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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A catraia

Embarcação passa sob o cais do Porto de Santos (foto: Instituto Querô)

De Curitiba

Diante do temporal que se avizinhava no final da tarde de hoje em Curitiba, tuitei, enquanto esperava ônibus, que só uma catraia teria condições de tráfego caso toda aquela água que ameaçava cair, caísse.

"Catraia?", me perguntaram.

Me dei conta, talvez pela primeira vez, que catraia é um termo extraordinariamente regional.

Então aqui vai a explicação, a qual exponho com muito prazer porque me faz reviver peculiaridades caiçaras.

Catraias, lá em Santos, são aquelas barquinhas que fazem a travessia do Mercado Municipal para Vicente de Carvalho, cruzando o estuário - passando, inclusive, por debaixo de um canal que há sob um trecho do cais do porto.

Quando a maré está alta, os passageiros precisam se curvar pra que a cabeça não bata no teto do canal-túnel. Quando a catraia cruza com um navio no caminho, é preciso se segurar pra não ser saculejado (e derrubado) pela marola.
 
No filme "Lula, o filho do Brasil" há cenas com a Glória Pires nas estações de catraias tanto do lado de Vicente de Carvalho como do lado do Mercado, e também da própria travessia.

(Quando Dona Lindu e os filhos - entre eles o que viria a ser presidente da República - migraram de Pernambuco para São Paulo, instalaram-se na Baixada Santista)

A catraia é ágil e importante meio de transporte entre Santos e Guarujá, utilizado de domingo a domingo por trabalhadores e estudantes.

Apesar de parecer precário, é um sistema seguro - raros são os acidentes envolvendo as embarcações.

Há projetos de criação de passeios turísticos na região que se utilizem das catraias.

Seria um atrativo e tanto.

Como diz o personagem do curta metragem "De Catraia", do Instituto Querô, as catraias são as nossas gôndolas de Veneza.

Para assistir ao curta, clique aqui.

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