Translate

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Passado presente

De Curitiba

Letreiros luminosos, painéis eletrônicos, cascatas de luzes,  piscas-piscas - pelas grandes cidades a gente encontra todo tipo de artifício para deixar a frente dos prédios comerciais mais atrativa e fazer com que o negócio se destaque dentre tantos.

Tem comerciante, porém, que prefere manter a fachada à moda antiga.

Por caminhadas em Curitiba - e os dias estão, para os mais à toa, propícios a andanças (de tarde sempre chove mas dá nada, são pancadas passageiras) - num canto aqui noutro acolá surgem esses estabelecimentos que conservam a aparência original.

Repare no letreiro da Lavanderia Vitória, na Rua Visconde de Rio Branco, no Centro.

O painel é da época em que os telefones em Curitiba não tinham mais que seis dígitos. Faz tempo, né?, uns 20 anos pelo menos, não?

Agora, raridade mesmo é a placa na Casa Edith, também no Centro, uma loja de roupas que, segundo informa a mesma placa, existe há 132 anos.


Além do letreiro nada pomposo, chama a atenção a vitrine da casa. Não há manequins, cores chamativas, adesivos anunciando "sales". Camisas são apresentados em cabides pendurados; calças, meias, bermudas e até cuecas são estendidas e presas no painel de fundo da vitrine. Os preços, manuscritos com canetinha, em pedaços de cartolina.

Essa forma nada emperequetada de expor as roupas à venda é regra também na Hepp, na Avenida Manoel Ribas, nas Mercês. O mais interessante, no entanto, está atrás do balcão: o estoque de roupas, disposto em estantes que vão do chão ao teto, repletas de caixas de camisa, saquinhos plásticos com camisetas, meias, pijamas.


A impressão que se tem é que tudo está perdido naquela aparente bagunça. Entretanto, conta uma das clientes da loja, a professora de italiano Denise Mohr, as duas senhoras de cabelos brancos que atendem os fregueses sempre sabem exatamente onde localizar a mais remota peça pedida pelo cliente.

Outro comércio que mantém não só a fachada como o interior com o aspecto de décadas atrás é a sorveteria A Formiga, na Avenida Iguaçu, na Água Verde. A do Gaúcho, no São Francisco, é outra que há muito está com o mesmo quadro no qual são descritos produtos e preços.

Voltando ao Centro, ali na Praça Osório, de um lado está a logomarca moderna da Caixa, na fachada da agência que funciona num espigão recém concluído ali. Do outro, o painel de acrílico tradicional da Ótica Basílio. Parece uma foto dos anos 70:


Pois é, acaba sendo o velho, o retrô, o que se diferencia, não?

Nenhum comentário:

Postar um comentário