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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Fogo, lágrimas e impunidade


De Curitiba

Os responsáveis por uma tragédia que causou quatro vezes mais mortos e cinco vezes mais feridos que qualquer um dos acidentes aéreos internacionais recentes estão perto de ficar, para o resto da vida, impunes.

O caso acontece no Paraguai.

Neste sábado, 1º de agosto, completam-se cinco anos do gigantesco incêndio do supermercado Ykuá Bolaños, no populoso bairro de Santíssima Trindade, em Assunção, capital do país.

Há uma semana, quando presente naquela capital para cobertura da Cúpula dos Presidentes do Mercosul, este blogueiro esteve no trágico sítio, hoje informalmente transformado num memorial e num santuário mantidos por familiares das vítimas.

Foram 400 mortos, entre crianças, adultos e velhinhos, carbonizados. Outras 500 pessoas, também entre niños e niñas, abuelos e abuelas, sobreviveram, todavia se feriram gravemente - alguns chegaram a perder partes do corpo.

As fotos expostas no memorial são chocantes.

Os parentes dos vitimados contam que naquele 1º de agosto de 2004, um domingo, havia promoções no supermercado, principalmente de pães e carnes. Por isso, o estabelecimento estava lotado.

- Aqui é um bairro popular, não havia outro supermercado por perto, então muito gente estava aí a fazer compras, aproveitar os preços baixos - conta uma voluntária do grupo que luta pela condenação dos culpados e que semanalmente realiza manifestações em Assunção.

Essa mesma senhora narra a história: o fogo, fulminante, surgiu na padaria, e rapidamente se espalhou por todo o prédio (é possível, pois, imaginar a correria, o desespero que se formou).

Agora, o que causa indignação: as testemunhas conseguiram provar que a direção do supermercado mandou deixar, em pleno tumulto, apenas uma saída liberada.

- Não se preocuparam em salvar as pessoas, e sim em impedir que alguma mercadoria fosse levada, então ordenaram que as portas fossem fechadas -, relata a voluntária, advertindo que os donos da rede são empresários poderosos no país.

- Desde muitos anos antes do incêndio já se havia provado que as instalações estavam mal feitas e que precisavam ser reformuladas, porém nenhuma providência foi tomada - continua ela.

Devem ser mesmos poderosos esses empresários, pois o processo se arrasta e, se não houver um desfecho até esta sexta-feira, 31 de julho, por completar cinco anos, vai caducar.

O presidente Fernando Lugo, nesta semana, enviou carta ao presidente da Corte Suprema, Antônio Fretes, apelando para que o Judiciário não deixe o processo se extinguir. Pressionado pelas mobilizações, o Senado aprovou manifesto semelhante do Legislativo.

A Agência de Notícias Jaku'eke vai acompanhar de perto a vigília, os protestos destes próximos dias. Então, acessa lá (www.jakueke.com), conheça mais detalhes do fato e contribua, ainda que à distância, nessa batalha por justiça.

Um comentário:

  1. Eu estava na casa da minha avó quando relataram o primerio fato ocorrido nesse 1 de agosto do ano de 2004, comencaram informando que havia 20 mortes o que depois se triplicou para 150... uma club que estava na frende do supermerdo foi utilizado como morgue para alocar os corpos carbonizados que saiam das instalacoes do Supermercado. O fato que fecharam as portas é real.. foram ordens dos donos do supermercado. Os informes até relataram depois que havia incluso mocas q morreram nas suas caixas registradoras por medo que o dinheiro fosse levado. Hoje cinco anos depois ainda existe a dor das pessoas ao recordas que numa manha por perto do meio dia aquela pessoa queria se foi. Realmente eu como cidada Paraguaia nao posso dizer que me sinto orgulhosa da gestao da justica com relacao ao caso, mas tenho a certeza absoluta de que se naum houver justica terrena existira a divina.
    Meus sinceros sentimentos de dor e de resignacao para todas as pessoas que hoje recordam mas um ano sem seu familiares.
    Att,
    Dahiana De Nicola

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