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segunda-feira, 23 de abril de 2012

23 de abril. Toca, Jorge

 De Curitiba

"Cowboy Jorge", do mestre Jorge Ben Jor, para registrar este Dia de Ogum:

"Toca toca toca Jorge
Ogum, Ogum, Ogum, Ogum
Dia 23 continua sendo
Dia de cowboy Jorge
Na terra, no ar; na terra, no mar

Jorge toca com 23 tambores
Jorge toca pra 23 amores
Jorge toca com 23 batuqueiros
Jorge toca para 23 terreiros
Na terra, no ar; na terra, no mar

Jorge toca para Deus e para os santos
Toca pra as crianças e para os anjos
Toca para seu amigo que sofre do coração
Toca para o bem geral da nação
Toca para alegria dominical
Toca para o homem e o animal
Toca para um gol de placa
Para a sensualidade de sua amada
Na terra, no ar; na terra, no mar

Jorge toca para a lua e para o sol
Toca para a chuva e para o vento
Toca para o acontecimento do nascimento
Dessa criança dessa esperança
Dessa bonança, salve essa criança
Na terra, no ar; na terra, no mar
Ogum Ogum Ogum
Ogum Ogum Ogum "

 Para ouvir a música, aqui: http://migre.me/8N9Mk

quarta-feira, 18 de abril de 2012

De Curitiba
 
Ao se deparar com esta capa do Jornal do Brasil, de 18 de abril de 1996, um dia depois do Massacre de Eldorado dos Carajás, a gente não tem dúvidas de quanto a mídia comercial brasileira acentuou sua ortodoxia de uns tempos para cá.

Porque, se aquela violência tivesse ocorrido hoje, certamente uma capa como esta não sairia.

Temos um episódio recente, bem parecido, a desocupação na favela Pinheirinho, em São José dos Campos, sobre o qual, apesar da evidente truculência da Polícia Militar e do Governo de São Paulo, a repercussão dos jornalões e revistonas em nada lembra a denúncia contra a injustiça social e covardia que fez a capa de 16 anos atrás do velho JB.

Fosse hoje, e as manchetes e chamadas dos jornalões e revistonas estariam cheias de ponderações, sempre a favor, claro, do poder constituído – poder econômico, fundamentalmente; eventualmente, do poder político.

Foi assim, repita-se, com o também trágico episódio de Pinheirinho.

Está sendo assim com a decisão da presidenta Cristina Fernandez Kirchner em nacionalizar o petróleo argentino. A repercussão se dá em torno do que dizem multinacionais e governos europeus, ou analistas alinhados com o pensamento do Hemisfério Norte. Em torno, pois, do poder econômico constituído.

Está a reprisar no Canal Viva, emissora por assinatura das Organizações Globo, a novela Roque Santeiro, do comunista Dias Gomes. A novela foi ao ar em 1985, na transição da Ditadura Militar para a Nova República, quando a repressão e a censura ainda eram iminentes.

Pois a novela aborda questões que, mais de 25 anos depois, parecem ousadas para os padrões ideológicos dos meios de comunicação comerciais atualmente. Se Roque Santeiro não foi censurada, àquela vez, pelos organismos governamentais, agora em 2012 seria tesourada pela própria emissora.

A novela denuncia o latifúndio, valorizando a mobilização popular de sem-terra e sem-teto; expõe o preconceito racial e social, contando que ele existia de forma velada; critica a globalização, mostrando o desespero do comerciante local com a chegada de uma grande magazine na cidade. Temas que, na Globo e assemelhadas, cada vez mais são rechaçados.
 
A história do país mostra que as empresas de comunicação sempre se posicionaram a favor do poder do capital e dos interesses econômicos estrangeiros. Foram contra o governo nacionalista de Getúlio Vargas, o desenvolvimentismo de JK, o trabalhismo de João Goulart. Apoiaram o golpe militar de 1964. Deram todo o respaldo ao neoliberalismo e sua privataria. Mas, ainda assim, era possível identificar certa pluralidade. Hoje, o contraditório, quando aparece, é desqualificado por atencipação.

domingo, 15 de abril de 2012

2012, centenário do Santos. 2013, do santista Jamelão

O intérprete de samba em Santos (foto: www.santosfc.com.br)

De Curitiba

Só deu pra acompanhar à distância, e foi bonita a festa pelo centenário do Santos Futebol Clube.

A ocasião fez lembrar de um torcedor santista que nasceu quase junto com o Peixe, um ano depois, e que em 12 de maio de 2013 completaria um século de vida por aqui.

É o maior de todos os tempos, o Pelé dos puxadores de samba, Jamelão, que por 54 anos - entre 1952 e 2006 - foi o intérprete oficial da Estação Primeira de Mangueira.

Isso mesmo, por 54 anos.

Jamelão morreu em 2008 mas, anos antes, em 2005, pisou o gramado da Vila Belmiro, visitou o Memorial das Conquistas e foi homenageado pelo glorioso alvinegro praiano.

Tive o privilégio de, meses depois, em fevereiro de 2006, estar no Sambódromo Darcy Ribeiro e ouvir Jamelão puxar, pela última vez, um samba-enredo da Verde-Rosa, sobre o Velho Chico.

Não é possível que a Mangueira ano que vem desfile com outro enredo que não sobre Jamelão, não é?

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Nove dias de Festa

De Curitiba

Oficinas, exposições, mesas-redondas, música e, claro, muito teatro - para adultos e crianças.

É o Festival Santista de Teatro, que está na 54ª edição. Criado pela Patrícia Galvão, a Pagu, em 1958, o Festa é o mais antigo festival em atividade no País.

Portanto, quem estiver por Santos, ou por perto, ou por longe, vale dar uma conferida na rica programação e participar.

O Festa começa amanhã, sexta-feira 13, e vai até o outro sábado, 21 de abril, Dia de Tiradentes.


Imperdível, não?
 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Somos todos jecas

Mazzaropi produziu mais de 30 filmes (foto: Rede Brasil Atual)

De Curitiba
 
O 9 de abril de 2012 foi atribulado para este blogueiro, todavia teve que sobrar um tempinho pra registrar aqui a homenagem ao centenário de Amâncio Mazzaropi.

Mazzaropi veio a este mundo em 9 de abril de 1912 em São Paulo, capital e, ao contrário de seus personagens - Jeca Tatu o mais emblemático deles -, nasceu na capital mas foi no interior que se criou.

Também foi no contrafluxo ao ser empreendendor de todas as etapas da incipiente indústria cinematográfica nacional. Produziu, interpretou, dirigiu, distribuiu seus filmes que são um legado ímpar à história do cinema brasileiro, à história da vida tupiniquim.

Sinceramente, as comemorações pelo centenário de Mazzaropi, mesmo que concebidas com o carinho e zelo que o gênio merece, são tímidas diante da importância de Amâncio.

É, talvez sejamos meio jecas mesmo em reconhecer nossos talentos, em valorizar nossa brasilidade.

Aos pouquinhos, porém, isso vai mudando e Mazzaropi, lá atrás, nas três décadas que se dedicou à sétima arte, sem dúvida deixou uma contribuição imensurável para esse processo - mais lento que o ideal, no entanto na velocidade que nos permitimos.

(Como disse o jornalista Franklin Martins numa palestra semanas atrás em Curitiba, não somos de galopes, sim de passos de elefantes.

Mais sobre Mazzaropi, recomendo esta matéria da Revista do Brasil (http://migre.me/8BYHp), este texto do jornalista Paulo Camargo na Gazeta do Povo de domingo (http://migre.me/8BYIo), o portal criado para o centenário de Mazzaropi (www.centenariomazzaropi.com.br) e o site da Cinemateca Brasileira (www.cinemateca.gov.br). Nesses dois últimos, os eventos em homenagem ao nosso Jeca programados para esta semana.

sábado, 7 de abril de 2012

À sombra dos arranha-céus

Vista área da orla santista: casarões baixos devem ser tombados (foto: Tadeu Nascimento/PMS)

De Santos

Contam-se nos dedos, mas ainda restam na orla de Santos casarões ou edifícios baixos, que resistiram à primeira onda de verticalização, 50 anos atrás, e parecem resistir à onda atual.

Seria bom se os órgãos de defesa do patrimônio histórico fizessem um levantamento de quantos e quais são essas construções mais baixas, o valor arquitetônico delas, a funcionalidade nos dias de hoje, para fins de tombamento.

Fora o casarão branco onde está a Pinacoteca Benedito Calixto, creio não haver nenhum outro protegido à beira-mar. Temo que nem mesmo o centenário neoclássico do Escolástica Rosa esteja totalmente resguardado.

O residencial na esquina com o Canal 3, que embaixo abriga o Chopp Santista; o casarão ocupado pela Caixa no Gonzaga; e nessa mesma praia os hotéis Avenida Palace e Atlântico são exemplos de prédios que carecem urgentemente de medidas legais de proteção.

O tal "boom" da construção civil, ainda que sinal de economia aquecida, precisa de ter seus limites.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Dias de Noel


De Curitiba

Exibi aos meus alunos nesta noite e pela terceira vez assisti ao ótimo "Noel, o poeta da Vila" (noelpoetadavila.uol.com.br).

Chego em casa, ligo a televisão, e a TV Brasil anuncia que vai reprisar a série "Noel Rosa, Poeta da Vila e do Povo".

(Esse ainda não consegui ver. Mais aqui: noelrosa-poetadavila.com.br)

Conecto-me à rádioweb e lá vem "Com que roupa..." na voz de Gilberto Gil. Mas poderia ser "Conversa de Botequim" com Maria Rita. Bom, já que assim, vou ao samba-enredo da Vila de 2010.

Enfim, salve o filósofo, professor, gênio, frankestein do samba, poeta da vida.