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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Em sonho, conversa com prefeito sobre os ônibus superlotados de Curitiba

Fila é tão extensa que mal se enxerga a estação tubo (foto: WAA)
Postado de Curitiba

Na última noite sonhei que estava num evento onde conversava com o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT).

Duma conversa maluca, como são essas de sonho, lembro-me de uma parte bem lúcida.

Reclamava com Fruet da superlotação (e isso é da vida real) do transporte coletivo curitibano.

Na campanha eleitoral de 2012 por várias vezes o então candidato prometera, de imediato, ampliar a frota em circulação no horário de pico.

À época, considerava, e ainda hoje considero, insuficiente a medida.

Porque a superlotação dos ônibus em Curitiba não decorre da escassez de veículos nas linhas.
 
Decorre é da falta de opções de linhas.

O modelo, planejado 40 anos e implementado nos anos 80 e 90, é baseado sobretudo em quatro eixos principais: o Norte-Sul, o Leste-Oeste, o Boqueirão e o anel do Inter II.

Praticamente 90% dos usuários de ônibus precisam, em algum ponto de seus deslocamentos, tomar uma das linhas desses eixos.

Até 15 anos atrás, o sistema comportou a carga satisfatoriamente. Só que de 20 anos para cá a cidade e a região metropolitana cresceram demais – em população e em zona urbana, em polos geradores de tráfego.

Não dá mais para concentrar todo o sistema de ônibus da cidade nesses poucos eixos. É preciso criar mais rotas, alternativas, paralelas, perpendiculares e transversais, para aliviar a sobrecarga dos eixos atuais.

Não adianta também, por exemplo, canaleta exclusiva para o Inter II, como propõe a Prefeitura – e isso disse explicitamente ao prefeito, no sonho. O que vai trazer agilidade e conforto nos deslocamentos é um maior número de linhas, de itinerários, que sejam complementares e suplementares à área de abrangência do Inter II. 

O mesmo vale para as rotas dos biarticulados. 

Não resolve entupir as canaletas com mais ônibus. Nos horários de pico se formam filas gigantescas de ônibus para encostar nas estações tubos, abarrotadas, com filas quilométricas do lado de fora.

O que resolve é implantar outras linhas, auxiliares, para que nem todo mundo precise se aglomerar na mesma estação para tomar o mesmo ônibus.

Claro que isso não interessa às viações. Mais econômico é direcionar toda gente para um lugar só, socar todos em poucos tubos, embarcar nos mesmos veículos.

Mas aí deve entrar em cena a disposição do administrador público em afrontar os interesses privados que se sobrepõem aos da coletividade. Isso não cheguei a explicitar a Fruet no sonho, todavia certamente ele terá entendido.

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