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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Mais que mais um virar de folhinha

Orla de Santos, a partir da Ponta da Praia (foto: WAA)
De Santos

É um tanto exagerada essa expectativa despejada sobre os "anos novos" - não é por um mero virar da folhinha que a vida, o mundo melhoram.

Mas também é ceticismo ao extremo desconsiderar a passagem de ano como oportuna a mudanças.

Até porque o cotidiano nesta sociedade ocidental é guiado pelo período de 12 meses, o qual mais um está por se encerrar - e, encerrado, a gente recomeça um trabalho, avança de etapa no estudo, se vê diante de outras situações. 

Neste 2013, por exemplo, nossas cidades recebem novos governantes - sejam ou não do nosso agrado, vão conduzir a nau a partir de amanhã, e neles precisaremos estar de olho.

Enfim, o deixar o ano velho para encarar o novo é um pouco mais do que uma troca de calendário.

De modo que o momento é ideal a balanços, à atualização de planos, à revisão de atitudes, ao planejar de projetos.

É o momento, principalmente, de desejar lucidez a todos.

Saúde, paz, alegria, feliz 2013!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Anoitecer da última sexta-feira de 2012

Oceano Atlântico visto da Ponta da Praia (foto: WAA)
De Santos

Que o ano termine assim, devagar-devagarinho, como o crepúsculo na orla santista hoje.
 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O descaso do Governo Alckmin com o transporte na Baixada Santista

Nestes dias de calor, sistema de ônibus é desumano (foto: WAA)
De Santos

O governador Geraldo Alckmin poderá ser o candidato do PSDB à presidência da República em 2014 e certamente na campanha virá com o discurso da importância do investimento em transporte público e lugares-comuns semelhantes.

Pois saibam vocês, desde já, que será pura demagogia, como se vê pela praxis tucana.

Aqui na Baixada Santista, a 15ª maior região metropolitana do Brasil em população, a gestão Alckmin ou é incompetente ou age de má-fé ou é subserviente aos interesses privados, ou tudo junto e misturado ao mesmo tempo.

Porque é inadmissível que os 1,7 milhão de habitantes da Baixada sejam servidos por um transporte metropolitano obsoleto, lento, desconfortável e caro, gerenciado pelo governo estadual, por meio de sua Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU).

(Lembremo-nos: desde 1995, o PSDB "governa" São Paulo. Alckmin, desde 2001)

Bilhete único por aqui, até agora nada. Os itinerários das linhas são irracionais. Os ônibus, quase todos da Viação Piracicabana (do Grupo Constantino, controlador da Penha e Gol Linhas Aéreas, entre outras diversas empresas de transporte urbano no país), são chassis de caminhão encarroçados. Há mais de dez anos os cobradores foram retirados dos coletivos e os motoristas fazem dupla função (uma lei estadual chegou a ser aprovada pela Assembleia Legislativa mas, contando com a omissão do governo estadual, as empreas de ônibus conseguiram impedir a vigência do texto legal), o que retarda as viagens.

Um caos. 

Nestes dias de temperaturas a 40 graus então, esse sistema de ônibus, que já é indigno, torna-se desumano.

É só tomar uma das linhas que ligam Santos a São Vicente, a Praia Grande ou a Cubatão pra conferir.

Desde 1995, os tucanos anunciam para a Baixada a implantação de uma rede de veículos leves sobre trilhos, o tal VLT. Semana passada Alckmin esteve em Santos requentando a promessa.

Nem implantam o VLT nem modernizam o sistema de ônibus.

Reiterando: incompetência, má-fé ou subserviência ao poder econômico?

sábado, 22 de dezembro de 2012

De Curitiba para Santos, via tríplice divisa

Próximas atualizações do blog virão de Santos (foto: Governo SP)

De Curitiba

Retardei a viagem de final de ano para este sábado na esperança de que a situação na rodoviária de Curitiba esteja menos caótica e, nas estradas, mais tranquila.

De modo que, embora a dor do parto seja forte, parto esta noite, primeiro para a tríplice divisa Paraná-São Paulo-Mato Grosso do Sul e, na segunda-feira, para Santos.

Só reencontrarei Curitiba ano que vem.

Porém, assíduos e fiéis navegantes deste blog, fiquem sossegados que desde a inspiradora paisagem santista pretendo lhes importunar com alguns posts aqui.

Por enquanto, então, Feliz Natal a todos! Mas, desde já também, um 2013 de muita saúde, paz e alegria!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Carnaval antes do Natal

Mais uma vez, sambas da Portela e da Vila Isabel são os destaques

De Curitiba

Estamos a alguns dias de desejar um Natal feliz; antes, no entanto, vamos falar do carnaval.
É só daqui a um mês e meio mas, nas escolas de samba, certamente a contagem é regressiva e os trabalhos, acelerados.

Como tem se tornado tradição, este Macuco Blog faz breves considerações sobre os sambas de enredo - o motor de um desfile - das escolas do Rio de Janeiro. Por mais caprichada e luxuosa que for uma apresentação, se o samba falhar, difícil o desempenho da escola ser espetacular.

Deixemos a enrolação de lado, vamos ao que interessa.

Antes de mais nada, 2013 não reserva sambas fora-de-série como foram, em 2012, o da Vila Isabel e o da Portela. Mesmo assim, são delas também os dois grandes sambas deste carnaval que se avizinha. Confira:

  • Portela: samba gingado, sobre um ótimo enredo, a história do bairro de Madureira e, por tabela, da própria escola. Muito bem interpretado por Gilsinho, que a cada ano se aproxima do grupo dos grandes nomes da avenida.
  • Vila Isabel: a toada e o sotaque caipira são os destaques (o enredo é sobre a vida na zona rural). Talvez tenha se excedido em estereótipos, mas nada que comprometa. Na voz do grande Tinga, a quem assistimos no carnaval de inverno curitibano do Aos Democratas, tem tudo pra levantar a galera.
  • Beija-Flor: a turma de compositores e o inigualável Neguinho da Beija-Flor conseguiram transformar um enredo, em primeira análise, insignificante (a raça de cavalos mangalarga), numa aula de história muito bem cantada e, ao que tudo indica, muito bem sambada.
  • Unidos da Tijuca: o refrão é o destaque desse bom samba, que fala sobre a Alemanha. Mais uma vez, a escola da Zona Norte desponta como favorita.
  • União da Ilha do Governador: o samba não é ruim mas, diante do baita enredo que tinha em mãos (o centenário de Vinícius de Morais), era de se esperar mais. De qualquer forma, se mantiver o desempenho de 2012, não será surpresa se a União da Ilha ficar entre as seis em 2013.
  • Imperatriz Leopoldinense: bom samba sobre o Pará. 
  • Inocentes de Belford Roxo: engradece o samba a voz do Wantuir - depois do Neguinho da Beija-Flor o melhor intérprete do sambódromo (todavia estranhamente dispensado da Grande Rio).
  • Salgueiro: em relação ao que a gente está acosumtado a ouvir do Salgueiro, o samba deste ano, sobre a fama, ficou devendo.
  • Mangueira: vacilou em não homenagear Jamelão no ano de seu centenário. Vem com enredo patrocinado, sobre Cuibá, com um samba comum - não ruim, porém pouco contagiante.
  • Grande Rio: o samba tornou o enredo, uma defesa das atuais regras dos royalties do petróleo, quase que um enredo separatista, ao estilo "o Rio é o meu país". Olha só: "vem cá, me dá, o que é meu, é meu", diz verso do refrão.
  • Mocidade Independente de Padre Miguel, sobre o Rock in Rio, e São Clemente, sobre as novelas do horário nobre da televisão, são sambas recheados de intertextualidades.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O iphone da Gradiente e o complexo de vira-latas

O aparelho lançado pela fabricante brasileira

De Curitiba

Impressionante como está enraizado em nós brasileiros o tal complexo de vira-latas.

Mesmo naturais do território mais rico do planeta, berço de gênios universais na música, na pintura, na arquitetura, nas ciências sociais, no esporte, na política, na pedagogia, no cinema, na literatura e em tantas outras áreas, temos a dificuldade de nos considerarmos capazes.

Alguns episódios trazem isso à tona.

O anúncio ontem, pela Gradiente, do lançamento de seu iphone, expôs, nas piadas e, sobretudo, nas análises "sérias" de "especialistas" consultados pela mídia, essa tendência de nos enxergarmos inferiores. Mais que isso: nossa condição de "colonizados".

Num ramo dominado por transnacionais, o da eletroeletrônica, uma das sobreviventes de capital nacional , a Gradiente, ousa dizer que tem, ela, e não a gigante estadounidense Apple, o direito a utilizar a marca "iphone" no Brasil.

Diante dos documentos que atestam o registro da marca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) pela Gradiente, alguns "entendidos" em marketing ouvidos pelos portalões de notícias na internet criticam, ainda assim, a apropriação da marca pela fabricante brasileira. Como "iphone" já está ligado à maçã, dizem tais especialistas, não pega bem à empresa da Zona Franca de Manaus tomar o termo de volta.

Nas redes sociais, algumas tiradas até têm sua graça; outras são evidente manifestação - disfarçada por um suposto humor - dessa inferioridade (quando não submissão mesmo). Boa parte até tolerável - passamos décadas sendo ensinados de que o que presta é o que vem de fora. Outra parte, reprovável, afinal vem de gente dita instruída, estudada, entendida, esclarecida.

Em tempo: um estádio para a Copa 2014 já está pronto. Fica no Nordeste, em Fortaleza, no Ceará: o Castelão.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A seleção do Congressão

Perigo: o Judiciário avançando na seara do Legislativo (foto: WAA)

De Curitiba

A temporada 2012 de futebol, para o Brasil, terminou, em fim, neste final de semana, com a decisão do Mundial de Clubes. Há uma outra temporada, a do legislativo nacional, que está para se encerrar - nesta semana com, por sinal, importantes decisões também.

Faz parte do balanço de perdas e ganhos a gente relacionar os protagonistas. A nossa seleção do Brasileirão postamos aqui. Já a seleção do Congressão é esta a seguir:

  • No gol: o senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Discreto, sem aquelas defesas pra sair na foto, mas assumiu bem a posição de líder do governo. 
  • Lateral-direita: o senador Collor (PTB-AL). Bom, seleção é momento e, na ala direita, o destaque foi o ex-presidente, pela sua ousada atuação no caso Carlinhos Cachoeira (um dos poucos a denunciar a relação do bicheiro com a revista Veja).
  • Zaga: os senadores Suplicy (PT-SP) e Paulo Paim (PT-RS). Defendem bem seu time, mas sabem sair pro jogo também. 
  • Lateral-esquerda: o deputado Dr. Rosinha (PT-PR). Cobre com eficiência a defesa, sem deixar de se apresentar para o jogo, pela esquerda.
  • Meio-de-campo: as deputadas Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) e Luíza Erundina (PSB-SP) e o deputado Luiz Alberto (PT-BA). As duas, pela beleza com que atuam, sem perder a firmeza - sobretudo em questões como direitos humanos, democratização das comunicações. Já o baiano assegurou lugar em razão de sua proposta do serviço social obrigatório remunerado.
  • Ataque: o senador Requião (PMDB-PR) e os deputados Delegado Protógenes (PCdoB-SP) e Ivan Valente (Psol-SP). Requião porque segue brigador no ataque, sem temer divididas, marcando golaços ao defender os interesses nacionais; Protógenes também - destaque pela sua luta para a instalação da CPI da Privataria Tucana. Já Ivan Valente entra nessa porque a gente precisa ter alguém que saiba jogar aberto pela ponta-esquerda - ainda que corramos o risco de levar umas invertidas da direita adversária.
  • Técnico: o deputado Marco Maia (PT-RS). Como presidente da Câmara, tem defendido o Legislativo da ingerência do Judiciário.
  • Revelação: o deputado Romário (PSB-RJ). O baixinho repete nos carpetes do plenário a competência dos tempos dos gramados das canchas de futebol.

sábado, 15 de dezembro de 2012

O Santos em busca de uma casa maior

Vila Belmiro, excelente estádio, mas com capacidade de público limitada (foto: WAA)

De Curitiba
A torcida tem cobrado reforços para 2013, mas é sobre um novo estádio para o Santos Futebol Clube que está na hora de atual diretoria tomar uma decisão.

São três as opções mais recorrentes: ampliar o Urbano Caldeira, construir uma arena nova ou assumir o Pacaembu.

Não sei qual delas é a melhor. Os prós e contras de cada uma equilibram a balança.

O fato é que o clube precisa de um estádio com maior capacidade de público. O da Vila Belmiro é um excelente espaço: bem localizado, boa infraestrutura, e é a própria representação da centenária história do Peixe.

No entanto, está com sua capacidade restrita - menos de 20 mil pessoas, nas atuais condições de segurança impostas pelas autoridades -, o que compromete as receitas com bilheteria.

Isso porque, para compensar a limitação de unidades vendidas, o ingresso tem que custar um pouco mais. Mas, aí, o ingresso caro afugenta o torcedor. Por outro lado, não dá para cobrar entrada barata porque, por mais que o estádio lote, a arrecadação não cobre as despesas.

Pelo menos de 20 anos para cá vários projetos de remodelação e ampliação do Urbano Caldeira vêm sendo apresentados. A execução não é fácil, pois ao redor não existe área livre. Teria de haver intervenção do poder público, com desapropriações, regulamentações. Ou seja, saída cara e burocrática. É, todavia, a que mais preserva as tradições alvinegras.

A construção de um novo estádio também é onerosa. E tem o custo imaterial, sentimental: o de deixar a “Vila Mais Famosa do Mundo”. A favor, a perspectiva de o patrimônio do clube ter incorporada uma arena moderna, multiuso, que propicie faturamento não só com futebol mas com shows e outras atividades. Poderia ser erguida em Cubatão, equidistante da Vila Belmiro, do ABC e da capital paulista, onde a nação santista também está presente.

A opção mais prática é a adoção do Pacaembu, semelhante ao uso que o Botafogo faz do Engenhão, no Rio. Afinal, não significa uma saída definitiva da Vila Belmiro e, ao mesmo tempo, permite que o Peixe tenha garantido um estádio de maior capacidade perto de seu torcedor - da Baixada ou do Planalto.

Evidentemente, por se tratar de um espaço público, algumas medidas político-administrativas precisariam de ser tomadas, de modo a não ferir o interesse da coletividade. Mas, para a própria municipalidade de São Paulo, a parceria seria imprescindível porque, com o novo estádio em Itaquera e com o Morumbi, o Parque Antártica e o Canindé, o Paulo Machado de Carvalho tende a ficar ocioso.

Difícil, né?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O centenário do Rei do Sertão Luiz Gonzaga


De Curitiba

Luiz Gonzaga completaria 100 anos hoje, 13 de dezembro. Entre tantas homenagens, destaco o samba-enredo do desfile campeão deste ano, o da Unidos da Tijuca.

No vídeo, trechos do desfile, sem a narração, só com o samba - belo, por sinal, cheio de referências à obra do rei do baião. Acompanhe:

"O dia em que toda a realeza desembarcou na avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão"

Autores: Vadinho, Josemar Manfredini, Jorge Callado e Silas Augusto
Intérprete: Bruno Ribas

Nessa viagem arretada
"Lua" clareia a inspiração
Vejo a realeza encantada
Com as belezas do sertão!
"Chuva, sol", meu olhar
Brilhou em terra distante
Ai que visão deslumbrante, se avexe não!
Muié rendá é rendeira
E no tempero da feira
O barro, o mestre, a criação!

Mandacaru a flor do cangaço...
Tem "xote menina" nesse arrasta-pé
Oh! Meu padim, santo abençoado
É promessa eu pago, me guia na fé

Em cada estação, a "triste partida"
Eu vi no caminho vida severina
Á margem do Chico espantei o mal
Bordando o folclore raiz cultural...
Simbora que a noite já vem,
"Saudades do meu São João"
"Respeita Véio Januário, seus oito baixo tinhoso que só"
"Numa serenata" feliz vou cantar
No meu pé de serra festejo ao luar...
Tijuca a luz do arauto anuncia
Na carruagem da folia, hoje tem coroação!

A minha emoção vai te convidar
Canta Tijuca vem comemorar
"Inté Asa Branca" encontra o pavão
Pra coroar o "Rei do Sertão"


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O futuro "na chon"

A loucura imobiliária destruiu hospital psiquiátrico (foto: Do Quintal)

De Curitiba

Não é mania de passado, nem ficar do lado de quem não quer navegar.

Mas esta sanha do setor imobiliário, do qual em regra o poder público tem sido cúmplice, precisa de limites.

Porque essa especulação está pondo "na chon" a história das nossas cidades, da nossa gente.

Fiquei boquiaberto quando soube que o Hospital Psiquiátrico do Bom Retiro, em Curitiba, foi demolido no último final de semana, para dar lugar a um arranha-céu.

Além de referências arquitetônicas, a edificação abrigou uma instituição que, por sinal, batizou o bairro onde foi erguida – Bom Retiro.

Como é que deixaram derrubar algo tão peculiar para, no lugar, levantar mais um prédio igual a qualquer outro?

Pior é que de tantos outros casarios nem os escombros sobraram também. Como bem lembrou o Rafael Martins em seu Baixa Gastronomia (ler aqui), tempos atrás a tradicionalíssima fábrica da Matte Leão, no antigo polo industrial curitibano, o Rebouças, foi destruída. E é só andar pelas ruas e avenidas da cidade, que é isto: aquele chalé, ontem de pé, hoje está cercado por tapumes, amanhã ocupado por tratores, gruas e guindastes...

E assim os nossos símbolos, os espaços que contam a evolução da cidade são sacrificados por conta dela, a “evolução”.

Até hoje não me conformo, por exemplo, com o fato de terem eliminado do mapa a sede do Clube XV, na Praia do Boqueirão, em Santos, projeto de 50 anos atrás, premiado na 10º Bienal de Arquitetura de São Paulo.

Ainda quero me encontrar com o então presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), Bechara Abdalla (que hoje é secretário municipal de Planejamento!), para saber por que, à época (em 2001), não se opôs (pra dizer o mínimo) à derrubada daquela construção que era um ícone da paisagem da orla santista.

Compare você, leitor, nas fotos seguintes: o que é mais evoluído e desenvolvido, o prédio antigo, com suas características sem igual, ou a torre nova, que nada de diferente acrescenta à paisagem?
O prédio que tomou o lugar do Clube XV
Sede era referência na orla santista (fotos: Oitavo Canal)


O que é ficar do lado do progresso: defender a beleza do passado que vai encantar no futuro, ou acabar com o ontem que vai fazer falta amanhã?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

De outro planeta

Alceu Valença dirigindo "Luneta do Tempo" (foto: divulgação)
De Curitiba

Pepe é o maior artilheiro da história do Santos Futebol Clube.

Na verdade, Pelé tem mais gols, mas, como diz o Canhão da Vila, "Pelé não vale, não é deste planeta". Portanto, entre os terráqueos, Pepe é o principal goleador da centenária trajetória do Peixe.

Pois tem mais gente por aí que não deve ser daqui.

Alceu Valença é um desses. 

Só pode ser de outro planeta.

Além de genial músico e compositor, Alceu, que em 2012 comemora os 40 anos de seu primeiro disco, envereda-se por tudo quanto é caminho das artes.

Já foi até ator - incorporou Lampião, em "Mandacaru", na saudosa TV Manchete.

Agora, está prestes a lançar seu primeiro longa metragem, "Luneta do Tempo".

O roteiro e a direção são dele, Alceu Valença.

É ambientado no agreste pernambucano. Fala, de acordo com entrevistas dadas pelo Papagaio do Futuro, do repente, da literatura de cordel, da história, dos personagens nordestinos.

Agora, o mais curioso: todos os diálogos do roteiro são em rima. Imagina só!, um longa metragem com texto todo rimado. Um repente audiovisual de 90, 100 minutos.

Essa figura é ou não é de outro planeta?

E ainda bem que ele dá expediente aqui na Terra. Melhor ainda, aqui no Brasil.

É ou não é fértil este solo brasileiro?

A previsão é de que "Luneta do Tempo" estreie no início de 2013. Aguardamos com expectativa.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer fica

O sangue de nuestra pátria no Memorial da América Latina...
... o Alvorada, lá no planalto, que beleza!...
O museu que leva seu nome, a encantar nossos olhos (fotos: WAA)

De Curitiba

Nesta virada de 5 para 6 de dezembro, e será assim pelos próximos dias, tantos episódios estão sendo relembrados, entrevistas reprisadas, depoimentos resgatados, fotos republicadas, rascunhos recuperados, que estão justas, bonitas e emocionantes as reverências a Oscar Niemeyer, arquiteto da vida.

Mas, mesmo assim, diante de tão grandiosas homenagens, faz-se aqui a nossa - modesta, singela, todavia não menos sincera, porque o sentimento de perda é grande.

Gostaria, e tentarei estar, de ir ao velório de Oscar Niemeyer na sua mais exuberante, porque gigante, obra-prima, Brasília. Não sei se será possível.

De todo modo, consola-nos a certeza de que, ao mesmo tempo em que Oscar Niemeyer parte, ele fica.

Está na nossa capital federal, no Memorial da América Latina, no Copan, no Ibirapuera, na Ilha Porchat, na França, na Argélia, nos Cieps, no Sambódromo Darcy Ribeiro, em Niterói, aqui pertinho no Centro Cívico, em Curitiba... Estará no Museu Pelé, em Santos, em breve.

A vida é um sopro e Oscar Niemeyer tem muito a nos ensinar fazer dela bela.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Balanço do Brasileirão 2012

Neymar e Arouca, imprescindíveis ao Peixe (foto: SFC)
De Curitiba

Com a última rodada do Brasileirão neste final de semana (já?!), termina a temporada 2012 do futebol brasileiro.

Para reflexão, um tema trazido à tona dias atrás pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, que questionou a quantidade de equipes rebaixadas da primeira para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.

O argumento de Luxemburgo tem sentido: num torneio tão equilibrado, no qual em cada temporada pelo menos metade dos times entra com reais condições de ser campeão, não se faz justiça impor o descenso a 20% das equipes.

A solução, na avaliação deste blogueiro, não é diminuir o número de rebaixados, como sugere Luxemburgo. É aumentar o número de equipes tanto na série A como na série B.

Ora, seja em dimensões territoriais ou em quantidade de grandes e tradicionais clubes, o Brasil é incomparavelmente superior à Itália, Espanha, Inglaterra, França, Alemanha, Portugal. No entanto, temos aqui na primeira divisão o mesmo número de participantes dos campeonatos nacionais daqueles países.

Já escrevi sobre isso cinco anos atrás: do jeito que estava e está, o campeonato brasileiro de futebol reproduz a elitização e a exclusão às quais assistimos em diversos outros setores da vida nacional.

Considero como ideal, no mínimo, 24 times na série A e 24 na série B. Aí sim, haveria lógica em rebaixar quatro equipes.

Claro, se o calendário hoje já é espremido, incluir mais oito rodadas seria um desafio. Mas é possível, sim, apertando um pouquinho mais, deixar o Brasileirão com a amplitude que é a vocação deste Brasilzão.


Seleção do Brasileirão

Esta é a minha: Diego Cavalieri (Fluminense); Paulo Miranda (São Paulo), Leonardo Silva (Atlético/MG), Réver (Atlético/MG) e Carlinhos (Fluminense); Arouca (Santos), Paulinho (Corinthians), Zé Roberto (Grêmio) e Ronaldinho Gaúcho (Atlético/MG); Neymar (Santos) e Fred (Fluminense). Revelação: Bernard (Atlético/MG). Técnico: Alexandre Gallo (Náutico).

Sobre o Santos Futebol Clube

A temporada do centenário foi satisfatória. Garantimos o tri paulista, fomos campeões da Recopa Sul-Americana e, apesar de todos os desfalques durante o Brasileirão - nosso craque, Neymar, convocado para a seleção, atuou em menos da metade das partidas disputadas pelo Peixe - encerramos o nacional entre os dez primeiros. Para 2013, é preciso, prioritariamente, de um meia de ligação e um lateral-esquerdo.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sexta com "Jogos de Guerra" e "Cenas de Um Mundo Em Fim"

Material de divulgação do curta metragem
De Curitiba

Navegante deste blog, se você estiver por Curitiba ou cercanias nesta sexta, dia 30, é convidado/a a participar da sessão de lançamento do curta metragem "Jogos de Guerra", evento que começa às 19 horas, com a exposição fotográfica "Cenas de Um Mundo Em Fim".

Tanto o filme como as fotografias da mostra são de autoria dos alunos deste blogueiro no curso de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo, no Colégio Estadual do Paraná.

A exposição de fotografias é da turma que está no primeiro período do curso. A proposta foi a seguinte: que cada um registrasse, em foto, uma imagem que pudesse ilustrar este suposto iminente findar de mundo.

O material impressiona pela criatividade, pela variedade de pontos de vista, pela qualidade das fotografias.

Já o curta metragem é o trabalho de conclusão do curso da turma que está no segundo período e, portanto, formando-se.

Como diz a sinopse, o filme mostra os embates que um solitário soldado precisa enfrentar diante de adversários remanescentes de uma guerra. É justamente na última tentativa de o soldado escapar com vida que os reais (e surpreendentes) motivos da peleja vêm à tona.

Reiterando o convite: é hoje, sexta, 30 de novembro, a partir das 19h, no auditório do Colégio Estadual do Paraná.

Hasta!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Os 30 anos da fraude do plim-plim contra Brizola

A Globo teve que aceitar a vitória de Brizola (foto; Jornal do Brasil)

Um dos maiores atentados à vontade popular da história deste País completa 30 anos neste mês.

Foi o esquema sustentado pelas Organizações Globo (televisão, rádio e jornal), de fraude na apuração dos votos da eleição para governador do Rio de Janeiro em 1982. O Caso Proconsult, como ficou conhecido.

O objetivo era impedir a vitória de Leonel Brizola, principal adversário das elites dominantes.

O Jornal do Brasil e o partido de Brizola, o PDT, identificaram e denunciaram o esquema. Nesta matéria veiculada hoje, o JB relembra o caso, com fotos e reprodução de páginas do jornal da época.

(O livro-reportagem "Plim-plim: a peleja de vitória contra a fraude eleitoral", de Paulo Henrique Amorim e Maria Helena Passos, também conta detalhes)

Brizola foi eleito pelo voto do povo fluminense. Governou para o povo fluminense, sofrendo posição ferrenha dos veículos de Roberto Marinho.

Por pouco não foi para o segundo turno contra Fernando Collor em 1989. A elite impediu porque preferia o embate entre Collor e Lula. Sabia que se fosse com Brizola, Brizola ganharia.

Brizola foi eleito governador do Rio novamente em 1990. A oposição global foi mais implacável ainda. A violência pública, que crescia em todo país, era transmitida pelos jornais e novelas da Globo como se fosse exclusividade do Rio de Janeiro. Qualquer batida de carteira virava manchete.

A Globo não evitou a vitória de Brizola em 82 nem em 90. Conseguiu, infelizmente, desgastar a imagem do líder nacionalista entre aqueles menos informados.

Hoje, a Globo tenta o mesmo com Lula. Não conseguiu impedir a ascensão do metalúrgico em 2002, tampouco a releição em 2006, nem que fizesse Dilma sucessora.

Mas, agora, trabalha diuturnamente para destruir a imagem do ex-presidente.

Estamos de olho.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A setentona de 2012

"O adeus a Clara Nunes", na Manchete
De Curitiba

Clara Nunes foi-se cedo: há quase 30 anos, antes de alcançar os 41 de vida.

Se estivesse por aqui, teria completado 70 anos em agosto último.

Se juntaria ao time dos "setentões de 2012", como lembramos noutro post.

A partir do próximo sábado, dia 1º, o Canal Brasil inicia a exibição, em séries, do documentário "Clara", do xará Vagner Fernandes.

A informação é do site Papo de Samba - do qual, diga-se de passagem e de "merchand", este blogueiro é colaborador na cobertura dos desfiles das escolas de samba de Santos.

Segue a notícia:

"A atração é inspirada no livro Clara Nunes, Guerreira da Utopia, do jornalista e escritor Vagner Fernandes. A cantora, que no dia 12 de agosto de 2012 teria completado 70 anos, tem sua obra resgatada na série dirigida por Darcy Burguer.

O programa tem como objetivo criar uma biografia por meio de textos, fotografias, entrevistas e vídeos.

O projeto aborda todo o caminho da artista, retratando sua infância e adolescência na pequena cidade de Cedro (MG); as primeiras apresentações; o sucesso nas rádios de todo o país; e a morte precoce, aos 40 anos de idade.

Clara ficou consagrada ao abraçar o samba como o gênero musical. O registro reconhece a necessidade de documentar a trajetória dessa emblemática intérprete, afinal a ausência de material sobre ela é um dos aspectos mais criticados por seus fãs.

O trabalho exibe 48 entrevistas inéditas de amigos e familiares da homenageada. Dentre os depoentes, estão nomes como Chico Buarque, Maria Bethânia, João Bosco, Djavan, Paulinho da Viola, Miúcha, Edu Lobo, Milton Nascimento, Bibi Ferreira, Agnaldo Rayol, Erasmo Carlos, Monarco, Dona Ivone Lara, Paulo César Pinheiro, Marisa Monte, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Leci Brandão, Beth Carvalho, Alcione, Nana Caymmi e suas irmãs Maria Gonçalves e Ana Filomena, dentre outros.

Órfã de pai e mãe, Clara sempre sonhou em construir uma carreira. Aos 16 anos, foi morar em Belo Horizonte, onde venceu o concurso A Voz de Ouro do ABC. Já em 1966, gravou seu primeiro vinil: A Adorável Voz de Clara Nunes. A aproximação com o samba a fez alcançar o tão almejado sucesso, além de repercussão internacional.

Clara Nunes revolucionou a indústria fonográfica, tornando-se a primeira mulher a romper as barreiras impostas pelas gravadoras e uma das maiores vendedoras de discos de todos os tempos."


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Mensalão ou mensalaço?

Como o Governo FHC conseguiu apoio para remendar a Constituição?

De Curitiba

As investidas contra o chamado “mensalão do PSDB” - que a grande mídia ameniza, denominando-o “mensalão mineiro” - não podem se restringir aos esquemas montados para garantir a eleição, em 1998, do tucano Eduardo Azeredo para o governo de Minas Gerais.

Se é pra fazer justiça de verdade, com a mesma sanha que a opinião publicada mostrou ante ao dito “mensalão do PT”, é preciso voltar mais na história. Trazer de volta à tona graves denúncias arquivadas no passado, nem tão distante assim.

O PSDB assumiu a presidência da República, tendo o PFL (hoje DEM) como principal aliado, em janeiro de 1995, com a posse de Fernando Henrique Cardoso e seu vice, Marco Maciel.

No primeiro mandato (até dezembro de 1998), conseguiu aprovar 16 emendas constitucionais que destroçaram a Constituição Cidadã de 1988.

É no mínimo a partir de 1995, portanto, que estão evidências de aquisições de apoio parlamentar.

Afinal, essas 16 emendas do Governo FHC (PSDB-DEM) tratam de propostas absolutamente impopulares, que entregaram o patrimônio nacional a estrangeiros, desprotegeram a indústria brasileira, sufocaram a agricultura familiar, retiraram direitos de aposentados e pensionistas, sucatearam o serviço público, provocaram arrocho, estagnação econômica – o retrocesso de “80 anos em 8”, como bem define o jornalista Hélio Fernandes.

Nenhuma dessas emendas passou por plebiscito, referendo. Tudo foi votado sobre os carpetes do Congresso Nacional, sem a consulta popular que a amplitude das medidas exigia.

Inclusive, e principalmente, a emenda que deu direito a FHC se reeleger. Isso mesmo, talvez os mais novos não saibam ou não se lembram, mas a possibilidade de reeleição foi votada a toque de caixa – gordo caixa? – e a regra do jogo foi mudada com o jogo em andamento.

A troco de quê parlamentares se desgastariam com suas bases, apoiando aquelas propostas indigestas, a não ser tendo garantidas seguras recompensas?

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Cerveja nas mãos de poucas cervejeiras

Quase 70% do mercado brasileiro é da belga InBev (foto: Mariana Gotardo)
 De Curitiba 

É uma das paixões nacionais, diz o clichê sobre a relação entre brasileiros e a cerveja.

Pois está nesse mercado, o de consumo de cervejas, um dos mais evidentes casos do processo de desnacionalização da nossa economia – que não é novo, vem de 20 anos para cá, mas que desde 2008, com a eclosão da crise mundial, deu uma reacelerada.

(Além do processo de desnacionalização, assistimos à concentração de atividades nas mãos de poucos e grandes conglomerados)

Praticamente 90% do mercado é abastecido pelas garrafas de cervejarias controladas por grupos estrangeiros: só a belga InBev (Skol, Brahma, Antarctica, Original, Boemia e suas derivadas) fica com 70%; outros 10% com a japonesa Kirin (Devassa, Nova Schin, Cintra, Primus) e 7%, com a holandesa Heineken (Heineken, Kaiser). Isso sem contar a fatia ocupada pelas importadas.

A única cervejaria controlada por capital nacional e com participação representativa no mercado é a Petrópolis (Itaipava, Crystal), com 10%.

(Os dados foram divulgados por diversos veículos de imprensa no primeiro trimestre deste ano)

Com o desemprego e o arrocho no Hemisfério Norte desenvolvido – e a consequente recessão econômica – os grandes conglomerados encontram o escape nos países emergentes. Estes, cultural e historicamente submissos às antigas metrópoles, têm uma elite dominante  receosa de estabelecer medidas protecionistas.

Os que fazem – a Argentina, por exemplo – levam pau da opinião publicada.

Em recente entrevista que fiz, também sobre esse assunto, com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário de Assuntos Estratégicos do Governo Lula e ex-Alto Representante do Mercosul, o diplomata, mestre em Economia, defende que, no mínimo, o Estado imponha condições às multinacionais que aqui desejem adquirir negócios, seja qual for o ramo. Do contrário não vale a pena, avalia:

- Com o mercado brasileiro em crescimento e a crise internacional, as empresas veem o Brasil como uma grande oportunidade, com a possibilidade de lucros extraordinários. Então, para as empresas que querem vir para cá, é o momento de impor condições, entre elas a necessidade de desenvolver tecnologia aqui. Que assumam compromissos. Porque se não for assim não há nenhuma vantagem, para nós, só para elas.

Está ou não está certo ele?

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O timoneiro do samba

Dos 70 anos de vida, quase 50 de carreira (foto: EBC)
De Curitiba

Tem muita gente, mas muita gente na música brasileira que idolatro.

Entre eles, mas num cantinho especial, está Paulinho da Viola.

Se você está alegre, se está triste; eufórico ou apreensivo; apático ou ansioso; esteja como estiver, seja o que for, certamente haverá uma música de Paulinho da Viola a calhar com o momento, a dizer o que precisa ser falado, a revelar o que precisa ser descoberto, a explicar o que precisa ser entendido, a encontrar o que estava perdido, a homenagear o que precisa ser festejado.

Neste material do Portal EBC, um pouquinho sobre os 70 anos deste mestre do samba.


domingo, 4 de novembro de 2012

Prefeito eleito, libere os fretados

Foto do Blog do Favre traz recado que mostra retrocesso da proibição
De Santos

Na Avenida dos Bandeirantes, no caminho entre o Aeroporto de Congonhas e a Rodovia dos Imigrantes, rumo a Santos, as placas de sinalização das zonas de restrição aos ônibus fretados fizeram lembrar que é o momento de aproveitar este período de transição na administração municipal de São Paulo para fazer um apelo ao prefeito eleito, Fernando Haddad: ponha fim nessa sandice.

Com a restrição aos fretados, imposta em 2009 pela gestão Kassab-Serra, 70 mil dos 370 mil passageiros do litoral e do interior que se utilizavam desse meio de transporte para ir e voltar da capital, todos os dias, para trabalho ou estudo, migraram para o transporte individual. Ou seja, com aquela medida elitista, o trânsito paulistano deve ter ganho no mínimo uns 50 mil automóveis circulando diariamente.

Os dados são da federação que reúne as empresas de transporte por fretamento e foram divulgados mês passado nesta matéria do Portal Via Trólebus. Já esta do saudoso Jornal da Tarde traz depoimentos de quem se viu obrigado a utilizar o carro particular por conta da proibição.

A restrição é evidentemente elitista por duas razões.

Primeiro, porque as proibições aos fretados, operados geralmente por viações menores, locais, atendiam - e atendem - aos interesses das grandes empresas concessionárias das linhas regulares (Cometa, Grupo Áurea, Grupo Ruas...), pavorosas de concorrência.

Segundo, porque a medida objetivou tirar de vias nobres aqueles veículos de gente pobre. Onde já se viu os empresários e executivos da Paulista, Berrini, Faria Lima, com seus possantes, dividirem seu precioso espaço com coletivos abarrotados por essa massa vinda de fora?

A restrição, conforme os números demonstram, incentiva o uso do veículo particular, em detrimento do transporte público - medida que vai, portanto, na contramão do que é básico para melhorar o trânsito nas cidades. 

E sacrifica a vida daqueles que não têm outra alternativa, os quais desde então gastam mais tempo e dinheiro com deslocamento, passam menos tempo em casa, com a família. 

Logo, prefeito Haddad, haja logo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Prefeito eleito, Curitiba também tem carnaval

Equilíbrio na disputa para escolha do samba 2013 da Acadêmicos da Realeza
 De Curitiba

A alegria dos amigos autores do samba-enredo que venceu o concurso para o hino da Acadêmicos da Realeza em 2013 e todo o envolvimento da comunidade da escola na festa para escolha da música fazem a gente aproveitar este momento de troca de comando na Prefeitura de Curitiba para pedir mais atenção, do poder público municipal, ao carnaval curitibano.

Se a “mudança segura” é pra valer, e se o compromisso de investir em cultura popular é pra ser realmente cumprido, a “Era Fruet” deve olhar com carinho para essa turma do samba curitibano. Com todas as adversidades, que vão desde a escassez de recursos financeiros até a falta de um local mais adequado para os desfiles, passando pela luta contra o estigma de que Curitiba é o túmulo do carnaval, essa galera consegue produzir uma festa de qualidade, digna das tradições da folia de momo brasileira.

Faz arte, “no peito e na raça”, num trabalho passado de pai para filho, uma dedicação que envolve todas as gerações. Faz arte nos bairros mais afastados do arco central, sem muito barulho aos ouvidos do lado de cá, mas com muito som de samba ecoando no lado de lá.

O curta documental “Caras de um carnaval” (clique aqui) conta essa faceta curitibana que Curitiba resiste em reconhecer. O recém escolhido samba-enredo da Acadêmicos da Realeza (confira aqui), sobre São Jorge, é uma mostra do que se prepara para o ano que vem.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O dia em que Maradona desfilou no pré-carnaval de Santos

De Curitiba

Diego Armando Maradona, que completa 52 anos nesta terça-feira, 30 de outubro, esteve perto de vestir a camisa 10 do Peixe, em 1995.

Se não chegou a desfilar nos gramados de Vila Belmiro, Maradona pelo menos percorreu, três depois, as ruas da Ponta da Praia em cima do trio elétrico da Banda do Barril 2000, bloco pré-carnavalesco do bar que pertencia a Serginho Chulapa, e ficava ali em frente ao Aquário.

Isso mesmo, pra quem não sabe ou não se lembra, Maradona desfilou em fevereiro de 1998 no pré-carnaval de Santos. Esta matéria da Agência Jornal do Brasil, publicada pelo Uol, foi o único registro que encontrei na internet, numa pesquisada no Google.

Não achei fotos, mas tenho na memória a imagem da legião de santistas que foram atrás da "Banda do Barril" para ver Dieguito. Se o Novo Milênio e A Tribuna tiverem o registro em seu acervo, por favor, disponham-no em meio virtual para esse inusitado episódio ficar ao alcance do mundo.

Bom, quem quiser conhecer um pouco da história de um Maradona muito diferente daquele perfil que costuma ser mostrado por nossa mídia, sugiro assistir ao documentário "Maradona por Kusturica", do cineasta iugoslavo Emir Kusturica.

Neste link um trecho em que Manu Chao canta para o craque argentino. E, aqui, a íntegra do filme, no youtube.

domingo, 28 de outubro de 2012

Alguns pitacos pós-apuração

 De Curitiba

Considerações macuquenses sobre as eleições deste ano recém-encerradas:

  • Como antecipara a revista Carta Capital ao final do primeiro turno, Eduardo Campos com o seu PSB foi o grande vencedor - em expansão do partido, em ganho de peso político do atual governador; 
  • Mas como liderança que entende do jogo e tem sensibilidade para captar os desejos do eleitorado, Lula, sem dúvida, se consolida como o hors concours;
  • Preocupante as vitórias de ACM Neto, em Salvador, e de Arthur Virgílio, em Manaus;
  • Decepcionante o posicionamento do Psol que abandonou seu candidato em Belém, Edmílson Rodrigues (por este ter aceito o apoio de Lula e de Dilma), e ajudou a abrir caminho para a vitória do oponente tucano;
  • Por outro lado, parabéns ao partido pela eleição de Clécio Vieira em Macapá, e toda a sorte à frente da prefeitura. Será bom para a esquerda o êxito do Psol no Executivo;
  • Em Curitiba, não se iludam: a cidade não se movimentou para a esquerda. A vitória de Gustavo Fruet se deve mais à resistência das zonas centrais a Ratinho Júnior do que propriamente à aliança entre o neopedista e o PT. Boa parte dos que votaram em Fruet deve continuar votando no tucano Beto Richa;
  • Voltando a São Paulo, vale destacar: em Guarulhos segunda maior cidade do Estado - em eleitorado e em geração de riquezas -, também deu PT, com a reeleição de Sebastião Almeida;
  • Só em Santos mesmo que o PSDB venceu com tudo, direto no primeiro turno. A revoada de tucanos Serra do Mar abaixo será intensa nos próximos meses;
  • Daqui pra frente, prepare-se para o esforço de setores da mídia comercial em colocar Eduardo Campos em embate com Dilma, Lula, PT... O governador pernambucano deverá ser o queridinho dessa mídia, numa tentativa de seduzi-lo, de levá-lo para esse caminho da discórdia. Não tende a se deixar levar - mas, canto da sereia, sabe como é, né? Enfim, a ver como o PSB e suas lideranças se comportarão.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Um ataque aos direitos trabalhistas

Projeto é do filho de Kátia Abreu (foto: Agência Câmara)

De Curitiba

Esta figura acima é tido como ficha limpa, como cara nova no Congresso Nacional, mas é autor de uma das propostas mais antiquadas e indecentes em tramitação na Câmara dos Deputados.

O parlamentar Irajá Abreu, do PSD, de Tocantins, quer, em seu projeto de lei (4193/2012), que as convenções e os acordos trabalhistas prevaleçam sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

É, na prática, o fim da CLT de Getúlio Vargas, a flexibilização das leis trabalhistas, um retrocesso em conquistas de décadas.

Neste momento de crise internacional, em que os trabalhadores se veem mais fragilizados, com diminuído poder de negociação diante dos patrões, é evidente que o afrouxamento da legislação trabalhista vai beneficiar quem manda, quem pode mais.

O "ficha limpa cara nova" é produtor rural, filho da Kátia Abreu, senadora também do PSD, igualmente por Tocantins. Kátia Abreu, sabemos, é a godiva do latifúndio, líder na defesa pelo abrandamento do Código Florestal.

Dá pra reconhecer, pois, os interesses de quem mãe e filho defendem.

Numa enquete no portal da Câmara dos Deputados, 60% dos internautas rejeitam a aberração. Mas é bom ficar de olho porque, nessas horas, nem os legisladores tampouco os pretensos formadores de opinião estão preocupados com a opinião pública. Estão é cuidando, mesmo, de garantir – e ampliar – seus privilégios.

Portanto, desde já, se não puder ir a Brasília ou ao escritório do seu parlamentar na sua região, vá ao portal da Câmara, registre sua posição, entre em contato com os deputados: www.camara.gov.br
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Os 15 anos do mensalão da Vale do Rio Doce

Serra bate o martelo no leilão de "venda" de um dos nossos maiores patrimônios
De Curitiba

A Companhia Vale do Rio Doce completa 70 anos de fundação em 2012.

Em 2012 faz também - fez, em maio - 15 anos que a desde-sempre superavitária estatal, estratégica, foi privatizada pelo governo neoliberal do PSDB-DEM (então PFL) - do presidente Fernando Henrique Cardoso e do ministro do Planejamento José Serra.

Aquele episódio sim, um dos maiores escândalos da vida brasileira.

A Vale do Rio Doce foi "vendida" por FHC, Serra e companhia (quadrilha?) ilimitada por R$ 3,3 bilhões, em valores da época. Também em valores da época, a Vale valia, no mínimo, 30 vezes mais: R$ 100 bilhões, pelo menos.

Isso mesmo, vendida a preço de banana. Pelo menos noventa e tantos bilhões de reais foram subtraídos do meu, do seu, do nosso patrimônio.

Onde foi parar essa grana?

Os movimentos sociais, os partidos de esquerda, os trabalhistas e progressistas denunciaram esse absurdo na ocasião. Como, todavia, não havia twitter, facebook e blog, a resistência pouco encontrou eco na isenta, plural e democrática mídia tradicional.

Ações na Justiça tentaram impedir o roubo, depois tentaram anular o negócio; num plebiscito popular, extra-oficial, realizado em 2007 - quando se completaram dez anos da privatização da companhia - a re-estatização da Vale do Rio Doce, e o rechaço à vergonhosa "venda", foram aprovados.

Não consta que o Ministério Público, os articulistas da grande imprensa e os supremos do judiciário tenham, passado estes 15 anos da dilapidação desse nosso patrimônio, agido com tanta velocidade e sede de Justiça como fazem agora, sob fogos de artifício e estouros de champagne, no chamado caso "mensalão".

Tiraram o "Rio Doce" e a companhia hojé é denominada só como Vale. Vale espantosamente mais que os R$ 100 bilhões que valia 15 anos atrás. Só o lucro anual da empresa beira os R$ 40 bilhões.

(Presta atenção: apenas o lucro anual é mais de dez vezes maior que o valor pelo qual a Vale do Rio Doce foi vendida!)

Dinheiro que poderia estar financiando a habitação popular, a implantação de saneamento básico, a expansão de redes de metrô nas cidades, a instalação de banda larga nas escolas públicas, a construção de bibliotecas, o investimento em pesquisa e tecnologia.

Está, no entanto, a encher o bolso de meia-dúzia de magnatas.

sábado, 20 de outubro de 2012

Adianta o teu aí que adianto o meu aqui

Rio Paraná, altura de Rosana (SP). Novembro de 2006 (foto: WAA)

 De Curitiba

Noto que a cada ano se exarceba mais a relação de amor e ódio que os brasileiros têm para com o horário de verão.

Você já deve saber mas, por via das dúvidas, reitero: sou fã do adiantar do relógio.

O horário de verão prolonga o melhor momento de uma jornada, o final de tarde.

Tudo bem, este começo, principalmente pra quem acorda cedo, é sacrificante.

Todavia alguns dias e o relógio biológico se adapta.

E a luz do sol avançando horas da noite adentro compensa esse desconforto inicial.

Aproveita, pois, na medida do possível, da melhor maneira possível, e sempre é possível, teu final de tarde.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Mergulho em Claraboia


De Curitiba

Fazia tempo que não mergulhava num livro de José Saramago. Ocorre que me faltam poucos para serem lidos e, depois que eu ler todos, como será a vida sem descobrir novos textos de Saramago?

Bom, entre os que ainda não havia degustado está Claraboia, o que fiz semana destas.

Informa-se que foi o segundo romance de Saramago, produzido nos anos 50, mas só publicado ano passado, já depois da morte (em 2010) do autor. Quando escreveu a obra, entregou-a a uma editora que, pelo visto, não deu muita trela pro jovem romancista. Ao que parece, isso chateou Saramago, que em vida não se interessou mais por publicar a história - quando morresse, que fizessem o que quisessem com o manuscrito.

Inda bem que ela saiu das gavetas e foi para as prateleiras e estantes de livrarias e bibliotecas.

Porque é outra obra-prima de Saramago.

A gente até estranha um pouco a escrita, bem diferente daquela que ficou marcada como estilo José Saramago.

Mas a forma como apresenta e desenrola os acontecimentos, como expõe as relações entre as pessoas, como desvenda as ações e reações psíquicas destes seres que somos nós, já é o jeitão Saramago de prosear.

Pra quem não se dá bem com o estilo de escrita recorrente em Saramago, ou para quem não conhece o legado do Nobel de Literatura, Claraboia é um bom caminho para estrear.

Depois, é só se deixar levar.

Aqui a sinopse do romance.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Um orgulho que nem todos podem ter

A constelação alvinegra brilhou em terras portuguesas, 50 anos atrás
De Curitiba

Anos 60 e Santos era uma cidade revolucionária: na política, no sindicalismo, na cultura... Defendia as reformas do trabalhismo de Jango, lutava pela distribuição da riqueza do porto entre os trabalhadores, revelava talentos nas artes.

Passou a ser também de vanguarda no futebol, lançando seus artistas da cancha.

Seu clube, da pacata (até hoje) Vila Belmiro, conquistava o planeta.

Hoje, 11 de outubro de 2012, completaram-se 50 anos da conquista do primeiro título mundial do Peixe.

Com uma goleada de 5 a 2 sobre o Benfica - time bicampeão europeu que, contava, entre outros, com o craque Eusébio - o Santos, desde Lisboa, encantava a Europa, mandava alegria ao Brasil. Com Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe, envolvia a Terra. Embalava a bola - o globo.

Mais dessa história aqui.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

No balanço de perdas e danos

Chávez no Balcon del Pueblo: 54% dos votos e respaldo popular

De Curitiba

Ainda bem que Chávez ganhou e bem na Venezuela porque, com uma e outra exceção, em regra o final de semana eleitoral não foi de resultados muito animadores para este blogueiro. Vejamos o que tivemos e o que teremos:

  • Em Santos, minha terra, o tucano herdeiro do prefeito biônico ganhou de lavada, já no primeiro turno. Pior: para a Câmara de Vereadores, 17 dos 21 eleitos estão do centro para a direita. E os outros quatro estão mais para mesa de centro que de canto. Pelo levantamento que o perfil no twitter @Politica_Santos publicou, será a bancada mais conservadora e elitista dos últimos 35 anos. Isso mesmo, desde 1976 não se via uma Câmara Municipal santista tão reaça, desideologizada.   
  • Em Curitiba, minha casa, a renovação do Legislativo parece ter ficado no seis por meia-dúzia. Ao menos o candidato tucano filiado no PSB ficou de fora e o segundo turno promete ser disputado voto a voto.  
  • Aracaju, capital do Sergipe de minha família, conseguiu ser pior que Santos em sua escolha: João Alves, do Dem(o), será o "novo" prefeito, sem precisar de segundo turno.
  • No Rio prevaleceu o pragmatismo. Teria sido melhor um segundo turno com Freixo. De bom, o fiasco do filho do César Maia aliado à filha do Garotinho.
  • Uma pena Patrus Ananias não ter conseguido levar a disputa para mais um turno. Se a candidatura tivesse sido lançada antes, quem sabe a situação teria sido diferente. 
  • Lamentei também a ausência de segundo turno em Porto Alegre, pela Manuela D'Ávila. Mas o pedetista Fortunati demonstra ser merecedor da releição.
  • Fiquei negativamente surpreso com a situação em Florianópolis. Angela Albino parecia caminhar para a vitória. 
  • Creio que em São Paulo e Belém teremos o segundo turno mais renhido destas eleições. Na capital paulista, com Serra no páreo, pode-se se esperar os maiores absurdos. Na capital paraense, o embate do PSDB é com o Psol do Edmílson Rodrigues, que já foi prefeito por dois mandatos, quando no PT. Acompanhei um trecho do debate da TV Record, e o psolista e o tucano são bons de embate. Com a exitosa experiência de Edmílson na prefeitura, se vencer de novo dará ao Psol uma incrível oportunidade de mostrar ao Brasil como o partido se comporta no Executivo, como administra uma cidade grande. Para o bem da esquerda, tomara faça valer essa chance.
  • Agora, exemplo mesmo veio da Venezuela. Lá o voto não é obrigatório, mas o comparecimento foi de 80%. Nas eleições brasileiras, entre abstenções e votos nulos e brancos, isto é, a soma dos desinteressados em votar beirou em muitos casos os 25%. Sobressaiu-se a apatia, a falta de identificação com candidatos e propostas, o ir às urnas por obrigação, para escolher o menos pior. Não lhes pareceu isso?

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Na torcida pela Venezuela

Mar de apoio a Chávez

De Curitiba
Domingo tem eleição.

Aqui, de prefeitos e prefeitas, vereadores e vereadoras, e na Venezuela, para presidente.

A torcida, para o bem de nuestra América, é pela vitória de Hugo Chávez.

As razões, em síntese, já as assinei embaixo, estão aqui.
Na www.telesurtv.net, a cobertura do pleito.

E vote bem você também!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Às vésperas da eleição, a cantinela do VLT

O trem intrametropolitano de Santos desativado pelo governo do PSDB em 1999

 
Pessoal, a imprensa paulista, em especial a santista, noticiou hoje com todo alarde: a peça orçamentária para 2013 enviada pelo governador Geraldo Alckmin à Assembleia Legislativa prevê, finalmente, recursos para as obras de implantação do sistema de veículos leves sobre trilhos (VLT) em Santos e região.

É bom lembrar: o VLT é prometido pelos tucanos desde os tempos do Mário Covas, quando a Fepasa foi privatizada e o trem intrametropolitano da Baixada Santista, desativado pela gestão do PSDB. São mais de 15 anos de promessas e anúncios, os quais coincidentemente ocorrem em vésperas de eleição.

Desta vez, o fato é transmitido num tom de “agora o projeto sai do papel”.

Ora, não é preciso ser sábio em administração pública para entender que simplesmente por estar prevista no orçamento uma determinada obra não necessariamente vai acontecer. A sua inclusão na perspectiva de gastos e investimentos cumpre tão somente mera formalidade.

Claro, em tese sinaliza uma vontade político-administrativa do governante mas, por todo histórico de ações e medidas anunciadas pelos tucanos com ares de “agora vai”, mais uma vez é para se duvidar.

Só na agência de notícias oficial, são dezenas de matérias em que Covas, Alckmin, Serra, depois Alckmin de novo se pronunciaram enumerando providências a serem tomadas, comunicando novos prazos para a implantação de um sistema de transporte de massa na região metropolitana da Baixada Santista.

Em 30 de maio último, por exemplo, Alckmin afirmara que “em setembro” as “obras físicas” se iniciariam. Setembro chegou, passou, estamos e em outubro e... nem o capim do trajeto foi carpido.

Domingo tem eleição para prefeito e o PSDB paulista corre o risco de ficar de fora do segundo turno na capital; encontra em Santos a maior (e inédita) chance de vitória de um candidato tucano.

Com o reaquecimento do polo industrial de Cubatão, com a expansão do porto e com o pré-sal, a prefeitura santista é estratégica para o partido. A decisão por incluir o VLT no orçamento, e divulgar o feito com toda a pompa, a dias do pleito, é mero acaso, evidentemente.

Acompanhe o histórico de cantinelas do governo estadual em torno do VLT da Baixada Santista. Repare como em cada ocasião é anunciada uma data diferente para o início das operações: 

domingo, 30 de setembro de 2012

Santos: caminho é pela esquerda

Momento é crucial. Opção deve ser o campo progressista (foto: WAA)
De Curitiba

A uma semana da eleição, o Macuco Blog declara o apoio a uma das candidaturas da esquerda em Santos.

Este blogueiro, como fazemos há quase três décadas lá em casa, vai de Telma de Souza, do PT. Mas recomenda também Eneida Koury, do Psol, ou Luiz Xavier, do PSTU.

Há 20 anos, Telma terminava seu mandato à frente da Prefeitura de Santos com a aprovação de nove entre dez moradores da cidade, mesmo enfrentando uma ferrenha oposição da mídia local e administrando o município numa época de grande instabilidade política e econômica do Brasil.

O orçamento era extraordinariamente inferior ao de hoje; a hiperinflação limitava a capacidade de investimentos e planejamento de qualquer gestor público. Ainda assim, Telma reformulou o transporte coletivo, urbanizou a Zona Noroeste, cuidou especialmente dos Morros, implantou a coleta seletiva de lixo, criou instrumentos que abriram caminho para a recuperação do Centro Histórico e para a possibilidade de se acabar com os cortiços no Centro Velho, levou programas culturais para as escolas. 

No governo Telma nasceram políticas na área de saúde que depois foram replicadas para o país e incorporadas pelo governo federal, como os programas de prevenção e tratamento da aids e a humanização do tratamento na saúde mental - mundialmente reconhecidos. Programas esses conduzidos pelo secretário de Saúde, David Capistrano Filho, eleito pelo povo em 1992 para suceder Telma na Prefeitura.

Enfim, Telma possui experiência, sem perder a essência do discurso progressista. Tem, portanto, credibilidade para dirigir Santos neste momento crucial de sua história.

Eneida e Luiz Xavier são mais radicais - e por radicais não se entenda "extremismo" ou "sectarismo", sim ir à raiz das questões. O voto em um dos dois é importante para sinalizar à elite santista que, embora a direita esteja a predominar, a Santos combativa, popular, resistente, resiste.

Qualquer que seja a opção, lembre-se: o crescimento com desenvolvimento só alcançamos quando caminhamos pela esquerda.