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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Cerveja nas mãos de poucas cervejeiras

Quase 70% do mercado brasileiro é da belga InBev (foto: Mariana Gotardo)
 De Curitiba 

É uma das paixões nacionais, diz o clichê sobre a relação entre brasileiros e a cerveja.

Pois está nesse mercado, o de consumo de cervejas, um dos mais evidentes casos do processo de desnacionalização da nossa economia – que não é novo, vem de 20 anos para cá, mas que desde 2008, com a eclosão da crise mundial, deu uma reacelerada.

(Além do processo de desnacionalização, assistimos à concentração de atividades nas mãos de poucos e grandes conglomerados)

Praticamente 90% do mercado é abastecido pelas garrafas de cervejarias controladas por grupos estrangeiros: só a belga InBev (Skol, Brahma, Antarctica, Original, Boemia e suas derivadas) fica com 70%; outros 10% com a japonesa Kirin (Devassa, Nova Schin, Cintra, Primus) e 7%, com a holandesa Heineken (Heineken, Kaiser). Isso sem contar a fatia ocupada pelas importadas.

A única cervejaria controlada por capital nacional e com participação representativa no mercado é a Petrópolis (Itaipava, Crystal), com 10%.

(Os dados foram divulgados por diversos veículos de imprensa no primeiro trimestre deste ano)

Com o desemprego e o arrocho no Hemisfério Norte desenvolvido – e a consequente recessão econômica – os grandes conglomerados encontram o escape nos países emergentes. Estes, cultural e historicamente submissos às antigas metrópoles, têm uma elite dominante  receosa de estabelecer medidas protecionistas.

Os que fazem – a Argentina, por exemplo – levam pau da opinião publicada.

Em recente entrevista que fiz, também sobre esse assunto, com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário de Assuntos Estratégicos do Governo Lula e ex-Alto Representante do Mercosul, o diplomata, mestre em Economia, defende que, no mínimo, o Estado imponha condições às multinacionais que aqui desejem adquirir negócios, seja qual for o ramo. Do contrário não vale a pena, avalia:

- Com o mercado brasileiro em crescimento e a crise internacional, as empresas veem o Brasil como uma grande oportunidade, com a possibilidade de lucros extraordinários. Então, para as empresas que querem vir para cá, é o momento de impor condições, entre elas a necessidade de desenvolver tecnologia aqui. Que assumam compromissos. Porque se não for assim não há nenhuma vantagem, para nós, só para elas.

Está ou não está certo ele?

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