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terça-feira, 25 de junho de 2013

Manifestantes, manifestem-se contra o bolsa banqueiro

A elite e a mídia batem no bolsa família, mas deixam quieto o banqueiro (foto: MDS)
De Curitiba

Os bem-intencionados “apartidários” poderiam encampar esta luta: contra o bolsa banqueiro.

Não é com o bolsa família que o governo gasta muito. Gasta-se pouco até, e mesmo assim, o programa é responsável por avanços importantes nos últimos dez anos. Confira:

O bolsa família movimenta a economia local; graças ao bolsa família, pela primeira vez na história do Nordeste brasileiro o sertanejo, diante da seca atual que é a mais drástica dos últimos 50 anos, não passa fome.

O bolsa banqueiro, mata a fome, mas a de lucro, dos especuladores.

Suga dinheiro do orçamento público que poderia ser investido em escolas e hospitais “padrão Fifa”; em corredores de ônibus, metrô e VLT; em casas populares, saneamento em básico; em viaturas e equipamentos para a polícia.

Mas contra o bolsa banqueiro, ainda não vi nenhum cartaz nas manifestações “pacíficas” “apartidárias”.

Ou, se alguém levou um, evidentemente não saiu no videoclipe do Fantástico. Nem sairá.

O bolsa banqueiro, claro, não tem oficialmente este nome. Chama-se “superávit primário”.

Uma expressão que remete a algo positivo - “superávit”.

Mas é drástico.

Nesta terça, dia 25, a Agência Brasil noticiou (ler aqui a matéria na íntegra): o superávit primário no acumulado deste ano (janeiro a maio) somou R$ 33 bilhões. Embora seja menor do que o do ano passado e o mais baixo desde 2012, é uma tragédia.

Reparem: são R$ 33 bilhões em cinco meses. É mais que o orçamento anual (ou seja, do ANO TODO) do atacado bolsa família (que é de R$ 23 bilhões).

É mais do que tudo o que está sendo investido (R$ 28 bilhões) em obras de infraestrutura e estádios para a Copa do Mundo de 2014.

A prática do superávit primário é herança dos dois mandatos do PSDB-DEM, da qual os governos do PT não conseguiram (não quiseram? Não puderam?) se livrar. Lula e Dilma, ao menos, promoveram atenuantes – como o bolsa família já citado, o microcrédito, o ProUni, o Luz para Todos etc etc.

Em tempo: superávit primário é a “economia” que o governo faz para pagar os juros da “dívida pública”. Também palavras bem escolhidas para esconder o que significa, na prática: dinheiro que o governo corta do orçamento público para destinar ao mercado financeiro, como remuneração pelos títulos públicos por esse mercado adquirido.

É, enfim, o bolsa banqueiro, como definiu o Plínio de Arruda Sampaio.

Acabar com o superávit (ou ao menos diminuir) é mexer num vespeiro. É fazer com que muita gente (especuladores, bancos) que esteja há 15 anos ganhando muito dinheiro - fácil, sem produzir um sabonete sequer - pare de encher os cofres nessa moleza. É enfrentar interesses econômicos poderosos, gigantes – e esse gigante nunca dormiu, está acordado, à espreita de qualquer governo que tente incomodá-lo.

Portanto, moçada, gritar por “educação de qualidade”, “saúde de qualidade” não surte efeitos se essa reivindicação ficar apenas nisso. Passou da hora de ir à raiz, exigir que se estanque essa sangria de recursos públicos que fazem a alegria dos filiados à "apartidária" Febraban.

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