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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O MST faz bem

Assentamento no Paraná dá oportunidade a 4 mil famílias (foto: Joka Madruga)
De Curitiba

Considero o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra uma das mais respeitáveis organizações sociais do Brasil, e a visita da presidenta Dilma Rousseff hoje ao Assentamento do MST Dorcelina Folador, em Arapongas (PR), é uma demonstração de que seu governo reconhece a importância e a legitimidade do movimento na luta contra a raiz das injustiças sociais deste país, que é a concentração da propriedade da terra.

O MST, na voz de sua principal liderança, José Stédile, com razão tem feito críticas à superficial política de reforma agrária dos últimos anos. Mas é lúcido o suficiente para compreender que tanto Lula como Dilma só conseguiram se eleger graças a uma aliança que envolve representantes dos mais variados espectros ideológicos e interesses econômicos, e para implantar os avanços sonhados precisa constantemente negociar com essa composição de forças.

Ao contrário de alguns partidos de esquerda, o MST sabe que o adversário principal não é o PT, os governos de Lula e Dilma. Da mesma forma que a crítica precisa e é feita pelo MST, o movimento também dá o respaldo necessário para que o governo consiga encarar esse embate de forças e de poderes político-econômicos divergentes. Sem tal apoio, a direita e o latifúndio voltam a encontrar terreno livre para atuar.

Na visita ao assentamento - um antigo latifúndio improdutivo que agora gera emprego e renda para 4 mil famílias - Dilma lançou o programa "Terra Forte", que põe R$ 600 milhões para fomentar a industrialização de assentamentos rurais.

É pouco diante das benesses desde-sempre concedidas à monocultura do agronegócio, ao sistema financeiro, à indústria automobilística de capital estrangeiro. É, porém, uma conquista só possível pela histórica e firme mobilização do MST e por termos na República uma presidenta progressista, minimamente comprometida em diminuir as desigualdades e acabar com a miséria no país. Se estivéssemos eleito o PSDB de José Serra, Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso, o governo estaria - como esteve nos anos em que o partido comandou - de costas para a agricultura familiar, e de joelhos para as transnacionais do agrobusiness.


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