas forte dose de esperança de que um caminho à esquerda está a se reconstruir.

A cidade que já foi conhecida como "Moscou Brasileira" e "Porto Vermelho", dos mais resistentes núcleos de combate à opressão e às injustiças sociais, hoje tende a eleger para a prefeitura um - como se diz aqui no Paraná - piá de prédio, jovem de idade, mas de velhas ideais, herdeiro do último prefeito biônico do município, filiado ao neoliberal PSDB, coligado com o neocon Dem.

Ao mesmo tempo, há uma Santos que procura desbravar esse caminho à esquerda cada vez mais largado, desabitado, tomado pelo mato -  mas que está aí para ser recuperado e novamente seguido.

Conheci a Tamiris Rizzo, candidata a vereadora pelo PSTU, que se mostra uma revelação do campo progressista. Tem sensibilidade social, consistência ideológica, sabe expressar com clareza e firmeza - sem perder a gentileza - seu ponto de vista, seus ideais, suas posições.

Faz uma campanha  radical, isto é, vai à raiz dos problemas,apontando o cerne das soluções.

A Tamiris se apresenta como uma das desbravadoras dessa estrada à esquerda que precisamos reencontrar para seguir viagem.

Pode até não ser eleita agora, porque argumentar só com as ideias, e não com o poder econômico - a arma da maior parte dos concorrentes -, deixa a jornada mais árdua e longa; mas Tamiris, ao que tudo indica, finca, e bem, as sólidas pedras desse chão.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Cotas: uma tardia, mas justa reparação

O Dem foi ao STF questionar medida, agora lei sancionada por Dilma. Foto: Blog do Planalto
De Curitiba

Com 500 anos de atraso, uma violência irreparável imposta aos índios e negros começa a ser reconhecida e minimamente compensada, com a lei de cotas nas universidades federais sancionada dias atrás pela presidenta Dilma Rousseff, e fruto do trabalho de deputados e senadores (leia aqui).

Por cinco séculos impusemos aos que já viviam aqui antes de Cabral e aos que vieram da África uma cota às avessas. Eles não tinham voz, vez, um quinhão sequer dos mais elementares dos direitos humanos. Pelo contrário: foram vítimas das mais cruéis atrocidades.

Falha, porque tarda, a reparação. Mas, aos poucos, apesar da chiadeira dos privilegiados de sempre, o Estado brasileiro vai amortizando essa impagável dívida histórica.

As cotas já vinham sendo estabelecidas há alguns anos pelas instituições de ensino superior e, depois que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a constitucionalidade da medida (confira aqui), questionada por um partido político, o Dem (preste atenção em que você vai votar neste ano, hein!?), abriu-se espaço para uma legislação que padronize as regras.

Eis, pois, a lei das cotas. As universidades têm quatro anos para a adequação.

Os efeitos dessa maior igualdade de condições no acesso à educação, base para a solução de nossas injustiças, vão demorar um pouco a acontecer. Mas virão e a abolição - de fato - da escravatura e da exclusão social estará mais próxima.

domingo, 2 de setembro de 2012

Pra terminar e começar a semana, Paulinho da Viola

O mestre faz 70 anos em novembro (foto: divulgação)
De Curitiba

Fazia um tempo que não ouvia Paulinho da Viola, o que é bem raro. Mas durante esta semana que passou coloquei a audição em dia e, como que para coroar esse resgate portelense, sem querer parei na Globo News quando, no "Arquivo N" deste domingo, o homenageado era justamente o mestre.

(Ele é um dos setentões de 2012).

Nestes dias de revisada na obra de Paulinho da Viola me chamou a atenção excepcionalmente "Coisas do Mundo, Minha Nêga".

E não é que no "Arquivo N" o Martinho da Vila declara exatamente aquilo que eu pensara durante a semana? Se eu fosse compositor, concluí cá, queria ter feito uma letra como essa. Por sua vez, Martinho, que é compositor - e dos geniais -, revelou no programa da Globo News: "acho que o Paulinho nem sabe, porque nunca disse isso a ele, mas 'Coisas do Mundo, Minha Nêga' é a música que um dia queria ter escrito".

Neste link, "Coisas do Mundo...". Mas o cardápio é farto, e viajar com Paulinho da Viola clareia as ideias.

Boa semana!