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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Curitiba e curitibanos, prisioneiros das empresas de ônibus

Viações alegam dificuldades. Temos nossas dúvidas

Voltando de viagem, chego a Curitiba no finalzinho da madrugada deste 1° de dezembro e, além do ceú encoberto e o friozinho corriqueiros, encontro outra situação que vem se tornando rotina na capital paranaense. Falo da paralisação do transporte coletivo da cidade.
Na manhã desta terça-feira, boa parte da frota não circulou. Motoristas e cobradores protestaram contra o não cumprimento de obrigações trabalhistas por parte das viações (atrasos em pagamentos de salários, 13º e benefícios).

Alegam, as empresas, que o sistema de transporte está deficitário. A tarifa paga pelo passageiro na catraca mais o subsídio municipal não estariam sendo suficientes para cobrir os custos de operação.

Temos, nós moradores de Curitiba, nossas dúvidas. O que não dá pra cobrir, os custos ou os lucros conquistados historicamente às custas do povo?

O que encontrei ao desembarcar na rodoviária de Curitiba na madrugada deste primeiro dia dezembrino foi o jogo de bobinho que tem sido disputado de uns anos para cá.

“Bobinho”, pra que não lembra ou não sabe, é aquela brincadeira em que dois ou mais ficando trocando passes, enquanto no meio do grupo um elemento tenta capturar a bola.

O “bobinho” no transporte coletivo curitibano tem as empresas de um lado, queixando-se de dificuldades financeiras, e jogando para seus empregados a conta. Estes retrucam com paralisações momentâneas, e até greves mais contínuas. Desde 2014, é um evento desses a cada dois meses, informa o jornal Gazeta do Povo.

No meio da roda, a gente – trabalhadores, estudantes, desempregados, donas de casa, autônomos. O povo, enfim, fazendo a vez de “bobinho”.

De fora, como observadora, embora tivesse de agir como árbitra, a Prefeitura de Curitiba.

A Prefeitura de Curitiba ora sinaliza disposição para enfrentar o oligopólio empresarial do transporte da cidade. Fala em averiguar se essas paralisações corriqueiras não se tratam, na verdade, de um locaute. Um locaute para pressionar o poder público a reajustar as tarifas, a ampliar o subsídio – e a continuar a manter a turma dona da catraca lucrando.

Mas quando parece que a Prefeitura vai intervir de vez no jogo e tirar o povo da condição de bobinho, não passa disso: de indícios.

O jogo segue, sem uma ingerência mais incisiva da administração municipal.

Que, pelo menos, não tem demonstrado intenção em ceder à pressão.

Já o sindicato dos motoristas e cobradores poderia dar uma demonstração de que não está a fazer o jogo dos barões do transporte: em vez de greve, por que não fazem um protesto liberando a catraca dos ônibus?

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Postador por @waasantista, de Curitiba | Foto: @waasantista


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