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sábado, 19 de março de 2011

Corrida triatlética

Troféu Brasil de Triathlon inicia temporada 2011 com etapa em Santos (foto: PMS)

De Curitiba

Já se falou aqui, em tempos remotos, da admiração que se tem pelo triathlon.

Um pouco porque foi um esporte adotado por Santos, 20 anos atrás, quando a cidade passou a organizar uma das principais provas do circuito mundial, o Triathlon Internacional de Santos, e o campeonato brasileiro da modalidade, o Troféu Brasil de Triathlon.

A edição 2011 do Troféu Brasil, a 21ª da história da modalidade, começa, aliás, neste domingo, dia 20 - o que inspirou, pois, este "post".

Serão seis etapas até o final do ano - quatro delas em Santos (inclusive abertura e encerramento) e duas em São Paulo.

Dois dos grandes nomes do triathlon nacional treinam em praias e pistas santistas, são radicados na cidade: Paulo Miyasiro, que tenta o bicampeonato brasileiro no masculino, e Carla Moreno, que busca o nono título do Troféu Brasil no feminino. Outro grande vencedor do circuito, o argentino Oscar Galindez, também foi adotado por Santos. Entre 1997 e 2003, obteve sete títulos consecutivos.

Mas o gosto pelo triathlon não se resume a razões patrióticas. O que faz o esporte admirável é completude da modalidade. Nadar, pedalar e correr exigem resistência física, biológica, psicológica.

É uma pena, no entanto, que um país prestes a sediar uma Olimpíada e que há pouco recebeu Jogos Panamericanos aceite que um dos principais canais de divulgação e fomento à cultura e aos valores nacionais (entre eles, claro, o esporte) praticamente ignore a importância de uma modalidade dessas para o desenvolvimento do desporto brasileiro.

Falar a verdade, pena só não, é inadmissível.

Olha só: por coincidência, neste domingo também começa a temporada da tal "Stock Car".

Nestes últimos dias, que acompanhou o noticiário da maior emissora de televisão aberta, uma concessão pública, foi bombardeado com informações e detalhes da referida categoria do automobilismo. Pergunta-se se alguém viu alguma referência ao início do campeonato nacional - um dos mais competitivos do planeta - de triathlon.

O triathlon é uma modalidade olímpica. A tal "Stock Car"?

Um triatleta depende, essencialmente, de sua condição como esportista. O campo de prática do triatlhon é democrático: praias, parques, praças, ruas. O circuito de triathlon aceita jovens, experientes, veteranos, terceira idade. Mesmo portadores de necessidades especiais, dependendo de qual seja, conseguem competir.

Um piloto da tal "Stock Car" depende, sobretudo, de seu carro, não de sua condição atlética. O campo de prática é restrito, elitizado. O acesso a uma máquina, só para poucos, endinheirados, ou bem patrocinados. "Stock Car" não está em Olimpíada, em Panamericano, mas estampa marcas de bebidas, logomarcas de bancos, da indústria automobilística.

Qual dos dois esportes, portanto, tem maior apelo e interesse coletivo? Qual, por outro lado, atende aos interesses privados?

Um canal de televisão aberta, como dito, é uma concessão pública. Deve, constitucionalmente, focar-se no interesse coletivo, não no privado, como você sabe.

Logo - a batalha será triatlética, mas encaremos - uma "Ley de Medios" já!

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