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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Câmara dá sinais de que o golpe do impeachment pode acontecer a qualquer hora. Literalmente na calada da noite, inclusive

Oposição de direita está com a arapuca armada

É noite de terça-feira, 15 de setembro. Passa das 23 horas. Chego da labuta, prazerosa mas exaustiva, e antes de colocar água na panela para jantar uma macarronada, me conecto ao twitter. Seguramente, a linha do tempo estará empesteada de referências ao tal Master Chef Brasil – a final do reality, fenômeno de audiência, deve estar a dominar o debate.


Estava, de fato.

Procuro algo diferente.

Não demora a aparecer, lamentavelmente.

Surpreendente. Revoltante, deprimente.

A bancada de oposição de direita ao governo na Câmara dos Deputados, em mais uma manobra que evidencia sua postura golpista, tentou empurrar, na noite desta mesma terça-feira, um dos tantos pedidos de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, tramitando por lá.

Sim, sessão na Câmara estava em andamento e um deputado do DEM, Mendonça Filho, pediu “questão de ordem” sobre a tramitação de processos de impeachment.

O presidente da Casa, Eduardo Cunha, deixou rolar.


Um absurdo, um atentado à democracia. Um abuso. Um descaramento. Uma violência.

O golpismo, sabemos, está no DNA da direita brasileira.

Ele se acostumou a chegar ao poder assim e tenta, mais uma vez, tomar à força o comando do país.

Pior, como ressaltou a Cynara Menezes: com absoluto apoio da velha mídia.

No afã de triturar o PT, acabar com Lula, a velha mídia está criando um monstro.

Não é de agora e não é novidade, mas é sempre preciso repetir.

Corre o risco de, qualquer dia desses, a gente  acordar para encarar mais um dia de trabalho e se deparar com um golpe consumado.

Corre o risco e a gente estar a assistir nosso futebol de quarta à noite na televisão e, lá em Brasília, a oposição de direita estar a usurpar o poder.

Termina o jogo, time sobe na tabela, e uma presidenta eleita é deposta sem nenhuma razão legal.

Esse impeachment, todo mundo lúcido sabe, é golpe.

Não existe nada contra a presidenta Dilma. Nada.

Estamos, nós que defendemos um governo progressista, profundamente decepcionados com esse ajuste fiscal turbinado com os anúncios de ontem.

Temos críticas duras ao tratamento da questão agrária, da questão indígena, do atual governo.

Dilma está acuada demais, cedendo demais ao neoliberalismo, aos interesses do poder econômico.

Mas rechaçamos, repudiamos essa chantagem que é a tentativa golpista do impeachment.

Não se tira uma presidenta da República por se discordar dela.

Dilma foi eleita, há menos de um ano, com o voto da maioria dos eleitores.

A vontade popular deve ser respeitada.

Daqui a três anos, há novas eleições, e então os que desejarem ocupar o posto que tentem convencer a população – se tiverem propostas, competência e credibilidade para tanto.

Agora vou lá cozinhar o macarrão.

Por @waasantista | Postado de Curitiba | Foto: Agência Câmara
Publicado também em www.brasilobserver.co.uk/macuco


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